Era uma trilha escura e parecia infinita. Não havia tempo, não havia presa. Isabella caminhava calmamente até o final do túnel e então, de repente, era um salão fechado e com pouca iluminação. No fundo dele estava a âncora, enorme e reluzente, sentada em um trono dourado.

– Âncora, doce âncora. – A saudou enquanto se aproximava. A âncora continuou sentada, porém agora sorria. – Lembraste de mim?

– Isabella. – a voz cantarolou docemente, animada. – Minha doce Isabella.

– Gostando do seu império?

– Meu império é perfeito, minha senhora. – Respondeu, então ficou de pé. Por um momento, Isabella se sentiu incomoda com o tamanho da âncora. Ao perceber a inquietação de sua criadora, a âncora se encolheu até o tamanho da mesma. – melhor, senhora?

– Você é melhor do que eu pensava. - Elogiou sorrindo, então respirou fundo. – Este é o momento em que eu te toco?

– Não, senhora. Eu toco em você agora. – Anunciou erguendo o braço, mas então o encolheu de novo. – Devo lembrá-la, senhora, que há consequências.

– Quais são?

– Sua mágica será trocada por sua vida. Seu corpo... – estendeu a mão direita para atrás de Isabella, então o corpo dela, nu, flutuou sobre uma névoa azul escura, a cor de Isabella e agora da âncora. – foi queimado com o fogo azul, modificado para ser forte e está aqui agora. Porém, para voltar ao mundo dos vivos, toda a mágica que você sugou e toda a sua mágica antiga ficará comigo. Uma troca justa.

Isabella estremeceu, quase dispostas a recusar.

– Você pode aceitar ficar comigo, senhora, e seria feliz aqui.

Quase aceitou. Poderia encontrar Kol e ter sua felicidade, talvez achasse a famosa paz. Não encontraria Mariam após a paz, havia entendido que sua amiga morreu como humana e não estaria ali, ou talvez, no tal paraíso, a encontraria.

Mas tinha sua família. Sua família corria perigo, não podia deixar Damon e também tinha a possibilidade de trazer Kol de volta. A mágica foi ganhada e não nasceu com ela.

– Você estaria vulnerável. – atiçou a âncora, querendo mais um poder para ela, além da mágica de Isabella.

– Não, eu não estaria. – discordou, voltando a pensar direito. – Eu tenho os Salvatore, tenho os lobisomens, os Volturi, algumas boas bruxas e os Mikaelson. Também tenho a chance de trazer Kol de volta.

Respirou fundo e tentou se assegurar de que tudo ficaria bem.

Minha família me protegerá, e eu enfrentarei todas as bruxas que tiver para mantê-los a salvo e a mim mesma. Não posso me dar o luxo de ficar aqui sem eles, deixá-los expostos a uma morte certa, eu não encontraria a paz. Abriu os olhos e assentiu para a âncora, a incentivando a começar o doloroso processo de voltar a vida, sem sua amada mágica.

– Não vou negar, isso vai doer. – disse enquanto tocava o peito de Isabella, exatamente em cima do coração. – Vai doer muito e sua vida não será nada fácil.

– Não tem problema. – Segurou as mãos da âncora e sorriu antes que ela afundasse a mão em seu peito para trazê-la novamente a vida; disse as últimas palavras com o maior orgulho. – Sou Isabella Swan... Sou uma sobrevivente.