Amor de primavera escrita por Virgo no Aries


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

ATENÇÃO!
LEIAM OS AVISOS ABAIXO ANTES DE INICIAR A LEITURA DA FIC.

1. Essa fic é continuação da fic "Pergunte à água" que se encontra no meu perfil do Nyah.

2 Yamasaki Sousuke é um personagem canon no light novel "High Speed" no qual se baseia o anime Free! Usei as poucas informações que encontrei sobre ele na construçao dessa fic. Sua aparência física não é totalmente definida exceto por duas características que citei no texto. A personalidade dele é uma grata surpresa e vcs saberão o motivo ao ler a fic. :) Assim qualqer pessoa pode escrever com ele em suas fics, ok? Estou torcendo pra que ele apareça na segunda temporada do anime. ♥

3. Agora que você teve a paciência de ler esses pequenos avisos desejo a você uma... Boa leitura! ^^



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Encarava fixamente os olhos do outro como se os indagassem. Afinal, tratava-se de uma questão importante e somente ele poderia dar a si a resposta que queria. Entretanto, não podia perguntar diretamente...

Na verdade... Podia.

Mas não faria isso.

Não mesmo! Não tinha como perguntar da forma como ele o olhava. Era praticamente impossível! As palavras simplesmente não surgiam. Parecia que elas tinham sido tragadas no abismo profundo de sua própria garganta e ali trancafiadas contra a sua vontade. O mero esforço que fazia para dar voz à sua pergunta o fazia gaguejar. E gaguejar não era algo que estava em seus planos.

Já era embaraçoso procurar as palavras certas e fazê-las ganharem um sopro de vida em sua voz hesitante, olhando para a foto dele em seu celular...

Como diabos ia conseguir perguntar isso pessoalmente??!!!!

– Ahhhh!!!!!! – o ruivo gritou em frustração, fechando os olhos com força antes de deixar as costas encontrarem o colchão macio de sua cama. Virou a cabeça para o lado inquieto e espiou novamente a foto em seu Iphone com um franzir de sobrancelhas.

Suspirou frustrado.

As fotos que tinha dele eram praticamente todas iguais. Via o mesmo cabelo negro como a noite, a pele alva como porcelana, a boca pequena de lábios carnudos que imploravam para serem beijados... Sim, em sua fantasia era isso o que a boca dele exigia de si. Ser beijada e mordida até que expressasse o mesmo ardor e urgência ao se encontrar com a sua. Também vislumbrava o nariz ligeiramente arrebitado com ares de superioridade que tanto o irritava e, claro, os mais intrigantes olhos azuis-marinhos que havia conhecido em sua vida. Aquelas duas brilhantes safiras azuis que eram capazes de mexer com suas emoções de uma forma indiscutivelmente...

Incrível.

Poderia dizer que estar com Haru era o mesmo que estar dentro de uma montanha-russa... Só que com olhos vendados. Quando estava com o canceriano, Rin só conseguia...

Sentir.

Assim, quando Rin era pego desprevenido por uma ação inesperada do moreno isso obviamente provocava...

As mais interessantes reações no aquariano. Como essa em que Rin simulava uma tentativa desastrosa de fazer uma simples pergunta a uma foto do Haru.

E olha que era só uma foto.

Rin...

Você está com problemas.

– Não preciso que você repita isso pra mim! – o ruivo respondeu em voz alta e por pouco não xingou a si mesmo. A sua mente estava dando mil voltas ao redor dessa questão e já o estava atormentando o suficiente para um único dia.

E pensar que tudo isso começou com uma pergunta!

Não essa que estava tirando a pouca sanidade mental que ainda tinha. Tratava-se de outra pergunta que tinha escutado no dia anterior.

Uma pergunta feita pelo Makoto.

– Já decidiu o que vai dar de presente pro Haruka? – o tom usado pelo escorpiano foi casual. Sem cobranças. Provavelmente apenas uma pequena curiosidade. Ainda assim conseguiu gelar meu sangue porque me dei conta de algo crucial que até então tinha passado despercebido. Como pude ter esquecido de...

– ... Rin? Está me ouvindo?

– Hã? Ahhh... Makoto. Desculpe... Eu estou te escutando. Eu... Eu preciso desligar. Quer dizer... – por que eu estava me atrapalhando ao tentar me explicar?

– Rin, está tudo bem? Você ainda tem tempo pra pensar em algo. Bem, tenho certeza que Haru vai ficar feliz com qualquer coisa que dê a ele. – Makoto tentou amenizar a situação antes de fazer uma pausa e acrescentar. - Não fique tão preocupado.

– Eu não estou preocupado! – rebati imediatamente o que ele dizia. Foi automático. Eu não pensei antes de falar e me arrependi do tom que usei ao respondê-lo. Não havia motivo para agir assim com ele. Já tínhamos superado essa fase.

Havia sido um longo processo em que tínhamos nos machucado e que marcaram a todos tempos atrás quando éramos crianças. Foi um período difícil em que eu e Haruka sequer conseguíamos ter uma conversa decente e...

– Pfff... – arregalei os olhos ao escutar do outro lado da linha uma risada contida. Mas do que ele estava rindo, afinal? – Desculpe, Rin. Você e o Haru... Realmente andam bem parecidos.

– Eh??? O que quer dizer com isso? – tinha um sentimento muito estranho com relação a essa afirmação que o outro lhe dizia.

– Ah, não é nada demais. – o escorpiano abriu um sorriso cheio de segredos ao escutar a pergunta. Makoto quase podia visualizar o rosto do ruivo em reação como se ele estivesse na sua frente. Os olhos escarlates sempre tão desafiadores iriam amainar por breves instantes como se tivessem voltado à inocência pueril e uma curiosidade incontida iria cruzar os rubis rapidamente como um lampejo de um raio antes de voltarem a encará-lo com determinação.

Makoto não costumava perceber essas mudanças sutis em Rin quando eram crianças. Afinal, a sua atenção era em grande parte destinada a zelar por Haru. E para isso precisava primeiramente entender o canceriano. Tinha sido assim desde... Bem, sempre?

Era preciso tempo...

Um tempo precioso o qual necessitava ser compartilhado para entender Rin.

Será que eles...

Ainda tinham esse tempo?

– ... – do outro lado da linha Rin não sabia o que dizer. Ás vezes isso acontecia quando ambos conversavam. Era como se algo faltasse entre eles. Não era somente a ausência de palavras. Entretanto, o aquariano ainda não sabia decifrar o que era.

– Makot-...

– Se em seu presente estiver o seu coração, Haru jamais irá renegá-lo. Tenho certeza que fará a escolha certa... Rin. – Makoto disse sinceramente o que pensava. Talvez... Ambos, ele e Rin, precisassem de um pequeno empurrão para revelar mais de si um para outro. Agradecia por ter conhecido aquela pessoa a qual o aquariano, como já havia revelado a si e aos outros amigos de infância, tinha um sentimento tão dúbio e forte como o que sentia por Haruka. Yamasaki Sousuke lembrava muito o antigo Rin, quando eram crianças. Graças a ele conseguia entender um pouco mais do Rin atual. Que irônico, não?

– Yo, Makoto! – Rin não queria acreditar mas aquela voz que escutava ao longe no celular... Aquela voz lhe era extremamente familiar. Tinha que confirmar suas suspeitas com o escorpiano. - Com quem está...

–Hã? Rin... Rin?! Moshi moshi?! Você disse algo? Não estou te escutando direito. A ligação está muito ruim. Eu tenho um compromisso agora... Nos falamos depois? Cuide-se. Ja nee.

E assim a ligação telefônica foi encerrada.

Olhei para o celular em minhas mãos. No fim não consegui sanar minha curiosidade. Com quem Makoto tinha se encontrado? Retornar a ligação apenas para se informar disso não fazia seu perfil. No meio do calçadão da beira-mar, enquanto treinava minha corrida matinal diária, acabei tomando a decisão de dar o melhor presente de todos para Haruka.

Restava saber qual seria esse presente. Realmente não tinha muita certeza do que o canceriano poderia querer. Makoto certamente poderia lhe dizer o que Haruka gostaria de ganhar. Seria tão fácil perguntar ao escorpiano...

Mas não! Não iria pedir a ajuda dele! Tinha capacidade e bom gosto o suficiente para escolher um simples presente.

Havia outra questão muito mais importante no momento. E que graças ao Makoto estava causando um desconforto crescente em mim.

O resultado dessa breve conversa no dia seguinte foi...

– Um noite mal dormida, dor de cabeça e um mau-humor do cão. – rangi os dentes afiados, enfiando a cabeça no travesseiro. No final das contas acabei não conseguindo me decidir pelo presente que daria à Haru e a fatídica pergunta que faria a ele pairava como um fantasma em sua mente. Isso me fazia lembrar de como tudo o que fiz nos últimos anos tinha alguma coisa relacionada ao Haru.

Minha obsessão por ele existiu desde o momento em que o vi nadar pela primeira vez. A forma de ele nadar era genuinamente...

Bela.

Não havia motivos para negar.

E sim, isso me atraía.

Ele certamente devia influenciar outras pessoas com seu talento. Nagisa era a prova viva disso. Como o leonino dizia...Haru parecia um golfinho. Um golfinho que nadava simplesmente...

Por nadar.

E isso era algo que eu não conseguia entender. Por que não fazia sentido. Nadar apenas para sentir a água? Heh, eu zombava quando ele dizia isso. Eu que tinha um sonho e desejo de me tornar o melhor de todos os nadadores... De vencer uma Olimpíada... Não, eu não podia permitir que alguém sem objetivos claros fosse melhor do que eu.

Permitir isso seria o mesmo que renegar todo o meu esforço. O esforço que tinha feito para conseguir realizar o meu sonho. Eu queria provar que o meu esforço poderia superar o talento natural dele. E eu usei isso a meu favor.

Eu transformei o Haru num obstáculo que precisava ser superado.

A qualquer custo.

Ah... E como preço foi alto.

Eu canalizei todas as minhas expectativas e frustrações nele.

Foi algo egoísta de minha parte?

A única coisa que eu queria naquela época era seguir em frente. Sem me apegar a nada. Por que se eu me apegasse a alguém eu poderia...

Eh, eu poderia...

Sofrer.

E eu não queria sentir aquela dor novamente.

A dor de perder alguém que é importante pra você...

Só sabe quem a sente, não é... Otou-san? Pai?

Não posso dizer que me arrependo do que fiz...

Isso faz de mim um idiota completo?

Sinceramente?

Acho que não. Porque foi graças a todos os percalços que cheguei aqui onde estou. Por que eu me sentia no fundo... Perdido. Eu acredito que precisava passar por tudo isso para voltar a ver o Haru como algo mais do que um rival...

Para poder enxergar o Haru como...

Um amigo que queria me ajudar. Que queria me entender.

Mas que não conseguia expressar o quanto se importava...

E eu...

Eu não conseguia ver...

Eu, realmente, não conseguia ver isso.

Então... Eu fugi.

Eu nunca vou admitir em voz alta pra ninguém, mas o que eu procurava nas competições, quando estava no intercâmbio na Austrália, eu já havia encontrado. Contudo, eu achava que não era isso o que eu queria... Que não era o que eu precisava, entende?

Na verdade...

Foi na gentileza do Makoto, no entusiasmo de Nagisa e...

No talento? Não... Acho que... Tudo?

Tudo o que eu não conseguia ver naquela época e hoje vejo em Haru...

Que eu encontrei...

A mim mesmo.

Descobri que posso ser eu mesmo. Sem ter receio de brigar, rir ou...Heh. Ok, eu vou dizer! Ou até mesmo chorar vergonhosamente quando estou com eles.

Por que no final sempre existiu algo que nos uniu e nos une até hoje...

Nossa amizade.

Até mesmo o Speedo Glasses, com manias teóricas de beleza, acabou ganhando um espaço nesse elo. Só que eu não podia deixar ele descobrir isso antes do tempo. Eu mudei... E-então... Er....Querendo ou não...

E-eu tenho uma imagem a zelar!

Seja essa imagem boa ou ruim pras pessoas! O-oras, não é como se eu me importasse com o que os outros pensam de mim. São tantas opiniões diferentes que elas têm que... Se eu fosse me preocupar com isso, certamente, teria dores de cabeça bem mais frequentes das que estou tendo hoje!

Isso se reflete também na minha opinião sobre elas também.

Nitori, por exemplo, parece uma rêmora que me segue pra todo tipo de lugar. E ele REALMENTE fica excitado com qualquer coisa que eu faça. Acredito que se eu desse pra ele uma bola de plástico ele brincaria alegremente como se fosse uma foca.

E o Mikoshiba buchou... Eu admito que ele é um bom líder. Não é qualquer um que eu considero capaz de demonstrar o quanto a natação da Samezuka é boa! Ele só não é bom em dar cantadas. Ainda bem que a Gou não se deixou seduzir por ele. Ou iria mostrar do que eu sou capaz de fazer! Franzi o cenho, olhando para os galhos da árvore de cerejeira que via da janela do meu quarto. Foram tantas coisas que tinham acontecido...

As flores de cerejeira se desprenderam e a brisa fez com que algumas delas entrassem no quarto. Arregalei os olhos, sentei na cama rapidamente, abri um sorriso feroz e pleno de satisfação. O melhor presente pro Haru era... Claro! Não podia ser outro além desse!

Percebi que encenar as palavras que deveria dizer a ele jamais faria fluir o que eu verdadeiramente quero dizer. Nesse caso o ideal seria...

Agir como sempre agi com Haru durante todos esses anos.

Escutei a vibração do celular e para minha surpresa era ele...

Que milagre!!!! Ele sabia usar o celular!!! Por que ele sempre demorava séculos pra responder uma única mensagem quando eu enviava algo?! Oh, espere! Por que meu coração está batendo rápido? Eu não posso estar sinceramente feliz apenas porque ele tomou a iniciativa de ligar antes de mim dessa vez...

Posso?

...

Acho que meu rosto está corado.

Fuck!

– Yo, bom saber que está me ligando, Haru. Estava pensando em... Er... Bem. Q-queria me encontrar com você sem falta ainda hoje... Precisamos conversar. – droga, não era bem assim que imaginava falar com o canceriano, contudo se eu fosse parar para pensar nesses detalhes, provavelmente, eu não conseguiria dizer nada a ele. Esperava sinceramente que ele aceitasse meu pedido.

Esperava.

E esperava...

E... Por que ele está mudo?! Mas que diabos! Ele quer me deixar mais nervoso do que eu já estou?!

– Rin... Eu estou escutando. Pode falar. – ele parecia cauteloso na forma de falar mas disposto a me ouvir.

– Não, Haru. – suspirei profundamente e com certo alívio ao escutá-lo - Eu não quero só falar...- passei a mão pelos cabelos retirando a franja ruiva que insistia em cair sobre meus olhos. – Eu... Também quero te ver. Eu preciso te ver, ok? – e essa agora? Quando foi que minha voz ficou rouca?

– Então... Quer vir aqui em casa? – pode parecer loucura mas acho que ele sorriu ao dizer isso. Eu sentia. Como ele conseguia ser tão direto e ao mesmo tempo transmitir algo muito mais íntimo com tão poucas palavras?

– Estarei aí em trinta minutos... Haru. – respondi sentindo um calor agradável se espalhar por meu corpo antes de desligar o celular.

Levantei da cama, tomei uma ducha e troquei de roupa. Uma calça preta, sandálias, uma camiseta vinho e um casaco preto compunham o estilo despojado e cool. Prendi os cabelos molhados num rabo de cavalo e borrifei um pouco de colônia no pescoço. Coloquei alguns itens de uso pessoal dentro de uma mochila e com tudo pronto fui de bicicleta à casa de Haru.

Fui recebido pelo moreno, usando um avental branco. O cheiro de cavalinha frita invadiu minhas narinas. De repente, sentia-me como um marido que chegava exausto após um dia intenso de trabalho e cuja esposa caprichosa preparava com esmero o jantar do casal.

– Okaeri. Vamos, entre logo. Não fique parado na porta. – o canceriano disse, retirando o avental, antes de se virar e voltar pra cozinha... Porém, eu não permiti.

Puxei sua mão e envolvi sua cintura em meus braços possessivos. Meus dedos procuraram seu rosto e sem hesitar segurei seu queixo para que ele encarasse meus olhos. Exatamente. Eu queria olhar em suas safiras e dizer tudo o que sentia, contudo estar com Haru era algo que exigia mais do que palavras.

Se tínhamos dificuldade em nos fazer entender por palavras podíamos afirmar com nossos atos e toques revelavam mais do que conseguíamos dizer. Haru não permitia que eu o tocasse dessa forma no começo. Se bem me lembro o primeiro toque íntimo que tivemos foi um beijo que eu roubei dele no vestuário quando tivemos um treino coletivo na escola Iwatobi.

Eu aticei a sua libido.

Por que eu queria dar uma amostra ao Haru do que eu sentia quando estávamos próximos.

Quando me apaixonei pelo Haru?

Não recordo...

Apenas... Aconteceu.

Só fui me dar conta de que precisava concretizar esse amor no vestuário quando o vi, em pé, com o corpo molhado recém-saído da piscina com os olhos confusos que tentavam desesperadamente me entender quando eu mesmo não entendia como podia amá-lo. A única certeza que eu tive naquele momento foi...

Que eu o queria.

E ele seria meu.

Deixei meu nariz roçar o dele antes de morder delicadamente seu lábio inferior. Haru não reagia apenas me deixava atuar. Ele esperava que eu agisse assim como ocorreu em nosso primeiro beijo mas eu não queria a sua passividade. Por mais que ele me agradasse na cama quando eu o tomava com paixão em nossas noites tórridas de sexo. Hoje eu queria... Queria mostrar...

O quanto ele era importante pra mim.

Sorri e dei um selinho carinhoso na boca dele. Segurei sua mão e entrelacei nossos dedos, puxando-o para se sentar na mesinha de centro da sala.

– Preciso te perguntar uma coisa... – dobrei as pernas, numa posição confortável totalmente oposta à formalidade do canceriano sentando sobre os joelhos.

– Diga. – objetivo como sempre. Será que ele tinha noção do quanto isso também podia ser irritante? Tsc. Parecia que nada o abalava. Haru estava atento, porém com o tom de voz meio chateado. Hummm...Parece que alguém queria mais do que um selinho. Bom saber.

– Eu... – meus olhos se desviaram dele e encarei minhas mãos fechadas sobre as coxas. Deveria ser simples mas não era... Talvez porque tudo no relacionamento que tinha com Haru fosse diferente.

Fora do padrão.

A começar por esse pequeno detalhe.

Essa pergunta que faria agora para ele.

– Haru! Você... Você quer namorar comigo? – ok, não foi tão difícil. Nem tão traumático quanto pensava que seria.

Silêncio.

Ergui a cabeça e vi o rosto do Haru com uma expressão ilegível... Exceto pelos olhos que brilhavam intensamente...

De raiva.

– Isso é algum tipo de piada? –ele sussurrou de forma gélida. – O que tivemos até agora foi o que pra você?! – o moreno raramente falava alto e se estava fazendo isso agora era porque a pergunta que eu tinha feito devia ter mexido num ponto sensível dele...

Holy shit!

– Isso não é uma piada! – rebati furiosamente. Por que ele tinha se irritado, afinal? Estou fazendo uma pergunta séria e importante, caramba! – Eu realmente... Mas que.... – bufei exasperado. – Será que você ainda tem dúvida de que eu te amo?! – bati com as mãos espalmadas em cima da mesa, inclinando meu corpo pra frente. Exato! Eu já tinha me confessado pro canceriano mas ele nunca havia dito o que realmente sentia por mim. Mesmo depois de um ano de relacionamento!

Um ano inteiro!

O moreno abriu a boca pra falar mas não disse nada parecendo refletir. Haru abaixou a cabeça e fez algo que nunca esperei dele.

– Gomen. – sua voz parecia que ia quebrar. Ah, não... Não! Não era essa a expressão que queria ver nele!

Cerrei os dentes com força antes de desviar o olhar. Não era assim que as coisas deveriam acontecer. Até que eu vi.

O troféu que ganhamos o torneio de revezamento quando éramos crianças.

Levantei e o peguei em minhas mãos, sentindo o peso que ele carregava.

Memórias doces e amargas.

Coloquei-o na mesinha de centro em frente ao Haru fazendo com que ele finalmente olhasse pra mim.

– Esse troféu representa tudo o que conquistei. Amigos, lágrimas, risos, decepções, confiança e... Nem eu podia imaginar na época mas também meu primeiro amor. – não tive coragem de olhar para o Haru. Se o fizesse provavelmente não conseguiria terminar de dizer o que queria. No entanto, eu sabia que no fundo ele entendia porque também sentiu isso.

– Eu reneguei esse troféu durante muito tempo, contudo hoje eu o aceito. Quero que ele seja mais do que uma lembrança do passado. Quero que ele faça parte do meu futuro. Mas para isso... – peguei a mão direita do canceriano e beijei vagarosamente cada um dos seus dedos trêmulos que segurava gentilmente. Finalmente ergui meu olhar observando os sentimentos conflituosos nas safiras azuis. - Eu quero ser seu presente. Se eu te der meu coração você o aceitaria?

Céus, o olhar dele era de tirar o fôlego.

E era assim que eu me sentia. Com a respiração em suspenso à espera de uma resposta.

– Hai. – e então ele puxou com os dedos a liga que prendia meus cabelos e repousou as duas mãos no meu rosto, segurando-o como se eu fosse uma joia rara. Os cílios longos encobriram o céu azul que eu via e Haru beijou-me com uma intensidade amorosa tão grande que...

Me fez chorar...

De alegria.

– Parabéns pelo nosso primeiro ano de namoro, my shining.– ah, foi adorável vê-lo corar e ficar embaraçado com a forma que me referia a ele.

– Não é como se nós já não fóssemos namorados antes... – ele balbuciou um tanto desconcertado. Eu admito. Eu gostava de vê-lo assim... Vulnerável.

E tive que rir. Sabia exatamente o que responder a ele.

– Mas você não acha que dessa forma também é romântico? – a reação dele não poderia ser mais adorável.

– B-baka. – ah...ouvir Haru gaguejar não tinha preço! E sorri extremamente satisfeito com quem descobriu um tesouro valioso escondido no fundo do oceano. – Já que você é meu presente. Isso quer dizer que nossa relação avançou e podemos praticar outras posições. – eh? Isso teve um sentido dúbio? Peraí! Que rapidez foi essa?! De onde isso tinha saído?! – Hoje você será o uke, Rin. Vou te mostrar uma visão que você nunca viu antes. – oi, oi?! Que determinação era essa?! Como assim?! Por que ele estava estalando os dedos e com esse sorriso no rosto?! Não que fosse contra mas como diabos ele se recuperou tão rápido e já estava querendo....

Ele queria...

Ele queria fazer isso agora?!

– Hahaha! – e então fui presenteado com o melhor dos presentes. O riso do Haru. Ora seu... O abracei mais uma vez e rolamos pelo chão enquanto o beijava. Nunca me cansaria do gosto da boca macia e como ele ardentemente me correspondia. Era essa dança de línguas e lábios que me consumia.

Mordi suavemente o pescoço dele, marcando-o. Ele não gostava. Principalmente se fosse um lugar visível mas ele me perdoava. Aceitava o meu amor tão passional e entregava-se sem reservas para mim. Sempre!

Eu sou tão sortudo!

– Quer me acompanhar no banho? – ele propôs como se fosse algo sem importância. No entanto, eu sabia pela forma que seus dedos me tocavam e seus olhos observavam... Ele me queria. E eu jamais negaria meus sentimentos a ele novamente. Não mais. – meneei a cabeça em concordância, admirando-o. Isso foi algo que sempre fiz. Admirá-lo de longe. Agora poderia fazer isso compartilhando de sua presença.

Ele se levantou e pegou uma sacola se dirigindo para o banheiro. E eu peguei dentro do armário dois roupões de banho para nós. Quando adentrei no ofurô, o encontrei imerso dentro da água com pequenas pétalas rosadas.

Pétalas de cerejeira?

– Você sempre disse que queria nadar numa piscina com pétalas de cerejeira. Eu entrei escondido na Samezuka pra colocar algumas pétalas na piscina de lá e fazer uma surpresa pra você mas alguns professores me descobriram e disseram que avisariam meus pais caso voltasse a invadir a escola... De novo.

– Tá falando sério? – estava chocado com a quantidade de informação. Haru não falava muito, porém quando o fazia conseguia me surpreender. Nunca poderia imaginar que ele faria isso apenas...

Por que me amava?

Coloquei as mãos sobre o rosto escondendo parcialmente minha expressão de deleite. Sorri e sentei-me atrás dele na banheira, acomodando-o entre minhas pernas, e abraçando-o. Fechei os olhos e sussurrei no seu ouvido.

– Nosso amor é como essas pétalas de cerejeira, Haru. Elas florescem majestosamente toda primavera. E se depender de mim elas vão ultrapassar o tempo e todas as estações do ano.

– É um desafio à natureza? –o canceriano perguntou curioso. As safiras procurando os rubis.

– Não. É uma promessa. – disse apaixonado.

E essa foi selada com um beijo de amor.

– Nhaaa!! Rin-chan é kawaii, né? – o loirinho falou encantado ao terminar de ler as palavras que o aquariano havia escrito em seu diário. E pensar que isso tinha ocorrido a uma semana atrás.

– Nagisa-kun! – Rei tentava pegar o diário a todo custo das mãos do leonino que fugia de si e ria alto, divertindo-se com a cara que o namorado fazia no quarto do aquariano. – Você não devia ter lido! Devolva isso agora!... Não é uma atitude nada bonita, sabia?! Nitori-kun diga algo... Eh? N-nitori... kun?

– Ele vai me matar, ele vai me matar!! Por favor, não me odeie, Rin-senpaiiiii!!! – Nitori estava aterrorizado e tinha vontade de chorar. Com as pernas na altura do peito escondia o rosto entre elas encostado num canto do quarto enquanto Sousuke fazia um carinho na cabeça dele, tentando consolá-lo e, falhando miseravelmente.

Nitori havia trazido o diário de Rin para a casa dele uma vez que ruivo o tinha esquecido no dormitório da Samezuka e este passaria a morar com sua família de agora em diante. Se Rin soubesse que seus amigos tinham lido seu diário...

– O que eu faço Makoto-san?! – a essa altura o rosto do kouhai do ruivo estava em lágrimas. Ele realmente estava desesperado!

– Nagisa! Oi, Nagisa devolva isso! Bem... Nitori. – o escorpiano sentia um pouco de pena do mais novo.– Prometo que não deixarei ele te matar! – disse com convicção tentando transmitir segurança ao outro. – Mas não posso garantir que ele não deixe sequelas em você. – Makoto mexeu no cabelo na altura do pescoço meio desconcertado. Não podia iludir o garoto quanto a isso. Rin certamente ficaria possesso quando descobrisse.

Com essa resposta a alma de Nitori praticamente deu uma volta no cemitério antes de voltar ao seu corpo. E olha que por pouco ela não se perdeu no meio do caminho.

– Eu nunca imaginei que o meu onii-chan fosse tão... Romântico. – Gou disse ainda absorta com a nova descoberta.

– É... Pelo visto as aparências enganam. – Mikoshiba que estava sentado e de braços cruzados ao lado de Gou na cama do aquariano também estava meio incrédulo. E por força do hábito não pode deixar passar a oportunidade de tentar impressionar a ruiva. – Quem sabe...Nós poderíamos... Nos conhecer um pouco mais...

– Eu já disse que não... – Gou fechou os olhos tentando controlar o tique nervoso em sua sobrancelha que tremia ligeiramente. Mikoshiba era muito insistente mas não podia negar que os músculos dele eram... Perfeitos! Talvez pudesse dar uma chance a ele... Será que poderia tocá-los se aceitasse o convite dele?

–WHAT FUCKING HELL IS THAT??!!! – Rin esbravejou depois de abrir a porta do seu quarto e ver aquela zona. Como eles tinham entrado ali e sem sua permissão?!

Rin sentiu algo o cutucando nas costas e lembrou-se que estava acompanhado de Haru. O moreno não pediu licença e adentrou o quarto onde todos estavam mudos. A explosão do ruivo poucos segundos atrás tinha feito com que o clima do ambiente ficasse em suspense ou talvez tenha sido apenas o esforço que todos faziam para entender o que raios o ruivo tinha falado em inglês.

– Rin...- o aquariano finalmente olhou para Haru que até então estava calado. O moreno tinha um semblante sério. – Por que não me contou que ia fazer uma festa do pijama?

– Eu não vou fazer nenhuma festa do pijama! – e Rin fez uma careta, mostrando os dentes pontiagudos. Se ouvisse mais uma gracinha...

– Haru-chan! – Nagisa correu e jogou-se sobre o canceriano, abraçando o amigo de longa data ainda de posse do diário de Rin. Já tinha algum tempo que eles não se falavam. Mais precisamente... Uma semana.

– Nagisa! Aquilo que você me disse pra fazer ... Funcionou! – Rin ficou assustado com o brilho que emanou dos olhos azuis ao dizer isso. Mas do que ele estava falando com tanta satisfação?!

– Ahhh!!! – Nagisa abriu a boca em surpresa e tinha o mesmo brilho que Haru em seu olhar. Ok, era mais enervante e perigoso quando Nagisa mantinha essa expressão no rosto na opinião do aquariano. – Eu li o que aconteceu! – Nagisa mostrou o diário de Rin ao Haru. – Bem aqui nessa página o Rin conta tudinho! Eu nunca imaginei que o Rinrin--uuu-ahh...???

– Nagi-chan, fique quieto se preserva sua vida. – Rei tapou a boca do namorado com uma mão para que ele parasse de falar. E engoliu em seco. Seu olhar fixo nos rubis vermelhos como sangue de Rin.

A reação de Nagisa foi esticar a língua e lamber a palma da mão do sagitariano. Rei sentiu um estremecimento percorrer sua coluna e corou imediatamente, libertando o loirinho. E Rin sem pensar duas vezes atravessou o quarto e pegou seu diário, segurando-o de forma protetiva.

– Ah, Haru-chan você teve sorte de Rinrin ter se declarado primeiro à você. Eu tive que comprar um óculos novo pro Rei-chan porque ele não conseguia enxergar o meu amor por ele. – e o leonino fez um bico de desaprovação pro rapaz de óculos que pareceu ligeiramente constrangido. – Ainda bem que ele não me rejeitou. Afinal, de contas eu disse que tomaria a responsabilidade por ele se tornar meu. Valeu à pena esperar. Nossa primeira noite juntos foi... Linda! – dito isso o loiro passou os braços pelo pescoço do sagitariano, sentando-se sem reservas em seu colo no chão do quarto e beijou, carinhosamente, a bochecha dele.

– Rin, também foi incrível. Ele me mostrou algo que eu nunca tinha visto antes naquela noite. – o aquariano ficou exasperado e puxou a camisa do outro.

– N-não precisa entrar em detalhes! – o ruivo corou. Sua vida sexual estava sendo exposta pra todos ouvirem. Naquele momento ele entendeu exatamente o sentimento de Rei. Não devia ser fácil tendo Nagisa como namorado.

– Rin-senpai!! Gomen!! – Nitori se pendurou no aquariano em busca de perdão. - Não foi minha culpa! Trouxe seu diário porque você o havia esquecido na Samezuka mas Nagisa-kun o pegou e leu... - a cara de miserabilidade do garoto era tanta que Rin resolveu perdoá-lo na frente de todos só pra ele parar de se atormentar. E... Bem... Qualquer coisa poderia castiga-lo nos treinos de natação. O aquariano REALMENTE não conseguia entender como Nitori o olhava com tanta adoração.

Até que uma risada foi ouvida no quarto e Rin reconheceu uma pessoa que há muito tempo não via e não pronunciava seu nome.

– Sousuke?

O rapaz magro com mãos grandes consideradas maiores que o normal sorriu e cumprimentou o velho amigo.

– Yo, Rin. Bom te ver de novo!

– O que está fazendo aqui? – Para Rin era um mistério Sousuke reaparecer depois de tanto tempo. Afinal, ele tinha ido para outro clube de natação quando eram crianças e deixaram de se ver bem antes de ter ido pro intercâmbio na Austrália.

– Estou acompanhando meu namorado. – e então ele abriu um sorriso predatório extremamente divertido. Rin teve vontade de chutar a bunda dele ao fazer isso. O desgraçado era muito parecido consigo quando era criança.

Espere... Ele tinha dito namorado. Mas de quem...

– Sou-chan... – Makoto tentou apaziguar o clima tenso mas apenas conseguiu fazer com que todas as atenções se voltassem para ele.

“Sou-chan...”

A palavra ecoou na mente dos que estavam presentes como um mantra.

Não demorou muito para Rin perceber o óbvio. Makoto e Sousuke?! Desde quando eles?!!!

– Prazer em conhecê-lo pessoalmente, Sousuke. Espero que cuide bem do Makoto. Ele disse que você é especial. – Haru se aproximou avaliando o rapaz. Levava um tempo para se acostumar com pessoas que tinha acabado de conhecer. Porém, faria esse esforço pelo Makoto.

– Ele não tem reclamado dos meus cuidados. É um prazer conhece-lo também, Haru-chan. – e o canceriano franziu o cenho achando ele de alguma forma irritante como seu próprio namorado. Seria mera coincidência?

Quando Rin achava que a coisa não podia piorar descobriu que Haru já sabia da existência de Sousuke antes de si e que tinha um rolo com Makoto. E desde quando Haru falava com Sousuke sem usar honoríficos?!

Contudo, o que quase fez Rin quase enfartar foi ver Gou e Mikoshiba na cama. Na sua cama! Só esse fato fez com que mil e uma imagens proibidas para menores de dezoito anos surgissem em sua mente. Puxou o braço da irmã, afastando-a do capitão da Samezuka que pareceu realmente triste com a atitude do outro membro de natação. Pela sua cara de desapontamento parecia que alguém havia roubado seu doce favorito.

Rin de repente sentiu seu sangue fervilhar.

Sim, a culpa devia ser dessa febre que estava sentindo.

Maldita febre!

Uma febre que normalmente acometia os apaixonados naquela estação do ano.

Uma febre chamada...

Amor de primavera.


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Notas finais do capítulo

Então, eu alternei momentos de choro e risadas incontidas com essa fic. Foi extremamente divertido escrevê-la. Já tenho mais duas ideias de fic para o Free!dom (fandom de Free!) Algumas das informações usadas nessa fic, são verídicas e foram retiradas do primeiro volume do novel High Speed e dos original dramas lançados pela KyoAni para a promoção do anime Free! (1ª temporada). Por exemplo, o termo " my shining" utilizado por Rin na fic se refere à alguém que ele assim o denominava ao escrever sobre suas memórias num álbum de fotos do colégio primário em Iwatobi quando era criança. Para mim não poderia ser outra pessoa que não o Haru :3

Elogios e críticas construtivas sempre são bem-vindas! ♥

Até a próxima! ;)

Virgo no Áries