Eu não estava esperando minha mãe, ela era da audácia então eu imaginava que ela não ia vir principalmente porque a familia dela estava aqui. Eu olhei para o lado e vi Margo sentada com os amigos dela, eu já sabia sobre ela porque minha mãe tinha me falado e Hazel me disse que ela e a mãe explicariam tudo para ela hoje. Vi um ônibus chegando e vi minha mãe em pé segurando na barra para não cair, provavelmente ela deu o lugar pra alguém.

– Ah querida - Disse minha mãe quando me viu.

– Oi - abracei ela meio sem jeito, não estamos acostumada com muito contato físico porque eramos da abnegação.

– Hazel e minha irmã já te explicaram tudo, certo?

– Sim, vão explicar pra Margo hoje.

– Ótimo - Ela disse mais para ela do que para mim.

– Papai não veio?

– Ele... Ele... Teve que trabalhar mais hoje, você sabe como é.

Minha mãe não sabia mentir, era divergente entre audácia, franqueza e abnegação.

– Ah, entendo.

Minha mãe começou a falar muito, sobre coisas que eu não estava prestando muita atenção. Me sentia mal por isso mas estava mais interessada na conversa entre a Margo e a família, ela ia descobrir que eu sou prima dela, que quase a familia toda é divergente, que a mulher que fez o teste de aptidão dela era sua tia... Eu acho que eu não aguentaria.

– Ela saiu correndo - Disse minha mãe de repente.

– O que?

– A Margo, saiu correndo pra lá - Ela pontou com o dedo pra uma direção e eu fui atras dela.

Ela estava sentada com a cabeça entre os braços sobre seus joelhos, chorando.

– Você está bem? - Perguntei, é claro que ela não estava.

Ela se levantou rápido demais e bateu a cabeça na parede.

– Desculpa, não quis assustar você.

– Você não me assustou e eu quero ficar sozinha.

– Eu sei que...

– Não você não sabe - Ela estava quase gritando - Eu já estava apavorada com isso de eu ser divergente e agora descubro que eu tenho uma familia na abnegação e que meu pai morreu porque era divergente e que provavelmente EU vou morrer também...

Ela se sentou no chão e voltou a chorar. Eu me sentei do lado dela em silêncio, ela encostou a cabeça no meu ombro depois de um tempo.

– Margo - Disse Charlie ofegante - Eu vi você correndo e vim ver se você estava bem.

Ela se levantou e abraçou ele com força. Eu fui embora pra dar privacidade a eles e quando olhei para trás vi Charlie prensando Margo na parede e beijando ela, revirei os olhos e sorri... por ser da abnegação nunca tinha sido beijada assim, deve ser bom.

– Olha por onde anda careta - Kevin disse quando esbarrei nele.

– Ai, nossa eu só esbarrei em você.

Ele estava estranho, como se sentisse culpado por alguma coisa. Alguma coisa me dizia que tinha a ver com a tal vingança contra a Margo.