Glassheart escrita por Miss Desaster


Capítulo 2
Bitchin' Summer


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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O dia no trabalho nunca pareceu tão cansativo com aqueles clientes incompetentes que reclamavam dos contratos não finalizados, mas não mandavam a papelada dentro do prazo. Hoje em especial o dia parecia não ter fim. Talvez por ser sexta e eu ansiar chegar em casa, tomar um banho, virar um pessoa e assistir algum filme.

Me atualizar com as minhas séries ou algo dentro do esperado.

Meu celular começou a vibração irritante, mas era melhor do que o toque estridente de qualquer música que ele pudesse tocar.

– Ainda trabalhando? – Caroline parecia animada com algo só com uma frase.

– Esperando que um helicóptero venha me buscar. Não aguento mais esperar qualquer condução. – Bufei jogando o crachá dentro da bolsa que parecia filhote de um furacão.

– Essa é a vida de reles mortais. Vai fazer o que mais tarde?

– Dormir? – Ergui a sobrancelha como se ela pudesse me ver.

– Como você aguenta? Não vou te deixar em plena sexta à noite. Não te informaram que é um crime?

– Meus policiais me botam na cama, então nada de denúncia.

– Eles podem me fazer uma visita também?

– Te empresto qualquer dia.

– Vamos sair um pouco? Dançar, rir, ver nossos amigos?

Care, são seus amigos. Ninguém me conhece.

– Serão os seus se aparecer mais, eles vão te amar que eu sei.

– Está tentando me convencer com elogios? Não funciona comigo, lembra?

– Se eu te xingar, melhora?

– Sim, mas hoje eu preciso muito descansar.

– Tudo bem, mas vou conseguir te arrastar hoje de noite. Tchau!

Revirei os olhos pra teimosia dela, mas o vagão do metrô se aproximava e ali funcionava a lei do mais rápido. A multidão além de empurrar meu corpo, empurrou meus pensamentos para o fundo da mente.

–-

– Como foi o trabalho? – Miranda, minha mãe sempre fazia a pergunta quando eu chegava com a testa vincada pelo estresse.

– Reclamações, como sempre. – Deitei na cama com as roupas que cheguei do trabalho, meus olhos precisavam do descanso merecido depois de incontáveis horas na frente do computador.

– Vai tomar banho pra jantar, assim você vai poder dormir o quanto quiser.

Fiz careta para ideia de ter que me levantar ou mexer qualquer músculo.

– Ou vai sair hoje?

– Se você encontrar meu clone e ele quiser sair, tudo bem.

O celular vibrou insistente em cima da mesa.

– Atenda e diga que morri. – O problema de trabalhar diretamente com telefone é o pavor que você pega pelo aparelho no seu tempo livre.

– É a Vicki. Disse que é importante.

– Vi, tudo bem? – Bocejei e mantive a posição de antes apenas com a diferença de precisar segurar o aparelho.

– Tudo ótimo, só vai melhorar se você der as caras hoje pra comemorarmos meu aniversário.

– Não podemos fazer isso amanhã? – Estava disposta a implorar, chorar e chantagear.

– Jeremy não vai trabalhar amanhã, então só podemos hoje.

– Você não pode me avisar com antecedência?

– Nós te buscamos e levamos em casa. Não seria meu aniversário sem você.

– Odeio isso, sabia?

– Sim, mas a data é especial. Te pago um drinque se isso ajudar.

–-

Nunca consegui negar muitas coisas que meus amigos me pedissem. Ir em lugar que prometi nunca pisar e quebrar a promessa só por eles, levantar da minha cama quando só queria dormir, aceitar conhecer amigos dos namorados das minhas amigas para todos irem ao mesmo lugar, comer em restaurantes que seria minha quarta opção e coisas do tipo.

A melhor forma de mostrar amizade é estar presente de várias formas e quando possível, palavras não diziam tanto quanto as pessoas superestimam. Falar é apenas consequência.

Olhei meu reflexo no espelho depois de três horas de sono, banho gelado, maquiagem e uma das roupas que mais combinavam com a ocasião. Não seria tão ruim assim, tirando a parte que eu não queria beber, não dançava e nem conhecia os amigos de Vicki e Jeremy.

– Falei que daria um jeito de você vir. – Caroline abriu o maior sorriso quando apareci ao lado de Vicki.

– Então é a pessoa que preciso matar essa noite? – Fingi um enforcamento nela.

– Nós precisamos sair, ter uma noite das garotas.

– E o Jeremy? – Virei pra Vicki que achou uma garrafa de cerveja em algum lugar desconhecido.

– Ele não liga que eu fique a noite toda com vocês.

Wake me up começou a tocar pelo DJ que aparentemente tinha um bom gosto para iniciar festas.

– Vamos dançar? – Caroline segurou Vicki e eu pelas mãos e nos guiou para o centro da pista.

Nós dançamos tanto que meus pés poderiam estar sangrando nas sandálias, mas o corpo quente me impediria de sentir. Voltamos para o lugar qeu Jeremy estava com os amigos desde o início.

– Podemos ficar um pouco por aqui. – Até Caroline parecia cansada.

Alguns dos garotos a chamou.

– Está pensando em se mudar pra cá com o Jeremy? – Perguntei enquanto bebia um pouco da garrafa da mesa dos garotos.

– Se o aluguel da casa tiver um preço bom, sim.

– E se não for?

– Continuamos morando com a sogra. Prefeito né?

– Quer uma? – Um garoto interrompeu nossa conversa e esticou uma garrafa de cerveja em nossa direção.

– Tentando nos embebedar, Matty? – Vicky bagunçou todo aquele cabelo loiro.

– É Matt. – Direcionou a segunda garrafa na minha direção. – E você?

– Elena.

– Você mora por aqui?

– Dê o fora, Matt. – Caroline chegou afastando o garoto de qualquer contato físico que ele pudesse tentar. – Não dê confiança pra nenhum deles.

A quantidade de garotos era considerável. Provavelmente tinha uns doze aglomerados em volta de uma mesa com um mix de cores que deixaria algumas árvores de natal com inveja.

– Aonde você se meteu?

– Stefan estava me chamando. – A garrafa foi tomada das minhas mãos.

– Quem?

– Meu primo. – Vicki ergueu a garrafa na direção de um dos garotos da roda.

– Todos vocês são parentes, amigos ou ex-namorados? Não fica confuso? – Todas as conexões estavam me dando dor de cabeça, imagina ver aquilo de perto.

Caroline abraçou Vicki e disse algo que fez ambas sorrirem.

– O que?

– Lembra da Jenna?

Jenna era uma ruiva que eu e Vicki conhecíamos na época da escola, namorada de alguém que sequer me lembrava. Ninguém que tivesse importância pra ser mencionada, éramos apenas conhecidas.

– Ela vai te matar se descobrir. – Vicki fez um sinal em negativa para o mesmo cara de antes.

– Descobrir o que? Nós não nos vemos há anos.

– Stefan gostou de você. – Caroline parecia ter engolido o canário. – Mas falei que você conhecia a Jenna.

– Eles tem algo?

– Namoro? Um filho? A lista não tem fim.

– Uma pena, ele parece interessante.

– Você não se importa? – Quis ignorar o olhar de reprovação de Vicki.

– Claro que não. Deveria?

– Essa é minha garota. – Caroline saiu se aproximou da mesa antes que pudesse mandá-la calar a boca e esperar que ele tomasse uma atitude.

–-

Achei estranho acordar em uma cama que não fosse a minha. Meus olhos lutaram por tempo bastante que até conseguir abri-los. Caroline estava dormindo na cama de cima e lembrei que ela me convencera a dormir e voltar pra casa no dia seguinte.

Tentei lembrar aonde era o banheiro ou a cozinha para beber um pouco de água e tirar aquele gosto horrível da boca.

Liz, a mãe de Caroline morava em outro estado e só havia a voz dela algumas vezes ao telefone. Bill não parecia muito presente.

Os corredores branco me deixavam com aquela sensação hospital como na tv. Só visitei hospital uma vez e não era algo que gostaria de repetir.

– Quem é você?

Cacete! Que susto.

– Alguém que quase morreu de susto. – Resmunguei e consegui tatear até o interruptor de luz.

– Eu te conheço?

A lembrança daquela festa algumas semanas atrás me atingiu em cheio. Era o irmão de Caroline, o cara dançante e da briga no fim da comemoração.

– Sou amiga da sua irmã. – Estendi a mão na direção dele que apertou rapidamente. – Elena.

– Damon. – Ele saiu em direção da geladeira pegando uma jarra de algo alaranjado. – Quer um pouco? Você parece horrível.

– Obrigada. – Ri. – Não costumo beber tanto.

– Estava na festa da noite passada? Não lembro de ter visto. – Parecia que Damon fazia um esforço para lembrar de qualquer tempo ou espaço que indicava que estivemos no mesmo lugar.

– Aniversário de uma amiga. E você? Também não te vi.

– Tentando fugir de três mulheres.

Peguei o copo em cima do balcão.

– Um brinde. E que elas nunca consigam te alcançar.

Brindamos com suco de laranja. Olhei para o relógio da parada: 05:48. Um brinde às cinco da manhã.

– Saúde. – Ele completou.


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Notas finais do capítulo

Nunca escrevo nada em primeira pessoa e resolvi fazer um teste dessa vez. Podem me falar se algo estiver incomodando ou agradando também. Como disse no início, as ideias ainda sendo moldadas na minha mente. Espero que estejam se divertindo com as minhas loucuras. Beijos e vejo vocês o mais rápido possível.



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