Chrysalide escrita por Alice Burton
– Droga, tá frio... - Alicia resmungou tateando pela cama atrás das cobertas que acabavam de ser arrancadas de cima dela.
– Se você já estivesse levantado, não estaria com frio. - Ela só podia estar sonhando, era voz da Lilian. Por que diabos a loira estava no seu quarto? Alicia colocou o travesseiro em cima do rosto tentando mergulhar novamente na escuridão dos sonhos.
Quer dizer, bem que a Alicia tentou voltar a dormir, mas da mesma forma que sonhos não arrancavam cobertores, também não atiravam travesseiros.
– Sério Lili, não é porque você mora ao lado da minha casa que precisa me acordar de madrugada... Que horas são? - Finalmente a ruiva se sentou na cama, com o rosto inchado de sono e uma vontade tremenda de fazer a Lili engolir o travesseiro.
– 8 horas, já é tarde. Levanta!
– 8 horas Lilian? Hoje é sábado. - Dito isso ela pegou o ttavesseiro e atirou contra a loira- me deixa dormir!
– Não reclama, você tem meia hora e se não estiver pronta te arrasto de pijama mesmo pro carro. Estamos combinadas?
– Quem foi que disse que você pode entrar na minha casa assim, em plena madrugada e ainda por cima me ameaçar?
– Sua mãe. Volto em meia hora. - Dito isso a loira saiu fechando a porta do quarto ao sair.
– Você podia pelo menos ser normal e ligar... - Mas Lilian já tinha saído do quarto e se ouviu alguma coisa, não respondeu.
Agora sejamos honestos, britânicos são conhecidos pela pontualidade, mas esse ditado só vale quando não estivermos falando da Alicia. Meia hora foi só o tempo dela tomar coragem para levantar da cama, mais 20minutos no banho, o que quer dizer que quando a Lili voltou ela tinha acabado de sair do banheiro.
– Só para saber, para onde exatamente você pretende me arrastar?
– Vamos ao shopping, eu teria te dito isso ontem...
– Mas você não apareceu na biblioteca depois da detenção. - Alicia fuzilou a loira com os olhos. - E então?
– Hãm... - Lili ficou extremamente vermelha, exatamente a mesma expressão constrangida com a qual Alicia a viu pela primeira vez, mas hoje ela não ficaria com pena, então era bom que a loira colocasse logo tudo para fora.
– Ainda estou esperando Lilian Debantin.
– Sabe o... bem... - Lilian deixou escapar um suspiro de resignação, nem precisava saber muito sobre a Alicia para saber que a ruiva não deixaria passar. - Então, eu conto... Mas dá pra você andar logo? - Ela arqueou a sobrancelha e indicou a porta do closet para uma Alicia ainda de toalha. A ruiva revirou os olhos mas concordou. - Tem aquele menino, Edmure, sabe? Acho que ele é da sala do meu irmão... Mas enfim, eu estava indo para a aula depois do almoço... O horário que você sempre desaparece, só pra constar...
– Não mude de assunto.
– Então, ele perguntou se eu gostaria de ir com ele na festa da Jane... Mas é claro que o meu irmão não deixou, mas vamos na festa mesmo assim.. O Nate também vai, por isso posso ir, então ele leva a gente.
– Espera aí! – Alicia voltou de dentro do closet com um vestido jeans tomara que caia na mão. – O seu irmão é o tal do Nathan?
– Hãm... Você não sabia? – A cara da Lilian era de pura confusão, a escola inteira sabia que o irmão da Lili era o Nate. Okay, a escola toda menos a Alicia.
– Por que diabos eu deveria saber?
– Você é um caso perdido Vermontt!
Foi a vez da ruiva atirar o travesseiro na loira, mas 20min depois ela estava pronta, o cabelo ainda estava molhado porque a Lili não deixou que ela secasse, vestiu uma meia calça preta fio 80, o vestido tubinho tomara que caia jeans, um coturno de couro com cano baixo e uma jaqueta também de couro, nos olhos um maquiagem impecavelmente preta e um batom que era quase no tom de pele dela.
– Sabe a quanto tempo estou aqui esperando? – O loiro estava encostado no carro ao lado da porta do motorista, a primeira de suas preocupações era logicamente brigar com a Lili, tanto que não reparou quem era a amiga que a Lili estava esperando. – E o que você estava fazendo na casa do vizinho?
– Viu? Não sou a única tapada da escola. – Alicia deu um riso debochado e abriu a porta de trás do carro sem pedir permissão ao motorista atordoado. – Eu explico, o viznho... no caso, A vizinha, sou eu.
– Não discute, shopping, lembra? – A Lili disse depois de entrar no banco do carona.
– E tem o que discutir com você, peste? – O Nate entrou no carro com um suspiro dando partida logo depois de colocar o cinto, fez o possível para não olhar a ruiva no banco de trás pelo retrovisor.
– Então você não me disse o que exatamente vamos fazer no shopping. – A ruiva tentou quebrar o silêncio.
– Meu deus! Depois eu é que sou a loira da história! – Lili revirou os olhos. – A festa da Jane é hoje, preciso de um vestido novo e não te mataria se você comprasse algo também, né Alicia!
– Eu não vou na festa da Jane.
– Como assim Vermontt? É brincadeira, né? – A Lili se levantou no banco do carona na medida do possível e olhou para a ruiva com a cara mais indignada do mundo.
– Você ouviu Debantin!
– É a primeira festa do ano, você não vai me deixar ir sozinha Alicia Bittencourt!
O Nate que passou grande parte do caminho em silêncio deixou uma tosse forçada escapar, é claro que a Alicia não deixou essa escapar.
– Viu? Você não vai sozinha.
– Fala sério, meu irmão não conta, ele é quase uma babá... Você precisa ir Alicia.
– Ei, tô aqui pestinha, dava pra pelo menos disfarçar na hora de falar mal de mim?
Lili atingiu o Nate com o cotovelo e ele começou a rir descontroladamente, aproveitando a deixa a loira o atacou com cócegas. Foi inevitável a Alicia levar a mão até o delicado relicário em seu pescoço, mas nenhum deles notou.
– Eu tô dirigindo loira, para com isso. – O Nate empurrou delicadamente a Lili de volta ao banco do carona, ela se comportou, mas só parou de rir quando o Nate deixou as duas na porta do shopping.
– Eu ligo quando terminamos, tá bem? – A loira não esperou resposta, pegou a Alicia pela mão e arrastou a amiga para dentro do shopping.
– Ei ei! Lilian eu tenho pernas, posso ir sozinha sabia?
– Temos até as 18h para encontrar algo legal e você já nos fez perder metade da manhã, okay?
– Tá, agora que estamos aqui... ? – A Alicia ergueu a sobrancelha encarando a Lilian com aquele olhar que só as garotas entendem, ela podia até não querer ir a festa da Jane, mas de maneira alguma se oporia a compras, era uma garota afinal de contas.
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