Filhos do Destino escrita por Histórias da Joaninha


Capítulo 6
Capítulo 06


Notas iniciais do capítulo

Comentários? De alguma alma, mesmo que penada...



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Murron está parada no alto de um penhasco, voltada para a queda e muito perto da beirada, a vista é impressionante. A montanha se mistura com as árvores, o céu e as nuvens.

A moça está chorando, os olhos, de íris negras, estão inchados e vermelhos, a cabeça doendo de tanto chorar. Ela não se importa, pois seu coração está em um estado muito pior, com uma dor lancinante. Ela está esperando por alguém, esperando pelo motivo de sua tristeza. Nunca havia passado por sua mente tirar a própria vida, não antes de conhecê-lo.

Wallace marcou este encontro, Murron deveria estar feliz pelo rapaz querer vê-la, porém ela sabe. Ele dirá algo que ela já sabe, algo que destruiu seu coração, algo que ela soube desde o dia do solstício. Ela viu nos olhos de seu amado, no festival, que não teria a tão sonhada vida ao lado de seu único e grande amor.

Murron, ao se lembrar do festival de solstício chora ainda mais, já não consegue chorar em silêncio, a dor em seu peito fica ainda mais forte e seus soluços ecoam pela região. Ela olha para o céu, está decidida sobre seus próximos passos, depois que Wallace dizer o que ela já imagina, depois que ele ir embora e estiver a uma distância segura. Ela se acalma.

Alguns minutos mais tarde ouve passos, mesmo com o chão desnivelado e cheio de pedras soltas, são passos firmes, são passos de Wallace. Ela se vira. Ele está com a cabaça baixa, não consegue encará-la nos olhos, nem parece o orgulhoso e poderoso guerreiro Wallace.

Ele se aproxima, se assusta, talvez por percebê-la chorando, talvez por ver o estado lastimável em que ela se encontra. Talvez por saber que o motivo do choro e do estado lastimável atual dela é ele, o motivo é o que ele tem a dizer. Ele tem ciência que ela já sabe o que será dito, mesmo assim é preciso ser dito por ele, para ela, e em voz alta.

Wallace se aproxima, coloca uma mão em cada ombro de Murron, agora é ela quem não consegue encarar os olhos dele. Ele pronuncia as terríveis palavras, ela volta a chorar e a soluçar muito, ela coloca suas mãos no rosto, escondendo seus olhos, ele a abraça carinhosamente e afaga suas costas.

Murron sente o cheiro de Wallace, é desesperador saber que nunca mais o sentirá, cheiro de segurança. Ela se afasta do amado, pede para que ele vá embora, diz que já se recuperou. Ele assente, se vira e se vai. Murron se senta em uma grande pedra que estava próxima de si e espera por algum tempo.

Wallace não está mais por perto. Ela anda para a beirada do penhasco, olha para baixo e não consegue ver o chão, olha para o céu e não encontra ajuda. Murron respira fundo, prestes a se lançar ao vácuo.

– Nãaaaaoooooo! - Grita Elizabeth ao acordar, suada e transtornada, de mais um dos frequentes sonhos, sonhos nos quais ela era Murron, sonhos onde Jonathan era Wallace.

Beth adorava e odiava seus sonhos. Adorava pois era apaixonada por Wallace, as partes boas dos sonhos eram como conto de fadas. E os odiava porque todos, sem exceção, terminavam com ela, Murron, devastada, aos prantos e sozinha. O sonho de hoje em especial era o que ela mais odiava, o mais triste, um pesadelo, era o final.

Elizabeth, depois daquele sonho, sempre passava o dia muito triste e carregava toda a emoção melancólica dele até a noite, até dormir e ter um sonho melhor. Tê-lo sonhado hoje era ruim, hoje iria ao baile dos Stonen com Jonathan. Não queria parecer uma doente, não queria aparecer desolada.

“Nada desagradável acontecerá hoje, Elizabeth! Tudo dará certo! Tudo dará certo!” - Pensa Beth.

***

Jonathan e Elizabeth estão na porta da mansão dos Stonen. Eles vieram na frente, vieram sozinhos em um veículo separado do senhor e senhora Archer.

O caminho não poderia ser mais prazeroso. Conversaram, riram, discutiram e riram mais ainda. Jonathan se apaixonou muitas vezes, mais vezes que deveria, porém nunca sentiu aquilo que sentia quando estava perto de Beth. Com ela sentia o coração quente, acolhido, feliz e em paz.

Ela era falante agora, não falante do tipo insuportável, falante no sentido de inteligente, entendia de muitos assuntos, tinha muitas opiniões. Ficava linda quando contrariada ou irritada, apontava o delicado dedo para confrontar e afirmar suas teorias. Um ato grosseiro que nela, e apenas nela, se tornava encantador e charmoso.

Ainda estavam parados na entrada da casa. Elizabeth estava relutante em dar o próximo passo, aquele que os colocaria para dentro do recinto. Jonathan percebeu a reticência e pousou sua mão livre no braço de Beth.

– O que foi? - Perguta ele.

– Eu nunca gostei destas recepções, sempre foram aterrorizantes.Você me distraiu durante o caminho e só me dei conta agora que tenho medo delas. Não quero entrar, eles me tratam mal ou fingem não me ver. As mulheres são cruéis, preferiria ir para a guerra a encarar qualquer uma delas!

Jonathan ri com o comentário.

– Eu sei que estas pessoas são cruéis. Sei que deve ser muito difícil para alguém como você, tão sensível, aguentar. Mas precisa aprender a lidar, este é seu mundo, você precisa fingir que eles não existem. Elas falam porque são odiosas, infelizes e porque querem deixar os outros infelizes também. Além disso, eu estou com você desta vez. Te distrai no caminho e te distrairei durante o baile.

– Promete?

– Não. Farei melhor, prometo que te farei se divertir! Que tal? Confia em mim para lhe entreter? Vamos entrar?

– Tudo bem! - Responde Beth animada e sorridente.

***

Como prometido por Jonty, Elizabeth estava alegre. Aquele baile não poderia ter ficado melhor. Ele conhecia alguns cavalheiros ali presentes, todos de fama duvidosa assim como o próprio Jonathan. Eles eram divertidos, inteligentes e, na medida do possível, quando conseguiam, educados. Os pais de Beth já estavam presentes e decidiram não interromper a socialização da garota, mesmo que fosse com rapazes daquele tipo, ela parecia feliz como nunca.

William Stonen sobe no terceiro degrau da imensa escada, situada no centro da sala, pede silêncio a todos e quando consegue inicia o discurso.

– Senhoras e senhores, agradeço a presença de todos! Como sabem, estamos oferecendo esta recepção para apresentar minha filha a sociedade, então, apresento-lhes minha filha, Isadore Stonen.

Neste momento, William desce os degraus e Isadore aparece no alto da escadaria. Os olhos dos presentes se elevaram, se Dore já era considerada uma beldade, hoje, estava mais estonteante que uma princesa em seus melhores dias.

Foi aí que as lembranças de uma vida não vivida mas sentida em sonhos dilacerou o peito de Elizabeth. Não era inveja da beleza de Isadore, ou da atenção que Dore conseguia apenas por aparecer, ou dos olhos de admiração vistos em todos os homens do local.

A bomba que atingiu o coração de Beth veio do olhar que Jonathan desprendia para Isadore, que mais parecia um anjo, que descia as escadas flutuando como brisa. Elizabeth pôde sentir na vida real o que vivenciara muitas vezes em seus sonhos, quando era Murron.

Identificou em Jonathan o mesmo olhar e expressão que Wallace demonstrou no festival de solstício quando viu Isabelle pela primeira vez. O mesmo amor e paixão efervescentes que borbulharam nas pupílas de Wallace estavam agora em Jonathan.


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Notas finais do capítulo

❀ "Com ela, sinto meu coração queimar, minha pele ferver e meus sentidos e pensamentos são todos voltados para aquela mulher"



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