The Lost Key escrita por Pevensie


Capítulo 2
Library


Notas iniciais do capítulo

Não, você não leu errado.
Finalmente, mais de um ano depois, The Lost Key ressurge.
Acho que devo à vocês uma explicação, não é? Resumindo: The Lost Key na verdade era um livro que eu havia escrito, e não tinha NADA a ver com Nárnia. Estava tentando adaptá-lo para uma fanfic narniana. Vocês gostaram tanto do primeiro capítulo que tive medo de postar o segundo e acabar decepcionando-as por não ser tão bom quanto o 1. Foi pura covardia. Desculpem.
Um obrigada muito especial para LaraGamaSimoes e N C Earnshaw. Meninas, se não fossem por vocês e suas mensagens lindas, eu não teria continuado. Demorou, eu sei, mas agora não vou desistir.
Espero sinceramente que gostem.



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Capítulo II

Library

Charlie vasculhava as vastas prateleiras com os olhos procurando por algum título que a interessasse ou que pelo menos chamasse a sua atenção. Já passara tanto tempo naquela biblioteca, desde pequena, que chegara a decorar quase todos os títulos que o lugar possuía e já tinha lido a maioria deles.

Acabou pegando um livro enorme intitulado "França: A Enciclopédia”, para estudar, já que pretendia viajar um dia para lá. E mais dois livros, não tão grandes como o primeiro, mas com uma aparência antiga e empoeirada. Eram os livros de contos infantis que sua mãe sempre lia para ela antes de dormir quando era menor.

Passou os livros pelo balcão da bibliotecária, a srta.Blare, quase que mecanicamente enquanto se perdia no mundo de fadas e princesas, castelos e dragões e de todas as outras coisas que reinaram em sua infância. Blare entregou os livros para Charlie com um sorriso singelo no rosto.

A menina pegou os livros - que percebeu estarem muito pesados - e saiu porta afora, os sininhos tocando quando a porta se fechou atrás de si. Percebeu então que havia esquecido alguma coisa... Ah, sua bolsa de mão! Tinha ficado em cima da prateleira das enciclopédias.

Charlie voltou para dentro, os sininhos tocaram outra vez, se encaminhou o mais rápido possível até a seção das enciclopédias. Ótimo, sua bolsa ainda estava lá. Equilibrou os livros com uma das mãos e pegou a bolsinha com a outra, as moedas tilintando com o balanço, colocou-a em cima da pilha de livros e andou olhando para os próprios pés até a saída, os sininhos tocaram ao atravessar a porta. - já está ficando irritante, pensou Charlie.

Ao chegar na escada,começou a descer degrau por degrau com medo de cair,os olhos voltados para os passos que estava dando, até que esbarrou com alguém no meio do caminho. Os livros caíram no chão, não só os dela, como os da outra pessoa também. Abaixou-se para começar a recolher-lhos quando tropeçou na sua bolsinha. Fechou os olhos aguardando a queda, mas ela não veio. Sentiu mãos fortes segurando seus ombros, impedindo-a de ir ao chão.

–Obrigada. -Sussurrou baixinho, se agachando para recolher seus livros, sem nem olhar para o rosto de quem havia a 'salvo’. Pegou rapidamente os seus livros do chão, juntamente com a bendita bolsa de moedas e se levantou para voltar logo para casa.

–Acho que isso é seu. -Disse uma voz deliciosamente aveludada, estendendo um exemplar do "Contos e Fábulas,Volume II".

–Obrigada. -Soltou Charlie mais uma vez ,pegou o livro e dessa vez, olhou para cima para ver a pessoa.Era um rapaz alto,com os cabelos incrivelmente castanhos.Reconheceu-o imediatamente. -Você não é um dos filhos do casal que se mudou para a casa ao lado da minha?

O garoto soltou um lindo sorriso antes de respondê-la.

–Sou. Muito prazer. -Ele equilibrou sua pilha de livros na mão esquerda e estendeu a direita para que Lena apertasse.

–Prazer. Sou Charlotte Duprat. -Respondeu com um sorriso, aceitando a mão do rapaz.

Ficaram por um momento se encarando em silêncio, quase que avaliando um ao outro. Charlie se perguntava se seria ela a única a sentir uma espécie de energia quando suas mãos se tocaram. Ele ergueu os olhos e a olhou fundo em seus olhos verdes, como se tentasse decifrar algo. -Bem,foi ótimo conhecê-lo.Mas tenho que ir agora,talvez nos vejamos outro dia por aí.- Ela se despediu com um sorriso e se virou,tentando esconder o rubor enquanto descia as escadas.

Seguiu então pela calçada, não era muito longe de casa - a biblioteca - uma caminhada agradável de dez minutos e então já estaria no conforto do lar. Geralmente estaria acompanhada ou de Colin, Grace ou do pai. Mas hoje estava sozinha e mesmo não gostando de admitir, detestava andar desacompanhada,era tão solitário,e monótono e...

–Espere. -Uma voz gritou atrás de si. Virou-se rapidamente e se deparou com o garoto a menos de dois metros dela.

Deu de ombros quase que imperceptivelmente e esperou, até que ele a alcançasse. O que a afetaria dois minutos de atraso?

–Está voltando para casa?-Perguntou o rapaz, colocando as mãos nos bolsos. Ele, percebeu Charlie, não estava mais com os livros nas mãos.

–Estou. Por quê?-Ela perguntou com certa curiosidade.

–Pensei que se estivesse, poderia acompanhá-la.

Charlie pensou rapidamente. Se chegasse em casa acompanhada de qualquer outro rapaz que não fosse Colin,certamente ouviria um sermão da mãe.Mas o que uma caminhada inocente com o novo vizinho tinha de mal?Se a mãe começasse a chatea-lá, poderia dizer que estava mostrando a cidade para ele.

–Claro, por que não?

O rapaz se postou ao seu lado e então, ela retomou a caminhada.

–Você e sua família vieram de Finchley, não é?-Charlie perguntou tentando puxar assunto, lembrando-se subitamente do que sua mãe havia dito alguns dias atrás.

–Sim, viemos. -Ele respondeu balançando a cabeça.

Ela notou o fato de que ele não achou estranho que ela soubesse de onde ele vinha.

–Está gostando daqui?-Perguntou só para manter a conversa.

Ela olhou para o lado e viu que ele observava a paisagem ao seu redor com um ar pensativo. Virou seu rosto rapidamente para encará-la e respondeu por fim:

–Gosto mais a cada dia.-Concluiu com um sorriso,ainda com as mãos nos bolsos da calça.

A garota reprimiu um sorriso e apenas acenou com a cabeça. Charlie tinha apenas 15 anos, e seu histórico de relacionamentos era praticamente nulo, mas sabia reconhecer quando algum rapaz flertava com ela. Geralmente, ela não dava bola, mas dessa vez ela se sentia meio eufórica.

De repente, ele mudou sua expressão descontraída para uma de surpresa e depois deu um tapa em sua própria testa fazendo com que Charlie parasse de andar de repente.

–Meu Deus, como sou estúpido!-Exclamou, meneando com a cabeça.

–O que foi?

–Você aí, carregando todos esses livros e eu nem me ofereci para levá-los. Dê-me aqui. -Tirou os livros das mãos da garota, que tentava conter um sorriso, se divertindo com o embaraço dele.

–Falando em livros. -Ela recomeçou, voltando a andar despreocupadamente. -O que estava fazendo levando aqueles livros para a biblioteca?Certamente não estava devolvendo.

–Por que supõe isso?

–Bom, você mora aqui há pouco mais de uma semana. E que eu saiba, para fazer o cadastro precisa ter pelo menos dois meses de residência fixa aqui.-Ela disse com um ar sabe-tudo, fazendo-o rir.

–Muito esperta. Na verdade, eu estava fazendo uma doação.

–Mas isso é muito legal!

Charie não se sentia tão leve assim fazia semanas, nunca tinha se aberto tão rapidamente com alguém, ainda mas com um rapaz!Mas, como negar se abrir com uma pessoa tão gentil e receptiva como ele? Nesses tempos de guerra, lembrou-se do que a avó disse naquela mesma manhã, é bom aproveitar bem tudo o que há para viver, pois tudo poderia ser pela última vez.A menina olhou em volta de si,apreciando aquele comecinho de verão.

–Quantos anos você tem?

–Faço dezesseis em agosto.E você?-Ele perguntou com um certo interesse que não passou despercebido aos olhos de Charlie,que abaixou a cabeça tentando desviar o olhar antes de dar uma resposta.

–Faço quinze em duas semanas.

Ele balançou a cabeça repetidas vezes e um momento de silêncio se transcorreu após o curto diálogo. Charlie se surpreendeu ao perceber que já estavam na rua onde moravam, e notou que duas garotas estavam sentadas nos degraus da varanda da casa dele, conversando e rindo despreocupadamente.

–Aquelas duas garotas são suas irmãs?Elas parecem ser legais.-Comentou ao se lembrar que eram as duas garotas que vira pela janela de seu quarto. Uma expressão de divertimento tomou o rosto de dele.-Qual é a graça?-Perguntou chateada.Não gostava muito quando as pessoas riam de suas perguntas - muitas das vezes um pouco sem sentido.

–Sim, são minhas irmãs.

–Ainda não entendi a graça.

–A graça é que elas estão bem longe de ser legais. São duas pestes. – Emendou sorrindo.

– Mas você gosta delas.

– Claro. Principalmente de Lúcia, se não fosse por ela eu não seria quem sou hoje.-Ele respondeu solenemente, o olhar divertido agora carregado de nostalgia.

Charlie o observou naquele momento. Ao ter dito aquilo, o garoto parecia mais sério, mais maduro e por um instante, ela sentiu como se ele já tivesse vivido uma vida inteira.

Os dois ergueram a cabeça ao mesmo tempo,ao verem que haviam chegado na frente da casa dos Duprat.

–Bem, já está entregue.

–Obrigada por ter trazido os livros, foi muito gentil de sua parte. -Disse pegando os livros das mãos do rapaz com certa dificuldade.

–Não há de quê. -O rapaz respondeu, passando os dedos da mão direita pela nuca.

Ela se virou e começou a subir os poucos degraus da rua até a varanda, virou-se subitamente ao lembrar-se de uma pergunta que ainda não havia feito, quando viu ele já estava com a mão na maçaneta da porta de entrada da casa dele.

–À propósito- Ela disse um pouco alto,fazendo com que ele girasse o corpo para encará-la - qual é o seu nome mesmo?

–Me chamo Edmundo.

...

Apenas uma semana depois de terem se mudado para a casa nova, era de se esperar que várias coisas ainda estivessem encaixotadas e amontoadas no único quarto vago do lugar, e era exatamente nesse quarto que os irmãos Pevensie estavam matando seu tempo livre, que supostamente deveria ser usado para terminar de arrumar suas coisas.

Susana estava sentada numa poltrona ainda coberta por um lençol branco folheando uma revista qualquer. Pedro se ocupava de procurar seu mapa, perdido entre tantas caixas. Lúcia não fazia nada além de tentar endireitar um quadro na parede. Enquanto Edmundo apenas fingia estar lendo um livro, quando na verdade escutava a doce melodia de piano que vinha da casa ao lado.

– Ai! – Edmundo reclamou quando Pedro jogou um peão de xadrez nele – O que você quer?

– Estou falando com você há um tempão, imbecíl.

– Deixa ele, Pedro. Ele está sonhando com a nova amiga que fez hoje.- Susana insinuou deixando a revista de lado.

– Se vocês não perceberam, eu estou tentando ler. – Ele disse tentando evitar o constrangimento.

– Edmundo, a gente até acreditaria se o livro não estivesse de ponta cabeça - Lúcia disse tirando o livro das mãos do irmão e o desvirando, fazendo os outros rirem. – E se ele não fosse escrito em francês.

– Agora ele vai dizer que está treinando o idioma. - Pedro disse enquanto ria.

– Qual é o problema de vocês? – Edmundo reclamou deixando o livro no parapeito da janela, se dando por vencido.

– Só queria saber quem é essa tal garota de quem a Lu e a Susana me contaram. - Seu irmão explicou, sentando-se numa caixa ao lado de Edmundo.

– O nome dela é Charlotte. - Disse ele, apenas querendo acabar com aquele assunto.

Lúcia revirou os olhos, sabendo que seu irmão não diria mais nada:

– É uma garota que mora na casa aqui do lado, Pedro. - Explicou.

– A mesma que acenou para você da janela do sótão? - O irmão perguntou.

– Ela mesma. - Edmundo admitiu, afinal, conhecia Pedro e sabia que nem ele e nem as irmão largariam do seu pé se ele não os respondesse.

Pelos minutos seguintes, Edmundo foi bombardeado de perguntas indiscretas e de piadinhas sem graça sobre o caminho da biblioteca até a casa. Respondeu de má vontade, sabendo que quanto mais falasse, mais piadinhas teria que aguentar pelos dias seguintes. Mas ao mesmo tempo gostou de falar dela. Fazia parecer mais real. Fazia parecer que havia chances de se aproximarem, de se tornarem amigos, quem sabe?

Já deitado na cama ele ainda podia escutar a melodia do piano. E em meio a nebulosidade do sono, Edmundo se perguntava se era Charlotte quem tocava.


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Notas finais do capítulo

Por favor
POR FAVOR
não me deixem no vácuo. sei que mereço, mas ficaria arrasada.
Um grande abraço pra vocês
Com amor,
N.



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