Emma mal teve tempo de cumprir sua rotina diária da fazenda e já era hora do almoço. Priorizou o cuidado com os animais e resolveu deixar as plantas para mais tarde. Se arrumou. Pensou em pegar o cavalo mas ele parecia mau humorado quando foi alimenta-lo. Se lembraria de não abandona-lo no frio novamente. Decidiu ir a pé mesmo.

Cruzando a ponte, a cidade estava movimentada. Caminhou pela ruas, cumprimentando alguns conhecidos... Ao chegar no restaurante da vovó, entrou.

Aurora estava sentada numa mesa, com bebê Philip nos braços, e duas mulheres, uma loira e uma ruiva, sentadas do outro lado, conversando.

–Oi, Emma! - ela chamou, acenando.

Emma foi cumprimenta-la.

–Olá, muito obrigada por me ajudar no outro dia...

–Não se preocupe, eu espero que minha mãe não tenha te assustado...

–De modo algum, ela foi muito gentil.

–Sente-se conosco, vamos conversar! - ela convidou.

–Na verdade eu... - Emma olhou em volta, Regina não estava lá. - está bem, obrigada.

Se acomodaram na mesa, e Aurora apresentou a nova companhia.

–Esta é Emma, da fazenda Encantada. Emma estas são Elsa e Anna.

–É um prazer, permita-me... - a loira tirou um cartão da bolsa e entregou à Emma.

–Angry Snowman Software Development Inc.– Emma leu o cartão.

–Sim, nós desenvolvemos software voltado para controle financeiro empresarial. - a ruiva disse sorridente.

–Que interessante... - Emma se sentiu extremamente preconceituosa de pensar que todos na cidade viviam unicamente de fazendas e atividades relacionadas. - Eu não entendo muito de desenvolvimento de software...

–Oh, se precisar de alguma coisa eu trabalho com assistência técnica online, - Aurora sorriu - assim posso ficar em casa e cuidar do Philip...

Antes que a conversa pudesse se aprofundar mais, Regina entrou, trazendo Henry pela mão, e acenou para Emma.

–Se me dão licença... - Emma se levantou - eu combinei de almoçar com a Regina. Foi um prazer.

Se despediram cordialmente, e Emma foi para a outra mesa, onde Ruby atendia a prefeita e seu filho.

–Emma, vai querer o que? - Regina perguntou indicando um lugar para que ela se sentasse.

–Hm... Qual o especial do dia?

–Perna de javali. - a garçonete respondeu.

–Pode ser. - ela se sentou. - Hey, kid.

–Hey. - o garoto respondeu.

Ruby anotou os pedidos e saiu.

–Tem está ocupado hoje a tarde? Quer me ajudar com as plantas?

–Quero! - Henry respondeu animado.

–A menos que sua mãe tenho outros planos... - Emma se virou para a prefeita.

–Henry é grandinho e pode administrar a própria agenda. Contanto que esteja em casa na hora do jantar, tire boas notas, e pratique o bom-senso...

–Eu sou muito responsável. - ele afirmou.

As duas sorriram. Quando não estava exercendo sua função de prefeita, Regina era uma pessoa uma pessoa amigável. Olhando ela assim... Emma se distraiu. O almoço seguiu tranquilo, com conversas amenas, e ocasionais cumprimentos de conhecidos. Eventualmente a refeição acabou, e era hora de voltar ao trabalho. Os três se levantaram, Emma se dirigiu ao balcão para pagar sua parte e Regina ficou com Henry.

–Estou voltando para o escritório e de noite te espero para o jantar, okay? - ela disse ao garoto.

Emma observou a prefeita se despedir do filho com um beijo na testa, enquanto Ruby voltava com seu troco. Regia se aproximou.

–Se quiser jantar lá em casa hoje de novo está convidada, viu? - puxou Emma pelo queixo e lhe deu um beijo no rosto como se faz com uma criança.

Emma ficou em choque por um momento, com tamanha naturalidade da prefeita em demonstrar afeição em público, de forma quase cômica. Henry estava rindo no fundo. Ruby estava tentando não rir na sua frente.

–O que foi isso? - a garçonete perguntou tentando se conter.

Emma não soube responder.

–O javali estava uma delícia! - a loira rapidamente mudou de assunto, pegou seu troco e saiu.

Henry foi atrás. Emma imaginou que o garoto fosse fazer perguntas ou comentários, mas ele seguiu sorrindo em silencio todo o caminho até a fazenda. O dia de trabalho seguiu normal, com ocasionais conversas e comentários sobre os animais e outras trivialidades, nenhum dos dois era muito de conversar. Ao final do dia, Ruby veio como sempre. Ela acenou de longe e foi direto para a caixa.

–Você vai jantar lá em casa hoje? - Henry se levantou da varanda.

–Hm... acho que não, kid. Preciso dormir, se eu for lá vou acabar incomodando...

–Okay... - ele se manteve neutro - eu aviso minha mãe.

–Obrigada. Se... ela quiser passar aqui qualquer dia...

–Sim, eu falo pra ela. Vou pegar carona, até mais. - ele se despediu.

–Até mais.

O garoto saiu correndo. Ruby acenou mais uma vez e os dois seguiram para fora da fazenda. Emma foi calmamente buscar o dinheiro na caixa. Pôs no bolso, e voltou para casa. Não sairia mais hoje. A noite anterior havia sido extremamente agitada... Emma sorriu. Faria de novo outro dia. Tomou um banho, jantou, assistiu um homem estranho vendendo coisas na tv, e foi dormir.

No dia seguinte, acordou no horário, descansada. Se deu conta de que o trabalho na fazenda não lhe daria dias de folga, pois todos os dias os animais teriam fome, e as plantas precisariam de água. Levantou-se e foi preparar o café da manhã. O dia estava calmo. Comeu, se arrumou e foi trabalhar. Estava pegando prática nas atividades, e agora seu tempo rendia mais. Em poucas horas já estava tudo terminado, poderia se preocupar com outras coisas. Decidiu ir até a cidade comprar comida e lavar roupa. Encheu a mochila azul com os itens necessários, montou no cavalo, e seguiu caminho.

a primeira parada foi na casa de banho, para lavar as roupas. Apesar do movimento da cidade, a porta estava fechada.

–Emma! - uma voz familiar chamou.

A loira se virou. Do outro lado da rua, Ruby cuidava de um jardim todo florido, em frente a uma casa.

–Precisa de alguma coisa? - a moça sorriu.

–Erm... eu queria lavar roupa. Que horas a casa de banho abre?

–Amanhã. Hoje é domingo.

Emma ficou sem graça de ter se perdido no calendário.

–Mas posso abrir para você, para não perder a viagem... - ela tirou as luvas de jardinagem e enfiou a mão no bolso em busca das chaves.

–Não precisa se incomodar, eu volto outro dia...

–Não tudo bem... - Ruby já estava do outro lado da rua. - Faça o que tiver que fazer e depois deixe a chave na caixa do correio para mim, por favor.

Não seria educado recusar. Emma desceu do cavalo e foi concretizar sua tarefa. Colocou as roupas na máquina e se acomodou num canto para esperar. Alguém abriu a porta.

–Emma? - outra voz familiar chamou.

Ela se levantou e foi ver quem era.

–Oi Regina! - ela sorriu.