Minha luz escrita por Larissa das Neves


Capítulo 15
Wait


Notas iniciais do capítulo

Gente, vocês me perdoam? Essas férias estão acabando comigo (no sentido de não conseguir pensar em nada). Sabe quando você tem toda estória na cabeça mas não consegue encontrar as palavras para contar? Tipo isso. Mas com os comentários de vocês e devido a uma fonte, soube que a fic está fazendo falta e isso me deu uma injeção de animo para esse capítulo. E porque vocês merecem, eu também sou leitora e sei a agonia de esperar por um capítulo novo. Espero que gostem, amores



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Clara não acreditava no que via. Por um lado, Ivan estava na calçada e quase havia sido atropelado. O menino estava de pé e olhava horrorizado a cena á frente. Por outro, Marina estava caída no meio da avenida completamente inconsciente, machucada e com muito sangue em volta de sua cabeça.

– Marina!

A assistente corria com todas as forças que conseguia exigir de suas pernas. A ideia de chegar até a amada e não encontrar Marina viva a deixou tão zonza que parou por um momento em busca de ar, enquanto sentia mais lágrimas transbordarem dos olhos. Não percebeu que muitos curiosos já rondavam o lugar e quando alcançou a fotógrafa, ajoelhou ao seu lado, balançando a cabeça negativamente como se tudo aquilo fosse um grande pesadelo. Quando pensou em pegá-la e trazer para perto de si sentiu mãos muito grandes puxando-lhe pelo ombro e a afastando da amada. Era Cadu.

– Cadu, me deixa! – Gritava, tentando desvencilhar dele. – Tudo isso é culpa sua! Sua! Se acontecer alguma coisa com ela, eu te mato!

– Clara, fica calma! – Segurou os pulsos dela que insistiam em ir em direção a si. – Você não pode tocar nela! Imagina se ela quebrou algo e piora se você mexer nela!

– Tudo isso é culpa sua! – Empurrou ele para trás e viu o filho correr em sua direção. O Abraçou, tirando-o dali para que não visse a cena. – Ivan, meu filho! Você está bem?

– Eu to bem.. Mãe, a Marina.. – Sua voz estava baixa e ele parecia em estado de choque.

– Ela vai ficar bem. Vai ficar bem. – Repetia mais para si mesma que para o pequeno.

Olhou para trás e viu Cadu agachado ao lado de Marina, falando ao celular, e deduziu que ele estava chamando uma ambulância.

Quando o resgate chegou, a equipe não perdeu tempo em imobilizar a fotógrafa e coloca-la numa maca. O primeiro atendimento era minucioso e avaliavam a gravidade das lesões, imobilizaram pescoço com colar cervical para evitar trauma de coluna e realizavam tudo com muita eficiência e cuidado. Clara procurava decifrar a expressão dos técnicos de enfermagem e de um enfermeiro que estava presente, que permaneceram completamente impassíveis e inexpressíveis. Enquanto a colocaram com muito cuidado dentro da ambulância, o enfermeiro se dirigiu para Clara.

– Alguém vai com ela na ambulância?

– Como ela está? O estado dela?

– Isso quem vai avaliar é o médico, senhora. Por enquanto ela está estável, mas precisamos correr. A senhora é o que dela?

– Eu sou.. – Hesitou, dirigindo o olhar para dentro da ambulância e avistou Marina respirando através de uma máscara e passando por todo o atendimento primário. – Sou a namorada dela.

– Certo. E vai acompanhá-la?

A assistente olhou para o lado e viu Ivan abraçado ao Pai.

– Vou direto para o hospital. Preciso deixar meu filho em casa primeiro.

– Certo. – Disse por fim, entrando na ambulância e fechando a porta, cortando a visão que Clara tinha da mulher que tanto ama.

A ambulância se afastava emitindo aquele característico som de emergência, indicando que alguém ali precisava muito de ajuda. Clara não tirou os olhos do veículo até que ele sumiu de vista. Para liberar o trânsito, a dona de casa seguiu em direção a calçada, indo de encontro ao filho.

– Mãe, eu quero visitar a Marina! – Falou, demonstrando toda a aflição que estava presente em sua voz.

– Eu vou te levar, querido. Sei que ela vai querer muito te ver. Agora venha, vou te levar para casa. – Disse, puxando o filho em direção ao carro de Marina e ignorando completamente Cadu.

– Clara, eu posso ficar com ele enquanto você fica no hospital.

– Vá para casa, Cadu. – Fechou os olhos e procurou controlar as lágrimas de ódio que surgiram ali. – Já basta tudo que você causou aqui. – Viu que a chave do carro estava caída no chão e a pegou, destravando as portas e colocando Ivan no banco traseiro.

– Ele é o meu filho também, Clara. – Suspirou, se colocando na frente da ex-esposa, procurando chamar sua atenção. – Sei que fiz uma burrada muito grande aqui e..

– Burrada? Burrada, Cadu? A Marina pode morrer e você diz que fez “uma burrada”? Saia da minha frente antes que eu passe com esse carro por cima de você! – Ameaçou, e empurrando para o lado e indo em direção à porta do motorista. Parou e encarou Cadu que estava na calçada. – Reze para ela ficar bem, Cadu. Reze. – Entrou, ligou e saiu com o carro, deixando para trás um Cadu completamente perplexo.

~.~

O prédio da Família estava em total silêncio. Provável que estivesse todos almoçando, por conta do horário. Clara entrou pela portaria junto com o filho e se dirigiu ao elevador sem falar com ninguém. O tempo até chegar ao andar de seu apartamento foi sufocante. A imagem de Marina caída inconsciente e sangrando no chão não saia de sua cabeça e começou a questionar porque o destino estava colocando empecilhos no caminho delas. Quando chegou ao calor de seu apartamento, percebeu que Ivan estava pálido.

– Filho, o que foi?! – O levou até o sofá para sentar e sentou junto a ele.

– Mãe, se a Marina morrer é culpa minha? – Perguntou, mantendo uma voz baixa carregada de desespero.

A pergunta pegou Clara de surpresa e ela temia que seu único filho sofresse algum tipo de trauma decorrente das possíveis consequências que iriam ocorrer. Abraçou-o forte, acariciando os cabelos loiros, tentando acalmá-lo.

– A culpa não é sua, meu amor. Por favor, não pense assim. E afaste esses pensamentos negativos, a Marina vai ficar bem. – Forçou um sorriso quando o pequeno levantou os olhos para lhe encarar.

– Mãe.

– Fale, querido.

– Você gosta da Marina, não é?

Mais uma vez a dona de casa se viu surpresa com as perguntas diretas de Ivan e pensou em recuar. Mas decidiu que era hoje de contar, oficialmente.

– Gosto, filho.

– Vocês estão namorando?

– Porque acha isso?

– Por que tudo o que vocês fazem pessoas que namoram fazem também.

– Ivan... – Clara respirou fundo para ganhar coragem. – Quando encontramos uma pessoa especial, que nos faz feliz, nós queremos ficar com ela, certo?

– Certo...

– É o que aconteceu comigo e com a Marina. Eu gosto muito dela e ela de mim.

– Então vocês namoram?

– Sim, meu amor. Estamos namorando. – Clara sorriu e ao lembrar-se do estado de Marina, que já deveria estar no hospital, o sorriso desapareceu.

– Mãe, eu gosto muito da Marina, mas a gente pode conversar disso depois, quando ela melhorar. – Sorri, surpreendendo Clara com sua maturidade precoce.

– Concordo. – falou, acariciando os cabelos de seu único filho.

– Eu vou poder visitar a Marina no hospital, mãe?

– Quando ela melhorar nós daremos um jeito. Agora eu vou cozinhar alguma coisa para você.

– Ah, é. Nós íamos almoçar com a Marina... – O menino falou, cabisbaixo, e Clara sentiu os olhos lacrimejarem.

– A Marina vai ficar bem, certo? Vamos pensar positivo. – Sorriu, balançando a cabeça para espantar as lágrimas.

Clara sugeriu que o menino fosse jogar videogame e se dirigiu para a cozinha a fim de fazer o almoço do filho. Haviam combinado de almoçar juntos, os três, depois da audiência do divórcio e aquilo precisou ser adiado a contragosto. A dona de casa sabia que não era boa na cozinha, mas se esforçou para fazer algo que o filho gostasse, para levantar um pouco o animo do menino. Enquanto permanecia na cozinha, ouvia o celular tocar incansavelmente. Ignorou todas as ligações. Se algo tivesse acontecido com Marina, preferia saber quando chegasse ao hospital. E aquele pensamento a fez sentir-se fraca e vulnerável. E mentirosa. Tinha dito para Ivan ter pensamentos positivos, mas ela não estava tão certa disso.

Fez um macarrão simples para o filho, que comeu sem reclamar.

– Vou te levar para ficar na Leninha, querido. Tudo bem? – Perguntou.

– Eu não vou poder ver a Marina?

– Eu te levo quando ela estiver melhor. Agora termine de comer que eu vou te deixar na Leninha e ir para o hospital.

– Certo.

Clara deixou o filho terminando de almoçar e foi checar o celular. Havia dezenas de ligações de pessoas diferentes. Quatro chamadas de Vanessa, dez de Cadu e outras de um número desconhecido que ela acreditou serem do hospital. Sentiu o coração dar uma falhada quando sua mente foi invadida por notícias pessimistas do estado de Marina. Para afastar esses pensamentos, jogou o celular dentro da bolsa e chamou o filho. O deixou na oficina de Virgílio, apenas dizendo que era urgente que o menino ficasse ali e subiu para falar com Helena. Qual foi sua surpresa ao ver Chica no apartamento de sua irmã.

– Clara! Meu Deus, quanto tempo não nos vemos, minha filha! – Levantou de sobressalto e correu para abraçar sua filha mais nova.

Com o estado emocional completamente abatido por toda agonia que estava vivendo naquele dia, Clara desatou a chorar, assustando Chica.

– Por que está chorando? O que aconteceu? – Afastou da filha para observá-la melhor e percebeu dor nos olhos de Clara.

– Mãe, a Marina tá no hospital! – Começou a explicar, completamente abalada, sem perceber as lágrimas que agora encharcavam seu rosto. - Eu... Eu não sei como ela está! Ela foi atropelada e..

Chica a interrompeu, assustada. – Atropelada? Mas o que aconteceu?

A assistente explicou tudo o que aconteceu para a mãe, mas então se lembrou, no momento que viu um semblante de dúvida no rosto de sua mãe, que de todos de sua família, Chica era a única que não sabia sobre sua relação com a fotógrafa.

– Clara, não entendi porque a Marina estava lá com o Ivan. Você deveria tê-lo deixado com a Leninha, ou comigo. Teria evitado isso.

– Qual o problema a Marina ter cuidado do meu filho? – Perguntou, um pouco incrédula com a afirmação da mãe.

– Ora, nenhum. Mas é que ela é sua amiga e não da família. Você não deveria ter incomodado ela com isso.

– Isso que você falou não faz sentido nenhum. – Suspirou, sentindo os olhos molhados mais uma vez. O acidente de Marina, pelo visto, era sua culpa.

– Por que não? – Questionou, confusa.

– Porque a Marina faz parte da família sim. De duas formas. Primeiro: porque ela é prima do Ricardo, que está com você.

Chica havia esquecido por um momento que tinha um grau de parentesco com a fotógrafa, mesmo não sendo de sangue, e ficou constrangida por isso.

– E qual a outra forma?

Clara hesitou por um momento, porém, mais cedo ou mais tarde teria que contar para sua mãe e aquele era o momento.

– Ela faz parte da minha vida, mãe. Estamos juntas. – Desabafou, sem cerimônias.

Chica fez uma expressão de estranheza e depois ficou pasma. Arregalou os olhos e precisou de uns segundos para assimilar a informação, julgando que talvez tivesse ouvido errado.

– Estão juntas? Como assim?

– Juntas, mãe. Desse jeito que você está pensando.

– Espera, você está tendo um caso com essa fotógrafa?!

– Caso? Mãe, estamos NAMORANDO! Não tem caso. Não é coisa de uma noite.

A mãe da dona de casa levantou de onde estava sentada com a filha e passou a andar de um lado para o outro, pela sala. Clara temeu a reação da mãe e decidiu deixar ela se pronunciar, mantendo-se calada.

– Desde quando? – Chica perguntou, parando para encará-la.

– Desde que eu pedi o divórcio oficialmente para o Cadu.

– Não, Clara. Desde quando você está apaixonada pela Marina?

– Acho que desde a primeira vez que nos vimos. Desde a exposição dela.

Chica suspirou pesadamente e aproximou de Clara, sentando-se ao lado dela no sofá.

– Filha. Isso tudo é muito novo para mim. Você se relacionar com uma mulher então eu preciso de um tempo para entender tudo. Só quero saber uma coisa: Você está feliz?

Clara não pode deixar de sorrir, por um momento, com a preocupação da mulher a sua frente.

– Sim, mãe. Eu sou feliz com a Marina.

A esposa de Ricardo apenas concordou com a cabeça e levantou. Caminhou até a porta e a abriu, mas virou para a filha antes de sair.

– Espero que a Marina fique bem.

Depois que a mãe saiu a dona de casa ficou mais um momento sentada procurando coragem para ir ao hospital ver a amada. Tão distraída, não viu quando Helena sentou ao seu lado.

– Leninha. – Disse, surpresa.

– Ouvi sua voz logo que chegou e ia vir te cumprimentar, mas vi você e a mamãe conversando e achei melhor deixa-las sozinhas.

– Como você acha que ela vai reagir a isso?

– Acho que você deveria ir ver a Marina agora e se preocupar com isso depois.

– Tem razão. Irmã, eu deixei o Ivan com o Virgílio. Por favor, cuidem dele enquanto fico no hospital.

– Não precisa nem pedir, irmã. – Sorriu. – Espero que a Marina esteja bem.

– Eu também.

~.~

Clara pegou o carro da amada e dirigiu até o hospital para aonde a levaram. O caminho era longo e apesar do horário da tarde não ser de pico, o trânsito, como sempre, estava muito intenso. A cada semáforo em que precisava parar Clara pegava o celular e olhava as fotos que possuía de Marina. E cada vez que fazia isso uma nova onda de choro invadia sua alma e ela se mostrava completamente inconsolável.

Parou o carro no estacionamento do hospital e tentou organizar seus pensamentos e controlar seu emocional, afinal, Marina precisava dela. Quando ia sair do carro sentiu o celular vibrar mais uma vez. Pensou em ignorar, mas mudou de ideia quando viu quem era.

– Vanessa. – Atendeu, já com a voz um pouco falha.

Clara! Estou a um tempão tentando falar com a Marina, que só chamava e ninguém atendia. Quando alguém atendeu, era do hospital! O que aconteceu? – Vanessa estava visivelmente exaltada e Clara não soube como contaria o que aconteceu.

– Eu não posso falar muito por telefone, mas acho que você devia seguir para o hospital agora. Marina sofreu um acidente. – Explicou, com a voz embargada.

O que?! Acidente? Como assim? Clara, me explica isso direito! – Gritou.

– Vanessa, venha para o hospital que eu explico. Nem eu sei direito o estado dela.

Estou indo, chego aí em alguns minutos! – Desligou.

Clara agradeceu mentalmente que seria deixada sozinha dali em diante. Continuou por mais alguns minutos no carro até que reuniu coragem para buscar por notícias. Saiu do carro e adentrou o hospital, sentindo o coração disparar de repente. Seguiu para a recepção buscando pela namorada quando a informaram de que Marina estava recebendo atendimento e que ela deveria aguardar pelo médico na sala de espera. Não soube dizer quanto tempo esperou, que mais pareceu uma eternidade. Andou de um lado para o outro até que sentiu a exaustão de seus músculos e sentou-se. Ouviu barulho de passos vindo em sua direção e achou ser o médico. Era Chica.

– Mãe! – Parecia surpresa, não esperava que sua mãe fosse até lá.

Sentou-se ao lado da filha. – Vim te dar apoio, querida. – Sorriu carinhosamente.

Abraçou a mãe forte e agradeceu o apoio. Aquele poderia ser o primeiro passo da aceitação de Chica sobre seu relacionamento com a fotógrafa. Não passou alguns minutos e quem apareceu, para irritação de Clara, foi Cadu.

– Cadu! – Clara levantou num pulo e avançou contra o ex marido. – O que você quer aqui?

– Calma, Clara! Eu não vim arrumar mais confusão. – Se defendeu, tentando desvencilhar dos tapas que a morena lhe aplicava com tanta força.

– Vai embora daqui!

– Eu quero pedir desculpas, Clara! Pelo que aconteceu. Não tinha intenção de ferir ninguém.

– E você acha que só existe violência física? E todas as vezes que você feriu a Marina verbalmente? Cadu, se você continuar aqui eu não me responsabilizo pelos meus atos! – Gritou, sendo afastada do chef por Chica.

– Minha filha, o que ta acontecendo aqui?

– A Marina sofreu acidente por culpa dele! Por causa do maldito ego ferido dele!

Chica parecia incrédula. Olhou para o ex genro, que parecia muito envergonhado. Para evitar qualquer outro tipo de exaltação por parte da dona de casa, Cadu foi embora e anotou mentalmente que deveria falar com Marina depois que ela melhorasse. Logo que Cadu foi embora, Vanessa adentrou à sala de espera e foi direto na direção da dona de casa.

– Cadê a Marina? Ela tá bem? Me conta o que aconteceu! – A sócia de Marina parecia muito abalada e os olhos inchados denunciavam o choro recente.

Clara explicou para ela tudo o que ocorreu, que escutou em silêncio. Lágrimas silenciosas desciam pelo rosto muito pálido da ruiva. Imaginou a cena, com Ivan triste pela discussão de Cadu e Marina, o acidente em si. Assim que se encerrou o relato do ocorrido, um homem moreno, de jaleco branco, aproximou das três.

– Boa tarde, Sou o Dr. Carlos. Procuro a acompanhante de Marina Meirelles.

– Sou eu! – Clara se anunciou e levantou de sobressalto, mostrando sua aflição. – Como ela está, Dr.?

– Está bem e estável. – Falou sorrindo, para o alívio de Clara e das demais. – Ela teve um traumatismo craniano, por isso teve grande sangramento depois do acidente, mas realizamos todos os exames necessários e o cérebro não foi afetado. Ela também teve algumas escoriações pelo corpo e duas costelas quebradas do lado direito, que era nossa maior preocupação, pelo risco de o osso perfurar pulmão ou qualquer outro órgão, Mas ela está fora de perigo. Acredito que ela terá uma recuperação completa e sem sequelas.

Todas comemoraram a boa notícia de que Marina estava bem. Clara e Vanessa se abraçaram, chorando, e por um momento esqueceram-se de toda rivalidade que existia. Por mais que Vanessa tivesse dado uma pequena ajuda na relação da dona de casa com a fotógrafa, sentimentos do passado não são apagados tão facilmente e ainda existia um resquício de amor de Vanessa com Marina.

– Quando posso vê-la? – Clara virou-se para o médico.

– Agora, pois já estamos no horário de visitas. Ela está na Unidade Semi-Intensiva apenas por precaução, devido ao trauma no crânio, dormindo devido aos medicamentos para dor. Tanto a recuperação do traumatismo craniano como a fratura das costelas vai exigir paciência e total repouso. Estou avisando porque ela vai precisar de cuidados.

– Não se preocupe, vou cuidar muito bem dela. – Clara sorriu e seguiu o médico quando este começou a caminhar por um longo corredor.

Andaram em silêncio pelo corredor branco do hospital até pararem na frente de uma porta.

– Quando a senhorita Meirelles recobrou a consciência ela chamou por uma pessoa. Ivan, o nome.

Clara abriu um sorriso tímido com a preocupação da fotógrafa. – É o nosso filho. Resumindo, ela sofreu o acidente para salvar ele.

– Entendi. – Concordou, sorrindo. – Por conta do trauma de crânio, ela precisará ficar em observação por pelo menos 24 horas para avaliar as atividades cognitivas, nível de consciência, atendimento padrão. Acredito que ela poderá receber alta em alguns dias. Se precisar de alguma coisa, aperte o botão ao lado da cama que eu ou a enfermeira viremos ajudar.

– Certo. Muito obrigada, doutor! – Clara abraçou o médico e agradeceu mais uma vez antes de entrar no quarto.

Seus olhos logo procuraram por Marina. Aproximou e observou a linda mulher que repousava na cama. A fotógrafa estava um pouco pálida, devido à quantidade de sangue que havia perdido. Clara não entendia muito, mas de acordo com o monitor parecia que estava tudo bem com ela. Sua respiração era auxiliada por um aparelho, que permitia uma inspiração e expiração uniforme e tranquila. Marina estava com a cabeça e o tórax enfaixados e possuía alguns curativos por conta dos arranhões. Estava dormindo tranquilamente, de acordo com o médico, por causa das medicações que recebia.

Automaticamente levou a mão ao rosto branco e acariciou de leve. Ela parecia tão frágil como uma boneca de porcelana naquele estado que Clara achou que poderia quebra-la por qualquer contato errado.

– Senti tanto medo, Marina. Medo pelo Ivan. Medo, agora, por você. – Sussurrava e se odiou quando lágrimas insistiram em molhar seu rosto. Marina estava bem e fora de perigo e tudo aquilo era de puro alívio.

A mão livre de Clara encontrou a mão muito gelada da fotógrafa e apertou com carinho. O aperto não foi correspondido e a dona de casa temeu pelo trauma que ela havia passado. Clara decidiu falar para ver se sua voz causava alguma reação na amada.

– Sabe quem perguntou de você e está muito preocupado? Nosso bichinho, o Ivan. Ele está bem e quer muito vir te visitar. Você precisa melhorar logo e voltar para mim. Para a gente.

Permaneceu por mais um tempo conversando com ela quando levou um susto. Sentiu algo se mexendo em contato com sua mão e viu a mão de Marina fazer uma tentativa de apertar a sua. Sorriu e chorou como nunca antes. Aproximou seu rosto até o da fotógrafa e beijou de leve os lábios da amada.

– Estou tão feliz que você está bem, meu amor. Eu amo você.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Comentem, por favor! E muito obrigada por todos os comentários que recebi no capítulo anterior! Amo vocês, de verdade *------*



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