Amanheceu. David acordou ao ouvir o choro de Scott. Seu filho estava com fome. David havia acordado tarde depois de o sono vencê-lo finalmente, a altas horas da madrugada. Ele correu para consolar seu bebê e dar-lhe a mamadeira que acabou de preparar. Scott se acalmou e seu pai pôde terminar de acordar por completo. Lavou o rosto para afugentar o resto de sono e correu para o quarto de Rachel. Bateu desesperadamente na porta, pedindo para que ela abrisse, aquelas suas palavras, aquela revelação, ainda ecoava na sua cabeça. Ele precisava saber se o filho que ela esperava era dele ou não.

Bateu, bateu, implorou para que ela abrisse, mas, nada, nem um barulho sequer. Ele segurou na maçaneta e notou que a porta não estava trancada. Entrou. Mas, ela não estava lá. Onde estaria? Pensava. Desceu, foi por todos os cantos da casa, mas, nada dela. Foi ao porão na esperança de que ela estivesse lá como sempre ficava quando queria ficar só. Mas, não. A janela pela qual ela gostava tanto de admirar o céu estava trancada. Voltou para o quarto dela e notou que faltava algo. A mochila dela que ficava em cima do guarda-roupa. Ele havia visto quando arrumou o quarto dela, era uma mochila grande, de viagem. Não estava mais lá. Ele abriu o guarda-roupa e várias roupas dela também haviam sumido. David entendeu tudo: ela foi embora. Fugiu. Fugiu deixando-o com o coração desesperado por uma resposta.

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Meses depois...

Uma moça andava com seu bebê recém-nascido pelas ruas da capital. Na cidade grande, ninguém conhece ninguém, mas alguém reconheceu aquela jovem com o filho nos braços.

– Vick?! É você?!

Disse outra jovem, grávida, aproximando-se.

– Vick?! É você mesma?!

– Rachel?! O que você faz aqui, e... Você está grávida?! Ah! Que pergunta... É claro que está! Olha o tamanho dessa barriga! Amiga, há quanto tempo!

Rachel e Vick se abraçaram. Era o reencontro de jovens velhas amigas. Rachel viu o bebê que Vick trazia.

– Que lindo! É seu?

– É!

– Então, você casou, Vick?

– Bem... Não! Vick sorriu. – E você? E essa barriga aí, hein?!

– Ah, Vick! É uma longa história!

– É?! Pois a minha história também é longa!

– Quem é o pai do seu filho Vick? Por acaso, é aquele roqueiro com quem você foi embora?

– Não, não! Faz muito tempo que não o vejo! Só suportei aquele sujeito por alguns dias, depois saí por aí!

– Então...?!

– Como te disse é uma história longa, na verdade, Rachel, você é minha amiga, apesar do tempo que a gente não se vê, eu vou ser bem sincera com você!

– Fala Vick!

– É que, bem, eu, eu tive um namoro rápido com um cara de quem gostei muito, mas, ele me deixou, eu fiquei muito chateada, quando reencontrei o... Um amigo, e eu e ele acabamos ficando juntos, descobrimos que tínhamos um sentimento mais forte um pelo outro! Só quase um mês depois, quando ele já tinha ido embora, eu soube que estava grávida e, para falar a verdade, não tenho certeza de qual dos dois é o pai do meu filho!

– Nossa, Vick! Minha história também é um tanto confusa assim como a sua! Mas, eu sei bem que é o pai do meu bebê, só que ele me deixou da pior forma possível! Ele fez promessas de amor e acabou me traindo! Ele nunca mais vai voltar! Mas, tem outro alguém que gosta de mim de verdade e, um dia, pretendo voltar para reencontrá-lo!

– Que bom que você tem alguém te esperando minha amiga! Não sabe o que eu daria para saber onde o Laurence está!

– O Laurence?! O que ele tem a ver com isso?!

– É que... Foi ele o amigo que eu reencontrei! Foi por ele que eu me apaixonei com todas as forças depois que aquele desgraçado do Alex me deixou! Eu acho, sinceramente, que o pai do meu filho é o Laurence, não tenho certeza, mas, eu sinto que é ele, entende?! Além de que, ele é muito parecido com o Laurence!

– O Laurence... Nossa! Eu nunca iria imaginar vocês dois juntos!

– Nem eu! Eu cheguei até a pensar que ele gostava de você quando a gente morava junto! Mas, o que a gente sentiu um pelo outro quando nos encontramos, foi inexplicável!

– Espero que esse seu bebezinho lindo seja filho do Laurence, ele merece! Vocês dois merecem ser felizes juntos! Já o pai do meu filho é um infeliz, que eu nunca vou perdoar!

– Onde você está morando, Rachel?

– Em um albergue! Quando saí de onde morava, foi às pressas! Não tinha pra onde ir! Esse cara que eu te disse que gosta de mim, se chama David, ele tinha um filhinho pequeno, um bebê ainda, eu deixei a casa toda pra ele criar o filho lá! Não queria atrapalhar a vida dele! Mas, eu nem pude trazer tudo que era meu que ficou lá! Além de que, eu sinto muito a falta dele, quero vê-lo de novo! Mas, quero voltar já com meu filho nos braços!

– Mas, um albergue não é um lugar muito bom para uma grávida Rachel! Porque não vem pra meu apartamento! É pequeno, mas a gente se ajeita como antes, lembra?! Além de que eu sempre gostei de ser independente né?! Ter meu lugarzinho próprio já ajuda!

Rachel aceitou o convite da amiga e foi para sua casa. Em poucos dias, Rachel se apegou ao bebê de Vick, imaginando como seria o seu. Enquanto estava na casa da amiga, Rachel viu uma foto que lhe chamou a atenção em meio às coisas de Vick: era uma foto de Adam. Mas, atrás da foto estava escrito “para Vick, com amor, Alex”. Rachel lembrou que a amiga havia dito que o nome do homem que a enganou era Alex, então ligou tudo. Pensou que Adam podia ter usado o nome Alex para enganar Vick, ou até que Adam nem fosse o nome dele, e quem sabe quantas outras ele teria enganado com nomes falsos. Ele era mesmo um pilantra, um hipócrita da pior espécie, ela jamais o perdoaria. Mas, Rachel preferiu não falar nada para Vick. Para quê a amiga saber que o mesmo homem havia enganado as duas?!

Um dia, Rachel acordou sentindo as dores do parto. O dia havia chegado, ela estava prestes a dar à luz, Vick pediu para algumas pessoas do prédio onde morava ajudarem a levar Rachel para o hospital.

– Nasceu! Falou o médico para a mais nova mamãe.

Ao segurar seu filho, ainda muito abatida, Rachel não conseguiu segurar as lágrimas que rolaram emocionadas pelo seu rosto. Ela, que nunca conheceu pai nem mãe, agora, era a mãe. Era inexplicável o misto de sentimentos que ela sentia ao segurar pela primeira vez aquela criatura tão pequena, tão frágil, que ela havia carregado dentro de si. Segurar seu filho fez Rachel sentir um novo sentimento e um novo sentido para a vida. De agora em diante, tudo que fizesse, seria pela segurança e felicidade de seu filho, a quem deu o nome de Alexander.