Seu amor é uma mentira escrita por kathe Daratrazanoff


Capítulo 9
Capítulo 9: Ela




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/500060/chapter/9

Querido Diário,

Eu tenho sido uma idiota. Eu estou a uma semana tentando escrever isso e finalmente criei coragem e consegui. As vezes é tão complicado colocar o que você sente em palavras.

Eu passei horas lendo o que Pierre escreveu e tentei digerir isso. Eu ergui um muro em volta de mim? Como eu tinha feito isso? Como eu não percebi? E aconteceu uma coisa muito estranha a três dias atrás: eu estava prestes a fazer compras no supermercado (eu sei, pela primeira vez em... nem sei quanto tempo) quando vi uma senhora no elevador. Eu sorri pra ela, mas ela não sorriu pra mim. Acho que ela percebeu que o meu sorriso foi falso.

Eu juro que estou tentando, juro. Pierre disse que sorrir ajuda. Não ajudou nesse caso. A senhora olhou pra mim com desdém e disse: "Não me venha com esse sorrisinho, garota, conheço bem as mulheres da sua laia."

Eu não tinha entendido isso. E eu fiquei realmente triste. Eu queria entender o que se passava, mas ao mesmo tempo fugir. Foi o que eu fiz, saí do elevador e desci pelas escadas. Encontrei uma garota sentada nos degraus, chorando, e já que eu não estava com pressa resolvi ajudá-la (Acredita que depois descobri que ela era neta daquela senhora?).

A garota, que se chama Gabriella, disse que estava chorando porque estava apaixonada por um garoto do colégio e que ele era um dos mais populares, e que era impossível ele gostar dela. Fiquei sem reação por um instante. Porque eu já tinha passado por aquilo tudo.

Foi onde conheci Matt, na universidade. Ele cursava advocacia e era um dos caras mais populares do lugar. Era bonito, sexy, o mais desejado de todos. Eu era a garotinha caloura que estava na turma dos CDF's. E eu tive que me apaixonar por ele.

Foi um episódio engraçado o dia em que nos vimos pela primeira vez. Eu tinha acabado de sair de uma aula extensa sobre revisão de textos (eu cursava jornalismo) e estava me dirigindo ao refeitório do campos, quando a belíssima líder de torcida Fleur apareceu na minha frente dizendo que eu tinha dito algo sobre os seios dela. Eu nem conhecia ela. Mas eu saquei a dela de cara, ela queria me constranger na frente de todos. Eu, sinceramente, sempre odiei esse tipo de garota. Não me controlei e joguei meu copo de coca cola no cabelo dela.

Os gritos que ela deu foram demais. Poxa, eu estou rindo aqui e não é falsidade. Eu tinha me esquecido disso. Eu tinha me esquecido de tanta coisa.

Ela tentou puxar o meu cabelo, mas de repente ele apareceu. Matt. Mattheus. Ele enlaçou a cintura dela e fez ela recuar. Ela me olhou com ódio e disse que não me deixaria em paz, mas ele mandou ela ir dar uma volta e ela foi. Não era o que eu esperava pro meu primeiro dia.

Matt pediu desculpas por isso e ofereceu um outro copo de refrigerante em lugar do que eu tinha perdido. Ele foi um encanto. Imagine a minha surpresa ao descobrir, meses depois, que el tinha feito uma aposta com os amigos de que conseguiria me pegar.

Ele jurou pra mim que tinha se apaixonado, que se importava comigo e que não ligava pra aposta nenhuma. Quero dizer, tudo foi um fingimento? Os encontros, os beijos, os abraços, os presentes, tudo isso por uma maldita aposta?

Quando me dei conta, tinha contado tudo isso a Gabriella e estávamos abraçadas chorando juntas. Foi uma sensação diferente chorar com alguém. Abraçar alguém. Depois desse momento constrangedor, ela me contou umas coisas bem engraçadas e ficamos rindo e discutindo pelo que pareceu ter sido horas. Eu acho que tenho uma amiga.

Ela me contou também que já tinha passado por mim várias vezes, mas que todo mundo tinha medo de falar comigo. Ela disse que eu deixava as pessoas desconfortáveis, que parecia que eu não me importava com ninguém. Eu me sinto cada vez mais culpada.

Amanhã tenho uma entrevista de emprego numa revista adolescente. Eu estou tão ansiosa, de verdade. Fazia meses que eu não sentia isso. Eu ando tão nervosa, e nem consigo dormir. Veja só: eu não consigo dormir porque estou ansiosa. Não é por tristeza, não é por choradeira, não é por depressão nenhuma. Eu acho que finalmente estou colocando minha vida de volta aos trilhos. Talvez eu tenha encontrado algo pelo qual acordar todos os dias e ter uma desculpa verdadeira pra sair da cama.

Ps: Obrigado por me ajudar a procurar um emprego, Pierre. Obrigado por me levar ao cinema de novo. Obrigado por me fazer sair de casa e ver coisas novas.

Ps: Eu percebi uma coisa. Toda vez que nós andamos juntos Pierre pega na minha mão. Quando eu perguntei porque ele estava fazendo isso, ele disse que sempre fez isso quando éramos mais novos e que desde que tinha voltado tinha feito isso. Ele perguntou se eu achava ruim. Não respondi, mas aqui vai a resposta: Não, não acho. Sua mão é... quente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Seu amor é uma mentira" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.