—Bom Dia Isabella! - Bella levou as mãos ao coração devido ao susto. Ela encarou o homem a sua frente com ódio e repulsa. A sua frente estava à pessoa que ela mais odiava no mundo. Ela evitava encontrar-se com ele, mas sua tarefa não era nada fácil, pois o seu terrível desafeto era o seu vizinho e os seus pais o tratavam como se fosse seu filho.

Bella vivia reclamando com os pais para que não dessem liberdade ao “inimigo”, mas ele se tornará da família e estava sempre na casa dela, até tinha uma cópia das chaves, o que fazia com que ele entrasse e saísse sempre que quisesse. Fato que a irritava ainda mais.

—Errou de casa de novo Cullen? – Edward ou o intruso como Bella gostava de chamar, soltou uma sonora gargalhada fazendo com que Jacob viesse correndo e pulasse nele.

—Muito bem Jake, acabe com ele. – Bella ria da cena.

—Isabella tire esse mostro de cima de mim. – Edward esqueceu a xícara de café que estava bebericando e saiu correndo com o cachorro em seu encalce. Bella apenas ria.

Assim como a dona, Jacob também não gostava de Edward. O cachorro havia sido um presente do primeiro namorado de Bella, Tyler. O cachorro parecia que fora treinado para manter Edward longe da dona. Tyler acreditava que o vizinho gostava de sua namorada, por isso lhe deu o cachorro como forma de tentar protegê-la. Eles terminaram um mês depois, mas Jacob continuou com sua missão. E há 10 anos ele persegue o vizinho. Edward já tentara de todas as formas agradar o cão, mas não surtiu nenhum efeito, só piorou ainda mais quando ele o levou para ser castrado.

—Bom dia filha! Achei ter ouvido a voz do Edward, onde ele está? - Renée deu um beijo na filha e se serviu de café.

—Está por aí... Correndo do Jacob.

—Bella. – Renée repreendeu a filha.

—Mãe não tive culpa. O Jake não gosta do Intruso, o que posso fazer?

—Primeiro: Edward não é intruso, é da família. E segundo: você pode pedir o Jacob pra não atacá-lo.

—Fica tranquila mãe, ele não morde, só quer brincar. Se o Edward não gosta, deveria de ficar longe da nossa casa. – sugeriu com inocência.

Edward entrou correndo e trancou a porta atrás de si com alívio.

—Bom dia tia. – Cumprimentou ainda ofegante.

—Malhando Cullen? – Bella o provocou devido ao seu estado, ele estava suado e respirava com dificuldade.

—Pois é, comecei um exercício novo, chama-se “correr do cachorro da vizinha maluca”. – Retrucou abrindo a geladeira e se servindo de suco bebendo direto da garrafa.

—Que nojo. Tenha modos, por favor. E você não tem casa não?

—Bella, por favor. E Edward sinta-se em casa e obrigado por fazer o café.

—Não há de quê tia. – Bella deixou a xícara de lado quando descobriu quem havia feito.

—Vou trabalhar, aqui não está agradável. – Anunciou se levantando.

—E agora pretende estragar outro ambiente? Que coisa feia.

Renée apenas ria, já estava mais do que acostumada com as farpas trocadas entre os dois. Quando eles eram pequenos ela tinha a esperança de que eles se acertassem e se tornassem amigos. Depois de uns anos, perdeu as esperanças. Ela amava tanto Edward e o tratava como um filho. Edward era filho de seus melhores amigos, Esme e Carlisle.

Renée e Esme sempre foram grandes amigas e eram muito unidas e até tiveram seus filhos no mesmo dia, fato que não foi planejado, foi uma “obra do destino”. O que causou grandes brigas nos aniversários dos dois, já que sempre faziam juntos a festa.

A primeira briga de Edward e Bella havia sido no aniversário de 1 ano deles. O bolo estava dividido, uma parte para cada um, mas haviam esquecido de explicar isso para os dois, e na hora de apagar as velas, eles começaram a brigar, pois cada um queria apagar sozinho. O resultado fora o bolo todo destruído e os dois cobertos de bolo. Desde então as brigas vem acontecendo.

Mesmo assim, até hoje, os pais fazem questão que comemorem juntos o aniversário. Para evitar grandes confusões sempre faziam algo pequeno, apenas para família e alguns poucos amigos. Porém, quando fizeram 16 anos, influenciado pelos amigos, Edward quis fazer uma grande festa, Bella queria continuar com a tradição e fazer algo pequeno. Cada um então fez sua própria festa, e todos foram na de Edward, até mesmo os pais de Bella e seu namorado, o que foi o motivo do término deles.

Depois de passar o aniversario sozinha, seu ódio pelo vizinho aumentou e ele como forma de se desculpar lhe fez uma festa surpresa no ano seguinte. O rancor diminuiu um pouco e eles voltaram a comemorar juntos os aniversários. O dia passou a ser chamado de “O Dia da Trégua”, durante aquele dia não havia brigas, mas no dia seguinte eles compensavam.

—Pensando em que amor? – Charlie abraçou a esposa.

—Só estava me lembrando das confusões do Edward e da Bella.

—Será que eles se acertam um dia?

—Duvido muito, mas gostaria que sim. Sempre quis que ele fosse nosso genro e Esme pensava da mesma forma.

—Vocês duas não tomam jeito. Quando descobriram o sexo dos bebês já começaram a fazer planos.

—Ah Charlie, me diz se não seria maravilhoso ver os dois juntos. - comentou sonhadora.

—Não gosto de imaginar meu bebê namorando, mas se é para fazer isso, seria bom mesmo que fosse com alguém que conheço desde criança. E alguém que sei onde mora. Assim saberei onde encontrar o sujeito caso precise acabar com ele.

—Até parece que se alguém magoasse nossa filha você não daria um jeito de encontrá-lo até se ele estivesse escondido no fim do mundo.

Charlie sorriu se lembrando de quando ele foi até a casa de um ex-namorado da filha que a havia traído. Quando a filha chegou chorando em casa e contou o ocorrido, ele chamou Edward e Carlisle e foram atrás do garoto. Edward quebrou o nariz do rapaz e Charlie o obrigou a pedir perdão publicamente a Bella na escola. Depois da vergonha passada ele se mudou de cidade. O boato correu pela cidade toda e Bella só conseguiu encontrar um novo namorado na faculdade. Todos os garotos ficaram com medo da fúria de Charlie, não seria nada bom magoar a filha do xerife.

Na faculdade, onde ninguém conhecia a história, ela pode finalmente sair com alguém sem que ele tivesse de passar por um interrogatório de Charlie. Mas como forma de garantir a segurança da filha, pediu que Edward cuidasse dela.

Os dois foram juntos para faculdade em Seattle. Eles não queriam ficar longe dos pais e foram para o mais perto possível. Seus pais alugaram um apartamento para os dois, assim poderiam cuidar um do outro. A convivência durante os 5 anos que ficaram lá foi insuportável, mas eles sobreviveram.

—Concordo com vocês duas. Seria bom se os dois ficassem juntos. – Charlie olhou pela janela e viu os dois brigando, de novo. – Só que isso não vai acontecer querida, infelizmente.

—Não vou com você Cullen

—Isabella, você está sem carro, eu tenho um carro e por acaso trabalhamos na mesma rua. Posso te dar uma carona.

—Eu não vou com você. Vou pegar um ônibus.

—E vai chegar atrasada no trabalho. – Edward completou.

—Não quero ter que te dever nenhum favor. – cruzou os braços em sinal de protesto.

—Última chance. Você vai querer uma carona ou não?

—Não. – declarou marchando rumo ao ponto de ônibus.

Edward arrancou com o carro e chegou rapidamente ao trabalho, enquanto que Bella teve que esperar pelo ônibus que não passou. Ela voltou para casa e foi obrigada a ir para o trabalho de carona na viatura do pai. Ela se arrependeu de não ter aceitado a oferta do vizinho. Bella era professora na escola infantil de Forks e Edward dono de uma floricultura e de um Cyber café. O lugar era muito frequentado, desde por pessoas em busca de um bom presente, passando por casais apaixonados e estudantes em busca de um local para se reunirem e até mesmo estudar um pouco. O local era muito agradável e calmo, até Bella gostava de ir até lá para poder preparar suas aulas. E toda vez que ia lá ganhava uma rosa de seu fiel admirador, Mike Newton. O garoto era completamente apaixonado por ela e já tentara diversas vezes convida-la para sair, mas como ele só tinha 17 anos era completamente ignorado por ela. Só lhe restava admirar e torcer para que algum dia ela o notasse.

Mike se animou quando Bella entrou no local.

—Boa tarde Bella. – cumprimentou animado atraindo a atenção do patrão.

—Olá Mike, como vai? - perguntou sentando-se à mesa de sempre.

—O que vai querer hoje? – Mike perguntou por perguntar, ele já sabia a resposta.

—O de sempre e peça para caprichar, ontem o café estava muito forte.

—Não cansa de reclamar não Isabella? – Edward trouxe o pedido da vizinha. Ela sempre vinha no mesmo horário e pedia a mesma coisa.

—Se fizesse as coisas direito não reclamaria.

—Newton volte ao serviço. – Edward ordenou.

—Quanta grosseria. – Bella comentou assim que Mike saiu.

—Defendendo o namoradinho? – Edward puxou uma cadeira e sentou de frente para Bella.

—Mike é um ótimo rapaz. Se fosse mais velho eu o namoraria.

—Fala sério. Você tem 30 anos e querendo pegar um garotinho.

—Tenho 25. Você sabe muito bem disso, ou esqueceu sua própria idade?

—Esqueci que você teve a sorte de nascer no mesmo dia que eu.

—O azar você quis dizer. Agora sai daqui que tenho mais o que fazer.

—Vou deixa-la em paz então.

—Ah Edward? – Bella chamou assim que ele se virou para sair. Ele até assustou, ela sempre o chamava de Cullen, ou de algum nome pejorativo.

—Pois não Isabella. – se virou sorrindo.

—Podemedarumacarona? – perguntou de uma vez só.

—Não entendi. Pode repetir?

—Podemedarumacarona?

—Isabella pergunte direito e fale alto. – Edward sorria internamente, na verdade ele dava gargalhadas, ele não podia acreditar que Isabella estava lhe pedindo carona. Ela devia de estar morrendo para lhe pedir algo. De manhã depois de soltar o cachorro, literalmente, para cima dele, ela recusara sua oferta de carona e agora ela vinha lhe pedir. Edward queria poder filmar esse momento.

Você.Poderia.Me.Dar.Uma.Carona para casa? – perguntou pausadamente, ela até corou devido à vergonha que estava passando.

—Será um enorme prazer querida vizinha. – saiu cantando em sinal de vitória. Bella abriu o notebook com raiva e se jogou no serviço. Ela dava aulas para crianças e estava sempre em busca de novos métodos para dar aulas. Ela era a professora mais querida da escola e seus alunos a amavam muito. Ela continuou trabalhando até o momento em que Mike lhe interrompeu e ela percebeu que já era tarde e que estavam fechando.

—Pra você. – Mike estendeu a rosa.

—Obrigado Mike, você é um doce.

—Estava pensando, qualquer dia desses poderíamos tomar um café juntos. O que acha?

—Dando em cima da cliente Newton?

—Não chefe, só estava... Er. – ele passava a mão no cabelo em desespero.

—Ele só estava sendo gentil. - Bella veio em sua defesa.

—Certo. Vamos?

—É claro. – Bella arrumou suas coisas e Mike continuou a encarando.

—Algum problema Newton? – Edward perguntou já irritado.

—Estou esperando a Bella responder ao meu convite.

—Oh sim. – exclamou surpresa com a determinação do rapaz, só que ele entendeu errado.

—Obrigado. Pode ser sábado então? – Bella o olhou confusa, enquanto que Edward sufocou uma risada.

—Sábado?

—Isso às 7. Eu passo na sua casa. Até mais Bella. – Ele saiu pulando feliz, finalmente teria um encontro com o amor de sua vida.

—O que aconteceu aqui? – questionou confusa.

—Você acabou de marcar um encontro com uma criança.

—Eu não marquei nada, ele entendeu errado. Precisa me ajudar Edward. – Bella segurou a mão dele e sentiu um arrepio forte. Soltou imediatamente a mão dele.

—Poxa estamos fazendo muitos pedidos hoje acha não? – Edward brincou tentando disfarçar o momento embaraçoso. Quando ela o tocou sentiu algo forte, não soube o que, mas foi algo que mudou a relação entre eles.