Between Light and Dark - Pride escrita por LaraEHTeodoro


Capítulo 23
Lauren Heronwood




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Lauren não sabia se estava morta ou viva: era como se estivesse dormindo. Consciente de si mesma, mas como através de uma névoa. Seus olhos eram incapazes de focalizar algo, enxergava apenas vultos. Tudo o que se lembrava era de fogo e sangue.

Lembrava-se também que após o primeiro jato de fogo da quimera - do qual tiveram sorte de não serem atingidos - ela e Henry lutaram o melhor que puderam, mas a fera era forte e ágil demais; seus golpes da espada e das flechas não lhe causavam dor. Isso se eles conseguiam acertá-la; geralmente a quimera desviava ou avançava para morder ou cuspir fogo.

A quimera se movia em mais ângulos do que Lauren achava possível e ela praticamente não conseguia desviar dos golpes e rugidos flamejantes da criatura. Em algum ponto sua espada havia caído, mas Lauren nem se importou, ela pensava apenas em sair viva (além do mais, sua espada voltaria para a bainha de sua camiseta depois). Depois de algum tempo esquivando desse jeito, Lauren viu um vulto de algo atingindo com força a parte esquerda de seu corpo. Não se lembrava de mais nada depois disso.

Agora, algo relativamente macio suportava sua cabeça enquanto alguém despejava em sua boca um líquido com gosto de leite. Tentou novamente abrir os olhos, mas só o que via era fogo, sangue e flashes de luz.

– Ela acordou - disse alguém ao seu lado. Lauren reconheceu a voz como a de Sophie.

Quando recobrou totalmente a visão, viu a amiga debruçada sobre ela, observando-a, e além dela, um teto rochoso. Ainda estavam no túnel.

– Como se sente? - perguntou a amiga.

Lauren tentou levantar mas uma vertigem a atingiu, obrigando-a a se deitar novamente. Seus músculos doíam, ainda que não sentisse dor de nenhum outro ferimento. “Néctar é realmente divino”, pensou.

– Um pouco dolorida, mas bem - respondeu, com uma pergunta martelando seus pensamentos - O que aconteceu exatamente?

Mas não foi Sophie que respondeu. Em vez disso, Henry apareceu em seu campo de visão, também debruçando-se sobre Lauren, com alguns arranhões em seu rosto e coberto de fuligem.

– Estávamos lutando contra a quimera - disse ele parecendo envergonhado - Você estava lutando excepcionalmente bem enquanto eu atirava flechas e soltava raios de luz… Sempre avisando, claro - completou rapidamente - Mas a fera te acertou uma patada que acabou te deixando desacordada - Lauren lembrou-se novamente do golpe e sua cabeça latejou. Havia sido uma patada afinal - Sophie e Nero apareceram logo em seguida e me ajudaram a deter o monstro.

Como não conseguia mexer o restante do corpo sem parecer que estava caindo do Empire State Building, Lauren levantou ligeiramente a cabeça e avistou Nero agachado, com a mão na parede e uma expressão de profunda concentração em seu rosto. Deduziu que ele estava procurando o caminho certo para a saída do túnel.

– Nossa, o Nero está tentando ser útil! - Lauren comentou, sem pensar.

– É. - Nero respondeu abrindo os olhos e sentando. - Mas acho que não está dando certo. Estou muito cansado.

Um silêncio constrangedor se instaurou no local.

– Nós poderíamos contar histórias para passar o tempo - Henry sugeriu. - Por que você não começa Nero?

– É verdade - Sophie olhou para ele - Você sabe um monte de coisas sobre nós, mas eu não sei nada sobre você.

Nero concordou, embora estivesse com uma profunda expressão de desgosto e desprezo estampada em sua face.

– Eu sempre fui um estrangeiro, mesmo dentro da minha família. - Nero começou a contar, de forma relutante - Minha mãe se casou pouco depois que eu nasci, e eu tenho um meio irmão pouco mais novo que eu, mas nem ele nem meu padrasto realmente me tratavam como parente, e minha mãe também começou a me deixar de lado. Quando eu comecei a ir para a escola também não fui aceito, acho que eu era diferente de mais para eles. Eu só tive uma amiga antes de chegar à casa dos lobos.

"Eu não me lembro dela direito, afinal faz muito tempo mesmo, mas ela seguia algumas das minhas manias. E eu peguei algumas manias dela. Por isso sei um pouco dessas coisas de garota, além da minha mania de estar sempre limpo. Mas apesar de ela ter sido uma grande amiga eu precisava de mais atenção, pode até não parecer mas eu era meio sensível até os meus dez anos.

“Nessa idade as outras crianças começaram a me provocar e eu tive que aprender a esconder meus sentimentos, e eu fiz isso até conseguir esconder eles de mim.. — Os olhos de Nero estavam desfocados, perdidos em algum lugar no passado — Com treze anos a minha paciência acabou, eu empacotei minhas coisas numa mochila e fugi de casa. Em menos de dois meses saí da Califórnia e cheguei, sem ajuda na Casa do Lobo. Daí pra frente você já conhece a história”

– Nossa, cara, você não tinha me contado tudo isso! - Henry comentou, parecendo meio abalado.

Alguma coisa no passado dele fez Lauren sentir pena, algo que a fez pensar em si mesma. Com uma nova onda de vigor e coragem, ela se levantou e o abraçou ignorando a vertigem e as dores, sem nem ao menos pensar em fazer isso, e quando pensou, seu corpo não respondeu.

– Eu sei como é isso. - Lauren falou para ele com olhos marejados - Sei muito bem como é isso.

Lauren soltou-o e olhou para o rosto de Nero e, para sua surpresa, viu lágrimas em seus olhos pela primeira vez. Ela tinha reparado que ele tentava parecer forte o tempo todo, e isso era uma das coisas que mais a irritava, mas por um momento, ela se sentiu mais próxima do romano, mais que uma companheira de viagem.

– Mundo para Lauren! - Sophie estava quase gritando quando Lauren reparou no que estava acontecendo.

– Não grite assim! - repreendeu ela - Poderia atrair algum monstro!

– Ela está certa, Sophie - Henry disse - mas vocês ficaram abraçados por quase cinco minutos, e isso é muito mais que o usual pra vocês. Mas tudo bem, é a minha vez agora?

– Não - respondeu Nero, voltando a ficar rígido.

Henry ficou decepcionado e irritado ao mesmo tempo.

– Mas eu estava falando sobre contar a história, não sobre te abraçar! - retrucou ele com um tom irritadiço.

– Deixa que eu conto - Lauren respondeu - Um romano e depois um grego fica mais honesto. Também nunca fui aceita em nenhum lugar. Na verdade tudo só começou a fazer sentido quando soube que era irmã gêmea do John. Em nenhum momento da minha vida me senti parte da minha família, que descobri agora ser adotiva. Lillian Heronwood e Peter Stafford eram qualquer coisa, menos bons pais, ainda mais para mim.

“Tinha um irmão menor, o Simon. Ele era uma gracinha, mas Lillian e Peter sempre o trataram melhor que eu. Pode parecer ciúmes besta, mas não estou mentindo. Suponho que me adotaram pois achavam que eram inférteis e algum tempo depois foram fazer safadezas e Lillian engravidou. De qualquer maneira, nunca me senti realmente em casa.

“Na escola não era muito diferente. Sempre fui rejeitada, embora eu tenha uma parcela de culpa nisso por conta da minha timidez excessiva… Parem de me olhar assim, realmente sou tímida! Apenas já me acostumei com vocês… Enfim, nunca consegui me enturmar com ninguém daquele inferno e eu ver coisas que os mortais não viam não melhorava em nada. Apenas minha melhor amiga Kayla as via também.

“Então, uma vez quando Peter e Lillian tinham exagerado na bebida alcoólica, decidi que não aguentaria muito mais e fugi com Kayla. Vagamos sem rumo nenhum por cerca de 2 meses, apenas fugindo de monstros que apareciam constantemente. Foi aí que conhecemos o Al e mais dois grandes amigos: Luke e Eben, filhos de Dionísio e Énio, respectivamente.

“Um mês depois chegamos no Acampamento Meio-Sangue e foi aí que realmente me senti em casa pela primeira vez na vida. Todos me acolheram super bem, principalmente Percy logo que descobriu que eu era sua meia-irmã, além de Lian e Leith que me trataram como, bem, uma irmã graças ao parentesco que eu tenho com Percy. Bem você parou a sua história quando chegou no acampamento então eu também vou parar por aqui, até porquê nada além daqui é novidade.”

– Que bonito - Uma voz esganiçada veio do lado deles - Já até conheço o final.


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