Pelo escuro escrita por Olavih


Capítulo 21
Cheiros velhos, sentimentos novos


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas, sinto muito pela demora. Eu havia prometido a muitos e até para mim mesma um capítulo terça, mas criatividade é como coração, simplesmente não controlamos. Estive sem tempo, sem criatividade e sem saúde. Nada que um anador e um nimesulida não tenham resolvido. Esse capítulo está... Extenso kkkk. Mas eu prometo, vale a pena. Leiam até o fim, porque é no final que tem o que vocês mais tem esperado. Pelo menos é a sugestão que eu mais ouço kkkk. Aproveitem o capítulo meus lindos. A partir desse, só temos mais dois da fanfic.



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Acordei ouvindo batidas ritmadas do coração de Ethan. Nem sequer me dei conta de quando peguei no sono. Não sei se foi quando eles chegaram ao acampamento, ou se Jason estava recitando a profecia em latim. Não faço a mínima ideia. E, Ethan também não, pelo visto. Porque dormira com o livro em cima dele, os óculos em seu rosto e a posição pouco confortável. Ele tinha uma mão segurando a minha e, mesmo eu achando impossível, ele parecia estar sorrindo. Pensei em não levantar, apenas continuar ouvindo aquelas batidas calmas e ritmadas que me deixavam mais calma. Mas eu sabia que não podia ficar ali. Sabia que o sol que entrava pela janela indicava já ser mais de sete horas da manhã e que eu tinha que ver meu pai.

Quando entrei no hospital ontem eu simplesmente entrei em pânico. Aquele corredor, aquele cheiro. Todas as memórias que eu tentei evitar estavam vivas novamente e com uma rapidez que não me deixou me preparar. Senão tivesse Ethan ali, eu provavelmente não teria ido ver meu pai. Não teria conseguido. Ainda não sei se consigo sem meu amigo. Sem sua mão abraçando a minha, indicando que tudo ficará bem. Sinto-me fraca. Mas ele é a minha força.

Levantei quando pensei que aquela posição lhe causaria muita dor. Tentei ser delicada ao balança-lo para acordá-lo, mas ele não ajudou. Nem sequer resmungou quando o chamei baixo, tocando seu braço e balançando seu corpo. Intensifiquei a força ao balançar e o chamei mais alto. Até que, sem paciência o empurrei da cama, vendo com alegria ele cair desta.

—Credo Eva, já ouviu falar em delicadeza? — ele esbravejou, levantando. Arrumou a roupa e jogou o livro sobre a cama. Parecia bravo e com dor.

—E você já ouviu falar em sono leve? Achei que estivesse morto. — argumentei. Ele sentou na cama, fazendo careta ao estralar as costas.

—Pensando bem pareço ter sido quase morto mesmo. Meu pescoço e costas estão destruídos.

—Sei como é. — cheguei mais perto dele, sentando na cama sobre as pernas cruzadas e colocando minhas mãos sobre seus ombros. Comecei a fazer massagem, suavemente, mas vi que não adiantaria se eu não a fizesse mais forte. Seus músculos estavam mesmo tensos.

—O que está fazendo?

—Massagem. Você não conhecia uma? — usei meu tom óbvio.

—Conhecia, só não sabia que você sabia fazer uma massagem tão boa. — ele falou a última parte meio encantado meio surpreso.

—Aprendi na Tailândia.

—Tailândia? Ai! É aí mesmo que está doendo. — ele falou.

—Sim. Passamos meses na Tailândia, de férias, eu e mais duas amigas. Elas escolheram ioga para relaxar, mas achei um curso de massagem mais interessante. E aqui está. — sorri. Usando as técnicas, explorei suas costas com as mãos tentando não pensar em sua pele quente e confortável. Meus pensamentos estavam presos enquanto minha consciência dizia ser errado eu desejar tanto Ethan quando ele tem namorada. Mas era quase impossível não sentir nada. Não podia conter a explosão de adrenalina que fazia meu coração disparar ou o prazer que se alastrava em mim ao tocá-lo. Quase não contive minhas mãos que queriam explorar todas as costas ou minha boca que queria tocá-las. Quase não me contive, mas fiz o que era certo e me limitei a apenas a massagem.

Ethan pegou em minha mão depois de um tempo, fazendo-me parar. Ele, que estava de costas para mim, virou apenas seu rosto observando o meu. Seus olhos meio inchados, seu sorriso maroto e a mecha de cabelo que caía em seu rosto compunham a imagem mais linda que eu já vi. Poderia muito bem coloca-la em um quadro e deixar ali, só para eu ver e admirar por muito, muito tempo.

Mas me distraí de mais. Não percebi que ele estava de traquinagem. Quando vi, Ethan já havia me dado um golpe de judô, me prendendo em baixo de si. Soltei uma gargalhada ao ver seu sorriso maroto. Garoto safado conseguiu me distrair com um rosto bonito. Parei de rir e o encarei séria.

—É assim que você agradece à sua massagista?

—Não. É assim que eu agradeço a pessoas que me derrubam sem dó nem piedade. — ele falou, fingindo raiva.

—E o que pretende fazer? —perguntei rindo. Seu sorriso cobriu o rosto inteiro, como se quisesse abraçar o mundo de leste a oeste.

—Isso. — e quando vi, sua boca provocava cócegas em meu pescoço. Confesso: pescoço é uma das partes mais sensíveis do meu corpo. Gargalhei, não me segurando e implorando para que ele parasse.

—Ethan! Para pelo amor de qualquer coisa. — gritei, mas ele não parou. Continuou fazendo cócegas até que ouvimos batidas na porta.

Ethan pulou de cima de mim, o rosto vermelho. Gritou um entre enquanto ia para o banheiro. Tia Magda apareceu, olhando para nós como se tivesse acabado de entender uma piada bobagenta.

—Vocês têm visitas. — ela olhou todo o quarto e ao não vê-lo, Tia Magda sorriu e sussurrou: — e depois diz que não pegou o gato.

—Tia! — joguei uma almofada em sua direção, mas ela já tinha fechado a porta. Afundei minha cabeça no meio dos travesseiros ainda sentindo Ethan sobre mim.

***

—Eva quer parar de fazer tranças nas cordas da minha bolsa? — perguntou Kyra, tirando de mim a bolsa. Estávamos no hospital, esperando a hora da visita. Kyra e os pais dela eram a visita que tia Magda tinha anunciado; Caio não pudera vir, por causa do trabalho. Mas ele mandara dizer que sentia muito pelo meu pai e que me visitaria assim que pudesse.

Atravessar o corredor hoje não tinha sido nada fácil. O cheiro e o ambiente, as memórias e a dor me acertaram como um bom atirador sempre acerta o alvo. Mas, como eu disse a minha força estava lá. Ethan segurara novamente minha mão, abraçara-me novamente daquele jeito carinhoso como se quisesse me passar sua força. E tinha Kyra também, que com seu sorriso e sua paciência me ajudou a encontrar uma parte de mim que eu havia perdido há muito tempo. A coragem. Para enfrentar meus medos com o melhor sorriso que eu tenho.

Chegamos ao hospital faltando cinco minutos para a visita. Mesmo sendo tão pouco o ponteiro do relógio teimava em ficar onde estava. O tempo não passava e os minutos não queriam nem saber de mudar. Parecia que Cronos estava agindo ali, torturando-me e se divertindo com isso. Finalmente a enfermeira se levantou de onde estava e anunciou a todos o horário de visita. Primeiro iríamos Tia Magda, Kyra, Ethan e eu. Depois, Kyra e Ethan desceriam para que seus pais pudessem subir. Levantei de supetão ao ouvir o anúncio da mulher de branco e olhei para tia Magda. Ela sorriu.

—Vamos lá ver como aquele custoso está. — ela pegou minha mão e nós fomos. Subimos as escadas, mas parecia tão lento. Queria correr. Mas me contive e sem mais delongas nós chegamos ao quarto 211.

Abri a porta e vi meu pai deitado. Ele estava acordado, assistindo televisão. A velha carranca ainda estava lá, como se ele estivesse pronto para dar uma bronca a qualquer momento. Provavelmente estava mesmo. Ele odiava hospitais desde que minha mãe partira. Não me surpreenderia se ao cumprimenta-lo ele já viesse me repreendendo “como ousa Evangeline, me deixar nesse lugar de comida ruim e canais ridículos?”.

—Oi Pai. — chamei sua atenção. Ele virou seu rosto para mim e sorriu, as rugas ao redor dos olhos denunciavam que ele tinha mais de quarenta. Os olhos estavam alegres quando me viu, apesar de seu sorriso parecer falso. — ouvi dizer que muito bacon faz mal.

—É também fiquei sabendo. — ele riu. Aproximei-me, tomando-o em meus braços. Sentir suas mãos rudes contra minhas costas fez meus olhos se encherem de lágrimas. Há quanto tempo não nos abraçávamos? E pensar que eu poderia nunca mais encarar seu sorriso falso.

—Senti tanto a sua falta. — sussurrei em seu ouvido.

—Eu senti mais. — ele me afastou, olhando para meu rosto, acolhido por suas mãos enormes. — você engordou.

—Oh Huston, isso não é uma coisa muito delicada de se falar para uma mulher quando se tem meses que você não a vê. — tia Magda se manifestou. Saímos do nosso mundo particular para encará-la. Meu pai pareceu perceber que havia mais pessoas no quarto. Ele usou seu sorriso irônico.

—Porque essas caras de velório crianças, alguém morreu? — ele brincou.

—Muito engraçado tio Huston, mas você passou um susto e tanto na gente. — disse Kyra. Ele sorriu.

—Parece mesmo, até a Mags veio. E o garoto aí, que eu não estou reconhecendo. — esse é meu pai, sempre sincero.

—Sou eu, senhor Huston, Ethan. O irmão da Kyra.

—Não? Sério? Cara, você mudou muito. Nem parece aquele magricela de antes.

—Já chega pai.

—Então, a quem devo parabenizar pelo rostinho saudável da loira aqui?

—A nós. Em matéria de engordar somos profissionais. — Kyra respondeu. Nós rimos com sua última frase. A conversa fluiu tranquila. Algumas vezes meu pai me envergonhava com sua sinceridade descontrolada. Nada que eu já não tivesse acostumada. Quando os pais de Kyra subiram sua sinceridade piorou. Ele chamou a mãe de Kyra de gostosa na frente do marido dela. É claro que eles riram, dizendo que ele não mudara nada, mas eu o repreendi na hora. Ninguém merecia velhos tarados.

Quando o horário de visita terminou conversei com o médico. Meu pai ainda tinha que ficar no hospital por algumas semanas, duas no máximo. Por conta de uns procedimentos que ele tinha que fazer. Eu decidi que ficaria na cidade, não conseguiria deixar meu pai lá. Parecia errado, como abandoná-lo quando ele mais precisava. Apesar de Tia Magda insistir que eu deveria ir para casa, liguei para Jacob avisando-o sobre o infortúnio. Ele me dera duas semanas sem passar disso, depois eu teria que voltar. Jacob só fingia ser durão, mas eu sabia que por trás daquelas sobrancelhas juntas havia um homem sensível. No fundo, bem no fundo.

Convencer meu chefe fora fácil. Convencer Ethan a ir embora? Tá aí um desafio. Ethan insistia que eu precisava dele. É claro que eu precisava, isso eu não me dava o trabalho de negar. Mas assim como uma criança precisa aprender a lidar com a vida sem a mãe, eu tinha que me desprender de Ethan. Não podia colocar minha felicidade sobre seus ombros, porque não conseguimos nem sequer nos fazer feliz quem dirá fazer os outros felizes. Ele não era meu palhaço particular. Eu não tinha o direito de exigir tanto dele. Então, depois de uma longa e cansativa discussão fofa de “eu preciso que você volte para faculdade X você precisa que eu fique aqui com você”, eu consegui fazer Ethan levar Kyra para casa, com a moto do amigo dele.

***

A semana fora tranquila. Tia Magda e eu sempre fomos amigas por conta de nossas personalidades parecidíssimas. Ela, assim como eu, era impulsiva nas palavras, não tinha muita moral e se entregava fácil. Parece até que estou me descrevendo. O que fico triste é que quando olho para ela, eu sei qual vai ser meu futuro se não mudar de atitude. Se deixar o medo de me envolver continuar. Eu sei que Ethan é o certo, mas vale a pena acabar com uma amizade tão boa quanto essa? Já me peguei pensando nisso. E no fim eu sempre escolho a opção mais fácil: adiar a decisão.

O tempo em que tia Magda ficara fora era porque ela resolvera tirar férias dessa vida. Viajara para a Europa, a fim de fazer um tour pelos países. Ela me contara histórias incríveis que daria muito bem como um livro de romance. Como a vez que saiu com um francês e dois dias depois ela já sabia até em qual porta do armário ficava o café. Ou quando ela dormiu com um espanhol, mas no outro dia teve que fugir pela janela, porque a mãe dele chegara e, como ele era menor de idade, ela poderia ser presa. Essas e outras peripécias me fizeram dar boas gargalhadas no sofá de Tia Magda, enquanto tomava um vinho, tranquilamente.

Tia Magda também quis saber minhas histórias, mas eu não tinha muito que compartilhar. Ela perguntara se eu ouvira falar de Patrick, mas eu não ouvi. Reparei que, ao fazer a pergunta, ela estava nervosa, como se soubesse de algo que não pudesse contar. Ela bebericara o vinho, claramente aliviada com a minha resposta e antes que eu pudesse esclarecer as coisas ela já tinha vindo com uma piada comprida e engraçada. Mesmo prometendo não me esquecer do assunto, até o fim da noite eu já nem me lembrava de quem era Patrick.

Recebi muitas ligações também. Ethan, Kyra, Caio, Tobias e os outros do restaurante e até Jacob me ligaram durante a semana, apenas para saber como meu pai e eu estávamos. Pelo que eles me contaram, as coisas não estavam boas por lá. Kyra tivera uma briga tão feia com Caio que eles quase terminaram. Claro que eu coloquei “ser amigo dos dois em um casal” na minha lista de coisas para não se fazer. Fiquei a semana toda ouvindo suas lamúrias e choros. Tobias também falara de Samantha e do quanto ela ficara subitamente mais ocupada do que já era. Ele estava deprimido por não ter sua namorada do jeito que tinha antes. Pelo menos isso parecia fácil de resolver e com alguns conselhos ele melhorou o namoro em dias.

Ethan não mencionou a Assassina da moda nem uma vez. Nem sequer parecia que ele tinha uma namorada. Conversou comigo tão naturalmente, do jeito que era antes dela aparecer em nossas vidas. Fiquei muito grata por isso. Com toda essa confusão meu emocional ficara extremamente abalado. Se eu tivesse que ouvir o nome daquela garota era bem capaz que alguém morreria de uma morte dolorosa.

Quando o fim de semana chegou, fomos noticiadas que meu pai passaria por um procedimento ao qual ele precisaria de um acompanhante à noite, para ficar de olho nele. Tia Magda se oferecera para passar a primeira noite e com relutância eu aceitei. Ele era meu pai, mas minha tia insistira que ele era muito enjoado e que eu não conseguiria olhá-lo por uma noite inteira. No fim, eu acabei cedendo.

Isso não significa que eu dormiria sozinha. Kyra viera exclusivamente para passar a noite comigo, relembrando os velhos tempos onde ela e Caio viviam um relacionamento feliz. Que. Ótimo. Ethan não poderia vir, porque tinha um trabalho importantíssimo que ele tinha que fazer. Tentei não ficar brava com ele. Aquele lado nerd dele era ele, seria quase impossível mudar. Então, quando a campainha tocou, eu atendi com o meu melhor sorriso apenas para receber todo choro de Kyra de volta.

—Kyra, não é o fim do mundo. Vocês nem terminaram.

—É como se estivéssemos. — ela chorou ainda mais no meu ombro. Retorci o rosto. Entendam: eu sou um pouco diferente. Nunca senti borboletas no estômago, tremedeira ou qualquer outro sintoma que venha da doença amor. Amar para mim era algo que eu considerava acontecer com casais raros, aqueles que se apaixonam quando se veem pela primeira vez e nunca mais se largam. Eu nunca tinha sentido isso. Até Ethan aparecer.

—Vem para dentro, tenho chocolate, filmes de romance e revistas sobre como fazer um namoro dar certo.

—Só você Eva. — minha amiga soltou uma risada meio tristonha, mas que para mim soou tão bem como uma boa sinfonia.

Kyra sumiu escada acima para colocar suas coisas no quarto onde ficaria. E eu fiquei esperando no sofá. Quando ela chegou, jogou-se no meu colo e já começou a me contar.

—Eu atendi ao telefone dele essa semana e outra garota respondeu o chamando de bebê. Depois que eu discuti com ela, fui conversar com ele para saber que história era aquela. Mas ele não tinha explicação e eu fiquei muito furiosa. E por mais que ele me ligasse essa semana eu não atendi. — ela choramingou comendo um pouco de brigadeiro depois.

—Ele não tinha explicação ou você não o deixou explicar? Sabe como você é quando está brava. Só existe o seu argumento.

—Então você está do lado dele? — ela perguntou franzindo o cenho.

—Viu? É exatamente disso que eu estou falando. Seu orgulho não te deixa ouvir mais nada além das suas conclusões precipitadas. E se fosse a mãe dele?

—Com voz de piriguete de vinte anos? Não mesmo.

—Pode ter sido a irmã dele, pensou nisso? — ela parou um pouco. Suspirei. — Kyra não estou do lado de ninguém, eu só quero vê-los felizes. Por que não faz assim? Toma um banho e pense nisso pode ser? Quando estiver aqui de volta, vou colocar em um filme bacana para nós e a pizza deve chegar em breve.

—Tudo bem, obrigada Eva. — Kyra sorrira. — ah e vou por música para ouvir viu? Se precisar, grite bem alto está bem?

—Claro. — eu sorri. Observei minha amiga subir e depois deitei a cabeça, fechando os olhos. Cinco minutos depois a campainha tocou.

Levantei correndo achando que era o cara da pizza. Peguei minha carteira e, ainda tentando abrir o fecho abri a porta. A voz que ouvi não falou à frase que eu pensei que iria ouvir.

—Olá docinho. Senti saudade. — meu coração parou, mas logo voltou a bater. Quando encarei Patrick meus olhos transmitiam o sentimento que eu carregava no coração: ódio. Patrick não estava diferente nem um milímetro. Seu rosto ainda era fino, os olhos azuis ainda estavam carregados de falsidade e sua boca ainda era sexy. Até seu perfume era o mesmo. Mas nada ali me causava tanta influência mais. Eu não sentia mais vontade de beijá-lo, ou de ver aquele olhar orgulhoso de mim, ou de ter aquele rosto roçando no meu. O cheiro era velho, mas os sentimentos eram novos.

—Cara de pau, como se atreve? — perguntei não escondendo minha raiva.

—Nossa, é assim que você me trata, depois de todo esse tempo? — ele se aproximou, tentando beijar minha boca, mas me desviei rapidamente.

—É o meu novo jeito de tratar cretinos. — tentei fechar a porta, mas ele a empurrou com o ombro e entrou sem pedir licença. — bons modos para quê, né? — ele andou até metade da sala, e eu fechei a porta. Talvez fosse melhor encara-lo de uma vez, certo? Assim já resolvíamos isso.

—Você está diferente. — ele observou.

—Cortei o cabelo.

—Não Eva. Estou falando por dentro. Não esperava te ver tão mudada por dentro.

—Achou que eu ainda fosse aquela mesma garota ridícula de alguns meses atrás que você levava para cama e depois a colocava para fora do seu apartamento ? Errado. Eu mudei. E muito. Não sou mais aquela que você brincava. Então porque não diz logo o que veio fazer aqui e acabamos com isso?

—Senti saudades. — ele falou. Patrick sempre fora um bom ator. Podia ver as lágrimas inundando seus olhos. Uma gargalhada fria escapuliu da minha garganta.

—E você acha que eu vou cair nessa de novo? Que eu vou me dar ao luxo de ser burra de novo? Você me magoou Patrick. Muito. E eu posso até te perdoar por causar uma bulimia e anorexia em mim, mas não vou persistir no erro. Eu percebi, durante esses meses que sem você eu estou bem melhor. Eu não preciso dos seus carinhos e seus sorrisos mais. Não preciso do seu Eu te amo durante o sexo. Para resumir, eu não preciso mais de você. Porque o que tínhamos era isso: precisão. Você precisava de mim para manter sua autoestima lá em cima. Eu precisava de você para suprir uma carência estranha. Mas graças aos céus as coisas mudaram. Eu não sou sua mais. — fora a primeira vez que eu admiti que estivera com bulimia. Ao falar tudo aquilo senti um peso a menos no meu coração. Eu estava livre. Da raiva, do ódio, da dor. Aquilo não me pertencia mais.

—Você costumava me chamar de Pat. — ele falou, chorando silenciosamente. Não chorei, porque não sentia vontade. Em vez disso, fui até a porta, abrindo-a.

—Vai embora Patrick. E faça o favor de não voltar mais. — ele caminhou lentamente envolvido em seu teatrinho que antes teria feito meu coração ruir. Mas antes que pudesse sair, encarou-me com um olhar possessivo que fez minha alma gelar.

—Está errada Eva. Você nunca deixará de ser minha. — E antes que eu pudesse entender, ele atacara minha boca, beijando-me.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? O que acharam do Patrick aparecer no final? Bem, eu espero muitas reviews por causa disso kkkkk. E a cena no começo? To pegando pesado com o romantismo? Pessoal, por favor, deem suas opiniões poxa. Eu preciso saber o que vocês andam achando. Beijos e obrigada a todos os que leram. Vocês tem um lugar nas minhas orações ♥