Infringente escrita por RB


Capítulo 5
Capítulo cinco


Notas iniciais do capítulo

*LUMOS*

Hey gente! Aqui vai mais um cap da fic. Esse é sobre o tão esperado encontro entre Chris e Tris. Desculpem a demora e Boa leitura!

*NOX*



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TRIS
Seus olhos castanhos me encaravam, arregalados. Eu a encarei de volta. Sua aparência estava a mesma que conheci, exceto sua face, que ainda possuía cicatrizes de batalhas. Pela primeira vez na vida eu via que Christina estava sem palavras.
– Christina, eu te trouxe aqui porque, bem, você precisa saber.- Tobias começou.- Você merece saber. A Tris, como pode ver, ela...
– Shiu... Dá pra calar a boca um minuto? Eu estou em transe...- ainda me olhava, estática.
Ela mandou Tobias calar a boca? Eu ri internamente. Como as coisas mudam. Durante a iniciação da Audácia ela tinha pavor dele e agora fez isso. Surpreendente.
Ainda me encarava, boquiaberta. Aquilo já estava me incomodando. Tudo bem que devia ser muito estranho achar que uma pessoa está morta e reencontrá-la intacta três anos depois. Ou quase intacta. Quis quebrar o silêncio.
– Mandando nosso antigo instrutor calar a boca?- eu ergui as sobrancelhas.- Estou desenvolvendo uma teoria...
Isso foi exatamente o que ela me disse no primeiro jantar no complexo da Audácia, quando falei que Tobias era mais acessível que uma cama de pregos. Acho que essa lembrança foi refrescada em sua mente e ela sorriu, completando-a com a minha fala na época.
– E é...?
Eu dei um sorriso ainda maior.
– Que você tem um desejo de morte.
Lágrimas se acumularam no canto de seus olhos e de repente sua imagem começou a embaçar. Acho que eu também estava chorando.
– Tris...
Não sei quem se moveu primeiro. Mas nossos corpos se encontraram em um abraço apertado. Saudade era o que definia aquilo. Christina era como uma irmã que eu nunca tive. Alguém em que eu podia confiar plenamente, não pelo fato de ter pertencido a Franqueza, e sim por conhecer seu caráter, seus sentimentos por mim. Ela nunca me trairia. Colocaria minha mão no fogo por Christina, quantas vezes fosse necessário.
– Senti sua falta...-murmurei contra seu ombro. Ela era mais alta do que eu me lembrava.
– Tris, você está viva! Viva!- sacudiu meus ombros de felicidade. Acontece que tal movimento machucou meu corpo, já dolorido.
– Ai...- gemi.
– O que foi?- Tobias, já preocupado veio ao meu encontro.
– Nada. Apenas com dor.- Fiz uma careta.
Christina tinha no rosto uma expressão confusa.
– Como assim com dor? Tris, o que realmente aconteceu com você?
Eu suspirei. Tanta coisa, tantas memórias horríveis que preciso reviver para narrar os acontecimentos.
– Pelo que eu sei...- Yulla interrompeu.- Uma longa história está por vir. Sentem-se, eu vou deixar vocês a sós.
Antes de sair a senhora se virou pra mim.
– Se sua dor aumentar, você me avisa que trago mais chá.
Eu assenti e ela foi se retirando, lentamente devido a idade.
– Podem falar, os dois.- Christina disse, num tom acusador.- O que aconteceu? O que ESTÁ acontecendo? Você sabia que Tris estava viva esse tempo todo?
– Calma Christina! Não, eu não sabia.- Tobias disse.- Vamos sentar primeiro.
Ele apertou meu braço levemente. Eu entendi o que ele quis dizer, ou melhor, ele leu minha expressão. Não queria parecer fraca, queria superar a dor, mas no momento eu não aguentaria ficar em pé. Impressionante como ele me entendia de tal forma que eu não acharia possível se não o conhecesse.
Chris assentiu e logo nos acomodamos. Eu me sentei na cama e Tobias ao meu lado, com a mão na minha cintura, me dando algum suporte. Ela sentou-se na cadeira que ele dormira, há alguns instantes atrás.
– Bem, por onde começamos?- suspirei novamente.
– Tris, você está cansada. Deixa que eu falo.- ele murmurou.
Eu queria dizer não. Queria eu mesma contar a história, devia isso a Christina. Porém não tinha mais forças e precisava admitir isso. Poupar energia seria melhor para minha recuperação. Os soros e simulações constantes não fizeram nada bem para mim.
Apenas concordei, deixando Tobias tomar a palavra. Ele começou a narrar os fatos desde o momento em que desconfiou das luzes acessas na sede, até quando me trouxe para o apartamento de Yulla. Christina fazia menção de interromper, mas eu a impedia com o olhar. Era melhor falar tudo de uma vez do que ficar parando a cada minuto. Ela arregalava os olhos a cada palavra, assim como eu. O início da história era desconhecido pra mim portanto prestei o máximo de atenção possível.
Em um determinado momento, contou como foi possível abrir a porta do meu "quarto". Ele só conseguiu me salvar com a ajuda de...Peter? Sério isso? Não, era impossível. Por que raios logo o Peter iria querer me ajudar, nos ajudar?
Eu sabia que o covarde estava trabalhando junto com Marcus, já o tinha visto nas poucas vezes que ele saia da sala de segurança enquanto eu era arrastada pelos corredores. Mas daí querer me salvar? Qual o propósito disso?
Essas perguntas martelavam em minha mente. Antes porém que eu tivesse tempo de perguntar algo, Chris foi mais rápida.
– O Peter? Quatro você tem certeza?
Tobias fez uma careta, carrancuda.
– Olha, eu podia estar extremamente desesperado para salvar a Tris- ele começou.- Mas acho que eu saberia quem me ajudou, não é mesmo? Era Peter, com toda a certeza.
Ele fez menção de continuar a história mas Christina o interrompeu de novo.
– Mas por que Peter iria querer nos ajudar? Quer dizer, sobre o efeito do soro da memória eu até acharia possível, mas plenamente consciente de seus atos? Estranho...
– Eu ainda não terminei Christina!- Ele disse, exasperado.- Me deixe falar!
Internamente eu concordei com ele. Queria saber toda a história primeiro mas Christina sempre tentava fazer perguntas antes. Típico da Franqueza. Ela iria responder mas eu intervir. O que eu menos queria agora era vê-los discutindo.
– Chris, por favor. Deixe Tobias continuar.
E foi o que fez. Narrava os fatos com fervor, principalmente as partes nas quais me envolvia toda machucada e quando se tratava de Marcus.
A raiva era evidente. Em um determinado momento eu toquei suas costas, para lhe certificar que estava tudo bem comigo. Isso pareceu acalmá-lo um pouco.
Ao término da história, começamos a discutir os fatos. Diversas perguntas rondavam a minha mente e para nenhuma delas eu tinha resposta. Eram incógnitas. Tínhamos o dever de resolvê-las mas sem os valores se tornavam equações incompletas.
– Por que Marcus está fazendo tudo isso? Revertendo o efeito do soro da memória em Peter, torturando Tris dessa forma por três anos... Qual é a dele?- ela perguntou.
– Eu não sei, sinceramente nem me importei com isso na hora. Mas parando para analisar, é algo curioso. Eu não sei qual o plano dele.
Um silêncio se instalou na sala. Por mais que tentasse achar uma resposta, ela não me vinha de maneira alguma. Os minutos vão passando e ninguém fala nada.
– Tris...-Tobias quebrou o silêncio, se virando para mim.- O que exatamente você via durante as simulações? Lembro que você gritava o meu nome.
Ah, isso. Sabia que mais cedo ou mais tarde seria obrigada a falar sobre isso. Eu estremeci com a memória.
– Não precisa falar agora se não quiser...- acrescentou.
– Não, tudo bem...
Forcei minha mente para esses três anos agonizantes. Lhes contei tudo o que pude.
– Marcus aplicava em mim diversos tipos de soros com cores diferentes. Mas as simulações não lembravam em nada as paisagens de medo da Audácia. Pelo que deduzi, seu objetivo não era ver minha reação ao medo, e sim minha reação à reação de medo das pessoas que eu amava.
Christina franziu a testa.
– Como assim?
Me ajeitei na cama, forçando meu peso para frente e encostando os pés no chão. Queria me sentir estável, para raciocinar melhor.
– As simulações que eu era obrigada a passar, estavam relacionadas à dor das pessoas que eu amava, e não aos meus medos diretos. Eram sempre a mesma coisa mas com pessoas diferentes: Meus pés e mãos eram acorrentados a parede e fui obrigada a assistir todos que eu amo sendo torturadas. Ontem por exemplo- me virei para Tobias.- eu vi você sendo torturado. Foi...foi horrível.
Ele me puxou para mais perto.
– Mas você não é divergente?- Chris questionou.- Uma das características deles é ser imune a qualquer tipo de soro, não é?
Eu acenei com a cabeça. Também não sabia como não fui capaz de manipular a simulação. Tentei pensar em algo que pudesse explicar.
Sou mesmo divergente, não tenho dúvidas. Mas sei que não fui capaz de controlar essa simulação. Faltava uma informação... O que Marcus teria feito para conseguir impedir minha divergência?
– Talvez, ele tenha pego os exames que Jeanine fez em você na Erudição. Peter disse que ele tinhas e aliado a Jeanine em segredo antes dela morrer.- Tobias sugeriu.- Lembra que ela fez um raio-x do seu cérebro? Se Marcus está escondido sob a imagem do novo governo, é bem provável que tenha livre acesso de informações.
–Pode ser...
Mas algo me dizia que não era bem assim. Pode até ser que ele tenha pego o resultado do exame, mas não foi só isso. Marcus era esperto demais para deixar seu plano tão evidente assim. Tinha mais...
– E agora, o que faremos? Devemos contar aos outros sobre você?- Christina perguntou, nos encarando.
Como tantas outras perguntas eu não tinha resposta para mais esta.
– Não.- Tobias decretou.- Não podemos correr esse risco. Eu invadi a sede do governo ilegalmente e tirei Tris escondida de lá. Se muita gente ficar sabendo disso será arriscado demais.
Por mais que entendesse sua preocupação comigo senti uma pontinha de raiva. Não queria ter que me esconder, deixar meus amigos pensarem que estou morta. Quanto mais rápido soubessem, mais tempo teríamos para elaborar um plano e destruir Marcus. Seria o certo a fazer
Christina parece que leu minha expressão.
– Tobias está certo, Tris. Devemos esconder você por enquanto e tramar tudo na surdina.
Eu concordo de má vontade. Odeio deixar que os outros se arrisquem por mim. Deve ser muito mais fácil do que eu pensava ler a minha expressão pois Tobias me dá um leve beijo na bochecha, tentando me acalmar.
Antes que qualquer um de nós possa fazer alguma coisa mais, a campainha toca. Christina faz menção de atender mas Yulla retorna à sala.
– Eu atendo, obrigada querida.
Assim que abriu a porta uma mulher loira entra como um furacão. Meu corpo todo endurece. Essa mulher loira é a cara de Tobias.
– Yulla, o Tobias está aqui? Ele não dormiu em casa ontem a noite...- ela focalizou a sala e parou. Me viu abraçada a ele.
– Tobias, mas o que...- estava chocada.
Eu não a culpo. Ela entrou atrás de seu filho e deu de cara com a namorada "morta" dele. Apesar disso, Evelyn não era a pessoa que eu mais queria ver no momento.


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Notas finais do capítulo

*LUMOS*
E aí galera? Curtiram? Então, o próximo cap vai demorar um pouquinho pois tenho que adiantar os outros caps. Mas não se preocupem porque eu continuarei postando. Fiquem atentos, curtem e comentem muito!!!! Bjss

*NOX*



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