Dirigir por uma cidade tão pequena parecia ridículo, mas a chuva não deixava muita opção. Poucas pessoas andavam pelas ruas, usando capas ou guarda-chuva, os animais todos abrigados em locais cobertos. Depois de algumas voltas, Emma achou o mercado. Estacionou. Desceu e entrou no estabelecimento. Uma enorme construção de madeira, semelhante a um armazém, com a entrada decorada e convidativa como a de uma loja.

A porta tocou um sininho.

–Precisa de uma capa de chuva? - perguntou um homem magro e ruivo atrás do balcão, ajeitando os óculos.

–Não, obrigada, estou de carro. - Emma sorriu.

–Carro? Isso não é comum por aqui... Você é a moça nova que estava no bar aquela noite... desculpe, eu estava meio bêbado quando fomos apresentados. - ele riu. - Sou Archie.

–Emma Swan.

–Em que posso ajudá-la, senhorita Swan?

–Preciso de comida. E mais algumas coisas...

–Okay, temos uma variedade de produtos alimentícios por ali, outros produtos de conveniência ali, medicamentos e produtos do gênero podem ser encontrados no hospital, e ferramentas e outros equipamentos podem ser adquiridos com o ferreiro da cidade aqui perto. Caso sinta falta de alguma coisa eu posso encomendar para você...

–Obrigada, vou dar uma olhada...

–Fique a vontade. - Ele sorriu e se afastou.

A primeira aquisição de Emma foi uma cesta, as outras compras foram colocadas ali. Se deparou com vários pacotes de sementes numa prateleira. O que já estava plantado na fazenda logo seria colhido, melhor repor. No verso dos pacotes haviam instruções de cultivo e outras observações sobre cada planta. Pegou alguns. O que mais...?

–Tem ração de galinha? - ela encarou Archie.

–Isso você vai encontrar na granja Imperial, sabe onde é? Pra lá, perto da entrada da cidade... - ele apontou.

–Ah, sim, obrigada.

Emma pôs a cesta no balcão. O rosto do homem se iluminou com a quantidade de coisas que ela estava comprando, mais ainda quando recebeu o pagamento.

–Quer que leve até seu carro? - Ele ofereceu sorridente.

–Não, pode deixar... - E pegou a cesta de volta.

–Então tenha um bom dia e volte sempre!

–Igualmente!

Emma voltou para o carro e acomodou as compras. Seu querido bolo de dinheiro estava menor agora. Mas em algumas horas ganharia outro, não precisava se preocupar. Dirigiu devagar pelas ruas molhadas até a granja. Uma placa com o nome fazia um arco sobre a entrada. Deixou o carro na rua e foi correndo por um caminho que cortava pequena fazenda até a casa. Ao chegar na varanda, livre da chuva, olhou em volta. O caminho calçado de pedras por onde viera prevenia os visitantes de pisar na terra solta onde as galinhas ciscavam, que ocupava maior parte do terreno cercado da fazenda. Num canto havia uma longa construção de madeira, onde as galinhas deviam estar protegidas da chuva. E finalmente, bufando em sua orelha, estava um cavalo avermelhado de crina preta.

–Mushu! - Uma moça de vestido branco veio recolher o cavalo. - Não assuste os clientes!

Ela levou o cavalo para o outro lado da varanda e o amarrou numa pilastra.

–Desculpe, - ela se virou para Emma. - ele se solta as vezes. Mas entre! Em que posso ajudar?

A moça guiou Emma para dentro. A casa era impecável, limpa e arrumada. Os móveis eram chiques, a madeira polida brilhava mesmo com a pouca luz do dia nublado.

–Gostaria de algo para beber? - a mulher ofereceu ajeitando o cabelo castanho e indo para trás de um balcão que dividia o hall de entrada.

–Não, obrigada, eu... Preciso de ração de galinha. - Emma se adiantou.

–Ah, sim, quanto?

Boa pergunta. Emma não fazia a menor ideia do quanto as galinhas consumiam. Um punhadinho de milho por dia durante um mês deve dar...

–Olha quem eu achei lá fora! - Mulan entrou sorridente, molhada de chuva, coberta de penas, e com um bebê todo sujo de lama no colo.

–Philip! - o rosto da moça ficou tão branco quanto seu vestido. - Deve ter escapado quando saí para amarrar o Mushu!

–Bom dia Emma! Precisa de alguma coisa? - Mulan cumprimentou.

–Ração pras galinhas...

–Ah sim... Princesa..! - ela se virou para a moça de branco. - Pega um pacote menor lá atrás... Essa é a herdeira da fazenda Encantada. Emma. - se virou de volta - Emma, essa é minha princesa, Aurora - a moça de branco sorriu. - E esse é nosso filho, Philip!

O bebê levantou os braços reconhecendo o próprio nome.

–Sim, eu sou Aurora! - ela pegou um pacote de milho e pôs em cima do balcão. - Esta é sua ração; e esses dois vão tomar um banho quente agora senão ninguém vai brincar de noite! - Disse firmemente, apontando a mulher e o filho.

O sorriso de Mulan se esvaiu e o bebê cobriu o rosto com as mãos.

–Com licença, Emma, espero que dê tudo certo com suas galinhas. - a mulher sumiu com o bebê pra dentro da casa.

–Crianças... - Aurora continuou. - Desculpe por essa bagunça. Mulan leva o trabalho muito a sério, mas depois que Philip nasceu ela não pode vê-lo que só quer saber de brincar com ele - sorriu.

–Oh, não se preocupe, eu que estou invadindo a casa de vocês...

–Imagina, pode vir quando precisar, atendemos de segunda a sábado!

Emma pagou e pegou a ração.

–Por acaso você sabe onde eu consigo ração para as vacas?

Aurora fez uma pausa.

–Na fazenda da minha mãe. É aqui do lado, eu te levo lá. - a princesa pegou um guarda-chuva e caminhou até a porta.

–Não precisa se incomodar...

–Não, eu insisto, confie em mim.

Aurora saiu e abriu o guarda-chuva. Emma não quis contrariar a moça e a acompanhou. As duas seguiram por outro caminho de pedras que levava até a fazenda vizinha.