Perdidos escrita por Meus Contos


Capítulo 1
O MURO


Notas iniciais do capítulo

Olá, primeira vez aqui! A foto na capa é do Peeta e da Kat, mas meus personagens são originais e a história é diferente hein!.



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Minha perna direita já estava dormente. Eu não conseguia senti-la. Observava através do buraco do muro o movimento dos animais do outro lado na escuridão. Dia vinte e dois de abril, terça-feira. Minha vez de vigiar o muro. Eu e mais treze amigos. Amigos distantes eu diria. As pessoas que sobreviveram depois da guerra, ficaram meio hostis. Não temos amigos de verdade por aqui. Não podemos confiar em nossa própria sombra. Eu só confio no meu irmão, Natan. Ele é o único que me protege não só dos infectados famintos, mas dos humanos imunes, também famintos. Dentro do campo, não a nada que me lembre gestos afetivos, ou companheirismo. A gente só vive protegendo a própria vida. Não a mais amor, a necessidade de sobrevivência. Eu por exemplo, não sinto nada além de ódio, medo, e tristeza durante todo o meu dia. Por Natan sinto... não sei dizer. Ele parece desconhecido, apesar de ser meu irmão. Eu confio que ele vai me proteger. Não por que me ama, mais sim por que prometeu isso ao papai antes dele virar aquilo. Ele demonstra o tempo todo que sou um peso para ele. Sempre que vamos caçar, ele se preocupa mais comigo do que com a caça. Eu odeio isso. Olhei mais uma vez para o lado de fora e vi os arbustos se mexerem. Notei os outros em alerta. De todos os treze que estavam comigo em cada parte do longo muro, só Jeny, Eliot, e Charlie olharam para mim, como se perguntassem: “Será um infectado”? eu apenas balancei a cabeça dizendo que não sabia. O ultimo que estava na ponta a norte do muro, do grupo dos mais jovens que estavam morando no campo, se chama Jeredy. Era o mais velho de todos nós, com vinte e quatro anos. Insuportável e muito atraente, Jeredy é dotado de habilidades múltiplas. Muito forte, muito inteligente, ótimo em armadilhas e muito rápido. Ele deu ordem para que carregássemos as armas. Não poderíamos fazer barulho. Eu achava mais seguro o arcos. Minhas flechas eram silenciosas. Mesmo não sendo uma especialista em arco e flecha, eu sabia o que fazer com aquilo. Continuei a observar pelo pequeno buraco. E um alce adulto saiu dos arbustos. Foi muito rápido. Talvez um sistema automático dentro de mim. Todos ficaram aliviados, mas eu não. Subi rapidamente sobre as rochas do muro e com o arco e as flechas prontas rapidamente acertei por cima do muro o alce na barriga. Era muita comida. Não achávamos algo assim nas caças. Precisei fazer aquilo.

- Clarisse?! O que pensa que esta fazendo? Desça daí! – Jeredy deu um gripo abafado pelo medo de que algo pudesse me ver.

Escorreguei até o chão pelas pedras e cai na grama. Todos saíram de seus postos em cima de rochas gigantes. Jeredy se aproximou rápido demais. E foi rápido demais que senti o tapa em meu rosto. Com a pressão na cabeça e a mão no rosto fechei os olhos.

- Sua imbecil inútil! – Ele berrou perto de mim. – Você poderia ter feito eles nos verem.

- Era muito comida Jeredy, eu tinha que acertar aquele animal. – Falei sentindo o rosto arder.

- Como você acha que vamos buscar aquilo lá fora? – Perguntou com os punhos fechados.

- Pela manhã. Foi uma flecha, não fez barulho algum. Eles não vão vir para esse lado. O vento está para outra direção. Não vão sentir o cheiro. Eu calculei isso. – Disse tentando explicar.

- Jeredy, ela pensou na comunidade. Não fez por mal. Sabe disso! – Jeny entrou entre nós. – Seu babaca! Você marcou o rosto dela. Nunca bater em mulheres lembra?

- Ela mereceu Jeny! – Falou baixo franzindo a testa. Eu não olhava para os olhos dele.

Talvez todos entre os quatorze jovens, tivesse medo dele. Menos Jeny é claro. Era irmã mais nova. Entre eles eu acho que existia alguma coisa perto do amor. Ele saiu andando para o seu lugar na ponta ao norte do muro e eu peguei o arco e flecha no chão e caminhei até o meu, com raiva, e com o rosto ardendo. Eu poderia acertar o olho dele com uma flecha, mas não era tão ruim a esse ponto. Jeny caminhou ao meu lado. Acho que ela queria ser mais próxima de mim, como... amigas, mas eu era fechada demais para isso.

- Valeu Jeny! – Disse baixo. Ela apenas sorriu e subiu a sua pedra depressa.

Jeny era uma jovem de dezessete anos que parecia ter vinte e um. Corpo atlético, e quase escultural, cabelos lisos e loiros como os do irmão, em tom de mel. Olhos verdes quase mar e uma voz suave. Sempre sorria para as pessoas, apesar de todos serem absurdamente rudes com todos nós.

Charlie me puxou pelo braço e observou meu rosto. Ele sempre dava um jeito nos machucados de todos. Com seu óculos quebrado e uma mãe suave como de mulher ele observou se tinha algum corte.

- Foi só um tapa. – Afastei a mão dele gentilmente.

Algo que me surpreende é que, mesmo todos sendo tão hostis e rudes uns com os outros, não querem ver ninguém morto ou machucado. Pelo menos isso. Mão de obra nunca é demais.

Eliot era o mais novo dentre nós e tinha medo de todos, exceto de mim. Eu deveria ser mesmo muito inofensiva aos olhos de todos. O cabelo negro e liso como o de um índio o deixava com aparência de quatorze anos, apesar dele ter dezesseis. Ao todo, eu poderia ser amiga de Charlie, Jeny e Elliot, mas aqui, nessa situação é difícil.

O dia demorou muito para amanhecer. Depois de descer a pedra e caminhar lentamente pela grama, senti Jeny se aproximar para ir até o acampamento do meu lado. Ela sempre fazia isso. Eu não falava nada o caminho todo.

- Seu rosto ainda está bem vermelho. – fiquei em silêncio. – Os homens ficaram lá para pegar o alce. Nenhum infectado mexeu nele a noite toda. Como você disse não sentiram o cheiro. – A olhei e abaixei a cabeça. – Sabe Clarisse. Desculpa por aquilo, ele é meio impulsivo, mas nunca bate em ninguém, você sabe. Ele só estava com medo, talvez.

- Seu irmão com medo? – Perguntei.

- Ele é humano. Graças a Deus. – Bufei. – O que foi?

- Deus! Isso ainda existe? Depois de tudo o que nos aconteceu ainda acredita nisso. – Ela parou e eu parei mais a frente. Me virei e olhei para ela.

- Sim. Ele existe sim, e tudo que nos aconteceu, foi só consequência de um erro nosso, e no fundo você também sabe disso. – Suspirei sabendo que era nosso erro. Mas por que não nós ajudou?

- Desculpe. – Ela sorriu.

- Vamos. – Me puxou para continuar a caminhada.

Chegamos ao acampamento. O lugar era cheio de barracas bem montadas. Enormes, como uma casa. Ao todo nós éramos sessenta e oito pessoas. Treze idosos, vinte adultos entre trinta e cinquenta anos, quatorze jovens e vinte uma crianças, entre dez e nove meses. Não entendo a capacidade de alguém ter um bebe em uma situação dessas.

No meu do ano de dois mil e quinze, um dois países de primeiro mundo, lançou uma bomba química no oriente médio, afim de demonstrar seu poder para que todos os outros tivessem medo dele. A bomba se espalhou na atmosfera, contaminando mais de 45% da população mundial, com o vírus chamado comuns. O vírus transformou toda essa gente em criaturas sem alma que comiam a carne dos que não eram infectados. Quando mamãe me contava as histórias de zumbis, eu acha que eles eram deformados e lentos, esse não apodreceram, não perderam a força. Só ficaram com mais fome, e mais força. Os outros 55% da população foi sendo dizimada por esses monstros. Não a explicações corretas sobre o porque só 45% se transformou em um tipo de zumbi canibal. Talvez fossem fracos no organismo como meu pai que tinha câncer. Ele se transformou e matou minha mãe. Meu irmão Natan, deu um tiro na cabeça dele, na minha frente. Estamos no acampamento a mais de cinco anos. Fomos mandados para cá por um tio, que morreu no caminho.

Entrei na minha barraca e comi o ultimo pedaço de carne de esquilo que avia em uma vasilha. Poucas roupas, poucas cobertas, só uma mochila com cantil, uma faca de caça, uma barraca pequena, curativos, e mercúrio. Era bom ter o rio bem perto de nós. Era uma coisa muito boa mesmo. Ainda tinha peixe lá. Natan deve estar lá agora, tentando pescar algo. Peguei o medalhão no bolso e observei.

- O que aconteceu no muro? – A voz rouca de Natan não me causou susto, só um calafrio na espinha.

- Eu matei um alce e fui descuidada. Poderia ter prejudicado todos nós. Eu sei que errei. – Me levantei do chão e olhei para ele serio.

- Errou? – Perguntou me observando. – Seu erro nós trouxe comida por dois dias. Era um alce grande mesmo. Nunca tinha visto um daquele nas caças. – Começou a mexer nas roupas.

- Talvez eles andem mais a noite. – Disse baixo.

- O que é isso no seu rosto? – Fiquei em silêncio. – Quem foi?

- Foi um acidente na pedra. Eu me assustei com o grito do alce e escorreguei. – Menti.

- Não sabia que a pedra tinha mãos. – Falou seco. – Vá tomar um banho e descanse por hoje. Amanhã vamos caçar um pouco mais tarde que o normal. Talvez outro alce nós de o prazer de uma boa caçada. – Saiu da barraca.


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Notas finais do capítulo

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