A tarde já ia alta quando ela acordou. Sentia o corpo dolorido, a cabeça pesada, sentia que o mundo inteiro girava ao seu redor. Nunca mais coloco uma só gota de álcool em minha boca!, jurou para si mesma silenciosamente, já que não conseguiria expressar-se verbalmente por causa da ressaca.

Deitada em sua cama ainda com os olhos fechados, lembrava-se do sonho que tivera com Grissom. Nesse sonho, como em inúmeros outros que tivera, eles se casavam. Ela não poderia estar mais feliz, realizando o sonho de sua vida. Ela suspirou. Seria muito bom se fosse verdade. Mas a realidade era outra. Grisssom não se importava com ela. Ajeitou-se na cama, para se aconchegar melhor e voltar a dormir. Colidiu com um corpo ao seu lado. Não estava sozinha. Um pensamento de desespero brotou em seu ser. Que loucura teria cometido na noite anterior, depois da diversão na boate? Quem seria a pessoa que estava ao seu lado? O que teriam feito? Torcia desesperadamente para que fosse Catherine quem estava ao seu lado. Ela abriu os olhos lentamente, com medo do que estava prestes a descobrir.

_ Oh! Meu Deus! – ela disse despertando completamente, constatando que quem estava ao seu lado era um homem e levando as mãos ao rosto – Oh! Meu Deus!

Outra surpresa. Levantou um pouco o lençol que a cobria e para seu espanto, descobriu que estava sem roupas. As surpresas não paravam por aí. Ela olhou admirada para sua mão esquerda. Havia um pequeno aro dourado em seu dedo anelar. Ela havia se casado naquela noite. Mas com quem? E como? Arriscou uma olhadela para saber com quem havia se casado. E para seu grande espanto, ali ao seu lado, estava nada mais, nada menos que Grissom: o grande amor de sua vida, dormindo suavemente, coberto apenas pelos finos lençóis brancos. Levantou-se e se enrolou em um outro lençol.

Por um momento não soube o que fazer, porém seu lado prático lhe dizia que deveria tomar uma atitude. Sara Sidle casada com seu supervisor? Quem acreditaria que isso não fora de propósito? Estavam perdidos.

Resolveu acordá-lo para tirar satisfação. Ele devia saber de alguma coisa. Ou não? Tentou inutilmente manter a calma.

_ Ah! Tudo bem, tudo bem – disse para si mesma, inspirando e soltando o ar lentamente. Cutucando Grissom grosseiramente disse:

_ Acorda! Acorda!

Ele acordou surpreso e assustado ao mesmo tempo. Grissom estava confuso. Onde estava? E por que Sara se encontrava ali enrolada em um lençol? Não que ele não gostasse da ideia, mas ele era supervisor dela e nas leis do laboratório não podia haver relacionamento entre supervisor e subordinada. Fez um esforço para compreender o que ela tentava lhe dizer.

_ Acorda! Olhe para sua mão esquerda, por favor – ela pediu mostrando todo o seu nervosismo.

_ Minha o quê? – ele perguntou ainda sonolento e confuso.

_ Olha! – ela ordenou. Mas a voz continha um traço de desespero.

Grissom obedeceu. Olhou para sua mão esquerda com a visão ainda um pouco desfocada e para sua surpresa em seu dedo anelar havia um brilhante aro dourado.

_ Oh! Olhe para isso! – ele observou a mão dela também – Você também tem uma igual.

Sara levou a mão à boca. Aquilo não podia estar acontecendo. Tinha de ser um pesadelo. Não podia estar casada com Grissom. Não era possível! Ou era? Como e quando se casara com Grissom? Onde estava com a cabeça? Tudo bem que a ideia não era de todo ruim, mas aquilo não havia sido planejado. E além do mais, ele não a amava. Arriscou a fazer a pergunta que não lhe saía da cabeça, temendo a resposta que teria.

_ Grissom, nós nos casamos ontem à noite? – ela indagou, mais afirmando do que perguntando.

Ele tentou recordar. Respirou fundo e respondeu ainda confuso:

_ Eu tenho a impressão de que sim. Meus pensamentos estão confusos... Embora eu tenha uma vaga lembrança de que a noiva estivesse deslumbrante com um vestido solto...

_ Não pode ser... – ela balbuciou.

Quanto mais Grissom falava, mais preocupada e aflita Sara ficava. Aquilo não poderia acabar bem. Tinha de dar um jeito para acabar com aquilo.