Between Light and Dark - Pride escrita por LaraEHTeodoro


Capítulo 9
Lauren Heronwood




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Lauren realmente odiava os romanos mais do que tudo. E aquele Nero não estava ajudando muito a situação. Henry não parecia uma má pessoa, talvez até gostasse dele, mas seria difícil gostar do filho de Mercúrio. Ele não ajudava a apagar a imagem que ela tinha sobre os “roxos”.

Essa espécie de ódio se devia a um romano ter matado sua melhor amiga havia mais de 10 anos Kayla, filha de Afrodite, na primavera passada. Elas sempre foram vizinhas e muito próximas, e essa proximidade só aumentou depois de terem descoberto, de um jeito terrível, que as duas eram semideusas.

Sendo assim, não gostou de Nero assim que pôs os olhos nele. Gostou ainda menos depois do que disse sobre Lauren. Gatinha? Gatinha? Isso era inadmissível. Nem Thomas, que ela namorava havia, dois anos era louco de a chamar assim.

Acontece que ela se irritava muito facilmente e quase provocava um grande terremoto cada vez que isso acontecia. E isso na maioria das vezes não era legal. Imagine alguém te chamar de “idiota” e você quase destruir um acampamento inteiro, a única coisa que ela chama de lar por causa disso.

Sim, ela tem uma família, quer dizer, pelo menos tinha até decidir fugir. Ela era filha única, pelo menos era isso que sua mãe e seu “pai” sempre disseram para ela. Mesmo com eles dizendo ela tinha na memória um garoto que era extremamente parecido com ela; cabelos pretos, rosto levemente arredondado e olhos verdes.

Era como se fosse sua versão masculina. As vezes tinha pesadelos sobre perder esse menino. Se ele realmente existiu, deviam ser muito amigos, ou se não, ele não faria ela acordar gritando geralmente uma noite por semana. Porém, as vezes o classificava como puro devaneio de sua mente e se considerava louca.

Como poderia conhecer um garoto que nunca havia visto antes, ou pior, ter pesadelos sobre perdê-lo? Pelo ponto de vista lá lógica mortal, ela estava louca. Mas nesse mundo que ela conheceu há 3 anos, nada era impossível. Nele, sonhos eram reais e muitas vezes perigosos. Então Lauren geralmente ficava se perguntando se estava louca ou tendo lembranças extremamente antigas de alguém.

– Lauren, eu não permiti que você pudesse assistir ao interrogatório para ficar olhando para o nada. Sei que você tem esses devaneios com frequência, mas por favor, preste atenção. - disse Percy, seu meio-irmão por parte de pai.

– Ah, certo. Me desculpe.

– Você deveria estar mais animada.

– Hã, por quê? - disse Lauren, confusa.

Percy revirou os olhos.

– Certo, você não ouviu essa parte do relato. Bem, eles trouxeram um filho de Poseidon. Ou seja, terá mais um companheiro de chalé.

– Queria que você fosse meu companheiro de chalé. - disse ela emburrada.

– Lauren, já discutimos sobre isso. E agora não, certo? - respondeu Percy com um ar de cansado.

– Ta, tanto faz. Daqui a pouco vou lá conhecer meu novo companheiro de chalé que eu gostaria que fosse você, mas parece que não gosta de mim o bastante para isso.

– Lauren, eu já disse que…

– Ok, deixa pra lá. Até mais tarde, irmão.

Percy suspirou enquanto Lauren saía da Casa Grande com passadas duras.

Acontece que ela possui um certo trauma sobre as pessoas não gostarem dela. Um trauma muito antigo que começou no jardim de infância e se prolongou durante toda sua vida até chegar no acampamento. E Lauren simplesmente não conseguia esquecer isso. Ela geralmente não esquece nada em relação a seu passado.

Assim que abriu a porta do seu chalé - com uma força desnecessária -, logo viu o chifre de minonaturo que Percy conseguira ao derrotar o monstro certa vez, há muito tempo atrás. Ela nem era nascida ainda.

Havia uma mala e um celular repousados na cama na parede oposta à sua. Deveria ser do seu novo companheiro de chalé e Lauren não podia negar que estava ansiosa para conhecê-lo. Ouviu o barulho do chuveiro e deduziu que ele estava tomando banho.

Olhou para a fonte de água no canto direito do quarto e lembranças de Kayla voltaram à sua mente. Quando a amiga estava em missões e ela sentia sua falta, usava aquela fonte para mandar uma mensagem-de-íris para a outra. Então, de repente, as mensagens pararam de ser completadas e logo veio a notícia de sua morte.

Seus olhos começavam a lacrimejar quando a porta do banheiro se abriu e, de lá, surgiu um garoto extremamente parecido com ela, como se fosse sua cópia masculina; o garoto que habitava seus sonhos.

Os joelhos dela cederam e ele também pareceu surpreso, pois deu alguns passos para trás.

– Você… - disseram os dois em uníssono e logo pararam.

Ficaram se encarando por um bom tempo tentado ter acesso a lembranças dos dois se encontrando alguma vez. Mas essas não vieram. Então Lauren disse a coisa mais sensata que alguém poderia dizer em uma situação dessas:

– Eu te conheço?

– Não sei, mas poderia perguntar a mesma coisa - respondeu o garoto.

– Ta, conclusão: não nos conhecemos. Mas se não nos conhecemos, como eu te conheço? - disse Lauren

Automaticamente percebeu que a frase não fazia sentido algum. Mas, para sua surpresa, ele entendeu perfeitamente.

– Não faço i…

Então a porta do quarto se abriu e Percy apareceu na entrada e os dois subitamente se viraram para ele.

– E aí? Já se acalmou e conheceu nosso novo ir… - ele se interrompeu por um instante. - Certo. Cadê a Annabeth pra me explicar o que ta acontecendo aqui? Porque não sei se vocês perceberam mas… Vocês são extremamente idênticos.

– Somos? - os dois disseram em uníssono novamente.

– ANNABETH! QUÍRON! SOCORRO!- gritou Percy para fora da cabine.

Em menos de cinco minutos, os dois apareceram na entrada e pareceram igualmente chocados com a situação.

– Hã, certo. Parem de me encarar. - disse Lauren depois de um tempo. Ela também era extremamente tímida.

Mas ninguém fez o que ela pediu.

– O que está acontecendo aqui… - disse Thomas que também apareceu na entrada do chalé e ficou boquiaberto.

– PORRA!! DÁ PRA PARAR DE NOS ENCARAR E ALGUÉM FALAR O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?? - explodiu Lauren - E VOCÊ AÍ, MENINO QUE PARECE COMIGO FALE ALGUMA COISA!

Em poucos segundos, o chão já estava tremendo.

– Ok ok, calma amor. - disse Thomas indo abraçar a namorada. - Hã, Annabeth?

– Certo, acho que todos aqui estavam pensando que eles podem ser irmãos gêmeos e, não penso diferente.

– Ah! Então é isso! - disse Percy.

Todos menos John reviraram os olhos.

– Lauren, era esse o garoto que aparecia em seus sonhos a cada semana? - perguntou Quíron.

– Sim.

– Pera, sonhos? - disse John se manifestando pela primeira vez - Eu também já sonhei com você.

Se havia um jeito para Lauren arregalar mais os olhos, ela o fez.

– John, você trouxe pasta de den… - disse Sophie também aparecendo na entrada. - Wow. Vocês são idênticos.

– Ah, jura mesmo, gênia? Acho que ninguém aqui percebeu isso. - disse Lauren já apelando ao sarcasmo.

– Ok, calma, pessoa que é igual ao meu boy magia.

– O que faremos então, Quíron? - disse Thomas.

– Há algo a ser feito? É óbvio que eles são gêmeos. Portanto, não há nada a ser feito. Voltem às suas atividades.

– Certo, Quíron - disseram todos, menos John, Sophie e Lauren.

– Quer dizer então que é simples assim? - disse Lauren - Vocês simplesmente dizem que está tudo bem e pra vocês está tudo bem. Mais para mim, para nós - disse ela apontando para John - não está nada bem.

– Vocês por acaso tem ideia do que isso significa? - pronunciou-se pela primeira vez John - Se somos realmente gêmeos não está nada bem só saber disso agora.

John estava começando a ficar ligeiramente nervoso.

– Vocês não sabem o que é acordar chorando porque uma pessoa que você nem conhece foi separada de você.

– Hã, eu não acordo chorando, só gritando. - disse Lauren, interrompendo o discurso de “independência” de John.

– Tanto faz. Continuando. E passar quase que sua vida inteira tentando descobrir quem é, sem êxito nenhum.

Seus olhos agora se enchiam de lágrima.

– Não me admira que vocês achem que está tudo bem. Sabem quantas coisas que irmãos fazem que nos foram privadas?

Lauren estava atônita, sabia exatamente como John se sentia, pois estava se sentindo assim também. Se sentia confusa, alegre, desesperada, chateada e levemente furiosa com quem os havia separado.

– A única coisa que nos resta fazer agora é saber quem nos separou e por quê. - disse Lauren.

John havia enxugado as lágrimas que ousaram aparecer na parte debaixo de seus olhos. Lauren encarou Percy, que logo entendeu o recado.

– Certo pessoal. Circulando - disse ele mandando todo mundo que foi lá ver o que acontecia embora, e não era pouca gente - Eles têm muito o que conversar.

Lauren olhou para John e ensaiou um sorriso, que foi retribuído.

– Obrigada, Percy. - disse Lauren sem jeito com a culpa tomando conta de seu peito. - Desculpa ter falado com você daquela forma.

– Não foi nada, também estaria nervoso se fosse comigo. - disse Percy piscando para a irmã - Enfim. Lauren, se permitir, gostaria de ficar aqui com vocês para ouvir a conversa.

– Sei que quer me apoiar - disse Lauren - Mas isso é uma coisa que temos que resolver a sós. Isso inclui você também, Thomas.

Thomas, que havia continuado ali, ficou surpreso com o que a namorada dizia, mas permaneceu calado.

– Ahm, certo. Vocês dois - disse Percy se referindo a Thomas e Sophie - Venham comigo.

Sophie deu um beijo em John e saiu. Enquanto saíam, Lauren conseguiu ouvir Percy dizendo:

– Ei Thomas, por que não mostramos o Acampamento para Sophie?

– Nem pensar! - gritou Lauren para ele, evidenciando seu ciúmes excessivo. - O Thomas tem que ficar de guarda, certo, querido?

– Certo, meu amor. - gritou Thomas de volta com um pouco de medo sobre o que aconteceria com ele, caso descumprisse essa ordem.

John riu.

– Sei como você se sente, também sou assim - disse John - Acho que faz parte dessa coisa sobre sermos gêmeos.

Lauren não pôde conter um sorriso. O quarto era composto por duas beliches, já que Poseidon não possuía muitos filhos. Eles se sentaram cada um em uma, de frente para o outro.

– Acho que vou demorar um tempo para me acostumar com isso - disse Lauren sorrindo, sem graça.

– Ah bomba veio de uma vez. - riu John.

– Bem, acho que a primeira coisa a se fazer é listar as coisas que temos em comum, mas creio que isso demorará uns dois anos. Já que as semelhanças são evidentes. - gargalhou Lauren sendo acompanhada por John.

– Só queria saber o que aconteceu…

– E porquê fomos separados.

***

Após concluírem que provavelmente haviam sido separados por serem muito perigosos para ficarem junto, Lauren pediu licença e se retirou indo para a praia do acampamento. Sorte que ninguém a viu.

Ao chegar na faixa de areia, começou a correr em direção ao mar e não parou até poder mergulhar sem bater a cabeça no fundo, e o fez de roupa e tudo - já que filhos de Poseidon não se molhavam ao entrar na água.

Nadou até ficar à 100 metros da arrebentação, afundou e sentou-se no fundo. Peixes não tardaram a se aproximar repetindo incessantemente “Chefe, você está bem?”.

Lauren permaneceu quieta esperando eles irem embora, mas quando não o fizeram, se estressou.

“Apenas me deixem sozinha, por favor.”, disse ela em resposta aos peixes, tentando demonstrar o máximo de educação que conseguia.

Aquilo tudo era muito para absorver. Primeiro chegaram dois romanos trazendo dois gregos em segurança até o acampamento; depois ela descobre que possui um novo meio-irmão; e por final, esse meio-irmão na verdade é seu gêmeo que de certa forma se lembrava dela e vice-versa.

Parece que haviam muitas coisas para serem colocadas no lugar, e outras para se acostumar. Talvez devesse ficar mais feliz por ter um irmão gêmeo e por terem chegado mais dois campistas. Até porque depois que o medo foi instalado muitos abandonaram o barco, ou seja, foram embora do Acampamento.

Isso era ruim. Se a guerra começasse novamente teriam poucas pessoas para lutar, mesmo com o número grande de pessoas que chegou depois que Percy conseguiu com que fossem criados chalés para todos os deuses no Acampamento.

Percy. Desde que Lauren chegou no Acampamento ele foi o primeiro a acolhê-la. No começo, achou que era só porque era sua obrigação ou porque era seu meio-irmão, porém depois de um tempo percebeu que ele era assim mesmo, acolhedor e amigo.

Ela sabia que não deveria fazer o que fez com ele hoje mais cedo. Mas às vezes isso era incontrolável. Durante sua vida inteira ela fora rejeitada a não ser por Kayla - que as vezes se ausentava para viajar ou coisas parecidas. Era um trauma extremamente grande que vivia com ela. Então, o fato de Percy não dormir no mesmo chalé que ela como acontecia no começo, a fazia se lembrar de sua antiga situação.

“Percy…”, pensou ela antes de cair em um sono profundo de baixo d’água.


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