Infringente escrita por RB


Capítulo 4
Capítulo quatro


Notas iniciais do capítulo

*LUMOS*

Aleluia o Nyah voltou! Tava morrendo de saudades de ler, escrever e postar fics! Quase tive um treco, abstinência de fanfics. Enfim galera, aqui vai mais um cap com muitos momentos Fourtris (são muito shippáveis). Boa leitura!

*NOX*



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TRIS

Tive um sonho muito estranho. O mesmo que tenho constantemente há três anos. Sonhei que sangrava e logo depois minha mãe vinha e me falava que estava na hora de partir. Elogiava o meu desempenho e também disse que meus amigos iam se cuidar e serem felizes a maneira deles. Eu a segui, mas no meio do caminho quis voltar. Eu não podia deixar todos. Tobias, Caleb, Christina... Soltei sua mão e voltei correndo por onde tinha ido.

Acordo com minha cabeça girando, meu corpo está todo dolorido e eu não consigo raciocinar direito. Olho o local onde estou. Era pequeno, com uma iluminação fraca e alaranjada, cheio de coisas de tricô. Eu estava em uma cama com cheiro forte de incenso e coberta por uma manta.

Olho para o lado e vejo Tobias sentado em uma cadeira, com a cabeça repousada sobre o travesseiro e dormindo profundamente. Ele segurava minha mão. Era um alívio vê-lo vivo e seguro. Saber que se arriscou pra me salvar. Mesmo depois de achar que eu estava morta, ele nunca me abandonou. Tobias foi a melhor coisa que já me aconteceu.

Fiquei com medo que Marcus pudesse fazer alguma coisa com ele como uma punição pelo meu comportamento nas simulações. Eu tentava de todas as formas escapar daquele lugar mas era impossível. Ficava sempre sem forças com o soro injetado em mim e quando me recuperava já era hora de testar mais uma vez. Ainda me lembro da dor e da angústia que aquilo me causava...

Minha barriga grita de dor pelo soco que levei ontem e me mexo devagar para não acordá-lo. Parece que meu esforço não foi suficiente.

– Tris, você está bem?- disse sonolento, porém preocupado.

– Estou.- respondo, me sentando na cama.

– Não é melhor ficar deitada?

– Preciso me sentar um pouco.


Ele concorda e nos olhamos. Nem por um minuto eu deixei de pensar nele enquanto estava presa com Marcus. A lembrança de seu rosto, de seu sorriso, de seu toque, me dava a força necessária para suportar qualquer tipo de tortura. Como senti falta de seus belos olhos azuis escuros e de sua voz grave, sempre atenciosa comigo. Por ele, eu morreria sem pensar duas vezes. Tobias significava tudo pra mim. Ele me olhava com certa admiração, como se não acreditasse que eu estava mesmo em sua frente. Eu ri.

– O que foi?- perguntou curioso.

– Você. Me olha com cara de surpreso, como se fosse impossível eu estar aqui.

Ele deu aquele sorriso de lado que fazia meu coração disparar. Como era lindo.

– Eu ainda estou em estado de choque com tudo isso. Três anos atrás eu achei que você tinha morrido e ontem a noite descubro que na verdade estava sendo torturada na sede do novo governo pelo meu próprio pai. É informação demais pra minha cabeça.

Tobias me olhou mais uma vez e suspirou, repousando sua mão em meu rosto.

– Tris você não tem noção de como é bom te ver viva. De como é bom te olhar de novo, te sentir de novo, te abraçar de novo, te beijar de novo...

Dito isso ele colou seus lábios aos meus, eliminando a distância incômoda entre nós.

Foi um beijo calmo e delicado, cheio de saudade de ambas as partes envolvidas. Tobias beijava tão bem quanto eu me lembrava e nas poucas horas de calma na sede, era esse o meu porto seguro. A sua lembrança. Nosso romance, nossos beijos, nossas palavras... Tudo estava gravado na minha memória.

Nosso amor era algo que ninguém, nem Marcus, poderia tirar de nós. Mesmo depois de três anos de separação forçada a chama ainda existia, tão forte como antes. E me queimava por dentro assim como no primeiro beijo. Nunca vou me esquecer da nossa primeira vez. Por mais que tenha sido num momento de caos exterior, dentro da sala nada mais importava, só nós dois.

Me deliciei com o beijo o máximo que pude até nossos pulmões implorarem por ar. Nos separamos mas nossas testas continuaram coladas, sua mão ainda repousada em meu rosto.

– Como eu senti falta disso.- assumi.

– Você nem faz ideia do quanto EU senti falta disso.- ele murmurou rouco.

Eu fiz uma careta. Ele achava que sua dor era maior que a minha?

– Hey, eu também sofri durante esses três anos. Você viu uma parte quando me salvou ontem.- reclamei.

– Eu sei amor, eu sei. Mas você sabia que eu estava vivo. Eu achei que tinha te perdido pra sempre. Que nunca mais a teria em meus braços. Tris, quando eu cheguei na sede da Erudição e a Cara veio me dar a notícia eu fiquei sem ação. Corri desesperado para onde seu corpo estava e chorei como nunca na vida. Queria mais um beijo, mais uma palavra, mais um olhar, qualquer coisa. Durante três anos, três longos anos, a tristeza e a dor me acompanhavam. Por mais que dissesse que estava tudo bem, que eu ia superar, essa saudade me corroía por dentro. Tudo me lembrava que eu estava sozinho. Eu não sabia se ia aguentar viver mais um dia sem você. Hoje eu tenho certeza: Eu não posso viver sem você, Tris. Eu te amo muito, Beatrice Prior!

Eu sorri com os olhos cheios de lágrimas. Como eu era boba de achar que ele não acreditava na minha dor. Ele só queria dizer que sentiu minha falta. Que me ama. E isso compensa todo o sofrimento.

– Eu também te amo muito Tobias Eaton!

Rimos da formalidade e nos beijamos mais uma vez. Fiz carinho em sua nuca, como costumava fazer. Ele se arrepiou.

– Senti sua falta Seis.- ele murmurou depois do beijo.

– Eu também Quatro.- rimos mais uma vez e nos olhamos, com carinho.

Engraçado como o amor nos faz parecer abobalhados. Num bom sentido da palavra. Ficamos rindo a toa, e temos a capacidade de olhar para a pessoa amada por horas seguidas sem se cansar ou enjoar. Fazia tanto tempo que eu não sorria que minhas bochechas já doíam.

– Bom-dia crianças!- Uma senhora gorda de vestes cinzas apareceu no corredor.- Dormiram bem?

Tobias piscou pra mim e se virou para a mulher.

– Otimamente bem, obrigado.

– E a mocinha aí, com está se sentindo?- ela questionou.

Eu me distrai com o Tobias e nem pensei direito em como meu corpo estava. Dolorido é claro, mas não chega nem perto da dor que estava. Definitivamente eu tinha melhorado muito e não sabia como isso era possível.

– Bem melhor na verdade.- respondi.- Só um pouco dolorida.

– Achei mesmo que estaria melhor.- ela disse.- O soro que aplicavam em você no laboratório fazia com que seu corpo sentisse o dobro de dor. Provavelmente não queriam que você escapasse.

– Ou ver o quanto ela podia resistir a dor...- Tobias acrescentou, com uma pitada de ódio.

Eu afaguei seu braço e Ele se virou pra mim.

– Eu acho melhor você ficar aqui até se recuperar para que Yulla cuide de você. Depois vamos para o meu apartamento. Tudo bem por você, Yulla?

A senhora concordou sem hesitar.

– Bom, eu vou preparar o chá enquanto vocês decidem o que fazer. Mas lembrem-se, serão sempre bem-vindos aqui.

Ela saiu.

– Ninguém pode saber que você está viva. Marcus deve estar furioso com a falha na segurança e querendo encontrar pistas sobre o seu desaparecimento. Todo o cuidado é pouco.

Eu assenti. Ele estava certo, porém eu queria que pelo menos uma pessoa além dele e da senhora soubessem que eu estava viva. Uma garota morena de cabelos curtos espetados que falava tudo o que pensava sem nenhum filtro. A minha melhor amiga que eu tanto sentira falta.

– Tobias, eu queria que a Christina soubesse que eu estou viva.

Ele me olhou por um tempo, tentando pensar em como responder.

– Tris, eu me tornei um grande amigo da Christina depois do que aconteceu, eu gosto dela mas... Não podemos confiar em uma garota que não sabe mentir. Ela poderia nos entregar sem querer!

Eu neguei na hora.

– Christina nunca faria isso! Eu tenho certeza que ela mentiria por mim se precisasse.

– Não Tris, eu não vou contar para ela. - ele disse com raiva.

Eu fiquei surpresa. Por que essa raiva de repente? Ele mesmo disse que a conhecia! Eu tentei mudar a situação.

– Tobias, acalme-se! Você não precisa ficar com raiva disso, é apenas um pedido. Ela é minha melhor amiga.

Eu soltei sua mão e olhei para o lado, bufando com o seu mal-humor repentino. Ele a pegou de volta e virou meu rosto para olhar o seu, delicadamente.

– Desculpe. Tenta entender Tris, eu não quero correr nenhum risco. Se eu te perder de novo eu...- ele murmurou, agoniado.

Aquilo partiu meu coração. Tudo o que ele queria era me proteger, e depois do que aconteceu, seu medo de me perder ficou maior. Eu tentei amenizar sua dor.

– Hey- coloquei as mãos em seu rosto.- Eu estou aqui, com você. Estou aqui e nunca vou embora, nunca vou te deixar de novo. Eu prometo.

Ele me deu um selinho.

– É o que eu mais quero.- ele se aproximou.- Ter você ao meu lado.

Eu sorri e ele disse:

– Eu vou buscar a Christina então. Não saia daqui por nada nesse mundo. Eu volto o mais rápido que puder.- me beijou novamente, pegou a jaqueta e se dirigiu a porta da frente.

– Não suma!- ele ordenou, brincalhão.

– Tentarei não fazer isso.

E ele saiu.

– Onde o Quatro foi?- a senhora que descobri que se chama Yulla, chegou com uma bandeja de chá e colocou na cabeceira, perto da cama aonde eu estava.

– Ele foi buscar uma amiga minha. Eu sinto falta dela e preciso vê-la.

– Pois bem. Agora tome o seu chá antes que esfrie.

Ela me entregou a xícara.

Começamos a conversar depois disso. Ela me explicou quem era e de qual facção tinha vindo, me falou um pouco de sua história. Descobri até que éramos vizinhas na Abnegação, coisa que eu não me lembrava. Era uma senhora gentil que sabia muito bem como curar as pessoas.
Além disso, me falou sobre como tudo aconteceu ontem a noite. Tobias chegando desesperado comigo em seus braços, os chás curativos que ela fez para mim, ele não saindo do meu lado em momento nenhum e em como nosso amor era forte.

– O Quatro que eu conheci é muito diferente do que eu vi ontem a noite. Antes ele era triste, sério e apesar de educado não tinha muita paciência pra nada. Com você de volta na vida dele, uma energia boa se apoderou novamente.

– Eu o amo muito.- respondi sorrindo.

Eu não era de assumir meus sentimentos nem nada muito pessoal pra ninguém, somente Tobias. Fazer isso com uma senhora que eu acabara de conhecer não me parecia muito sensato, mas por alguma razão sua aparência era tranquilizadora e extremamente confiável.

– Ele também te ama, saiba disso.

Ouvimos um barulho na porta e logo em seguida Tobias entrou. Christina estava logo atrás dele, reclamando.

– Quatro você é louco? Me arrasta pra casa da Yulla sem me dar nenhum motivo pra isso. Francamente cara você está pirando!- ela visualizou a senhora.-Bom-dia Dona Yulla, tudo bem?- Se virou para Tobias sem reparar em mim ainda.- O que raios você...- e parou.

Então eu soube que ela finalmente havia me visto.


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Notas finais do capítulo

*LUMOS*

E aí, curtiram? Como vai ser esse encontro entre Tris e Christina? O que vai acontecer depois? Gente...parece chamada de novela, rsrsrs. Comentem, favoritem e indiquem! Até o próximo capítulo, bjs!

*NOX*