As Três Lágrimas do Youkai. escrita por Larizg


Capítulo 49
Capítulo 49 – Revelações.


Notas iniciais do capítulo

Olá, mina! Tudo bom? Passei para deixar mais um capítulo com vocês! Quero mandar uma grande agradecimento a todos que comentaram no capítulo passado:
pcristina, Thai Mendes, Gina Weasley POTTER, susu swan, Shirley Galiani, nbarross, Yogoto e Uchiha Taciane! Arigatou, mina!!! Quero também mandar uma agradecimento especial para Thyagovz que não apenas comentou como também recomendou minha fic! MUITO OBRIGADA!!!!! ^^
Esse capítulo tem a conclusão e os pensamentos de Sesshoumaru sobre a história de Tsukiyo. Como será que ele vai reagir? ;)



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– E foi isso que aconteceu...

Sesshoumaru encarava uma Tsukiyo cabisbaixa, mas também notou que ela apresentava um toque de alívio. Havia guardado essa história por muito tempo e finalmente pode dividi-la com alguém. Sesshoumaru sentiu-se satisfeito por ser essa pessoa.

– Alguma vez voltou ao castelo? – perguntou curioso, Sesshoumaru.

– Eu tentei. Depois que fugimos, os youkais que apoiavam Kouhen passaram a apoiar Ak... – ela suspirou e se corrigiu. – Nisshoku depois de ver seu poder. Só havíamos conseguido chegar a Kouhen porque não havia mais generais no castelo, além disso, tínhamos Wendy e Akarin para nos levar voando. Eu e Merioku não conseguimos invadir o castelo, e com o passar do tempo, mais youkais se juntaram a ele e logo a região toda se tornou perigosa para nós.

– Foi quando começou a procurar uma forma de salvá-lo... – concluiu Sesshoumaru recebendo uma concordância de Tsukiyo. – Esse... espírito que o possuiu, sabe algo sobre ele?

– Infelizmente não. Deve ter partido de uma das relíquias de Kouhen, mas nunca soube qual poderia ser. – ela olhou com pesar para a espada ao seu colo.

Sesshoumaru sabia que sua próxima pergunta a chatearia, mas o youkai possuía uma esperança egoísta que gostaria que ela negasse a resposta.

– E se Tamashi no Kakera não puder trazê-lo de volta? E se ele já estiver morto?

Sesshoumaru realmente queria que a resposta fosse simples e ele pudesse lhe confessar sua situação tudo seria mais fácil. Porém, ele já sabia o que Tsukiyo falaria e não poderia culpa-la. Se fosse ele em sua pele, faria o mesmo por Rin.

Ele não revelaria que estava morrendo porque sabia que ela se sentiria culpada e o escolheria mesmo que significasse desistir de Akarin, e assim, desistir de seu sonho... Droga! Por que resolveu ser tão nobre quando poderia ser egoísta como sempre? A resposta também era simples: ele faria tudo para a felicidade dela. Mesmo que significasse perde-la para outro...

– Eu... preciso acreditar que poderei salvá-lo. – respondeu ela com convicção. – Não posso simplesmente aceitar que ele se foi sem tentar tudo para salvá-lo antes.

Sesshoumaru já sabia, mas mesmo assim, a resposta lhe trouxe uma leve pontada no peito. Surpreendendo o youkai, Tsukiyo se colocou de frente para ele e olhou-o com ansiedade.

– E, Sesshoumaru, eu sei que já fez muito por mim e que é minha culpa que Zakuro foi levada, mas preciso pedir para usar a guerra que vai travar para encontrar Akarin. – ela se curvou levemente em respeito. – Por favor, deixe-me fazer parte de seu exército! Sei que o estarei usando novamente, mas... por favor.

O Lorde percebia a voz dela falhar. Ela realmente não gostaria de estar me pedindo isso... Se sente culpada, mais uma vez... Ele não podia mentir, ficou tentado a recusar, pois assim ela não se envolveria na guerra e ficaria segura. Mas ele sabia que ela lutaria de qualquer forma e viu nesse pedido uma oportunidade única.

Seu lado egoísta falara mais alto.

– Permito com uma condição. – falou sério.

Sesshoumaru levantou de leve o queixo da jovem, fazendo-a olhar nos olhos. O youkai conhecia suas próprias habilidades e lançou um olhar provocante para Tsukiyo, apenas para vê-la corar. Ainda se divertindo com as reações da garota, era sempre satisfatório vê-la desconcertada. Ele começou aproximar lentamente seu rosto ao dela. Quando estavam perigosamente próximos, ele sentiu Tsukiyo se afastar completamente vermelha, para o deleite do youkai.

– Sesshoumaru e-eu j-já disse que n-não posso fazer isso c-com você! – o gaguejar apenas melhorou o humor de Sesshoumaru. – Não seria justo e...

Sesshoumaru voltou a se aproximar, determinado a completar o que tinha planejado. Ele viu quando a jovem fechou os olhos com fora e estendeu os braços para pará-lo, mas foi mais rápido. Sesshoumaru segurou seu rosto com as mãos e beijou-lhe a testa com ternura, arrancando uma exclamação de surpresa de Tsukiyo.

Ele se afastou e olhou nos olhos amarelos de uma Tsukiyo corada ao extremo e expressão abobada com a boca ligeiramente aberta de surpresa. Apenas por um instante, Sesshoumaru permitiu que suas barreiras caíssem e ela visse seu interior espelhado nos olhos âmbar.

– Sei que no final vai fazer sua escolha, mas não vou torná-la mais fácil para você. – ele sorriu de lado, desafiando-a, e se levantou. – Essa é minha condição: vou lutar pelo que eu quero.

A face surpresa de Tsukiyo tornou-se mais corada e ela desviou o olhar para o chão. Ele tocou de leve a testa onde Sesshoumaru a beijara, um sorriso tímido surgiu em seus lábios e ainda sem encarar Sesshoumaru, ela falou.

– Convencido egoísta...

Sesshoumaru sorriu com os olhos e estendeu a mão para ela. Ela olhou para sua mão e depois para ele, a pergunta estava escrita nos olhos. O rubor começou a diminuir.

– Vamos. – falou ele. – Temos que vencer uma guerra.

Ela sorriu sincera e segurou-lhe a mão. Sesshoumaru a ergueu num puxão e pôs-se a andar em direção ao seu shiro, ouvindo o passo de Tsukiyo logo atrás de si. O youkai estava certo do que fez. Ele a conquistaria sem contar sobre sua condição, pois o faria de forma justa, sem usar a culpa da garota.

Ele a faria escolhê-lo por quem era.

Agora, além de planejar a guerra, Sesshoumaru teria que procurar outra forma de se curar e para isso, começaria acatando o conselho da mãe de procurar a tal feiticeira do leste. Pediria para algum dos servos irem buscá-la em segredo para não levantar suspeitas. Ele olhou de esgueiro para a jovem que tinha a face concentrada em pensamentos.

Me recuso a morrer antes de ter o que quero. E terei tudo...

...

Os dois andaram num silêncio pacífico e incrivelmente nada desconfortável pelas próximas horas. Sesshoumaru torceu para que Tsukiyo não notasse seu próprio cansaço. A garota parecia perdida em seus próprios pensamentos. Ele não poderia culpá-la depois de sua declaração.

Finalmente alcançando o fim do bosque, tornou-se possível enxergar os portões do shiro do Lorde.

– Chegamos.

A jovem levantou a cabeça para encarar a entrada, sua expressão era meio nostálgico o que animou Sesshoumaru. Ela gosta daqui? Perguntou-se. O Dai-youkai se aproximou e dois guardas que vigiavam o portão se inclinaram respeitosamente para os chegados.

– Sesshoumaru-sama. Bem vindo de volta, meu Lorde.

O Lorde se limitou a inclinar ligeiramente a cabeça e passou pelos guardas que abriram os portões. Assim que passou pelas portas, percebeu uma figura vermelha encostada na parede com os braços cruzados acima do peito.

– Como foi de férias, Sesshoumaru?

O Dai-youkai se voltou entre o impaciente e o divertido para o homem.

– Não diga que já estava sentindo minha falta, Hiryu?

O amigo sorriu e se aproximou.

– De você, nem um pouco. – fez uma careta para Sesshoumaru antes de tocar a mão de Tsukiyo e leva-la aos lábios. – Agora, da bela Tsukiyo eu senti falta.

A jovem sorriu com a brincadeira. Sesshoumaru sabia que o amigo estava apenas o provocando, mas não pôde deixar de se irritar.

– Ei, Hiryu, não pense que me bajular vai ajuda-lo a fugir de nosso combate. – falou Tsukiyo entrando no jogo. – Você prometeu que voltaria a me enfrentar e agora estou cem por cento.

O youkai dragão a olhou desafiante e pousou uma das mãos sobre a espada na cintura.

– Quando quiser. Não me importo em vencê-la mais uma vez.

– Pelo que recordo, vocês estavam empatados. – provocou Sesshoumaru. – E você parecia estar em apuros...

– Ei! Eu só peguei leve porque ela estava machucada. Saiba que a venceria facilmente se quisesse.

Num piscar de olhos, Tsukiyo juntou os dedos e os esticou, mirando suas garras na garganta de Hiryu. O youkai foi igualmente rápido e puxou a espada e a apontou para a jovem. No segundo instante, eles congelaram em suas devidas posições de ataque. As unhas afiadas de Tsukiyo tocavam o pescoço de Hiryu e o mesmo acontecia com a lâmina da espado do youkai no pescoço dela.

– Eu avisei para não subestimá-la, Hiryu. – falou Sesshoumaru. Então ele se virou para a jovem. – E eu já lhe disse para não ser imprudente. – ele suspirou impassível. – Francamente... vocês são duas crianças.

Por um momento, Tsukiyo e Hiryu se encararam e com um olhar cúmplice, ambos voltaram seus ataques na direção do Lorde. Sesshoumaru foi pego de surpresa, mas usou de sua velocidade para segurar o pulso de Tsukiyo e Bakusaiga para defender o ataque de Hiryu. O movimento repentino criou uma tontura repentina no Dai-youkai que acabou recuando um passo. Um gesto simples, mas que não passou despercebido por Hiryu. Ocorreu uma breve troca de olhares entre os dois até que Sesshoumaru empurrou os dois para trás.

– Chega de brincadeiras. – falou severo. – Tsukiyo, vá procurar Suiryu e diga que o espero no salão de reuniões para ontem.

A jovem tornou a ficar séria, guardando as garras.

– Realmente estava falando sério, não estava? – perguntou ela.

Sesshoumaru limitou-se a concordar com a cabeça e partiu em direção ao salão.

– Ei, porque está pressa? O que está acontecendo? – perguntou Hiryu desconfiado.

– Sesshoumaru vai acabar com essa guerra em cinco dias.

– O que...?! – Hiryu o olhou entre o surpreso e o preocupado. – Sesshoumaru, qual a razão disso?! O que aconteceu?

– Tsukiyo, vá de uma vez. – ordenou Sesshoumaru. A garota suspirou despedindo-se de Hiryu e correu para encontrar Suiryu.

O Lorde voltou a andar quando a perdeu de vista. Sentiu o olhar acusatório de Hiryu as suas costas e preferiu ignorá-lo. Não estava com paciência para discutir com o amigo sobre a situação.

Sentiu uma mão agarrá-lo com força no ombro. Ao que parecia o ruivo não deixaria por isso mesmo.

– Me diga o que está acontecendo. Por que de repente resolver acabar com a guerra? – a voz não tinha um pingo do costumeiro humor.

– Logo saberá.

Sesshoumaru tentou se soltar da mão de Hiryu, mas o youkai dragão manteve o aperto firma, insatisfeito com a resposta.

– Vamos lá, algo não está certo. O que foi?

O Lorde olhou para o amigo e viu um brilho perigoso passar nos olhos rubros. Ele sabe que tem algo muito errado. Não era comum ver Hiryu desse jeito. Ele reservava essa parte de si para assuntos realmente importantes. Sesshoumaru estudou o amigo e ponderou sobre até onde deveria contar.

Por fim, decidiu prolongar a verdade.

– Contarei durante a reunião. – Sesshoumaru saiu do aperto do amigo e voltou a andar, colocando um ponto final naquele assunto.

A suas costas, ouviu Hiryu suspirar fundo e começar a segui-lo. Sesshoumaru vencera essa batalha, mas sabia que não conseguiria enrolar o ruivo por muito mais tempo.

...

Sesshoumaru entrou no salão e sentou-se na ponta da mesa. Hiryu o acompanhou e sentou-se ao sua direita com a cabeça apoiada na mão e sem esforços para esconder o mal humor. Igualmente irritado, Sesshoumaru decidiu ignorá-lo e o silêncio se instalou no cômodo.

Repentinamente, as portas irromperam e três figuras entraram no ressinto. À frente, vinha Suiryu com sua eterna expressão indiferente, porém, o Lorde podia notar certo brilho de curiosidade pairando sobre seus olhos verdes. Ao seu lado, surpreendente tímida, vinha Tsukiyo. A jovem parecia levemente intimidada pela presença dos generais de Sesshoumaru, mas fazia o máximo para não transparecer.

A terceira figura chamou a atenção de Sesshoumaru. Era baixa com os cabelos levemente lilases. Ainda trajava roupas azuis e brancas de inverno e tinha a espada tilintando na lateral da cintura. Quando capturou seu olhar, Sesshoumaru viu divertimento e seriedade.

– Há quanto tempo, Sesshoumaru.

– Shiro. – cumprimentou ele com a cabeça. – Não sabia que havia chegado.

– Apenas algumas horas antes de você. Meus homens já se instalaram– respondeu a líder dos youkais do gelo.

– Espero que bem recebidos.

– E fomos. – respondeu ela, sentando-se ao lado de Suiryu que já ocupara seu lugar à esquerda de Sesshoumaru, em frente à Hiryu. – Estava apenas me situando da situação com seu estrategista.

Sesshoumaru notou um olhar de aviso por parte de Shiro. Então eles não pretendem revelar seu parentesco... Pensou o Lorde olhando de lado para Suiryu que era nada menos que a imagem personificada da indiferença. Bom, isso não é da minha conta.

Tsukiyo permaneceu ao lado de Sesshoumaru, sem ter muita certeza do que fazer. Ela o olhou interrogativamente e com um gesto, ele disse para que ficasse. Ela pareceu concordar, mas não fez menção de se sentar-se à mesa, preferiu ficar em pé entre ele e Hiryu.

Em seguida, duas figuras entraram pela porta e se colocaram em seus lugares. Arashi parecia levemente ansiosa e Tsubasa calmo como a brisa.

– O que está acontecendo? Por que nos chamou assim, Sesshoumaru? – a pergunta partira de Arashi.

– Foi bom que Shiro e seu clã chegaram, ou teriam perdido toda a ação. – falou Sesshoumaru mantendo o suspense.

– O que quer dizer?

– Sesshoumaru disse que vai acabar com a guerra em cinco dias. – soltou Hiryu olhando irritado para Sesshoumaru.

– O que?! – falaram Arashi, Tsubasa e Shiro ao mesmo tempo. Apesar de não me manifestar, Suiryu parecia igualmente surpreso.

– Por que isso repentinamente? – perguntou o estrategista.

– Nisshoku tem o último ingrediente para o ritual de sua espada. Nós temos cinco dias antes que ele se complete. Precisamos derrota-lo antes disso.

Os presentes olharam em direção a Tsukiyo que se desconsertou levemente, mas entendeu a pergunta silenciosa de todos. A jovem tomou fôlego e respondeu.

– Ele não conseguiu me capturar, então foi atrás de um substituto para meu sangue. – ela olhou levemente para Sesshoumaru.

– Então você sabia que ele estava atrás de você. – concluiu Hiryu olhando para Sesshoumaru.

Ela concordou com a cabeça.

– Sim, eu... eu já o conhecia. – a afirmação surpreendeu os presentes.

– Como assim? – perguntou Arashi desconfiada.

– Eu...

– Ela já havia sido atacada por servos dele. – interrompeu Sesshoumaru. – Foi quando nos esbarramos sem querer e acabamos seguindo para as montanhas.

– Oh... – exclamou Shiro. – Pela maneira como a defendeu no duelo, acreditei que se conheciam há mais tempo.

– Como assim? – indagou Hiryu com segundas intenções.

Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, Sesshoumaru falou:

– Nisshoku nos atacou e falhou em levar Tsukiyo. Porém, ele conseguiu um substituto temporário para ela, por isso precisamos agira rápido.

– Quem ele levou? – perguntou Suiryu com a usual expressão pensativa. O Dai-youkai sabia que a cada detalhes acrescido à reunião, o estrategista acrescentava algo em seu plano de batalha.

– A filha de Inuyasha.

A revelação calou a todos no mesmo instante. Todos sabiam qual o parentesco entre Sesshoumaru e Inuyasha, bem como sua difícil relação. Os generais se entreolharam e depois se voltaram ao Lorde. Suiryu foi o primeiro a se manifestar.

– Por isso você disse substituto. – concluiu. – Seguindo a lógica, ela também possuí o sangue de todas as raças, mas em proporções diferentes de Tsukiyo. Provavelmente fará o ritual para forjar uma arma poderosa o suficiente para no enfrentar e assim conseguir o verdadeiro prêmio. – seu olhar gelado caiu sobre Tsukiyo para depois voltar para Sesshoumaru. – O que aconteceu quando o enfrentou. Pelo que pude observar, nenhum dos dois foi morto. Isso quer dizer que tem a mesma força?

– Eu estava vencendo. – falou Sesshoumaru. – Não sei o que aconteceria se ele forjasse uma arma, mesmo que temporária. – Principalmente agora, como estou. –Nossas forças são equivalentes e a diferença foi que a arma dele não suportou o combate com a minha.

A declaração criou certo peso no local. Todos sabiam que Sesshoumaru era o mais forte da sala, mas se nem mesmo ele estava confiante quanto a enfrentar o inimigo, como poderiam derrotá-lo.

– Se estava vencendo, por que não o matou? – perguntou Hiryu.

Sesshoumaru trocou olhares com o amigo. Ele percebeu que o ruivo sabia que havia algo errado consigo e se negara a falar sobre mais cedo. Agora, Hiryu estava tirando proveito da presença dos outros para tentar forçá-lo a revelar alguma coisa. Afinal, Sesshoumaru não poderia simplesmente negar informações ali da forma como fazia com o amigo. Principalmente diante da líder do gelo. Mas dizer que estava com os dias contados não parecia ser a melhor forma de manter o acordo com ela e a moral alta. Droga, Hiryu! Sesshoumaru se preparou para dar uma desculpa, quando foi poupado por Tsukiyo.

– A culpa foi minha. – falou ela. – A minha presença atrapalhou Sesshoumaru. Por minha causa, ele não pôde matar Nisshoku.

A expressão de culpa da jovem amenizou as feições de todos. Não é inteiramente verdade, mas é próximo.

– Ei, Tsukiyo, não fique assim. – falou o sempre compreensível Tsubasa. – Se nem mesmo Sesshoumaru conseguiu derrota-lo facilmente, não havia nada que pudesse fazer. Não é como se você pudesse matá-lo fácil.

Sesshoumaru percebeu quando a jovem o olhou com surpresa. O conselho de Tsubasa não podia estar mais perto e ao mesmo tempo tão longe da verdade. Uma certa melancolia cobriu Tsukiyo e ela respondeu sem encarar os presentes.

– É, acho que não posso...

Antes que o silêncio se instalasse e o assunto voltasse à tona, Sesshoumaru partiu para o próximo tópico.

– Até que Nisshoku complete o ritual, mesmo que para uma arma temporária, temos pouco mais que cinco dias para impedi-lo.

– Vamos ter que resgatar Zakuro antes disso. – soltou Tsukiyo sem perceber, recebendo um olhar de reprovação de Sesshoumaru.

– Não, precisamos acabar com isso em cinco dias antes que percamos a vantagem que temos sobre o inimigo. – retrucou ele.

Agora foi a vez de Tsukiyo fechar a cara para ele. Seu olhar podia ser facilmente interpretado por Sesshoumaru. Como pode ser tão insensível? Ela é sua sobrinha! Em resposta, ele permaneceu indiferente, fingindo ignorar o olhar da menina. O Lorde precisava que os presentes acreditassem que a única razão era puramente estratégica, e não partida de ridículas emoções. No fundo ele sabia que não era bem assim, mas tinha uma reputação a manter e nem mesmo a presença de Tsukiyo mudaria isso.

– Com que certeza afirma que o ritual pode levar esse tempo? – perguntou Suiryu entrelaçando os dedos com os cotovelos apoiados na mesa. O estrategista passara a ter completo interesse na conversa e mesmo para Sesshoumaru era visível que diversas opções e ações passavam por sua mente.

– A miko de Inuyasha confirmou. – de repente, uma ideia surgiu na mente de Sesshoumaru que poderia acabar com dois problemas numa tacada só. – Ela parecia saber do que estava falando, mas seguindo uma recomendação de Satori, irei buscar uma segundo opinião pela manhã de uma feiticeira.

Os presentes concordaram e Sesshoumaru sentiu-se vitorioso. Assim, poderia chamar a feiticeira sem necessitar de desculpa e a usaria para descobrir uma solução para sua condição. Sesshoumaru se recostou na cadeira e apoiou aa cabeça numa das mãos, aparentando despreocupação.

– Com isso, Inuyasha, a miko e o filho chegarão amanhã. Eles desejam participar da guerra. – o comentário foi mais especificamente para Suiryu que, perspicaz, acrescentou mais essas peças ao tabuleiro da batalha em sua mente.

– Hm, faz tempo que não o vejo. – comentou Hiryu mais para si mesmo que para os outros. – Imagino como esteja.

– Será ótimo ver o hanyou batalhar ao nosso lado. – falou Arashi com os olhos brilhando.

– Aquele que derrotou Naraku... – ponderou Shiro. – É famoso até nas montanhas. Sua família é bem famosa, hein, Sesshoumaru.

O Dai-youkai franziu o cenho. Mesmo que chegasse a... respeitar Inuyasha, ainda não gostava que todos confirmassem seu parentesco. Ele olhou firme para os presentes e todos imediatamente compreenderam que aquele assunto estava encerrado.

– Descobriu algo mais quando o combateu, Sesshoumaru? Estava acompanhado? – perguntou Tsubasa voltando ao que importava.

– Não, apenas ele. – a postura continuava a passar tranquilidade. – Entretanto, temos uma boa ideia da localidade de sua base e alguns possíveis indivíduos preenchendo a vaga de seus generais.

Uma exclamação de surpresa passou pela sala. Se as informações não fossem cruciais, o Lorde preferiria não ter comentado, já que elas se referiam ao passado entre Tsukiyo e seu inimigo. Sesshoumaru passou a tomar cuidado dobrado com o que falava.

– Onde? – perguntou Tsubasa.

– Ao que parece, ele está usando o castelo pertencente ao clã dos tigres de dente de sabre, a antiga moradia de Kouhen.

Ele percebeu a jovem se encolher levemente a menção do nome, mas não havia nada que se pudesse fazer.

– Como descobriu? – apesar de parecer desinteressado com sua postura largada, Hiryu tinha chamas de desafio no olhar que dirigiu ao amigo.

Como sempre, o ruivo vinha com as perguntas mais problemáticas e sem verdadeira importância para o resultado. Sesshoumaru sabia que era apenas a vingança do amigo pelo que fizera mais cedo. O Lorde olhou para Tsukiyo com dúvida sobre o que falar. Até onde ele poderia dizer sem comprometê-la? Ainda discutindo consigo mesmo sobre o que fazer, a jovem tomou a frente, poupando-lhe de se explicar.

– Fui eu que descobri.

Todos os presentes se voltaram para ela, que se encolheu levemente na cadeira, visivelmente desconsertada. Ele respirou fundo e continuou com a voz aos poucos mais firme.

– Eu... fiz algumas investigações sobre ele. É sempre bom conhecer seu inimigo e, ao longo dos anos, descobri que havia se instalado no castelo. – Sesshoumaru fez um sinal quase imperceptível de aprovação para a explicação.

Hiryu perdeu o olhar desconfiado, ao menos por hora. Sesshoumaru sabia que isso se atribuía ao fato de que fora Tsukiyo a responder e não ele. O amigo parecia confiar na jovem. Ao menos isso...

– Então possivelmente um dos generais inimigos seja o próprio Kouhen. – concluiu Tsubasa. – Faria sentido, ele deve estar no mesmo nível que Shinigami.

– Kouhen não é um dos generais. – negou Sesshoumaru com convicção.

– Por quê?

– Kouhen está morto.

A afirmação travou os presentes e criou um silêncio onde eles tentavam descobrir por si mesmo como ele sabia disso. Por fim, Arashi decidiu que a melhor forma de saber era perguntando.

– Como sabe disso? Nisshoku o matou?!

Sesshoumaru negou a cabeça.

– Nisshoku não o matou. Foi...

– Fui eu. – completou Tsukiyo com os olhos queimando. – Fui eu que matou Kouhen.

A surpresa dos generais e da líder do gelo apenas aumentou. Eles se olharam incrédulos e até mesmo o impassível Suiryu parecia surpreendido.

– Você matou Kouhen? Aquele apelidado de Raio da Morte? Aquele que dizem que se opôs até mesmo a Inu no Taishou? – Hiryu parecia quase engasgar como se a mente não pudesse compreender o significado daquelas palavras. – Por quê?

– Por que... ele era meu avô.

Se aquela fosse uma mesa comum, com indivíduos comuns, eles provavelmente teriam caído da cadeira. Mas não era uma reunião comum e muito menos os indivíduos ali o eram. O silêncio se instalou no local até que Tsukiyo percebeu que o melhor era explicar.

– Eu não fiz exatamente sozinha, tive alguma ajuda. Sozinha eu não chegaria nem perto de derrota-lo.

– Mas por quê o fez, Tsukiyo?

– Bem, não é nenhuma novidade que não sou uma youkai completa. Quando meu pai se casou com minha mãe, Kouhen não aceitou muito bem. Ele assassinou meus pais porque acreditavam que estavam “manchando” a honra da família. – seus olhos eram inundados por um ódio ainda vivo. Ela ainda não esqueceu... – Eu apenas dei o troco.

– O que aconteceu depois? Como Nisshoku se apoderou do castelo? – perguntou Tsubasa.

– Depois do que fiz, eu saí daquele lugar. Não tinha o menor interesse em ficar. – falou ela. – Anos depois descobri que ele se instalara lá e que os antigos soldados do Kouhen passaram a segui-lo.

– Então alguns dos seguidores de Kouhen podem ser seus novos generais. – concluiu Shiro.

Tsukiyo concordou com a cabeça, lançando um olhar indecifrável para Sesshoumaru. O youkai teve que se esforçar para manter a indiferença e não olhá-la da forma como queria: com ternura. Não podia perder a compostura.

De repente, uma queimação dolorosa percorreu o braço de Sesshoumaru. Ele sentiu o coração acelerar e a temperatura corporal aumentar. Por um tris conseguiu conter um gemido de dor e agradeceu por todos estarem com a atenção presa em Tsukiyo. Sesshoumaru manteve a expressão indiferente de sempre, mas por debaixo da mesa, cerrava a mão com força para se controlar.

Ele notou que Arashi e Tsubasa discutiam alguma coisa com Tsukiyo, mas a tontura o impediu de discernir os sons ao seu redor. Droga! Pelo canto do olho, ele notou um olhar de Hiryu, mas o ignorou e tentou prosseguir com a reunião o mais rápido possível. Respirando fundo para manter a voz firme, ele interrompeu seja lá qual conversa estavam tendo.

– Suiryu, – o estrategista transferiu sua atenção para o Lorde. – amanhã pegará informações sobre o castelo de Kouhen e os terrenos do arredor com Tsukiyo. Crie a melhor forma de invadir. Tsubasa, você irá reunir as informações que puder sobre os antigos aliados de Kouhen e depois discutiremos os possíveis generais. O restante irá convocar todas as tropas e alinhá-las na linha de frente.

Os presentes nem chegaram a questionar a decisão de Sesshoumaru. Estavam num momento crítico, beirando a batalha e questionar as ordens de seu Senhor não era uma opção.

– Usem o resto do dia para assimilarem tudo o que ouviram hoje. – pela feição dos presentes, eles iriam precisar. Não era sempre que descobriam que iriam travar uma batalha com inimigos desconhecido e teriam que vencer em menos de uma semana. –Voltaremos a nos reunir amanhã cedo. Esta reunião está encerrada!


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Notas finais do capítulo

Sei que teve uma ceninha fofa de Sesshy, o que acharam? Eu tentei fazê-lo bem altruísta, mas aí percebi que estamos falando de Sesshoumaru, então, tem lá seu lado egoísta. Agora, ele vai lutar pelo que quer!



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