As Três Lágrimas do Youkai. escrita por Larizg


Capítulo 54
Capítulo 54 – Pressentimento.


Notas iniciais do capítulo

Olá, mina!!!!!! Sim, eu não morri s, sim, estou MUITO triste que não consegui portar por tanto tempo. Não há muito o que eu possa fazer a não ser me desculpar com vocês, meus amados e fiéis leitores. Quero deixar claro que o fato de não portar foi por falta de tempo porque minha faculdade é muito ocorrida e meus estudos ocupam todo meu tempo livre. Além disso passei por uma fase difícil e tive um bloqueio criativo e não preferi ficar sem postar do que postar algo meia boca, vocês merecem e a fic merece o melhor que eu puder escrever. Não prometo postar sempre, mas com a volta da criatividade, estou me esforçando para tentar escrever enquanto o período está no início.
Quero dizer também que estou revisando toda a fanfic para voltar a entrar na mente dos personagens e consertando alguns errinhos que achei e aumentando diálogos em uma ou duas falas. Para aqueles que gostam de reler livros como eu, está ai uma oportunidade para refrescar a memória. Toda semana vou atualizando os capítulos (porque muitos consegui revisar nas férias) e, ao final, vou tentar postar capítulos o mais rápido possível. Espero que nas férias do fim de ano (minhas últimas antes do internato) me permitam finalizar essa história, com a qual tenho muito carinho.
Bem é isso... Espero que ainda estejam por ai =) Deixo com vocês um capítulo que escrevi nas férias. Não tem nada muito impactante (principalmente em comparação ao último auhsuhau), sendo mais um capítulo de transição de momentos, mas espero que gostem...



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Tsukiyo despertou sentindo um calor agradável ao seu lado. Abriu os olhos para se deparar com o ainda adormecido Sesshoumaru. Um sorriso bobo dançou no seu lábio e ela apoiou a cabeça no peito despido do youkai. Sentia o tórax dele subindo e descendo. Subindo, descendo, subindo, descendo... Está mais rápido que o normal, pensou, percebendo a velocidade do movimento.

Tsukiyo voltou a olhá-lo e percebeu o rosto pálido e a testa molhada de suor.

— Sesshoumaru? – chamou baixo.

O youkai continuava na mesma. Preocupada, Tsukiyo ergueu o tronco e o olhou com mais atenção. Estaria tendo um pesadelo? Ela começou a sacudir os ombros do youkai.

— Sesshoumaru?! Ei, Sesshoumaru, acorde!

Num pulo, Sesshoumaru abriu os olhos e sentou-se ofegante. O olhar ainda parecia distante e gotas desciam pelo rosto. Tsukiyo colocou a mão sob suas costas nuas sentindo a pele dele queimar de febre. Algo chamou a atenção da garota. Percorrendo parte da lateral do youkai havia uma mancha negra.

A jovem, intrigada, tocou de leve o local.

— O que é isso, Sesshoumaru?

 A pergunta pareceu trazê-lo de volta. Ele normalizou a respiração e a olhou.

— Cicatriz antiga de batalha.

            Tsukiyo não estava tão convencida. Como não havia notado isso antes? Se bem que o quimono dele sempre tampava aquela parte e noite passada... Bem, não era bem nisso que ela estava presando atenção. Poderia ter passado batido.

Mas algo não estava certo.

            – Sesshoumaru, você está bem?

            Ela o encarou com genuína preocupação. Sentiu o olhar dele sustentar o seu por alguns segundos, mas logo,  ele desviou o olhar.

            – Não preciso que se preocupe.

            Soltando um suspiro, ele voltou a se deitar, colocando as mãos atrás da cabeça para apoio. Tsukiyo sabia que ele estava mentindo e não deixaria passar. Ela torceu a boca e cruzou os braços.

            – Sesshoumaru, não minta para mim. O que está acontecendo com você?

            Em resposta, ela recebeu um olhar predador do youkai, que ignorou completamente a pergunta.

Ele a olhou de cima a baixo e provocou.

            – Sabe, sempre que for implicante, poderia estar assim. Ao menos a vista diminui sua irritância.

            Tsukiyo se olhou e só agora lembrou que ainda estava nua. Seu corpo todo deveria ter corado pelo comentário, mas logo afastou o pensamento. Então vai ser assim? A expressão da garota mudou para um sorriso travesso e ela se aproximou de Sesshoumaru. Com um olhar provocante, ela foi subindo as mãos da barriga ao pescoço do Lorde, sentiu as mãos dele descerem por suas costas até a cintura.

Sesshoumaru tinha um sorriso satisfeito no rosto e Tsukiyo foi aproximando seus rostos.

            – Sesshoumaru... – exclamou sedutora.

            Os lábios estavam prestes a se tocar e as respirações se misturavam. Com um sorriso travesso, Tsukiyo num piscar de olhos, prendeu os braços de Sesshoumaru no chão com os joelhos, segurou-o para baixo com uma das mãos em seu peito e com a outra, apontou garras para a garganta do Lorde.

            – ...não minta para mim.

            O youkai olhava aturdido para Tsukiyo, que sustentava um olhar firme, exigindo dele uma resposta. Ela o viu ficar sério com um brilho no olhar que ela não soube identificar.

Ele abriu a boca para responder, mas foi salvo por três batidas na porta.

            – Sesshoumaru-sama, os lordes o aguardam para partir. – avisou Jaken.

            Tsukiyo relaxou e saiu de cima de Sesshoumaru, que se levantou sem lhe dirigir a palavra. Ele começou a se vestir e quando estava próxima da porta, Tsukiyo chamou-lhe, quase em súplica.

            – Sesshoumaru.

            Ele a olhou com tristeza e pesar. Por um instante Tsukiyo achou que fosse falar. Contudo, o semblante indiferente que ele sempre ostentava voltou a sua face.

Virando-se de costas para ela, ele disse:

            – Partiremos logo, não se atrase.

            Tsukiyo o viu sair pela porta, sem mais nada dizer. A garota permanecia estagnada no futon. Aquela expressão de Sesshoumaru doeu. Bem no fundo do coração de Tsukiyo. Doeu. Ela se encolheu e abraçou as cobertas, sentindo o cheiro do youkai nelas. As lembranças da última noite, de como Sesshoumaru parecia frágil quando ela chegara ao quarto e aquele pedido, feito por ele com tanto desespero...

            “Seja minha, apenas essa noite...”

            Agora, com essa postura evasiva e aquela expressão... O que está acontecendo com você, Sesshoumaru?

            Ela queria negar com todas as forças, mas não podia afastar o que sentia. Mesmo com as desculpas dele, a garota sabia, sentia. O peito doía e lágrimas involuntárias escorriam por seu rosto. Tudo porque, no fundo, Tsukiyo confirmou a verdade que a assombrava desde o treino no dia anterior.

            Ela perderia Sesshoumaru...

...

            Tsukiyo vestiu suas roupas e saiu do quarto. Rumou em direção à entrada do shiro, imaginando que todos iriam sair juntos dali. Tinha o olhar distante e preocupado quando esbarrou com Merioku.

            – Tsuki?

            – Meri-chan?

            – Está tudo bem?

            Imediatamente a morena mudou sua expressão para a mais alegre que conseguiu.

            – Está sim. E você? Como se sente se juntando à guerra?

            Merioku soltou um longo suspiro e olhou para a amiga.

            – Exatamente como eu deveria estar: com medo.

            A expressão de Tsukiyo se suavizou.

            – Então não vá Merioku. Fique aqui em segurança.

            – Ha! – riu sem humor. – Mesmo que quisesse, agora não posso. Preciso fingir ser você, não se lembra? Além disso, não temo por mim...

            Os olhos verdes encararam Tsukiyo intensamente e a jovem soube por quem a amiga temia. Sentiu-se levemente culpada por isso, mas fazia o que tinha que ser feito.

            – Não vou voltar atrás agora. Não quando finalmente consegui o que buscava.

            – Ahn, c-conseguiu?! – rebateu incrédula.

            Abrindo um sorriso vitorioso, Tsukiyo puxou a espada e deixou parte da lâmina à amostra. A katana espalhava seu brilho verde, hipnotizando o olhar de Merioku. Tsukiyo fechou novamente a lâmina para evitar que outros o vissem.

            – Então é real! – exclamou Merioku. – Tsukiyo, você conseguiu!

            – Aham! – concordou orgulhosa.

            – Tamashi no Kakera... capaz de purificar a alma...

            Um brilho cruzou o olhar de Merioku e Tsukiyo ficou se perguntando o que era. Por um instante, Merioku franziu o semblante quase... preocupada. A feiticeira se virou séria para amiga e abriu a boca para falar, mas imediatamente balançou a cabeça como que deixando para lá.

            – Merioku, o que foi?

            – Não é nada. – ela suspirou cansada e sorriu triste, mudando o assunto. – Como viemos parar nessa bagunça...?

— Não tenho a menor ideia... – revelou Tsukiyo com um sorriso fraco e tristeza nos olhos.

— Aliás, como você veio para aqui?! – a feiticeira inclinou-se para frente e apontou para Tsukiyo com leve toque de repreensão. – Quando me visitou da última vez fiquei bem preocupada com você. Lembro que falou que foi salva pelo Lorde Sesshoumaru, mas nunca imaginei que tivesse se juntado a ele.

— Ahn... bem... – as imagens da noite passada pularam na sua mente e Tsukiyo lutou para não corar. – É uma história realmente longa.

Ela sorriu, sem graça, para a amiga. Merioku negou com a cabeça num gesto fofo de repreensão. Meri-chan, você não sabe nem a metade, pensou consigo ao imaginar o que a amiga diria se contasse todas as imprudências que cometeu durante sua viagem com Sesshoumaru.

A feiticeira riu e se aproximou da amiga, passando o braço pelos ombros da amiga.

— Você está intimada a me contar toda a história!

Tsukiyo sorriu.

— Assim que tudo acabar. – prometeu.

— E tem que ser com todos os detalhes. Quero saber como o famoso, cruel e frio, Lorde Sesshoumaru, Senhor das Terras do Oeste, fisgou o coração da minha amiga. – Merioku deu-lhe uma piscadela.

As bochechas de Tsukiyo ficam rubras e a jovem se desconcertou toda. Está tão óbvio assim?, pensou. Com gestos espalhafatosos e desconcertados, a morena tentou se defender:

— N-não é iss... Ahn... Eu não...

Merioku se limitou a rir da amiga.

— Isso está na cara para mim, Tsukiyo! E se quer saber, acho que Sesshoumaru não é tão frio ou transparente quanto parece. Apesar de achar que ele ainda é assustador, ele é... mais do que sua fama parece indicar.

O olhar de Merioku ia longe. Parecia preocupada e... triste? Tsukiyo congelou um momento diante da face da amiga. Mas quando estava preste a lhe perguntar, a feiticeira falou, distante:

— Mas fico feliz, Tsukiyo. – surpreendendo a jovem.

Tsukiyo a olhou interrogativa e a esverdeada completou.

— Fazia tempo que não via esse brilho nos seus olhos...

O olhar de Merioku era pura ternura e fez Tsukiyo corar diante de sua intensidade. A morena desviou o olhar e concordou baixo:

— É, acho que sim...

...

            Conversando banalidades, as duas caminharam até o portão do shiro. Esperavam por elas: Sesshoumaru, Hiryu e Suiryu. Os três youkais analisavam um mapa que o estrategista desdobrava. As duas conseguiam escutar o que diziam.

            – Mesmo passando pelo bosque há grandes chances de armadilhas, o melhor seria mandarmos batedores para os locais antes. – Hiryu apontou algo no mapa. – Já que invadiremos por aqui, não quero ter nenhumas surpresas.

            – Arashi falou o mesmo. Ela disse que montariam grupo imediatamente, assim que chegasse ao local. – informou Sesshoumaru.

            – Arashi-san, já foi?

            A fala de Tsukiyo atraiu a atenção dos três.

            – Oh, já de pé, Tsukiyo? – perguntou Hiryu.

— Ao que parece, Arashi preferiu sair assim que a reunião acabou. – cortou Sesshoumaru. – Nem mesmo Tsubasa conseguiu pará-la.

            – Faz sentido. – concordou. – E nós, quando partimos?

            A jovem ignorou o olhar descontente de Sesshoumaru. Aliás, buscou ignorá-lo por completo. Tinha medo de encarar seus olhos e encontrar aquela estranha fragilidade neles. Fora o fato de que se lembrasse da noite passada iria corar imediatamente. E isso estava fora de cogitação. Se ele vai fingir que nada aconteceu, farei o mesmo... Ao menos por hora, decidiu, meio amargurada.

            – Estávamos apenas discutindo alguns detalhes. – falou o Dai-youkai. – Partiremos assim que Jaken trouxer Ah-uh.

            – Meri-chan, você vai adorar! A sensação de voar nele é maravilhosa. – virou-se brincalhona para a feiticeira.

Ela sabia que Merioku sentia-se intimidada pelos youkais presentes e tentou amenizar o clima para a amiga. A verdade era que mesmo Tsukiyo ainda não ficava completamente a vontade perto dos generais. Infelizmente, a fala teve o efeito contrário que a morena esperava. Assim que se viu o centro das atenções, Merioku desconsertou-se completamente e não conseguiu pronunciar uma palavra sequer.

A esverdeada foi salva por Sesshoumaru que interpôs.

— Ela não irá conosco.

— O que?! – brigou Tsukiyo, colocando-se de frente para ele. – Você permitiu que ela participasse! Sem ela, o plano não vai dar certo!

— Seria ótimo. – retrucou ele, descontente. – Assim você teria que ficar aqui.

            – Nós já falamos sobre isso. – lançou um olhar mortal para ele.

            Sesshoumaru sustentou seu olhar. Uma briga profunda se travou entre os dois, mas logo Hiryu amenizou.

            – Calma, Tsukiyo. Sesshoumaru quis dizer que ela não irá com vocês. Você não espera que Ah-Uh carregue todo mundo aqui, não é? – a jovem olhou confusa para o ruivo. – Além disso, sua amiga não falou que precisava buscar os ingredientes para a poção na casa dela? Vamos em grupos diferentes.

            – Eu e você iremos logo para as linhas de frente. – falou Sesshoumaru. – Preciso ir para organizar as tropas e você precisa ser vista pelo inimigo no local. Vai ajudar a não suspeitarem de nada.

            – E Merioku? – perguntou cruzando os braços, irritada por ter caído, mais uma vez, no jogo do youkai.

            – Será levada até sua casa e acompanhada até o campo de batalha.

            – Precisará de quanto tempo para preparar a poção? – questionou Suiryu, já enrolando o mapa novamente.

            – Cerca de cinco horas. – falou séria. – é uma poção um tanto complexa e para funcionar, esse tempo é o mínimo para se preparar.

            O estrategista assentiu e voltou sua atenção para o Lorde.

            – É provável que tudo esteja pronto ao entardecer do quarto dia. É apertado, mas se pretendemos atacar no quinto dia, é a única opção.

            – É nossa única opção.

            A fala de Sesshoumaru pesou para Tsukiyo. Algo palpitou no seu peito, mas ela afastou o pensamento. O Lorde, sem maiores explicações, acenou com a cabeça para os generais numa despedida e pôs-se a andar em direção ao interior do shiro. Sabendo que ele não esperaria por ela, Tsukiyo se despediu rapidamente dos outros.

            – Até logo, Meri-chan. – deu um rápido abraço na amiga.

            – Até, Tsuki. Não faça nenhuma besteira antes de eu chegar, viu?!

            A morena sorriu.

            – Pode deixar. – então se voltou para o ruivo. – Ah, e Hiryu, tome conta da minha amiga, ok?

            Ele sorriu, mas levantou as mãos, negando com a cabeça.

            – Eu ficaria honrado, mas não serei eu a acompanhá-la.

            As duas se olharam interrogativamente e depois o encararam, com a pergunta silenciosa nos olhos. O ruivo limitou-se a pontar por cima no ombro a figura atrás de si.

            – Suiryu vai acompanhá-la.

            – Suiryu-san? – Tsukiyo olhou inquisitiva.

            O soturno optou apenas por acenar a cabeça em concordância.

            – Sim. – continuou o youkai dragão. – Ao que parece, terei que guiar Shiro e seu clã ao local da batalha. Achamos que eu seria a melhor opção, já que eles e o clã de Suiryu não se dão. Mesmo a líder afirmando que não teremos problemas em batalha, é melhor não cultivar problemas em potencial.

            A imagem de certo youkai do gelo ranzinza e implicante veio à mente de Tsukiyo. Ela ponderou um instante antes de confirmar.

            – É, imagino que seja melhor.

            O ruivo suspirou.

            – Seria melhor se Tsubasa fizesse esse trabalho, mas ele foi acompanhar a apressada da Arashi... Essa mulher só me trás problemas.

            Tsukiyo riu.

            – Pense que, ao menos, Inuyasha e sua família estarão lá para te fazer companhia.

            – É, acredito que sim... Ele parecer ser um cara estressado, mas espero arrancar boas histórias deles para usar contra Sesshoumaru depois. – confessou o ruivo, arrancando um sorriso travesso da jovem.

            – Só não se esqueça de me contá-las depois.

            – Jamais esqueceria. – falou Hiryu. – Agora vá, Sesshoumaru já não quer levá-la, não lhe dê motivos para ser deixada aqui.

            Ela arregalou os olhos por um momento, como se esquecesse que o Lorde estava para partir. Apressada, ela desejou sorte aos três e começou a correr.

            – E, Tsukiyo...

            Com o chamado, ela voltou-se novamente para Hiryu.

            – Tome conta do meu amigo, ok?

            Hiryu a olhava sereno, mas em seus olhos dançavam um brilho aflito que a preocupou. Talvez eu não seja a única... Ela olhou sério e concordou com convicção. Percebendo certo alívio na reação dele, Tsukiyo girou os calcanhares a tempo de ver os vestígios de cabelos prateados virando a esquina do outro lado do shiro.

            Sabendo que precisava alcançá-lo, ela correu. Sentia o olhar de Hiryu sobre si e tentou afastar novamente a ideia que a atormentava desde ontem. Infelizmente, a expressão e fala do ruivo apenas confirmavam aquilo que ela sabia, mas se recusava a acreditar. Tsukiyo tinha medo, pois sabia:

            Ela perderia Sesshoumaru...

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            Merioku percebeu certa hesitação nos olhos da amiga quando Hiryu lhe chamou, mas a morena logo começou a correr, se afastando deles cada vez, seguindo em direção àquele que lhe devolveu o brilho. A feiticeira olhou para as costas de Hiryu que estava a sua frente, percebendo o verdadeiro significado de sua última fala. Hiryu-san... pensou preocupada.

            Soltando um longo suspiro para se recompor, o ruivo continuou:

            – Certo! – ele voltou-se sorridente para a dupla restante. – Vocês devem ir logo, também. Precisamos de você o mais rápido possível, Suiryu.

            O estrategista se limitou a concordar e fez um sinal para que Merioku o acompanhasse para fora do shiro. A esverdeada olhou para Hiryu numa despedida. Conheciam-se a menos de dois dias, mas já estavam conectados por um sentimento mútuo: preocupação com seus melhores amigos. Talvez por isso ela desejasse o bem para ele também. Numa mesura sincera, Merioku agradeceu ao ruivo.

            – Obrigada por tudo, Hiryu-san. – ela sorriu de leve. E obrigada por cuidar de Tsukiyo também, diziam seus olhos.

            Sem conseguir fazer desaparecer a preocupação nos olhos, ele apenas acenou como se agradecesse de volta o que ela fez por Sesshoumaru. Merioku não suportou aquele olhar. Sinto muito não ter conseguido curá-lo, pensou amarga. Já era ruim não ajudar um paciente. Não conseguir salvá-lo sabendo o que isso faria a Tsukiyo era muito pior. Tudo o que ela mais desejava era proteger esse brilho renovado e acalentador da amiga.

            Merioku caminhou para fora do shiro e encontrou Suiryu esperando-a com o mapa aberto. Se ela estava sendo capaz de fazer uma expressão normal mesmo com o turbilhão de coisas em seu interior ela não sabia. Se o estrategista percebeu algo, não comentou.

            – Hiryu me informou que sua residência localiza-se nesta região. – ele apontou um ponto no mapa.

            – Sim, bem no centro dessa área. – descontente, ela olhou a distância a cobrir. – São cerca de 2 dias de viagem daqui.

            – Apenas um será o suficiente. – falou ele, surpreendendo-a. – E isso inclui a ida para ela e depois para a linha de frente da batalha.

            Merioku se espantou inicialmente, mas logo se lembrou de que ela e Hiryu haviam chegado ao shiro em apenas uma noite. Nós vamos voando?, questionou ela. Sua expressão confusa devia ser bem clara para o youkai que respondeu quase como se lesse sua mente.

            – Nós não iremos voar. Venha. – assim, ele fechou o mapa e se dirigiu para a floresta próxima ao shiro.

            Sem opção, ela se colocou a segui-lo. Eles caminharam em silencio até alcançar um pequeno riacho em meio às árvores. De repente, Suiryu parou em frente ao riacho e esperou. Confusa, Merioku se aproximou e perguntou, esperando não estar aborrecendo.

            – Ahn, o que está fazendo? Achei que tínhamos pressa p...

            Um som alto a interrompeu. Ecos de passos preenchiam a floresta. Passos rápidos. Correndo. Assustada, ela se virou e percebeu uma criatura, com olhos verde-azulados brilhantes, vindo em sua direção. Youkai?!  Merioku deu um passo para trás. Ela era rápida, já estava quase em cima dela. Percebendo a criatura pular em sua direção, ela gritou e fechou os olhos esperando o impacto.

            Nada.

            Não havia sentido nada e o som havia parado. Relutante, ela abriu os olhos para se deparar com as costas negras do estrategista coberta pela túnica negra. Ele havia se colocado entre ela a criatura.

            – Peço perdão pelo susto. – falou polido e indiferente, como se tais palavras não passassem de uma das normas de etiqueta da sociedade. – Nimue, costuma causar esse efeito.

            – Nimue?

            Finalmente observando calmamente a criatura, Merioku se dá conta da situação. Suiryu tinha uma das mãos pousada no focinho negro do recém-chegado. Tinha quatro longas patas com cascos ao final destas. Os olhos eram verdes azulados e brilhavam em conjunto com o símbolo místico que descia pela sua cabeça e a base dos cascos. Merioku se surpreender por somente agora notar que o símbolo tinha a mesma cor da joia na testa do estrategista. Então, esse é...

            O cavalo de Suiryu.

            A montaria relinchou e desceu a cabeça num cumprimento a seu mestre. Merioku conseguiu, enfim, relaxar. Ela saiu detrás do estrategista para observar o animal que passou a fitá-la com interesse. Olhando mais de perto, Merioku se viu encarnado aqueles olhos profundos e curiosos. Iguais aos de seu mestre, pensou, olhando de soslaio para o youkai. Levemente acanhada, a esverdeada perguntou:

            – Eu posso?

            Compreendendo seu questionamento ao vê-la levantar a mão na direção do animal, Suiryu concorda e chega para o lado. Merioku, então, coloca devagar sua mão no focinho do animal negro. O animal pareceu gostar, pois se aproximou levemente dela. A jovem sorriu e se permitiu acariciá-lo um pouco.

            – Ele é lindo. – soltou. – O senhor tem um belo animal, Lorde Suiryu.

            O youkai a olhou indiferente e depois depositou seus olhos no próprio animal, encarando o carinho que Merioku fazia de forma intensa. Sentindo o olhar do youkai e temendo ter cruzado um limite ao acariciar o animal, ela retira a mão, recebendo leves grunhidos de descontentamento do cavalo.

            – M-me perdoe s-se fiz algo indevido.

            Ela fez uma rápida mesura.

            – Não fez nada errado. – respondeu ele. – Não é comum ele permitir outros se aproximarem tão fácil. Falho em entender a lógica dele ao permitir que o acariciasse.

            A última coisa que ela imaginaria que se passasse em sua mente era confusão, devido àquela inexpressividade racional e seria do estrategista. Esse cara é impossível de ler, concluiu. Ela riu consigo mesma e voltou sua atenção para o animal, lhe dirigindo a palavra.

            – Além de belo, também é esperto. – cedendo as súplicas do animal, fez um leve carinho no pescoço da montaria.

Suiryu caminhou até o animal e num só impulso montou em suas costas. Não havia cela ou arreios. O youkai segurava levemente na crina comprida do animal numa postura confiante como dizendo que nunca cairia daquele animal.

Por um instante, Merioku congelou. Suiryu parecia quase majestoso em cima do negro cavalo. A luz do sol que dançava pelo movimento das árvores refletia naquele verde azulado das marcas de Nimue tornando-o quase uma criatura etérea. Talvez ele seja..., pensou abobada. E tinha aqueles olhos. Aqueles belos olhos profundos que pareciam fazê-la se perder na imensidão das águas mais cristalinas. A jovem sentiu a respiração falhar um momento, antes de perceber que aquele mesmo par de olhos inteligentes a encaravam diretamente, de cima do cavalo.

Voltando a si, Merioku percebeu que o estrategista tinha a mão estendida para ela.

— Suba. Precisamos ir logo.

Envergonhada com a própria reação, ela agradeceu pelo youkai não notar suas bochechas que coravam. Se notou, não chegou a comentar. Segurando a mão pálida estendida a sua frente, ela sentiu um puxão e logo estava montada no cavalo, atrás do estrategista. Com um comando de seu mestre, o animal se impulsionou para frente, correndo com velocidade.

Merioku, quase caindo para fora, se agarrou com desespero ao nobre youkai. Ela tinha os olhos fechados pelo susto e sentia as mãos tremerem pela força que fazia ao se segurar. Percebendo uma movimentação do youkai, ela abriu os olhos para se deparar novamente com aquele par de olhos safira-esverdeados.

Suiryu a olhava de soslaio indiferente.

— Segure-se. Logo vai se acostumar à velocidade.

Ela apenas assentiu e ele voltou sua atenção para frente.

Merioku via as árvores passando com velocidade espantosa. Se continuarmos assim, chegaremos realmente rápido, concluiu. Ela só poderia deduzir que Nimue não era um cavalo normal, apenas assim poderia alcançar tal velocidade sem parecer fazer qualquer esforço. A feiticeira tinha muitas perguntas, mas ainda sentia-se receosa perto do general de Sesshoumaru. Afinal, ele era um completo estranho par ela. Se fosse você, Tsukiyo, já estaria metralhando todas as suas dúvidas em cima dele, riu consigo mesma.

Tsukiyo... A lembrança da amiga doía seu coração. Estava preocupada com ela, com tudo que vinha ocorrendo. Com um longo suspiro, Merioku repensou sua atitude e esboçou um olhar confiante. Eu vou lhe ajudar, Tsukiyo. Farei tudo o que eu puder! Diante dessa promessa, a esverdeada deixou a mente vagar pelo passado. Afinal, eram as histórias de seus amigos que lhe davam força. Mesmo que lhe causassem angústia e dor na mesma proporção.


O vento batia em seu cabelo. Os olhos verdes brilhavam de determinação.

Farei tudo o que eu puder!

 

Nimue


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Só para matar a saudade?



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