Enquanto eu pensava na melhor maneira de fazer a arte, olhava pela janela o tempo passar, anotava palavras soltas em um caderno velho, tinha esse costume há muito tempo, afinal eu sempre gostei de escrever, pena nunca ter obtido sucesso, pelo menos não até agora.

Era ótimo ficar sozinha novamente naquele apartamento que já me causava repudio. Os outros haviam saído sei lá para onde, certo que falaram mas eu não ouvi. Enquanto pensava olhava aquele apartamento em sua situação atual: a nojeira que tinha se transformado o velho sofá, no cheiro de mofo que o mesmo exalava. Nos restos de comida pelo chão, na louça de uma semana infestando a pia e o pior de tudo, o cheio de bebida forte no ar. Gosto de beber, mas isso não significa que quero fazer da minha casa um bar da esquina. O cheiro já me deixava enjoada, meus lábios secos angustiavam por água, me levanto e vou em direção a geladeira e pego aquela garrafa d’água já pela metade. Bebo a deixando vazia e volto a olhar pela janela. Ah, nada como voltar a escrever.

Quase três horas se passam quando escuto o barulho da porta e vejo Estevan entrando seguido pelos outros.

–Eu já sei como fazer tudo! – digo, muito ansiosa – como já havíamos falado, Jeremy e Alana iram até o bar...

–Boate! – diz Alana.

–Tanto faz – replico e continuo – vocês iram lá, acharam a menina e pediram que querem um programa dela.

–Só pode ser brincadeira! Quem acha que somos?! Faça você isso! – diz Alana.

–Primeiramente, não, não estou brincando, meu senso de humor é tão ruim como a sua vontade de cooperar, agora se quer fazer o favor e deixar eu continuar eu agradeceria muito – Alana me olha emburrada mas sei que ela cooperará – continuando, vocês dirão que querem que seja na casa dela pois querem o máximo serem discretos blá blá blá, inventem algo.

Todos fazem sinal concordando então eu prossigo.

–Após chegarem na casa dela algum de vocês dois dará um sinal, e é aí que a Jul entra, ela sabe onde é a casa e nos levará até lá, não ficaremos seguindo vocês para que nada saia suspeito, iremos exatos 3 minutos após a mensagem, suponho que cheguemos até o destino em 10 minutos. É brilhante.

–Ótimo! Agora é 18:00 e sairemos às 22:00, todos fiquem prontos até lá – fala Jul, o que me pareceu muito como um quero ser útil e ter alguma ideia, mas de fato Jul era extremamente importante.

Chegadas as tão esperadas 22:00 todos já estavam devidamente arrumados e preparados, com sua falas em mente. Era realmente ótimo. Alana e Jeremy estavam saindo para a boate, Jeremy levava sua arma, a outra ficaria com o Estevan. Antes de dar o boa sorte aos dois, conferimos suas cargas de celulares para que possam mandar a mensagem de aviso, e para que número deveriam mandar. Alana ainda não parecia nada confiante, mas Jeremy estava ótimo, algo me dizia o porque, afinal, era uma stripper.

Eles saem. Vinte minutos após “chegamos a boate” dizia a mensagem. Trinta minutos e “estamos a caminho da casa” era o conteúdo da segunda mensagem, o que significa que demorou para que convencessem a moça. Vinte minutos e Jul já achava que os dois haviam morrido, mas chega a terceira mensagem com o aviso que chegaram na casa. Puta merda, a boate ficava a vinte minutos do meu apartamento, ou a casa era muito longe daqui, ou muito perto.