Enfeitiçadas escrita por The Reaper


Capítulo 12
Verdade


Notas iniciais do capítulo

Voltei!
Boa Leitura...



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A manhã daquele dia passou muito lentamente. Pior para as três jovens sentadas em suas respectivas cadeiras naquela sala de aula repleta de outros tantos jovens completamente alheios a tudo que acontecia ao redor.

Quando finalmente a sirene tocou, avisando que o esperado término das aulas havia chegado Leslie, Ravena e Alina ergueram-se rapidamente e foram em direção à saída quase correndo. Seguiram para a floresta, pretendendo discutir sobre tudo o que ocorrera e juntas tomarem uma decisão que pusesse um fim em toda aquela confusão.

Ao chegarem na pequena clareira, colocaram suas mochilas no chão e sentaram-se.

–Então, alguém tem uma ideia? Indagou Alina. Depois, vendo que ninguém dissera nada voltou-se para Leslie – o fantasminha disse algo interessante?

–Ele me disse algumas coisas – admitiu Leslie – mas nem mesmo eu acredito muito, não, não pode ser.

Ravena ergueu uma sobrancelha.

–O que ele disse?

–Que o grimório era meu. E eu sou uma Monroe.

Alina e Ravena trocaram olhares perplexos. A loira foi a primeira a refazer-se do susto.

–Bom, até que faz sentido.

Alina esfregou as mãos excitada.

–Isso é ótimo! Significa que não temos que devolver porcaria nenhuma.

Leslie balançou a cabeça.

–Tudo, a minha vida toda me contaram uma mentira. Por quê?

–Porque o seu Coven não passa de um ninho de cobras venenosas – afirmou James sombriamente.

–Por favor, nos conte tudo – pediu Leslie.

–O que? – disse Alina não entendendo.

–Não foi com a gente que ela falou – explicou Ravena.

–Vamos para a sua casa – continuou James – posso lhe contar tudo, sem interrupções.

Leslie olhou para as amigas que a fitavam com intensidade. Seria mais simples conversar com James sem ter que para lhes explicar tudo o tempo todo. Ela acenou positivamente com a cabeça. Depois virou-se para as amigas.

–Vou para casa. Amanhã, conto tudo para vocês.

Alina não ficou satisfeita.

–Por quê?

–Só aguarde Alina, tudo bem? – respondeu a morena evasiva levantando-se e se afastando.

–Satisfeito? – perguntou Leslie, quando já estavam longe.

James não respondeu. E os dois permaneceram calados durante a longa caminhada até a casa de Leslie. Sua avó não estava em casa então ela seguiu para o quarto certificando-se de trancar a porta do quarto.

–Fale – Leslie disse, menos gentil que o comum. James percebeu isso e franziu o cenho. Ele não gostava nada de verbos no modo imperativo, a menos que fosse ele a dizê-los.

–Bom, eu te contei antes como os Monroe se estabeleceram aqui Berkshire. Gerard teve três filhos: Evan, Peter e eu.

Leslie surpreendeu-se ao saber que James era tão velho, mas não disse nada.

–Com nosso sobrenome alterado, ninguém desconfiou. Vivíamos tranquilamente aqui. Só que com o tempo isso começou a mudar. Éramos diferentes, poderosos...ganhamos destaque no Coven e com isso muitos inimigos. Acabaram descobrindo. Para pular a parte enfadonha, meu pai foi assassinado, assim como meus irmãos. Eu fui torturado para revelar os segredos do nosso poder, coisa que eu não sabia. Então eles me mataram.

Leslie ergueu as sobrancelhas, perplexa não só com aquela história, mas como a frieza de James a mencionar partes horríveis da sua vida.

Ao ver a expressão dele, James sorriu.

–Chocada?

–Como eu posso te ver? – indagou Leslie.

–Antes de morrer eu fiz um feitiço para separar meu corpo da alma. Com ele, eu poderia sair na hora da minha morte e depois voltar. Bem, pelo menos esse era o plano.

–Não funcionou?

James revirou os olhos.

–Se funcionasse, não estaríamos aqui.

–E os meus pais?

–Peter, meu irmão mais velho teve dois filhos. Gêmeos. Um morreu no parto, então ele, antevendo o que aconteceria, mentiu para todo mundo dizendo que sua esposa estava grávida de um único filho para salvar o outro que entregou num convento. Essa criança era o seu avô.

James passou a mão pelos cabelos antes de concluir.

–Ele teve uma filha Aila, que casou com um professor de ocultismo chamado Howard, se não me engano e eles morreram num incêndio “acidental”. Adivinha aonde?

Leslie balançou a cabeça sem entender.

–A casa. Aquela casa...

–Sim, aquela casa – confirmou.

–Quem os matou? – perguntou Leslie.

–Hernand Lavesque – James disse praticamente cuspindo as palavras – a mesma pessoa que roubou o livro tentando assim descobrir seus segredos. E ele teve ajuda, é claro.

Os olhos de Leslie já eram inquiridores o suficiente. Não era necessário formular uma pergunta.

–Timothy Daywood e Edith Holmes.

–É monstruoso... – sussurrou Leslie para si mesma. De repente, tudo o que ele conhecia, o que lhe era familiar tornara-se estranho. O pai da sua amiga havia participado do assassinato de seus pais e isso era só uma parte do seu pesadelo. Deixou seu corpo cair na cama, sentindo-se cansada e desiludida.

–E eu? Como eu vim parar aqui?

James demorou um pouco para responder.

–Isso, eu não sei.

–Sério? Você sabe de tudo sobre a minha vida, menos da coisa mais importante.

James deu de ombros.

–Não sou uma câmera vinte e quatro horas, sabia? Às vezes eu desapareço, fico fora do ar.

Leslie parou pensativa.

–O que aconteceu com você –disse bruscamente – é reversível?

–Talvez. O que você pretende fazer?

–Me ensine. Me inicie a magia, e me ajude a contar toda a verdade.

James fez uma careta.

–Não é um plano muito bom, se quer saber.

–Eles têm que pagar pelo que fizeram e eu ainda tenho coisas para descobrir. Me ajude e eu te ajudo.

James sorriu maliciosamente.

–Bom minha aluna, mãos a obra.

******************************************************

Alina estava furiosa. Como é que ela podia? Leslie não podia ir embora daquele jeito, deixando suas amigas assim, no escuro. Depois de se despedir de Ravena, que não parecia mais tão aborrecida, ela resolveu dar umas voltas pela cidade. Ao passar da pequena lanchonete que ficava próxima a praça principal, ele avistou Edith Holmes e a neta, a diretora do colégio Madie Holmes. Uma mulher austera, sempre impecavelmente vestida, com seus cabelos negros arrumados num coque simetricamente ajustado no alto da cabeça. Ela quase nunca saía de sua sala no colégio e muitos alunos (inclusive ela mesma) chamavam a mulher de “Madie fantasma”.

Acenou de longe, procurando se afastar o mais rápido possível para evita qualquer tipo de interação mais prolongada ficando ainda mais aborrecida quando a mulher lhe fez um gesto para que se aproximasse. A contragosto, ela se aproximou da mesa.

–Olá senhorita Ross. Como vai? – disse a mulher educadamente.

–Muito bem diretora Holmes – respondeu Alina com um sorriso falso nos lábios, tratando de também cumprimentar Edith, estranhamente calada.

–O dia de sua iniciação está chegando. Deve estar ansiosa.

–Um pouco – admitiu Alina.

–E Leslie? – indagou Madie.

Alina estreitou os olhos sem entender.

–O que tem ela?

–Deve estar ansiosa também, não é?

–Oh, sim ela está.

–Amanhã – disse Madie, mudando de assunto – quero que vá até a minha sala. Chame Ravena e Leslie também.

Alina acenou.

–Tudo bem.

Depois disso a mulher sorriu e Alina se afastou ainda parando para dar uma olhada de esguelha em Edith que parecia uma pedra de tão quieta. A ruiva não soube dizer o porque, mas imaginava que isso não era um bom sinal.


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Notas finais do capítulo

Que história hein? Como será que a Leslie foi parar nas mãos da Moira?



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