Bebê Lisbon escrita por Lola Carvalho


Capítulo 1
Morar com ela para sempre?


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Quarenta anos de idade.

Essas eram as únicas palavras que passavam pela cabeça da Agente Especial do FBI, Teresa Lisbon.

Bem, na verdade não eram as únicas... Mas as primeiras de uma cadeia de pensamentos que se conectavam e a deixavam cada vez mais preocupada e aflita.

“Quarenta anos de idade e nada de casamento, família, filhos... Quanto tempo leva até eu conhecer alguém legal? E depois, quanto tempo leva para ele me pedir em casamento? E para termos filhos?” E a conclusão que ela chegava era sempre a mesma:

Não dava mais tempo.

Tudo estava perdido.

Ela passaria pela vida e não poderia ter uma menininha de olhos verdes e cabelos negros correndo pela casa, deixando-a maluca, mas ao mesmo tempo, fazendo com que ela sorrisse cada dia mais.

Era o seu maior sonho indo por água abaixo...

Se ela tivesse tomado decisões diferentes na vida dela. Pelo menos uma decisão diferente.

Talvez se ela não tivesse fugido de seu casamento com Greg, em Chicago.

Porém isso não era uma certeza absoluta.

E se, mesmo tendo casado, ela ainda não pudesse gerar filhos?

A noite passou com dificuldade, pois ela não conseguira pregar os olhos por mais de cinco minutos.

Ela tomou um banho rápido, depois sentou-se para tomar um café da manhã demorado e enfim partiu para a cena do crime, com o endereço que o Wylie lhe havia enviado por mensagem de texto há alguns minutos.

O local era relativamente próximo da sua casa, então ela pôde dirigir bem abaixo dos limites de velocidade.

– Bom dia Lisbon! – cumprimentou-a Jane, e ela fingiu um sorriso. O que menos precisava era Jane lhe fazendo perguntas insolentes.

– Bom dia Jane! – ela replicou – Qual é o caso?

– Sobrinha de um senador importante foi encontrada morta nessa manhã, Ashley Kingston, 25 anos – eles seguiam caminhando até Abbot e Kim – É bobagem estarmos aqui, o ex namorado já confessou – afirmou ele

– Hum... E por que ele a matou?

– Ainda não disse. Ele não quer falar com ninguém – respondeu Abbot – Estávamos te esperando para ver se você encontra algo que não encontramos.

– Oh... – espantou-se Lisbon – Está bem, vou dar uma olhada.

A agente entrou na casa e se dirigiu até o cômodo onde o assassinato havia acontecido, horas atrás.

Eles já haviam removido o corpo, e Lisbon se movia com certa rapidez e distração pelo quarto, afinal, se nem Patrick Jane havia encontrado algo, como ela encontraria?

*Paft*

Um objeto caiu de cima de uma pequena mesa, e Lisbon, em seu instinto policial, sacou a arma e apontou para onde o barulho viera.

Era impossível que não fosse nada.

Olhando mais atentamente, Lisbon viu um pequeno movimento debaixo da mesa.

Ela abaixou-se e guardou sua arma quando viu do que se tratava.

– Olá – ela disse docemente – Está tudo bem, eu sou do FBI.

– Cadê seu distintivo? – perguntou uma voz feminina infantil, desconfiada

– Está aqui – ela lhe mostrou – Muito bem, você agiu certo em pedir para ver meu distintivo.

– A mamãe que me ensinou – disse a menina ainda encolhida – Como você se chama?

– Eu me chamo Teresa Lisbon. E você, qual é o seu nome? – perguntou Lisbon

– Megan...

– Megan, que nome lindo!

– Obrigada. Teresa também é um nome bonito.

– Megan, por que você não sai daí debaixo, hein?

– Por que eu com medo.

– Não tem nada que ter medo, está bem?!

– Aquele homem veio, disse que era meu papai, mas ele começou a gritar com a mamãe, e depois eu vi que ela tava machucada. Cadê a mamãe? – “Ela presenciou o assassinato da mãe... Oh, Deus!” pensava Lisbon

– Está tudo bem agora. Ninguém vai te machucar, eu prometo! – disse Lisbon mudando de assunto

– Posso ir no seu colo? – perguntou a menina tímida, enquanto saía lentamente de debaixo da mesa

– Claro!

E foi apenas quando a luz atingiu a pequena Megan que Lisbon pôde vê-la.

Olhos verdes e cabelos negros.

Teresa chacoalhou a cabeça. Seria isso uma travessura da sua mente, ou Megan era mesmo assim?

– Está tudo bem, agente Lisbon? – perguntou a menina, estendendo os braços para cima.

– Está! É que você é muito linda...

– Obrigada – a menina sorriu, já embalada nos braços de Teresa que a sustentava em seu colo.

As duas desceram as escadas, e Teresa tentava com todas as forças não pensar naquilo que ela passara a noite inteira pensando.

Mas a imagem que seu cérebro projetava dela com Megan no colo era tão perfeita. Era exatamente como ela se imaginava em seus sonhos, segurando sua pequena Lisbon.

– Lisbon? – perguntou Kim – O que houve?

– Eu encontrei a Megan, filha da sobrinha do senador, escondida no quarto da mãe – respondeu ela

– Oh...

– Agente Lisbon, cadê a mamãe? Por que tem um monte de policiais aqui?

As duas agentes ficaram sem fala.

– A mamãe morreu, não é? – a menina prosseguiu de repente e não havendo uma resposta negativa das duas agentes, os grandes olhos verdes dela começaram a se encher de lágrimas.

Em um impulso de necessidade de carinho e proteção, Megan escorou-se em Lisbon, abraçando-a com força e escondendo seu rosto no pescoço da morena.

Lisbon sentou-se em um banco, no jardim da frente da casa, e tentava acalmar a menina, mesmo sabendo que não havia como... Contendo suas próprias lágrimas nos olhos, ela lembrou-se de como é sentir aquela dor.

Kim atualizou à todos sobre as descobertas de Lisbon.

– Por que o senador não nos contou que ela tinha uma filha? – perguntou Abbot

– Não é óbvio? – retrucou Jane – Ninguém sabia sobre a criança, exceto a família... Pois se alguém soubesse, então o pai da menina também saberia. E bem, olhem para o rapaz. Nenhum pai deseja que sua filha se relacione com uma pessoa com sérios problemas de autoestima, e tendências suicidas... Mas alguém descobriu e contou para ele, e... O resto da história vocês já sabem. Ele fica irado, vem tirar satisfações, os dois brigam, e Ashley acaba morta.

– E o que fazemos agora? – perguntou Kim para Abbot

– Temos uma confissão, então nós iremos prendê-lo

– Sim, mas eu estava me referindo à Megan...

– O que podemos fazer? Vamos direcioná-la para o juizado de menores, e lá eles vão passar a guarda da menina para o parente mais próximo.

Com todas as ordens dadas, os agentes foram para a sede do FBI terminar os procedimentos de conclusão do caso, sem deixar nunca de considerar o porquê do senador, que havia exigido o comparecimentos do FBI no caso, ainda não havia aparecido para saber do que ocorrera com sua sobrinha.

– Não é estranho isso? – perguntou Kim – Nem chegamos a vê-lo...

– É – concordou Patrick – Onde está a Lisbon?

– Está com Megan na creche do FBI... A menina não quis desgrudar da Lisbon.

– Hum...

– Novidades sobre o caso em cinco minutos – anunciou Abbot – Jane, vá chamar a Lisbon. E fale para ela deixar Megan lá com a supervisora.

Patrick fez como lhe fora ordenado e desceu de elevador até o quinto andar, e foi até a pequena sala com brinquedos. Mas antes que entrasse ele não pôde deixar de considerar no quanto Lisbon estava linda enquanto brincava com Megan... Também não pôde deixar de pensar em como as duas se pareciam, como mãe e filha.

As duas sorriam, brincando de construir alguma coisa com peças grandes de lego.

Lisbon levantou o olhar e encontrou Jane observando-a parado, e logo congelou.

“Ai meu Deus, agora ele vai ficar fazendo perguntas, e... Não. Se acalma Teresa. Respira”

– Oi Jane – ela sorriu

– Oi. O Abbot vai passar novidades sobre o caso em cinco minutos. Bem, agora três minutos.

– Quem é você? – perguntou Megan curiosa

– Eu sou Patrick Jane – ele se aproximou e estendeu a mão para a pequena

– Olá, Patrick, eu sou Megan... – ela apertou sua mão

– Megan, que nome lindo.

– Obrigada!

– Megan, eu vou precisar pegar a agente Lisbon aqui emprestada por um tempo, está bem? – a menina assentiu com a cabeça – Ótimo! Até mais, Megan...

Eles voltaram até onde o resto do time estava, e Abbot já havia iniciando seus anúncios.

– ... Ashley Kingston foi quem contou para o ex-namorado da filha, Megan Kingston, e eles discutiram sobre quem ficaria com a guarda da menina, já que Ashley tinha acabado de ser deserdada pelos pais e avós, e estava passando um tempo na casa da amiga. Falamos com os parentes mais próximos, mas ninguém quer assumir a guarda de Megan – ele tomou um segundo para prosseguir – Portanto iremos manda-la para a adoção. E vai ser fácil para ela encontrar um lar já que tem apenas quatro anos. Enquanto a responsável pelo encaminhamento ao juizado de menores não chega, vamos continuar preenchendo os relatórios, está bem?

Todos concordaram e logo saíram para cumprir suas tarefas.

– Agente Lisbon? – chamou uma mulher loira, e Lisbon virou-se para vê-la – Sua filha pediu para vir ver a senhora – ela apontou para Megan

– Oh, não, ela não é... Minha filha – Teresa engoliu um nó formado em sua garganta

– Agente Lisbon, posso ficar aqui com você? – perguntou Megan, esfregando o olho, provavelmente com sono.

Lisbon olhou para Abbot, que os observava, esperando por uma aprovação, e ele assentiu com a cabeça.

– Jane pode preencher seus relatórios desta vez – ele acrescentou e Lisbon sorriu em agradecimento.

Megan logo estendeu os braços para cima, e Teresa a levantou, segurando-a em seu colo.

– Parece que alguém vai dormir – disse Jane – E infelizmente não sou eu, porque agora eu tenho relatórios para preencher – Lisbon riu – Já que vamos trocar de lugar, você pode ficar aqui no meu sofá, Lisbon...

Lisbon sentou-se e acomodou Megan em uma posição melhor para dormir, e acariciou seus cabelos depois, o que fez com que a pequena dormisse ainda mais depressa.

Demorou para que a representante do juizado de menores chegasse ao escritório do FBI. Demorou tanto que Lisbon viajou à duzentos quilômetros por hora em seus sonhos, de como seria segurar em seus braços sua filha, e de como seria acordar todas as manhãs de sábado com um pequeno furacão invadindo sua cama...

– Com licença, sou a Agente Lucy Collins do juizado de menores... Eu estou aqui para pegar Megan Kingston – disse uma mulher morena com roupas sociais, bem maquiada.

– Sim, ela está ali – Wylie apontou para o sofá de Jane

Teresa ouviu a conversa e logo se levantou, acordando sem querer a pequena Megan.

– Esta é Megan Kingston? – perguntou a agente

– Sim, sou eu – respondeu a menina

– E você é...? – Collins perguntou para Lisbon

– Agente Teresa Lisbon – ela apertaram as mãos.

– Preciso que Dennis assine os papéis, onde fica a sala dele? – Lisbon a levou até lá.

Megan percebendo a movimentação, e sendo esperta do jeito que era, se agarrou ao pescoço de Lisbon.

– Não deixa ela me levar! – ela murmurou deixando todos na sala perplexos

– Está tudo bem, Megan... Ela vai levar você para um lugar legal-

– Não! Eu não quero ir...

Muitos outros argumentos foram ditos, mas a menina permanecia irredutível.

– Megan, porque não fazemos assim – começou Abbot – Vamos deixar você só um pouquinho lá fora com o Patrick, e daqui a pouco você volta, está bem?

– Não! Você está mentindo

– Não estou, eu juro... Só preciso conversar com a agente Lisbon, ok?!

– Megan... Está tudo bem – disse Lisbon, já prevendo a bronca que ela tomaria, e finalmente a menina foi convencida de ir ficar um tempo com Jane.

– Bem... Ao que me parece só há uma solução – disse Lucy – Um solução que vai nos poupar muito tempo.

– Que solução? – indagou Teresa

– Agente Lisbon, você tem filhos?

– Não – ela responde

– Já pensou na ideia de ser mãe solteira?

– Como é?! – “Eu ouvi isso mesmo?”

– O que você acha de adotar a Megan?

– E-Eu... Er... É...

– Para mim parece um excelente solução – disse Abbot

– Mas e se Megan não quiser? – ela tentou conter suas emoções

– Acho difícil isso acontecer – respondeu Lucy – Vamos perguntar para ela, caso você concorde com a adoção.

Teresa tirou alguns instantes para considerar... Ela nunca havia pensado em adotar uma criança, mas o dia com Megan hoje fora tão perfeito. Justamente como ela sempre sonhara.

Não havia mais muito o que pensar... Sua decisão já havia sido tomada.

– Está bem... – ela respondeu calmamente – Vamos perguntar para ela.

– Ótimo! – Lucy saiu da sala e voltou de mãos dadas com a menina, que logo correu e abraçou as pernas de Lisbon, e Patrick também veio junto, afinal, ele queria saber do que se tratava.

– Megan, nós temos uma pergunta muito importante para fazer para você agora. Preciso que preste bastante atenção, está bem? – Lucy havia se abaixado para ficar da mesma altura da menina – O que você acha de ir morar com a Agente Lisbon?

– Para sempre? – a menina perguntou com um pequeno sorriso nos lábios

– Sim, para sempre.

Megan, ainda abraçada às pernas de Lisbon, olhou para cima e continuou:

– Eu vou ter que mudar de nome, ou alguma coisa assim?

– Não, querida... – respondeu Lisbon

– Que pena – ela olhou para baixo – Eu ia querer que meu nome fosse Megan Lisbon – todos na sala riram, e Lisbon pegou a menina em seu colo, abraçando-a.

A partir de agora, seus sonhos e imaginações que ela tivera hoje, seriam transformados em realidade.

Teresa Lisbon e, agora sua, pequena Megan.


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Notas finais do capítulo

Marcus Pike estará na história.
Sim, vocês leram certo... Marcus Pike estará na fic. Ele ainda não apareceu por que eu não queria estragar o primeiro capítulo... O.o Hahahahahahahahaha
Brincadeirinha *.*
Enfim, espero que tenham gostado, e não deixem de comentar, ok?!

Beijinhos :3