– Ela é estranha e linda. – Bonnie disse deitando a cabeça de lado para observar melhor.

A estátua era grande, cerca de dois metros de altura, o corpo da Âncora era bem formado, algumas palavras em latim estavam pintadas ao redor de seus braços e símbolos de vida, morte e seres sobrenaturais estavam ao redor dos corpo, a boca continha dezenas de dentes afiados, os olhos pintados como de uma gata, os cabelos longos e enrolados, as unhas eram afiadas e havia anéis e pulseiras por seu corpo. Suas vestes não eram simples; um sutiã era bem desenhado com flores e pedras e continha uma alça de corrente, a saia tinha uma abertura lateral e se erguia como calda, desenhada como calda de peixe, os pés bem detalhados e delicados, descalços.

Alice e Rosalie haviam melhorado os detalhes da deusa enquanto Jasper, Emmett e Jacob se certificavam de deixá-la perfeitamente intacta.

Havia se passado dois dias desde que Isabella acordou, estivera presa em detalhes do feitiço e mal conseguia respirar. Vivia com uma bolsa de sangue nas mãos e mal abraçou sua família, as bruxas estavam limpas e prontas para serem usadas.

A lua cheia apareceria novamente na noite seguinte, e Bella precisava se acalmar. Ainda eram três horas da tarde e o dia estava bonito, os pássaros cantavam nas árvores e corriam até o lago para se banhar, era tranquilizador estar ali.

– Espero que tudo não destrua o local. – Bonnie parou para observar ao redor, então deu um sorriso fraco enquanto segurava a mão de Bella. – Obrigada por nos ajudar.

– Não me agradeça ainda, Bon-Bon.

Antes que Bonnie falasse mais, uma moto parou atrás das duas. Klaus desceu e retirou o capacete, sorrindo.

– Não é como se esse pedaço de metal fosse impedir de me machucar, mas não gosto que bagunce meu cabelo. – Brincou enquanto se aproximava.

– Klaus! New Orleans finalmente foi domada?

– Marcellus está sendo uma pedra no caminho, mas é facilmente de ser chutada, agora que Rebeckah está se agarrando a Jacob novamente, imagino que será mais fácil de destruí-lo. – Falou com uma careta e olhou atentamente para a bruxa. – E você ficará feliz em não ser mais âncora até lá.

– Eu sei. – Bonnie disse sorrindo um tanto sarcástica, então juntou as mãos na frente do corpo. – Com licença.

Se afastou tímida, porém trêmula. Klaus poderia estar sob controle enquanto cuidava de Isabella, mas não alterava o fato de que ele havia a aterrorizado diversas vezes e matado Tyler, mesmo que tenha sido por justa causa. Assim que entrou em casa, tratou de ligar para Jeremy e pedir uma carona para longe dali.

Do lado de fora, Klaus e Bella resolveram dar uma caminhada ao redor do lago. Os pássaros se afastaram devido ao perigo que se aproximava, mas o canto podia ser ouvido de longe. Klaus soltou um suspiro e decidiu que a conversa emocional não podia ser tão aterrorizante quanto julgava ser.

– Fico feliz que tenha acordado, princesa.

Bella sorriu com as palavras do pai e colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha.

– Não fico tão feliz por ter acordado. – Olhou ao redor, ignorando o olhar questionador que recebera. – Eu estava com Kol, era um sonho... mas parecia tão real. Podia tocá-lo novamente, e estávamos no nosso castelo, na Inglaterra. As pessoas não tinham rostos e eu pouco me importava. Estava feliz de verdade.

– Você deveria matar Elena, toda essa dor...

– Continuaria. Elena o matou para se proteger, e você não se importou tanto na hora, tinha sua marca de caçador. A dor não vai embora, isso não trará Kol de volta. Então Elena vive, já teve sofrimento demais para pagar pela morte de Kol.

– Ás vezes me pergunto de onde veio essa bondade que há em você. – Disse risonho enquanto passava o braço pelo ombro dela.

– Elijah! Ele foi bondoso assim. Aliás, ele é.

– Fiquei com ódio de Kol quando soube que ele a tocava. – Klaus declarou, mais sério. – Não queria ninguém tocando em você, quase matei meu próprio irmão. Desejei apunhalá-lo novamente.

– Eu sei, me lembro da mobília destruída, das duas mulheres mortas em sua raiva, da sua briga com Kol... – Bella declarou com um sorriso sincero. – Vendo tudo isso agora torna divertido, mas eu realmente fiquei apavorada.

Os dois soltaram um riso fraco e ficaram em silêncio por alguns segundos, até Bella declarar.

– Vou trazê-lo de volta, Klaus. Mesmo que eu saiba que Damon ficará magoado, mesmo que eu tenha que arrumar mais motivos contra as bruxas e desafiar minha própria âncora, eu farei o máximo que puder, farei o melhor de mim para trazê-lo de volta.

Klaus ficou em silêncio, absorvendo as palavras. Isabella havia contado a sua família o que estava a matando, e temia que essa âncora realmente fosse a ruína dela, embora parecesse pior. Mas sua filha foi criada bem, passou por experiências difíceis e teve bons exemplos, ela sairia dessa e provavelmente conseguiria enfrentar todos os mundos para trazer Kol de volta.

A beijou perto do ouvido e sussurrou antes de afastar o rosto;

– Eu acredito em você.

Isso foi o suficiente para que a mente de Isabella se acalmasse mais e se fortalecesse, ela tinha cada vez mais força para enfrentar o que quer que fosse possível.

Klaus havia partido para sua antiga casa em Mystic Falls, onde Rebeckah e Jacob ensinavam as bruxas o que deviam fazer. Enzo estava na mansão também, porém em outro cômodo com Jane, planejando onde a guarda deveria agir e como caso houvesse algum ataque surpresa. Porém os planos eram raramente discutidos quando os dois arrumavam discussões próximas, se xingando, machucando um ao outro e rindo com elogios irônicos.

Isabella não sabia o que era paz até estar sozinha em casa. Na sacada de seu quarto, observava o sol se por atrás das árvores e pensava na beleza de tudo aquilo, em todas as vistas bonitas que teve na vida, todos os momentos perfeitos sozinha ou ao lado da família, ao lado de seu império.

Eu realmente tive uma boa vida. Pensou com um sorriso, enquanto sentava-se na cadeira. Uma vida maravilhosa repleta de tudo que eu precisava, até a parte ruim. Mas isso não quer dizer que acabou, tenho muito a fazer ainda.

Agradeceu aos céus que ninguém apareceu. Sua casa parecia uma loucura durante esse tempo, os únicos raramente vistos eram Elena e Jeremy que estavam na escola. Damon e Katherine tinham metade das coisas no quarto de hóspede e Stefan se dividia entre apoiar o emocional de Caroline ou cuidar de seu próprio, que era Katherine.

Ficou sozinha até o escurecer, apenas quando a lua e as estrelas brilharam com intensidade que sentiu alguém chegando.

Damon! Pensou alegre, sorrindo. E não se desapontou. O carro de Damon estacionou ao lado do seu e ele saiu assoviando, balançando a chave na mão. Antes de entrar, ergueu o rosto para o céu e sorriu, então encarou Bella na sacada.

Foi uma troca de sorriso rápido e sincera, apenas alguns segundos puderam falar tudo o que o coração dizia, mesmo que os lábios permanecessem selados. Não precisavam das palavras, elas não chegavam a altura do que sentiam um pelo outro.

Ele quebrou a troca de olhares e entrou em casa rapidamente, assim que pisou no quarto, foi recebido com um longo beijo.

– Ei. – a saudou, sorrindo enquanto a abraçava. – Sozinha aqui?

– Aproveitando a paz.

– Own! – fez uma careta brincalhona. – quer que eu vou embora, madame?

– Nem ouse! Estava esperando que só você chegasse. – O beijou novamente, enroscando os dedos nos cabelos negros de Damon, mas foi afastada rapidamente.

– Tipo garoto de programa? Amanhã é um grande dia e sei que está estre...

– Cale a boca, Salvatore! – Riu e o puxou pra janela. – A noite está linda, não?

– Desculpe perder o por-do-sol, Stefan estava com Caroline em algum canto conversando sobre o coração partido dela e Katherine ficou me irritando com uma farpa no dedo e depois uma maldita unha quebrada.

Bella riu e se sentou no colo dele, o encarando.

– Imagino o drama que Katerina faz... Ela é muito intensa.

– Ela sente sua falta. – Damon acariciou o rosto dela, um pouco mais sério. Bella desviou o olhar e fingiu brincar com a gola da camisa dele. – Eu incrivelmente a ouvi chorar com Stefan, dizendo que queria ter feito tudo diferente com você, ter a chance de recomeçar.

– Eu sei. Sei que ela quer diferente, mas eu não mudaria nada. Estou aqui agora, ela me terá.

Uma chama de esperança brilhou em Damon quando ela usou a palavra no futuro. Temia que Bella realmente morresse amanhã, não suportaria ser largado outra vez. A ultima vez sabia que ela estava vivo e sequer se lembrava, mas o vazio persistia. Agora, caso algo ocorresse, ela estaria realmente morta e não poderia salvá-la.

– Eu tenho que falar uma coisa. – Ela disse com a voz baixa, Damon a segurou no queixo, insinuando-a a erguer o rosto e encará-lo. – Eu sei que você pode se sentir... traído, novamente em uma espécie de triângulo amoroso, mas... Enquanto eu estiver viva, lutarei para trazer Kol de volta.

Damon se calou, agoniado. Seu passado com Kol não era muito melhor do que o tempo mais recente em que estiveram juntos. A briga principal era por Isabella, uma amizade forçada apenas amenizava a situação, mas muitas vezes era justamente o que piorava.

– Eu amo você, realmente amo. Mas também amo Kol e nem a morte será o suficiente para nos afastar. Não significa que eu vá ficar apenas com ele ou que o manterei vivo apenas para me observar com você, mas não posso amar duas pessoas e ficar com apenas uma. É como... como o pulmão e o ar. – Balançou as mãos enquanto falava, nervosa. Damon observava tudo atentamente, tentando não deixar suas emoções o afetarem demais. – Eu não posso escolher só um, preciso dos dois para viver! E não venha me falar que há pulmões falsos ou oxigênio por aparelhos, representam a mesma coisa.

Damon soltou um riso fraco quando ela o interrompeu antes mesmo que concluísse seus pensamentos. Ficou em silêncio por alguns minutos, pensando. Decidido, a beijou calmamente enquanto abraçava.

– Não ficarei contra, mas não significa que eu vá ajudá-la a trazê-lo de volta.

Bella sorriu e o beijou com mais intensidade, levantando a camiseta dele devagar.

Em apenas alguns minutos, os dois já se encontravam na cama, aproveitando a presença um do outro. Era como se estivessem se conhecendo e também dizendo adeus, pouquíssimas palavras foram trocadas entre o momento de intimidade que levou horas para terminar, aproveitaram a presença um do outro mesmo que fosse apenas para se olharem e trocarem alguns beijos.

Cada toque, cada respirar, cada segundo ao lado dele fazia com que Isabella ficasse mais calma, sentia-se cada vez mais amada e mais forte. Seus medos foram embora enquanto Damon a encarava profundamente e dizia que amá-la, repetia diversas vezes por se sentir confortável em dizer, como se fosse o momento certo para revelar seus sentimentos há tanto tempo escondidos.

O céu começava a clarear lentamente quando se abraçaram para dormir. Aninhada contra Damon, Bella se sentia cada vez mais segura, mergulhou em um sono profundo e calmo, o apreciando de forma cada vez mais intensa.

De certa forma, dentro dela, algo alertava que de sono tranquilo esse seria seu último.