Just For You escrita por liddybouvier


Capítulo 4
Parte 4.


Notas iniciais do capítulo

Prontinho. Espero que gostem.



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Parte 4. 

 

Enquanto o taxista dirigia devagar pelas ruas cobertas de neve de Montreal, eu tentava fingir prestar atenção á paisagem familiar, apesar de fazer mais de dez anos que eu não visitava a cidade. David estava apoiado em mim, sua cabeça no meu peito e seus braços em volta da minha cintura, enquanto os meus estavam em seu ombro, o mantendo perto. Ele estava de olhos fechados, seu iPod ligado no volume máximo.

 

Às vezes, ele espirrava ou tremia de leve, pelo frio intenso que fazia em Montreal, ainda mais depois de ele se acostumar com New York, mas fora idéia dele vir passar o Natal aqui, com seus pais. Logo o natal, a época mais fria do ano.

 

É claro que eu estava pouco a vontade com a parte dos pais dele, já que eu desconfiava que eles não gostassem de mim, ainda mais depois de David contar que eu era o mesmo Pierre da internet, de anos atrás. Eu secretamente achava que não era uma boa idéia passar três dias na casa dos Desrosiers, mas não falei nada com David, afinal ele estava com saudades da família, e eu não podia impedi-lo de ir ver os pais, e também não queria passar o primeiro natal longe dele.

 

Eu tinha tentado não parecer nervoso, mas a medida que a casa dos Desrosiers ia se aproximando, minhas chances de sucesso nisso iam diminuindo, eu tinha certeza.

 

Cedo demais e antes que eu percebesse, o taxista parou o carro. Eu respirei fundo, balançando David levemente. Ele tirou os fones do ouvido, olhando em volta e abrindo um sorriso deslumbrante.

 

Entreguei o dinheiro pro taxista, e nós descemos, pegando nossas malas e logo o taxi partiu.

 

Eu pude observar a casa direito. Era bem grande, uma mansão. Parecia aquelas casas saídas de filmes.

 

David se virou pra mim. - Oh, meu Deus! Estou com tantas saudades dos meus pais! - Mesmo depois que saímos do carro, ele continuou perto de mim, provavelmente por causa do frio. Não entendi porque nós não íamos para a casa logo. - Mas você precisa se acalmar. Eles não vão te comer.

 

Eu pisquei, confuso. Como ele sabia que eu estava nervoso? Eu tinha certeza de que estava disfarçando bem. Eu abri a boca pra responder, mas ele me cortou. - Nem adianta mentir. Seu coração está acelerado. - Colocou uma das mãos no meu peito, como se estivesse sentindo meu coração bater. Aproveitei e enlacei sua cintura, o abraçando.

 

- Eu vou conhecer sua família. Queria que eu ficasse como? - Fiz uma careta. David revirou os olhos.

 

- Eles não vão fazer nada, ok? - Ele ficou na ponta dos pés pra depositar um beijo em meus lábios e eu sorri para o ato, concordando. - Agora vem. - Ele se soltou de mim e pegou sua mala e eu fiz o mesmo, então nós caminhamos pra casa com alguma dificuldade pela neve.

 

Antes que nós, de fato, chegássemos à varanda, ouvi alguém gritar ‘David chegou’ de dentro da casa, e logo a porta estava aberta. Uma mulher apareceu, um sorriso deslumbrante no rosto; era Charlotte, mãe de David, com certeza.

 

- Meu bebê! - Ela abriu os braços. David largou a mala no chão da varanda assim que a alcançamos e abraçou a mãe com força. Eu sorri, meio sem graça, sem saber o que fazer.

 

Os dois se separaram e se viraram pra mim. - Mãe, esse é Pierre. - Charlotte me analisou de cima a baixo, talvez procurando algum defeito, sua expressão também não era das melhores.

 

- Prazer, Pierre. - Estendeu a mão depois de um tempo, e eu a apertei educadamente, sorrindo.

 

- O prazer é meu, Sra.

 

Ela pareceu surpresa com a minha educação, indicando a porta da com uma das mãos. - Vamos entrar. - David se virou pra pegar sua mala, mas eu mesmo peguei as duas, me sentindo meio inútil. - Vocês podem ir até seu antigo quarto e colocar as malas lá. - Eles entraram na casa na minha frente e eu pude ouvir um burburinho de vozes que vinha da - provável - sala.

 

David concordou, segurando uma das minhas mãos e me puxando pela escada, enquanto sua mãe entrava em uma porta a nossa esquerda. Seguimos por um corredor e ele abriu a ultima porta, revelando um quarto que eu soube ser dele - os posters e desenhos colados nas paredes o denunciando.

 

- Deixe as malas em cima da cama, Pie. - Ele apontou a cama com uma das mãos, enquanto olhava em volta. Eu pude perceber nostalgia invadindo seus olhos.

 

Ao canto do quarto, eu percebi uma mesinha com um computador meio antigo. Olhei David de canto e ele também olhava na mesma direção e eu imediatamente soube no que ele estava pensando.

 

Caminhei até ficar atrás dele, envolvendo sua cintura com os braços e apoiando o queixo no topo de sua cabeça. - Eu me lembro exatamente de quando eu te conheci... - Ele murmurou. - Meus pais tinham saído e eu resolvi entrar em um bate papo, por mais que eu me sentisse ridículo com isso.

 

- Eu também estava me sentindo um loser. - Respondi, rindo, arrancando uma risada dele. As imagens daquele dia, quase três anos atrás, vieram a minha cabeça; minha vontade incontrolável de querer abraçá-lo e protegê-lo, os vários sorrisos que ele me arrancou apenas com palavras. - Bom, valeu a pena.

 

- Valeu muito a pena. - Ele se virou por entre meus braços, passando seus próprios pelo meu pescoço. - Obrigado por vim comigo, passar o Natal aqui. - Ele falou de repente, mudando de assunto. Eu suspirei. - Eu sei que você não queria vir.

 

- Não que eu não quisesse, Dave. - Inclinei o rosto, roçando os lábio em sua testa, antes de depositar um beijo demorado. - Sua mãe não gostou de mim. - Eu esperava que ele me contradissesse, mas ele ficou calado, o que só reforçou minhas suspeitas. - E seu pai provavelmente também não vai gostar... Pra eles, eu sou o cara mal que desvirginou o filhinho deles.

 

- Bom, isso não é de todo mentira. - Ele soltou uma risada e eu revirei os olhos, dando um beliscão fraco em sua cintura, porém sorrindo.

 

- E sério, David!

 

- Eu sei, amor! - Ele choramingou. - Mas você precisa ter paciência... eles só precisam te conhecer.

 

- Tudo bem. - Eu bufei e ele sorriu singelo.

 

- Vem, vamos descer. Você ainda tem toda a família pra conhecer. - Ele se soltou do abraço e me puxou pra fora do quarto.

 

__

 

Eu estava distraído, assistindo o especial de Natal que passava na televisão. David estava deitado no sofá, sua cabeça apoiada no meu colo. Eu mexia em seus cabelos quase sem perceber, fazendo cafuné.

 

Só percebi que ele tinha dormido há alguns minutos atrás, quando ele ronronou e se virou no meu colo. Eu suspirei, e continuei assistindo televisão, sem querer acordá-lo. Eu nunca o acordava, de qualquer maneira. Ele parecia um anjo dormindo.

 

Julie - a irmã de David -, estava sentada no outro sofá, também meio dormindo, meio acordada. Jonh já havia indo dormir; surpreendente, a pessoa que eu mais tinha me dado bem fora com o pai de David. Charlotte estava sentada na poltrona, também parecendo entretida na televisão.

 

- Me desculpe. - Ela falou, de repente. Eu me virei em sua direção, sem saber se ela falava comigo ou não. Ela continuou. - Por ter julgado você. - Ela sorriu pequeno, abaixando os olhos. - Por ter achado que você estava se aproveitando do meu David... - Só então eu entendi do que ela falava. Pisquei, meio confuso e incrédulo. - Vocês dois são como um só... - Ela fez uma pausa. - É como se você se mexesse de acordo com David... Como se você quisesse protegê-lo de tudo ao redor e...

 

Eu não sabia que aquilo era tão visível. Quer dizer, que eu quisesse mesmo proteger David de tudo; mas talvez ela tenha percebido por ser a mãe de David...

 

- Eu fico feliz que ele esteja com você... Me desculpe.

 

- Tudo bem, Sra. Desrosiers. - Eu estava meio chocado por ela ter me pedido desculpas, principalmente depois de ter me ignorado durante todo o dia anterior e por todo o dia de hoje. - Eu entendo.

 

- Charlotte. - Ela me corrigiu.

 

- Charlotte. - Repeti. Ela sorriu pra mim e se virou pra televisão, com a expressão de ‘missão cumprida’. Eu abaixei os olhos, encarando David dormindo tranquilamente, fazendo minhas coxas de travesseiro. Não que eu me importasse com isso.

 

Sorri.

 

Fim da parte 4.

 


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