Light of Dawn escrita por Kyo Takashi


Capítulo 14
Capítulo 13: Aquele que caminha no vazio


Notas iniciais do capítulo

YO! Então, vocês terão que me desculpar, pq esse cap tá MUITO grande. Isso, pq ele seria a segunda parte do cap passado, só que como não havia parte melhor onde acabar o cap, aquele outro ficou com poucas palavras, e esse aqui ficou com muitas XD :p Espero que não percam a paciência



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Finn

Meu irmão me devolveu uma careta

Me levantei do sofá, e segui para a porta, indo atende-la. Quem poderia ser em uma hora dessas? Olhando por ela, era alguém pequeno. Pequeno, e encapuzado. Girei a maçaneta, e em um rangido, a porta se abriu. Apenas neste momento que percebi que atendia a porta sem nenhuma camisa

Tinha razão. Era um ser pequeno, usando um sobretudo e capuz, cobrindo-lhe todo o corpo

– Senhor Finn, sua musculatura está bem formada, mas creio que com um pouco mais de esforço em vão, vá causar alguns problemas a você

Eu reconhecia tal voz. Era familiar, só que eu não a conseguia associa-la a tal pessoa. Retirando o capuz, minhas dúvidas se esclareceram

– Mordomo Menta?

Jake esticou sua cabeça até o meu lado, vendo o que estava ocorrendo

– O que você tá fazendo aqui? – Abri mais a porta e me mexi, dando espaço para que ele entrasse

O mordomo entrou na casa, olhando a volta

– É... – Disse ele, em voz baixa

– O que disse? – Perguntou Jake

Ele se virou jogando o sobretudo em algum canto do cômodo

– Estou aqui para lhe ajudar garoto. Mais especificamente, com esse probleminha aí

O pequeno ser mudava seu tom de voz, para um mais apressado, e que parecia um tanto nervoso... Ele apontava para minha mão direita

– Por que quer me ajudar com isso? Você geralmente não liga muito pros nossos problemas...

– Não ligo mesmo meu jovem, mas desta vez é diferente. Não quero ter que ficar limpando a bagunça de vocês, quem vai lidar com eles não sou eu, é você

Minha cabeça, que já estava uma bagunça, estava ficando cada vez mais cheia de perguntas

– Cuidar deles?

– É, sim, deles. Agora, vamos logo, não quero ficar explicando cada ação que eu vou tomar

O que diabos ele estava falando?

Em um movimento súbito, Menta junta ambas as mãos, e quando as separa, duas velas simplesmente aparecem em suas palmas. O ser seguiu o caminho que levava para o sótão, ainda carregando as duas, mesmo subindo as escadas. Ao terminar a subida, ele deixa as velas no chão

– Vamos precisar de mais espaço – Mencionou

Em uma mistura de gestos com os dedos, os olhos de Menta brilharam negros, e o espaço do sótão aumentou. Não sabia como descrever o que havia acontecido, o lugar simplesmente havia se expandido, até um ponto em que, parecia o cômodo de antes, só que três vezes mais largo e maior

– Assim está bom

Eu voltava meu olhar para Jake, que tinha a mesma expressão que eu, confuso, e espantado, de olhos arregalados

O mordomo pegou as velas, caminhando até o final do sótão, e posicionou-as ali, uma separada da outra. Seria um ritual?

Minha espinha gelou

Ele levantou-se, tomando algum espaço, e logo após um bater de duas palmas, assoprou na direção das velas. O som produzido pelo sopro fora alto, e pensei até que havia ecoado pelas paredes de madeira do local, mas havia mais naquilo do que apenas um sopro... por conta da luz, um pó pode ser visto saindo de tal ação, e logo, o fogo apagou-se, dando local a uma chama roxa que apareceu instantaneamente após isso

– Mas que po...

– É, é legal ver isso no começo, depois fica tão normal que você nem repara no cheiro

– Cheiro? – Perguntei – Jake?

– Isso aqui... esse fogo tem cheiro de incenso, como é que tu faz isso?

– Magia negra – Respondeu Menta

– Wow.... sinistro

A atmosfera que estava sendo criada não era lá das melhores. Certo que meu plano de apostar em força bruta poderia não ser o melhor... o próprio mordomo afirmara que com mais algum esforço em vão, eu teria mais problemas do que resolveria, mas... era incerto o que aconteceria caso eu explorasse esse outro lado, algo que eu não conhecia, e que poderia também trazer mais problemas do que resolveria. Eu estava cercado, sem saída nenhuma, e sem apoio, eu teria de escolher uma hora ou outra, mas pensei que haveria mais tempo, e não apenas isso

– Ei Menta, valeu por ter vindo aqui e tudo mais, mas....

– Não Finn, você não pode negar desta vez –Interrompeu ele – Eu sou diferente das princesas frouxas que você obedece ordens, que tem medo de feri-lo; eu tô pouco me lixando se você vai ficar bem, ou não, apenas não quero ter que limpar sua bagunça. Dessa vez, você resolve, eu vou ficar só no meu canto assistindo

– Mas eu...

– Já disse garoto, não me interessa

Virei-me para meu irmão, esperando que ele me ajudasse a convencê-lo, porém Jake parecia mais concordar com o que Menta dizia do que ligar para o que eu pensava. Droga. Agora eram dois contra um

Após alguns movimentos, o mordomo posicionou ambas as mãos no chão de madeira, e a partir de tal material, foi aos poucos se formando algo de forma distinta, que a partir de seu lento molde, revelou ser algo parecido a um pequeno banco, porém era muito alto para tal.

Ele bateu duas palmas, e uma fumaça negra surgiu no meio do cômodo. Me afastei alguns passos. Menta esticou os braços para dentro da fumaça, que parecia engoli-lo de acordo com que ele demorava a puxar de volta. Em um súbito movimento, ele retirou seus braços dali, e em cada mão estava um lampião, brilhando em uma cor roxa, clara e totalmente cercada por linhas traçadas de bronze, com vidro ligeiramente sujo nos espaços vagos. A fumaça se dissipou rapidamente, não deixando nenhum vestígio

– Agora, a parte final – De dentro do terno, que agora para mim, mais parecia um buraco negro, ele retirou um item curioso. Se parecia com uma pedra mal esculpida em forma de círculo, com algumas fitas de couro em suas extremidades, e com um curioso símbolo nele: a mesma marca que jazia em minha mão.

– Como você...

– O discursinho da rainha de fogo não te convenceu? – Perguntou Menta – Há coisas nesse mundo bem obscuras garoto

Ele esticou tal item, deixando-o apoiado na pequena estrutura de madeira, e sem mais nenhuma ação, este começou a flutuar a poucos centímetros de tal

– Isso é um altar, mas para o que? – Perguntou Jake

– Percebeu agora que era um altar? Esta bela obra-prima, tão bem trabalhada e esculpida, é para aquele que caminha do outro lado. Apesar de que ainda está de dia, então o clima é bem mais simples

Eu o encarava de forma séria. O que ele queria dizer com isso? Apesar de me perguntar, eu sentia que a resposta estava na ponta de minha língua

– Sente-se Finn. Sente-se em frente a tal, e aprenda com aquele que caminha no vazio – Ordenou o mordomo, movendo-se para o lado, abrindo espaço para que eu fosse em frente ao altar montado

Hesitantemente, me aproximei. Virei-me para ver a reação de meu irmão, e apenas o vi fazendo gestos com as mãos, como um sinal para eu seguir em frente

– Tem certeza? Eu...

– Se não for, eu juro que eu mesmo apago sua consciência e te movo pra lá - Disse ele, com um sorriso

Fiquei quieto no mesmo instante. Ele podia mesmo fazer isso? Não seria legal descobrir. Engoli em seco, e rangi meus dentes, tentando encontrar coragem onde não havia

Tch

Sentei-me em frente ao altar, observando o item colocado por ele, flutuar. Era hora de decidir, ou eu deixava minha hesitação de lado, ou eu enfrentava o Menta.... se bem que, enfrentar um mestre em artes negras, com o potencial que tenho agora, seria bem mais trabalhoso. Resmunguei novamente.

Fechei os olhos, e me concentrei em nada que fosse além de meus problemas

...

Alguns minutos se passaram, e aos poucos, eu parava de sentir meu corpo. Começou pelas pernas, mas logo foram os braços, meu peito, e logo eu não sentia mais nada. Minha mente se esvaziou por um momento, mas logo depois voltou. Eu abri meus olhos, e me vi dentro de algo... inexplicavelmente estranho

Eu olhava a minha volta, e não havia nada, apenas um infinito céu noturno azul arroxeado para todos os cantos, sem nenhuma nuvem nem estrela. Voltando minha visão para meus pés, pude ver que, além de estar em um ‘’chão’’ de madeira flutuante, logo abaixo havia uma área completamente branca, que era a única fonte de iluminação nesta lugar. Era como se o sol fosse parar em baixo, em vez de cima.

Voltei meus olhos para frente. Nada havia. O que era aquilo? ... e por que eu não conseguia falar? Nem sentia meu próprio corpo, mas podia movê-lo. Em um passo em falso, pensei que cairia, porém o pequeno pedaço de madeira se estendeu até a posição de onde estaria meu pé. Hesitei, observando atentamente a parte da madeira que surgira, porém continuei com as passadas logo em seguida, com o caminho crescendo a cada uma delas, até o ponto que percebi estar caminhando no meio do nada. Não tinha sentido continuar, até porque, não tinha lugar para onde eu precisasse ir. Eu estava no meio de um vazio

Parei repentinamente. Uma sensação estranha me invadia, me fazendo sentir algo diferente ao invés de meu corpo. O espaço dentro de mim era preenchido por outra coisa, que não fosse meus ossos e músculos... O som seguinte veio suave à minha audição

'’Sua vida mudou de rumo, não mudou?''

Um ser apareceu em minha frente. Ele se materializava aos poucos, mas logo, seu corpo inteiro estava presente, flutuando em meio ao lugar. Ele utilizava um sobretudo negro, de golas altas, com calças de cor ainda mais escura e botas tão quanto. Sua face, estava por trás de uma simples máscara de corvo, que cobria de sua testa, e terminava com o bico cobrindo-lhe o nariz; com um chapéu tricórnio mostrando o término das vestimentas de tal. Pelo que podia-se ver, ele tinha a pele pálida, e pelo buraco dos olhos da máscara, tais apresentavam-se tão negros quanto as próprias trevas

''Voltou com uma força que teme e não compreende, enfrentará inimigos com poderes além da compreensão, e você desempenhará um papel principal nas intrigas diferenciadas dos dias que virão. Por isso, eu escolhi você, e banhei seu espírito no vazio. Eu sou o Forasteiro, e está é minha marca’’

O ser apontava para minha mão direita, para a tatuagem nela, que brilhou a tal ato

''Forças deste mundo, e além dele. Grandes forças superiores a qualquer magia. Estas forças já fazem parte de você, e resta a sua vontade o que fazer com elas. Use esse novo poder, meu presente para você’’

Ele desaparecia, assim como apareceu: aos poucos e a partir do nada. Encarei as costas de minha mão, observando a marca concedida por ele.

Subitamente, o caminho de madeira se estendeu. Pequenas ‘’ilhas’’ começaram a surgir em meio a imensidão azul. Algumas delas tinham árvores em sua superfície, outras, nada havia, apenas chão flutuante. Ao longe, pude ver algo que mais se parecia um peixe gigante flutuando. Segui até o final, porém minha confiança me prejudicou, e eu quase caí no abismo. O caminho parara de crescer. Xinguei-me internamente com o susto que levei. Voltei minha visão para o que estava a minha frente, vendo que, surgira uma ilha, e nela o que parecia ser o altar montado de antes. Seria a saída? Eu poderia realmente sair por onde entrei? Se é que era o mesmo altar, já que algo estava estranho nele.... Teria que chegar até lá, passando pelas ilhas flutuantes... Porém, com pulos eu não chegaria, estavam longe demais, alguns com algumas dezenas de metros de distância das demais ilhas, enquanto outros tinham centenas. Teria trincado meus dentes se pudesse

Busquei em minha mente, e apenas uma resposta me veio: Piscar

Encarei a '’marca’’ por um momento. A resposta certamente estava ali, e eu não poderia me dar o luxo do ser aparecer de novo para me explicar o que deveria ser feito. Mas... meus instintos me diziam algo... piscar?

Apertei minha mão direita, confiando na marca, e uma palavra veio-me a cabeça. Ela parecia comum, mas a estranha pronúncia que viera logo depois que me espantou. Confiei em meus instintos, e encarei o lugar que queria ir: a ilha mais próxima

– Sôôm

Com os olhos bem abertos, pude ver o mundo a minha volta se tornar manchas e rapidamente voltar, pude perceber a sensação de não pisar em nada, e voltar a solo firme em um curtíssimo instante, e pude ouvir junto um som agudo vir alto, e desvanecer. Quando olhei, estava na ilha seguinte. Não havia um modo de me expressar; minha emoção continuava nula, mas meus pensamentos iam e vinham com extrema velocidade, assim como minha ansiedade. O que eu fiz? Apenas disse uma palavra? A quanto tempo eu tenho essa habilidade

Fiz de novo, apertei minha mão, visualizei a próxima ilha, e recitei tais palavras que eu nem sabia o significado

– Sôôm

Borrões, e logo eu estava em uma ilha com uma árvore cheia folhas, e grama, ao invés de madeira. Se eu pudesse controlar minha expressão, estaria sorrindo, ou quase. Era uma sensação estranha que me afetava quando o fazia...

O fiz de novo, desta vez com meu braço cruzando meu peito, e minha mão parando próxima a meu ombro esquerdo

– Sôôm

Estava em outra ilha

Passei a fazer isso correndo, chegando em uma ilha, e indo para outra sem pausa, sempre recitando tal palavra, que saía com uma pronúncia exótica, e tão estranhamente comum. Porém, minha animação se excedeu. Enquanto corria e ia de lugar a lugar, a minha noção de espaço se alongou demais, e assim que pisei meu pé no chão de madeira, estava na beirada de tal, me deixando apenas a escolha de cair em meio ao brilho estranho. Mas eu nunca chegava, não importa quanto tempo caísse, eu não me aproximava mais do que quando estava no alto. Pude começar a sentir meu corpo, que aos poucos se formava em meio a queda, de meus pés e mãos, e indo cada vez mais, enquanto minha visão ficava escura, e quando finalmente senti minha boca, um medo repentino tomou conta de mim, a única emoção que senti desde que cheguei a este lugar. De minha voz rouca, gritos eram as únicas coisas que podiam ser ouvidas.

Caí no solo de uma das ilhas... era a mesma que havia escolhido chegar. Já não sentia mais meu corpo, muito menos meu coração que havia batido mais acelerado do que qualquer outra vez em minha memória, porém eu estava de volta da queda. O que havia acontecido? Se eu caísse, nada acontecia? Quase consegui me ouvir perguntando, ‘’onde está o desafio então?’’

Minha atenção se voltou ao altar. Encarei-o de onde estava... realmente era difícil dele ser o mesmo. Estava preocupado, mesmo que minhas emoções não transparecessem no momento... afinal, nenhuma delas estava presente. Segui vagando pelas ilhas com a habilidade, tomando todo o cuidado possível, até chegar a ilha final, onde estava o meu destino

O pequeno pano azulado que Menta havia colocado, havia se tornado uma quantidade tão grande de tecido? Não teria tal respostas. A única coisa igual, era o item, que continuava flutuando no meio de tal.

Me aproximei a passos calmos. Algo estava errado naquela coisa. Quanto mais chegava perto, mais podia ouvir vozes sussurrarem em meus ouvidos, dizendo-me palavras que eu não podia entender. Logo, algo dentro de mim dizia para pega-lo

Além dos sussurros, agora, um som agudo vinha do item, porém ele não vinha dele em si, mas assim como o Forasteiro, o som entrava em minha mente. Assim que segurei o item, o ser novamente apareceu

'’Isso é uma de minhas runas. Elas são uma chave, um meio de comunicação entre mim, e você Finn. Seu futuro é incerto, e haverão diversos desafios durante o caminho. Procure tais runas, nos lugares mais solitários de seu mundo, e através de um altar, poderá me encontrar’’

O forasteiro cruzou os braços. Suas mãos eram inteiramente enfaixadas

''Cada decisão, cada ato, estarei observando. Eu vejo tudo, eu vejo para sempre. Mas saiba você, que mesmo em meio a isso, você, capturou imensamente meu interesse. Um último aviso. Assim que entrar nesta história, não haverá volta, então escolha com cuidado. Vá’’

Assim que o ser terminou sua última palavra, meus olhos se fecharam sozinhos, e senti meu corpo voltando aos poucos, começando por minhas mãos e pés, e terminando por minha cabeça....


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Notas finais do capítulo

Yo! Parabéns pra quem conseguiu chegar até o final. Mas zoeiras a parte, realmente desculpe por deixar o cap tão grande... realmente. Mas cá entre nós, acho que tbm estão cansados de ver o Finn fraco... eu acho
Enfim, o próximo não demorará muito pra sair. Espero que tenham curtido :D



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