Do I Wanna Know? escrita por N Owens


Capítulo 2
Do you ever get the fear that you can't shift the type that sticks around like something in your teeth?


Notas iniciais do capítulo

NARUTO pertence a Masashi Kishimoto.
DO I WANNA KNOW pertence a banda Arctic Monkeys.



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Do you ever get the fear that you can't shift the type that sticks around like something in your teeth?

Seus olhos ainda estavam fechados, mas Sasuke já estava acordado ha um bom tempo. Mergulhado no breu de suas pálpebras e lembranças, ele se lançava em uma busca continua, incansável e aparentemente interminável de qualquer que fosse a lembrança que tivesse de Hyuuga Hinata. Correram cerca de 17 dias desde que ela havia lhe dado o gato – que na verdade era uma gata, - a qual ele ainda não nomeara, e que por sinal, estava completamente acordada brincando com uma ponta do lençol que cobria seu dono e protetor. Fazia 14 dias que não a via. Fazia 3 dias que ouvira falar dela pela última vez, não que ele saísse muito.

Era sábado, ainda era escuro.

A busca por memórias mais antigas era completamente inútil. Tudo que ele se lembrava era dos cabelos curtos, e da baixa estatura na então menina. Contentou-se com as memórias mais recentes que vinham em um caminhar manso.

Ele não sabia que dia da semana era, mas quando voltara para Konoha, sabia que tinha tomado chá verde na noite anterior. Após sua chegada, previamente anunciada a Godaime, e assim aceita por seus serviços prestados a favor da nação ninja, Sasuke viu a moça Hyuuga encontrar-se com Uzumaki Naruto e entregá-lo algo, Naruto gesticulou e falou uma coisa incompreensível para si, o que fez a moça rir e sair de cena usando de uma nuvem de fumaça, isso tudo antes do loiro vê-lo e assim fazer uma de suas cenas comoventes – com inclusão de luta, lágrimas e algumas palavras de amor, de irmão para irmão, claro – e desajeitadas, Sasuke percebeu que Naruto esqueceu-se daquilo que a morena lhe dera, ou talvez estivesse apenas guardado para depois, apesar dele ainda crer mais na primeira opção, principalmente quando em seguida viram Sakura, que se agarrou ao seu pescoço e sussurrou algumas palavras incompreensíveis para si. Mais lágrimas gordas, pesadas e fetidamente salgadas eram destinadas a roupa anteriormente branca e limpa do moreno.

Ela usava o conjunto ninja habitual, mas suas mangas estavam mais dobradas do que costumavam ser. Parecia bem mais descontraída do que a vira anos atrás, e atualmente poderia dizer que na verdade, ela era apenas muito reservada. Apertou um pouco mais os olhos, quando a unha da felina fincou-se em um de seus dedos.

Lembrava-se de ter visto muitas pessoas. Os olhares raivosos, feios, gananciosos e ainda assim temerosos, às vezes se mesclavam aos que as moças faziam ao vê-lo passar, normalmente acompanhavam algumas palavras feias em ambos os sentidos. As moças dessa época eram muito abusadas, Sasuke pensou.

Nos dias seguintes concentrou-se em buscar arrumar seu clã, e consequentemente, seu lar, e por isso saiu em busca de alguns utensílios domésticos. Enquanto transitava por Konoha, viu-se atraído por uma grande loja de variedades no centro, e logo após, ele não sabia como, estava discutindo com um atendente a necessidade, ou falta, de levar um ralador de legumes, pois o Uchiha achava desnecessário o uso e o maldito atendente sentia-se no dever de obrigar muito sutilmente Sasuke a levá-lo, apesar do mesmo crer que era mais fácil usar kusanagi para isso. Para a felicidade do moreno, ele vira Hyuuga Hinata dar uma puxadinha suave no braço do atendente e pedi-lo para buscar algo que Sasuke não entendeu o que era, mas esse oferecera seu melhor sorriso galanteador para a Hyuuga e saira sem dar nenhuma satisfação a Sasuke, que resmungou enquanto revirava os olhos. Hinata o encarou por alguns segundos, e enfiou a mão na cestinha que carregava, tirando um pequeno acessório.

– Uchiha-san... – Ela chamou. Sasuke apenas fez sinal de que estava ouvindo. – Esse ralador é o ideal. Usando do lado inverso é possível fatiar. Eu recomendo que use com cenouras e tomates, se gostar. O valor é bem mais em conta que o que ele te ofereceu.

– Obrigado.

– É bom vê-lo de volta. – A morena sorriu, saindo para ir de encontro ao atendente, que também sorria.

Sasuke pensou em devolver o utensílio a prateleira.

Olhou o topo da cabeça de Hinata, e seus cabelos eram muito longos. Será que ela nunca corta? Ela era gentil. Será que ela nunca cortou o coração de ninguém? Mesmo que o fizesse, Sasuke sentia, ao olhar para ela em suas vestes de cores pastéis, que poderia perdoá-la.

Lembrou-se que buscou afastar-se de tai pensamentos. Kusanagi já havia fatiado tantos corpos.Seria nojento se ela fatiasse seus tomates frescos.

– Obrigado. – Ele sussurrou, mas a Hyuuga já não era capaz de ouvir.

Sasuke enfiou o pequeno rapador plástico em sua cestinha de compras e se dirigiu ao pagamento.

Agora ela estava lambendo seu pé com sua pequenina língua áspera, num gesto de solidariedade, e certamente em um pedido de desculpas meio mudo, de que sentia muito por ter-lhe machucado, e que na verdade só desejava brincar com sua coberta. A sensação lhe fazia cócegas. E ele deixou-se ter um leve sorriso de diversão.

Aquela terça era muito quente, quase sufocante. Sasuke não entendia como a alguns dias estivera chovendo tão pesadamente. A porta de sua casa estava aberta, enquanto ele empenhava-se em restaurar um banco semi corroído que ficava próximo,a qual poderia facilmente pagar a um marceneiro qualquer para que fizesse o serviço, mas em sua mente, o jovem desejava fazê-lo por suas próprias mãos, além de que por uns tempos ficaria sem receber missões, até que ele pudesse encontrar um time que o acolhesse – não que o time sete não o fizesse, mas no momento Naruto se concentrava em seu novo treinamento, e Sakura estava sempre de plantão no Hospital da Folha, devido ao número de acidentes remanescentes da guerra, e a rósea tomava aquilo como uma ótima experiência de aprendizado. Naruto poderia seguir em missão, caso a Godaime necessitasse, mas a rósea era realmente mais requisitada na área hopitalar – ou que seu time acolhesse alguém para preencher, ao menos, o vazio de Haruno Sakura.

A gatinha estava deitava como uma bola preta encima do tapete felpudo, sentindo uma leve brisa alisar seus pelos muito fofos, embaixo da sombra. Ouviu seu dono resmungar alguma coisa e ergueu sua cabeça para certificar-se de que tudo estava bem com ele, que chupava o dedão com certa força. O calor só parecia aumentar, e o Uchiha não conseguiu mais suportar o uso da camisa escura, e a tirou, aproveitando-se para tomar alguns goles d’água e refrescar-se, mantinha seus olhos fixos no balançar das árvores e só percebeu que alguém se aproximava quando já era tarde demais. Hinata trazia uma mochila nas costas, e suas roupas frescas e simples davam a entender que ela tinha o dia de folga.

– Bom dia, Uchiha-san... – ela fez uma breve reverencia, enquanto passou os olhos pela bagunça que Sasuke fizera. – Hm... o que você está construindo? – depois limitou-se apenas a pensar que estava sendo inconveniente.

– Hyuuga. – ele devolveu o cumprimento. – Um banco. – ele esticou uma das pernas e manteve a outra dobrada. Hinata abaixou-se a certa distancia dele.

Ela abriu a mochila e de dentro dela tirou a toalha que Sasuke antes a havia emprestado.

– Aqui está. – ela estendeu a toalha, e o jovem a pegou. – Eu... trouxe um lanche como... agradecimento. – tirou uma trouxinha da mochila azul. – Onde eu posso deixar?

– Vamos entrar. – Sasuke levantou-se e seguiu para dentro da mansão, sendo acompanhado a uma certa distancia pela herdeira Hyuuga.

– Com licença – a jovem disse a porta, onde tirou suas sandálias e fez um breve carinho na gata.

Sasuke já estava na cozinha fazendo chá, dispensou pedidos para que a Hyuuga se sentisse a vontade e sumiu para guardar a toalha. Ele encostou-a próximo as narinas e sentiu um leve cheiro de menta, ou eucalipto. Ele não tinha certeza. Sentia, de todo modo, que a sensação era melhor que comer geleia de morango.

Quando voltou, ela havia arrumado a mesa com alguns sanduiches leves e biscoitinhos, e parecia orgulhosa, como uma criança que mostra suas habilidades ao pai.

– Não precisava gastar com isso. – soou mais indiferente do que desejava.

– Não é nada. – ela remexeu-se para se ajeitar melhor, e Sasuke sentou-se, e serviu chá. – Eu vi que você está cortando a madeira, mas não vi onde você desenhou. Está fazendo isso no duro? – internamente achou graça que ela falasse dessa forma.

– Estou. – e deu de ombros.- Meus parentes faziam assim. – e pegou uma fatia de sanduiche.

– Seus parentes não usavam régua? – ela apareceu incrédula. E internamente sentiu-se satisfeita que ele não se sentisse mal em falar dos parentes em frente a ela.

– Não. – deu uma risadinha abafada.

– Incrível. – ela mordeu um biscoito doce. – Só pelos detalhes lá fora dá pra perceber que eles não usavam um molde. É tudo único.

– Eu não sabia que se interessava por marcenaria. – Sasuke bebericou o chá de jasmim.

– Não me interesso. – outra mordida.

– Então? – Ele questionou.

– Gosto da arte. – ela viu-se olhando os nós no cabelo dele.

– E onde o conhecimento por marcenaria vem?

– Sempre quis saber como era feito. – ela arfou e mordeu. – Um dia foram fazer uma obra no dojô do clã. Uma coisa levou a outra. – e bebericou mais de seu chá. – Ficou muito bom.

– Ahn?

– O chá.

– Obrigado. – e pousou seus olhos no topo da cabeleira da Hyuuga. Eram fios muito bonitos. – Que cor é essa?

– O quê? – seus olhos se abriram com curiosidade.

– Do seu cabelo. – Hinata sorriu.

– Índigo, Uchiha-san.

– Sasuke. – ele mordeu um biscoito doce. – Eu gosto.

– Obrigada, Sasuke.- Hinata corou levemente pelo elogio, e percebeu a gatinha entrando na cozinha e logo indo de encontro a Sasuke, fazendo referencia de que queria sentar-se em seu colo.

Sasuke fez uma careta.

– Você estava bem lá no tapete. – resmungou.

– Acho que só não quer dividir você. – sorriu.

– Acho que ela só é uma preguiçosa mimada. – bufou, passando a mão na extensão do pelo da gata.

– Já tem um nome?

– Ainda não. – levantou o olhar. – E o seu?

– Também não. Nada que combine com ele.

– Os Hyuuga não gostam de nomes luminosos? – Sasuke questionou. – Apesar de “Neji” não ter nada de luminoso.

– É como uma tradição, apesar de “Neji” não ter nada de luminoso, é quase uma referencia a sua genialidade. – suspirou, levemente cansada. – Só não sei como eles conseguiram descobrir isso em um bebê.

– E qual é a sua tradição? – foi a vez de Sasuke sentir-se bem por ela estar falando de possíveis tabus com ele.

– A minha? – foi retórica. – “Cara de quê.” – viu Sasuke dar uma risadinha. – E a sua?

– Eu nunca nomeei nada. – ele esquivou-se. As coisas que já nomeara normalmente não se discute com as visitas. Muito menos se ela for uma garota bonita, que quase cheira a algodão doce nos dias de domingo ensolarado.

– Me conte quando nomear a gata. – Hinata sorriu miudamente.

A conversa se estendeu por mais alguns minutos até que a Hyuuga disse que precisava ir, agradeceu a Sasuke pela hospitalidade, e por fim perguntou se poderia voltar para ver a gatinha.

– Sim. – ele a segurava nos braços, como uma concha. – Vou esperar que me ajude a projetar o banco, Hyuuga.

– Hinata. – ela terminou de calçar a sandália. – Fechado. Eu vou sair em missão amanhã, mas passo aqui quando voltar.

– Boa sorte, Hinata. – Sasuke lançou seu melhor olhar a ela. – Espero vê-la logo.

– Obrigada, Sasuke. – acenou e saiu andando. – Eu também.

Sasuke ficou olhando-a se afastar até que a herdeira Hyuuga não pudesse mais ser vista, sem nunca olhar para trás. Ele não sabia, mas ela só não olhou por medo que ele visse sua cara de criança tola que acabara de levantar para ver animes.

Sasuke remexeu-se. Aquele dia havia sido espetacular. A companhia da moça era completamente bem vinda e ele sentia-se confortável com a sensação de que não estava só, e mais ainda, de que ela nunca deixava de olhá-lo nos olhos, ao contrário das “taradas da Folha”, que não o deixariam em paz, se pudessem fazer um lanche na casa de Sasuke, em um belo dia de sol, com o Uchiha mostrando seu peito desnudo e levemente suado. Mas com seus comentários inteligentes, ele descobriu que Hinata – como ele podia chamá-la agora – além de inteligente, era perspicaz. Uma observadora nata. Tinha certeza que ela deveria ser uma das melhores, se não a melhor rastreadora da Folha, com seu byakugan. Sasuke percebera certa hesitação dela em alguns pontos, mas nada que não pudesse ser lapidado. E ele pretendia lapidar.

Ocorreu-lhe uma ideia.

Abriu os olhos e o breu não havia ido embora. Existia um buraco negro em sua face? Levou a mão aos olhos e sentiu o pelo macio. A gata estava dormindo em seu rosto.

Já passava da hora de se levantar.

Sentiu um gosto amargo na boca. Era engraçado. Parecia que havia algo em seus dentes, e sentiu-se enjoado como se estivesse em maré alta.


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Notas finais do capítulo

Hoje eu simplesmente desejei fazer uma jovem leitora feliz, em agradecimento a toda a felicidade que ela me proporciona.
Sinto muito, mas essa fanfic não foi betada, somente editada.
Espero que estejam gostando. Sinta-se livre para deixar sua crítica, ou sugestão.
Até mais tarde.



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