Mahou Shoujo Crystal Chronicles - escrita por The Magician, xblayzerx


Capítulo 2
Brilho na escuridão




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Ao ver as chamas, Eileen já entendeu que aquilo era um sonho. Era surreal demais, não podia ser realidade! Sua cidade... sua casa... tudo era consumido por chamas negras, e o ambiente não tinha vida, era apenas um monte de entulho monocromático. E ela estava lá, parada, sem sentir o seu corpo, imóvel como uma estátua enquanto via tudo queimar.

Com certo esforço, conseguiu engolir em seco. Por mais que a vista fosse horrível não conseguia parar de olhar. Cada detalhe a apavorava cada vez mais. Podia ver os corpos daqueles que eram seus vizinhos em pedaços, alguns ainda agonizavam pedindo por uma ajuda que não viria, mas nem era isso que lhe dava mais medo e sim uma grande torre flamejante, cujo topo havia uma pessoa, parecia ser uma garotinha. Ela ria descontroladamente, uma risada de pura malícia e satisfação. Céus! Era aquela menina a alma por trás de toda aquela destruição?!

Enquanto a maldita risada saída de uma voz histérica soava em seus ouvidos, pôde reparar que figuras brilhantes saiam entre as chamas. Eram garotas como ela, jovens adolescentes em roupas que emanavam cores. Armas eram invocadas, uma luta era travada e naquele momento, Eileen sentiu-se impotente, mas uma estranha vontade de ir para lá lhe tomava.

– Você não vai para lá... Ametista? – Uma voz infantil lhe chamou, Eileen se virou num impulso e lá estava um tipo de... gato? coelho?! Um bicho digno de qualquer anime lhe encarando sem expressar emoção alguma. Ela abriu a boca para responder, mas as palavras não saíam. Sentiu o peito queimar e quando olhou para baixo, viu que este brilhava numa cor arroxeada. Ela também possuía cores naquele ambiente vazio! O brilho saía de seu peito como se parte de si fosse arrancada, era incrivelmente forte e seu corpo doía, apesar de não se importar. O som de uma explosão a assustou e tudo começou a ficar escuro...

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“ ...e aqui é a rádio Ringo Magic! Com a nossa playlist matinal para todos vocês que estão indo para o trabalho ou para escola!”

Foi o bendito rádio que a acordou, ela tinha o programado assim... Sentia-se irritada e aliviada ao mesmo tempo. Tinha vontade de entender aquele sonho, mas, era tão angustiante que resolveu deixar para lá.

Deu uma olhada na bagunça do seu quarto, parando direto numas duas ou três latas de refrigerante.

– Nota mental... Nunca mais beber essa droga antes de ir dormir... – Disse meio alto, coçando a cabeça. Demoraram uns cinco minutos para finalmente levantar. Pegou o uniforme que estava estrategicamente posto em cima do computador e foi para o banheiro se arrumar.

Yamamoto Eileen, 14 anos. Sobrenome comum, primeiro nome terrível! Uma garota bi-racial vivendo no Japão... Não que ligasse muito, mas, que chamava atenção na escola... ah chamava. Era alta, robusta, possuindo longos cabelos ruivos e bem lisos, um presentinho do papai japonês. Os olhos eram de uma rara cor de lavanda e tinha sardas pelo corpo todo. Uma garota diferente e meio durona, mas, com o coração bem mole quando se tratava das pessoas que amava. Por ser meio fechada com as pessoas que mal conhecia, não tinha tantos amigos na escola, apesar de sua popularidade, devido à aparência, que era razoavelmente grande. Tirando todas essas coisas bobas, ela era só mais uma garota entre milhares.

– Bom dia querida... – A voz de sua mãe a tirou do estado de transe.

Estava tão concentrada naquela droga de sonho que tinha praticamente ativado no modo automático. Estava na cozinha e seu pai estava sentado à mesa lendo alguma coisa no celular. O café da manhã já estava na mesa e via a sua xícara favorita já cheia de chá.

– Ah, bom dia... estava pensando na escola... – Disse meio sem jeito e se sentou para comer. Seus pais conversavam sobre alguma coisa, mas ela nem ligava. Bebeu um gole de seu chá, que tinha o mesmo gosto sem graça de sempre. Ah... se a vida fosse um pouco mais animada, ela agradeceria.

– Lee-chan melhor se apressar, você sabe que a Ichinose-san está te esperando. – Disse a sua mãe ao percebê-la mais uma vez perdida nos pensamentos.

Ah é! Rukia! Se a deixasse esperando seria rude demais, por mais que naquele momento fossem melhores amigas...

– AH Desculpa! – Exclamou e bebeu o resto do chá num gole só, fazendo uma bela careta de dor. O chá ainda estava quente demais – merda... – Disse baixinho para que a mãe não ouvisse. Comeu um pouco e já estava pegando sua maleta. – Até mais Papa, Mama! – Sorriu meio sem graça, antes de sair da casa apressadamente.

“Minha língua ainda dói...” Pensava consigo mesma enquanto andava pela rua. Dois quarteirões era a distância entre sua casa e o apartamento de Rukia. Elas poderiam se encontrar na praça, mas ela preferia buscá-la em casa para não ter que ficar esperando. Não demorou muito para chegar ao pequeno edifício de três andares. Subiu usando o elevador, imaginando a dificuldade que sua amiga teria caso ele quebrasse... Ele estava num estado bem precário para seu gosto.

Ao chegar à porta de número 33 nem precisou bater, a porta era escancarada pela mãe de Rukia. Ichinose Tsukiko era uma linda mulher em seus 30 e poucos anos, era muito ocupada e vivia correndo, como agora. Tinha até cumprimentado Eileen, porém passava como uma rajada de vento e a garota nem pôde escutar direito.

– Bom dia para a senhora também... – Acabou falando meio irônica, afinal, ela não iria ouvir mesmo. Entrou na casa indo direto para o quarto onde encontrou a amiga olhando para um espelho e ajeitando os cabelos.

Sua amiga Rukia era uma boa garota e muito bonita. Parecia uma boneca de porcelana com aquela pele super branca e seus cabelos lisos e castanhos de tamanho médio, que iam até o fim de seu rosto. Numa parte do cabelo havia uma fita verde amarrada. Os olhos eram de uma cor verde expressiva e seu corpo esguio. Usava o mesmo uniforme que a Eileen, mas ela tinha feito um belo laço na gravata e suas meias estavam dobradas na altura do calcanhar.

A escola não era muito rígida em questão de uniforme e aquelas meias ¾ ás vezes desfiavam quando entravam em contato com a cadeira de rodas. Ah é... ela era cadeirante, desde sempre. Ela nasceu assim, os médicos disseram que era irreversível. O nascimento de Rukia em si foi a causa. Sua mãe a teve muito jovem, nasceu prematura de 6 meses, passando boa parte da sua primeira infância num hospital, entre a vida e a morte. O resultado de tudo aquilo foi a saúde frágil, e o corpo fraco e defeituoso da amiga

– Bom dia Lee-chan. Já estou pronta. - Disse calmamente com um sorriso.

Eileen logo foi e a levou. Ela nunca gostou que Eileen guiasse sua cadeira, mas a ruiva sempre o fez até que ela parasse de protestar. Foi por causa disso que se conheceram e por isso que eram melhores amigas até então.

– Ru-chan, hoje eu tive um sonho muito estranho... – Após um longo tempo de caminhada até a escola em silêncio, Eileen puxou assunto - Algo como um monstro destruía a cidade ou algo assim...

– Uau... Lee-chan, que horrível! E ainda fala isso como se fosse normal! – A garota respondeu dando risada e causando um sorriso sem graça nela. Eileen sempre foi meio desinteressada nas coisas. – Mas eu também tenho tido sonhos estranhos... algo como um gachoelho... –

– Um o quê?! –

– Gachoelho ué... uma mistura de gato, cachorro e coelho. É que eu não sabia bem o que era... – Naquele momento, por impulso, Eileen não deixou de perguntar.

– E era preto? –

– Aham...-

– Com um tipo de auréolas nas orelhas?! –

– É... Acho que uma coisa assim... -

– E que falava?! –

– Sim e... MEU DEUS LEE-CHAN! Como você sabe de tudo isso?!

– Eu sonhei com uma coisa assim. Me pergunto se foi algum anime que ficou famoso e eu não reparei. Sabe como é... Essas coisas de subconsciente...

– Entendi. Se bem que eu prefiro acreditar que nossos sonhos foram sincronizados. Imagina só, tão amigas que até sonhamos com as mesmas coisas! – Ela riu animada.

– Se você está falando, baka... – Acabou rindo junto com ela. Então outras meninas apareceram e foram todas conversando até a escola.

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Apesar da sua turma não ser tão barulhenta, Eileen não conseguia ouvir nada ao redor. As imagens do sonho iam e voltavam em sua mente num loop quase infinito. Ela brilhava no meio da escuridão, uma garota como qualquer outra, sem nada de especial. Brilhava e iria lutar contra o mal... Haha talvez não fosse tão ruim algo assim, tirando a parte dos corpos, aquilo era uma merda. Ser algum tipo de heroína pronta para proteger a todos! Ser especial e ter algum talento a ser reconhecido. Talvez não ligasse muito em ter aquele sonho novamente.

– Yamamoto-san, está me ouvindo?! – Foi a voz irritada do professor que a tirou do seu transe. Todos estavam olhando para ela e Eileen sentiu uma puta vontade de enfiar a cabeça na terra.

– Desculpe professor... – Disse ainda mais sem graça, e depois fitou Rukia, que estava cobrindo a boca com a mão para segurar o riso. Filha da...

– Bom, como estava dizendo, hoje estamos recebendo uma nova aluna que veio da nossa cidade vizinha. Peço que sejam gentis com ela e não quero ver nenhum comentário maldoso! – Dizia mais sério que o comum.

– Ei... O que ele quis dizer com isso... – Murmurou para Rukia que se sentava ao seu lado.

– Ah... Dizem que a menina que veio pra cá é uma das sobreviventes daquele terremoto que fez aquela cidadezinha queimar ano passado. Lembra-sa, dos noticiários? Dizem que ela ficou tão traumatizada que muda de cidade em cidade desde então. – Ouviu a resposta meio incrédula.

Pensou que naquele acidente não havia sobrado nenhum sobrevivente. Um terremoto atingiu uma cidadezinha quase que isolada do mundo ano passado, de alguma forma isso incendiou uma das fábricas do lugar, e então a cidade foi consumida em chamas. Era um lugar cheio de milionários e socialites que foram morar lá na tentativa de fugir da correria da cidade grande e isso meio que irritou os moradores antigos da cidade, era sabido que sempre havia desavenças entre eles. Foi uma maneira meio triste para tudo acabar. E ver alguém que tinha visto aquilo com seus próprios olhos... Era um pouquinho tenso.

– Bom, vamos receber Ootsuka-san. Querida pode entrar.

A porta se abriu e, no que esperava ver uma garota diferente, talvez traumatizada ou qualquer coisa diferente, só viu uma garota como outra qualquer. Cabelos castanho-escuros e longos, presos num rabo de cavalo, a pele meio bronzeada e olhos numa cor esquisita. Não sabia dizer, pareciam num tom de azul, mas toda vez que olhava para ela, parecia ter um traço de uma cor diferente no meio da imensidão azul, como uma pedra preciosa. Usava o uniforme normal, meio desleixado, e usava meias 7/8 pretas ao invés das comuns da escola. Tinha o olhar meio vazio, tranquilo e não possuía nenhuma expressão relevante no rosto.

– Bom dia alunos. Meu nome é Ootsuka Umeko, prazer em conhecê-los, espero que possamos nos dar bem. – A garota anunciava calmamente.

Não parecia ser nem um pouco tímida. Tinha um pequeno sorriso no rosto e respondia com simpatia a uma ou outra pergunta idiota dos outros alunos. Porém, Eileen podia ver que os olhos dela não possuíam nenhum brilho e sim um vazio assustador. Só percebeu que encarava a garota quando ela te respondeu com um olhar curioso. Desviou o olhar quase morrendo de vergonha e o professor mandou que a garota sentasse num lugar praticamente do outro lado da sala. Aquilo foi realmente um alívio para a ruiva.

– Ei Lee-chan, a Ootsuka-san parece mesmo uma garota legal, não? – Ouviu Rukia murmurar para ela. – Totalmente diferente das expectativas... -

– É... É sim... – Respondeu calmamente, mas ainda não estava muito convencida disso. Aquela garota a intrigava.

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– Nee Ootsuka-san! É verdade que o seu pai é o grande Hideyoshi das empresas Nakano? – Foi uma menina da sala que perguntou para a aluna nova no meio da aula de educação física. Tinham acabado de fazer os alongamentos e a professora tinha ido dar instruções aos garotos enquanto as meninas ficavam a espera de sua atividade. Assim que a conversa se iniciou, Eileen não pôde deixar de direcionar seus olhos ao grupo de garotas, onde Ootsuka Umeko estava no meio.

– Ah sim... Na verdade ele não é meu pai de verdade é claro... Ele me adotou quando eu ainda era um bebê...

A garota parecia estar bem sem graça, ainda mais das declarações de “Nossa você deve ser muito rica!”ou “Ootsuka-sama você é tão legal!”. A garota ria e dava atenção a todas, até que Yuri, garota do jornal da escola, um verdadeiro pé no saco, veio com uma pergunta que realmente todos estavam segurando para fazer:

– Ootsuka-san, sobre a sua antiga cidade, como conse-

– Desculpe, mas, não gostaria de falar nada sobre isso. – A voz saiu um tem sério até demais, deixando o clima pesado. – Nunca... Agora, com licença. – Levantou-se e sua voz apresentava um tom frio que elas nunca pensaram ver naquela garota que aparentava ser tão simpática.

Bom, ela estava traumatizada ou algo assim. Toda aquela calma deveria ser apenas um teatro muito bem ensaiado, mas para deixar tudo a perder tão rapidamente... Tudo aquilo era um mistério, o qual ela se achava uma imbecil por querer entender. Não entendia o porquê de estar pensando tanto nisso. Geralmente nada a interessava dessa maneira, mas de alguma forma, sempre que olhava para Ootsuka Umeko lembrava-se do seu sonho, como se alguma intuição louca ligasse tudo aquilo. Ela estava ficando doida, só podia ser isso. Suspirou e acabou dando mais uma olhada em volta, vendo a garota que tinha chamado tanta a sua atenção conversando com a professora. Ela parecia concentrada, mas em outra coisa. Seu foco de visão estava em outro lugar. Esforçou-se um pouco, mas percebeu que ela estava olhando para Rukia atentamente. Ah que legal... além disso tudo, era uma babaca que ficava surpresa ao ver alguém deficiente! Suspirou se repreendendo por estar julgando novata tão cedo e resolveu ir para perto da amiga.

– A professora disse que hoje vocês vão fazer atletismo. Provavelmente não a Ootsuka-san, já que ela ainda não tem o uniforme correto... – Ouviu assim que chegou perto da amiga, que observava a aula num canto.

– Aham... –Parou alguns poucos segundos para reparar em Rukia. O olhar triste de toda a aula de Ed.física. – Ainda não entendo o porquê de você ficar aqui... Poderia esperar na biblioteca ou algo assim.

– Eu gosto de observar, me pego imaginando ás vezes. Queria muito ser que nem meu pai...

Eileen fez uma pequena careta sem que ela percebesse. O pai era um babaca por ter a abandonado praticamente, mas Rukia o idolatrava. Era um atleta famoso que sonhava em ter um menino forte para seguir a mesma carreira. Ele ficou arrasado quando suas expectativas foram por água abaixo, pelo menos foi o que a sua mãe disse.

– Não pense sobre isso baka. Você tem vários talentos, ainda tem muita coisa pela frente. – Colocou a mão sobre os ombros, mas já sabia que suas palavras não teriam algum efeito. Aquele desejo de Rukia chegava a ser doentio. Ela só queria ser normal... Mais uma menina em milhares, mas o destino foi cruel até demais.

– Yamamoto-san! É melhor você estar na pista em trinta segundos! – A professora gritou e Eileen teve que sair correndo feito uma doida, levando Rukia a rir um pouco.

A corrida foi tão rápida que Eileen nem teve tempo de perceber que Ootsuka Umeko andava em direção a Ichinose Rukia, vendo as duas quando já era totalmente tarde demais para interferir.

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– Abre o jogo Ru-chan! O que você e a Ootsuka-san estavam conversando tanto?! – Mari-chan disse durante o almoço. Eileen teria de agradecê-la depois, já que não tinha conseguido achar uma maneira discreta de falar com Rukia sobre isso, não queria que todo mundo soubesse sobre a sua curiosidade.

– Ah... Conversamos sobre várias coisas. Umeko-san é tão legal... Parecia realmente disposta em ser minha amiga. Falamos sobre sonhos, desejos, objetivos para depois da escola.

– Ah! Já se chamam pelo primeiro nome?! Vai ficar tão popular Ru-chan!

– Que papo sério, nem parece que mal se conhecem... – Teve que comentar meio emburrada enquanto comia um bolinho – Não sei o que vocês veem de grandes coisas nessa menina.

– Alô! Terra chamando Eileen! – Foi a vez de Shi-chan interferir – Ootsuka-san é rica, misteriosa, bonita e super simpática! Os níveis de popularidade dela já estão lá em cima, mesmo depois do vexame que a Yuki-san fez passar na aula de Ed. Física! Se a Rukia-chan for mesmo amiga dela, ninguém mais vai olhar pra ela só como a garota deficiente! – Quando percebeu o que falou, colocou a mão na frente super envergonhada. – Me desculpe Ru-chan, não falei por maldade.

– Tudo bem... É a verdade mesmo... – A amiga respondeu, rindo sem graça.

– Uh... Ainda não acho ela grande coisa! – Eileen exclamou, tirando o clima tenso da situação. – Pra mim ela é só mais uma metida dessas! E Rukia-chan eu vi que ela ficava te encarando de uma maneira estranha... Não acho que seja boa ideia ficar cheia de intimidades com ela. – Terminou, comendo o resto do bolinho e fazendo uma careta logo depois. – Mordi... A língua... – As meninas não conseguiram deixar de rir com a situação.

– Viu bem feito! Por ser tão invejosa! – Mari e Shizuka exclamaram ao mesmo tempo.

– Ei! Ela não é invejosa! Só está com um pouco de ciúmes... – Rukia concluiu enfim.

As bochechas de Eileen tomaram um vermelho. Que babacas! Ela falando sério e sempre a interferem nessas brincadeiras sem graça. Respirou fundo e levantou.

– Estou indo no banheiro. Acho que eu mordi mesmo feio... – E era verdade, a ponto que sentia o gosto metálico do próprio sangue.

– Quer que eu vá com você? – Rukia perguntou e Eileen negou com a cabeça.

– Melhor terminar de comer, logo logo o sinal vai bater. – E seguiu.

A escola era enorme em comparação com as outras que cursou. Tinha banheiros para todos os lados, mas Eileen sempre preferiu o do terceiro andar, perto da escada que levava ao terraço. A razão? Talvez pelo terceiro andar ficar vazio na hora do almoço, nem ela sabia direito.

Eileen sempre foi uma garota cheia de manias. Sendo o refeitório no segundo andar, perto das escadas, nem precisou de muito tempo para subir e limpar a boca. Já estava voltando para a sala de aula, tomara que Rukia levasse suas coisas para lá pois estava morrendo de preguiça de voltar pro refeitório, quando ouviu uma conversa perto da escada de acesso ao terraço. Lá estava aberto?! Desde umas ocorrências de suicídios, o terraço ficava sempre fechado. Subiu um pouco para tentar reconhecer as vozes. Quando viu que uma era de Ootsuka Umeko, quase engasgou, mas lembrou que ela era novata, talvez tivessem deixado a porta aberta e ela entrou achando que não era proibido. Subiu mais um pouco pronta para avisá-la até que reconheceu a segunda voz.

Aquela voz infantil...

Seu sonho!

Subiu o resto das escadas quase correndo e teve que agradecer a Deus por não ter sido ouvida. A porta que levava ao terraço estava entreaberta e ela pode olhar por ali. Viu Ootsuka Umeko de frente para algo. E aquele algo era o bicho de seu sonho...

Céus! Ela deve estar sonhando...

Ai! Não, não era um sonho... Era realidade! Sacudiu a cabeça, cobriu a boca com a mão se forçando para não gritar e continuou observando.

– Então realmente é aquela garota que você vê potencial... – A novata começou a falar.

– Obviamente. Dá para ver que aquela garota possui a alma de uma mahou shoujo... –

Mahou shoujo?! Que diabos?! Será que a sua realidade não passou de um anime mal feito de mahou shoujo?! Não! Não dá pra ser isso! Não tenha um troço Eileen... Não tenha!

– E como você garante que ela vai pedir para andar? Ou acha que uma aleijada vai mesmo lutar contra bruxas?!

Pera... Estão falando da Rukia?! Faria um grande sentido, mas... Por que queriam logo a Rukia para ser algo como uma Mahou shoujo?! Calma Eileen, talvez sejam apenas pessoas doidas que fazem cosplay e que tem... Um bichinho mágico e... AH!

– Você sabe que esse é o desejo em seu coração, está tão evidente que chega a ser sem graça. Imagino que esse forte desejo fará dela uma das fortes... –

– Que merda. Você sabe que eu não vou deixar que ela faça o contrato né?

– Entendo sua posição, mas acho que não deveria se preocupar. Essa cidade é cheia de Mahou shoujos... Só nessa escola tem duas além de você e mais uma com potencial. A cidade é um chamariz de bruxas, infectada pelo ódio e pelo remorso... Onix teve uma péssima ideia de vir para cá, provavelmente será morta em pou-

– NÃO CHAME ELA ASSIM! – A garota gritou cheia de ira, pegando o bicho pelo peito e o levantando. – EU NÃO VOU DEIXAR VOCÊ FAZER O CONTRATO! Nem que eu tenha que dar um jeito de te matar... – Caminhou até o parapeito e ameaçou jogá-lo lá embaixo. O animal continuou sem expressão e parecia que a garota sabia que aquilo não daria certo.

– NÃO FAÇA ISSO! – Gritou Eileen, escancarando a porta por puro impulso. Nenhum dos dois parecia surpreso, pelo menos por um segundo até que Ootsuka Umeko disse séria.

– Você vê?

Mesmo quase que paralisada por medo, Eileen afirmou com a cabeça.

– Interessante... – O animal disse, mesmo sem mexer a boca. – Realmente muito interessante... Yamamoto Eileen certo?

– A-aham.. O-Oque é... V-você?! Não... Oque são vocês?! – Olhou para ele e depois para Umeko que olhava séria, até que sorriu meio maliciosamente e soltou a sua mão.

Naquele momento tudo foi tão rápido, e ao mesmo tempo tão devagar... Viu o animal negro com auréolas nas orelhas caindo, e foi então que percebeu que Umeko dizia num tom calmo e meio assustador:

“Vá embora. Agora!”.

E ela correu. Correu como nunca. Correu sem conseguir entender o que estava acontecendo. Mas, tinha uma coisa na cabeça.

Ela iria descobrir!


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Notas finais do capítulo

Acho que não tenho muita coisa a dizer além de que foi mais divertido do que esperava escrever esse cap :3 espero que vocês gostem tanto quanto eu e, como faço questão de fazer sempre, agradeço ao Blay por toda a ajuda que ele me deu!



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