Minha luz escrita por Larissa das Neves


Capítulo 14
Torment


Notas iniciais do capítulo

Pessoas bonitas, vocês ainda me amam? AAUHHUAHUA Gente, MIL DESCULPAS pela minha demora! Eu disse que depois do dia 16, quando acabasse minhas provas, eu postaria um capítulo novo. Mas sabe quando você ta naquele desespero das suas notas saírem? Eu não tinha inspiração para escrever, tudo o que eu digitava dava ruim. Mas ta aqui um capítulo novo. Espero que gostem e continuem me acompanhando ♥



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Apreensiva. Isso resumia o que Clara sentia naquele momento. No dia seguinte seria o dia de seu divórcio e em vez de sentir-se feliz, tudo que sentia era apreensão.

A semana havia transcorrido sem nenhum problema, com Marina e Clara trabalhando a todo vapor no estúdio para a possível exposição de Londres. Clara ainda não tinha dado uma resposta para a fotógrafa, sobre se a acompanharia. Queria primeiro assinar os papéis do divórcio e se ver livre e sem medo para viver ao lado da amada e planejava uma surpresa para ela, para lhe dar a tão aguardada resposta.

Porém, quando acordou naquele dia, tudo que sentia era que algo muito grande aconteceria no dia seguinte, mas não sabia dizer se era bom ou ruim. E com a cabeça trabalhando a mil por hora, tentando compreender o que tanto poderia ocorrer, não percebeu que Marina a estava chamando. E já era a quinta vez.

– Clara!

– Oi? – Respondeu, virando para a amada, que parecia preocupada.

– Está tudo bem?

– Ah, sim. Só estou um pouco desligada. O que você estava dizendo? – Disfarçou.

– Faz aquele jogo de luzes no computador para projetar no painel, por favor. – Pediu, se posicionando atrás da câmera para continuar o ensaio.

Marina realizava o segundo ensaio daquele dia, que já estava terminando. As fotos não eram para a exposição, e sim para uma campanha publicitária, para que conseguissem juntar fundos suficientes para manter o estúdio por mais um tempo. O ensaio durou 2 horas e a fotógrafa apenas fez uma pausa para que as modelos descansassem e comecem alguma coisa. Observou que Clara estava no canto do estúdio, organizando algumas fotos do ensaio do dia anterior, e se aproximou.

– Amor? – Falou, chamando a atenção de Clara.

– Fala. – Sorriu, observando a amada sentar ao seu lado. Adorava quando Marina a chamava assim.

– Está tudo bem mesmo? Você não está me parecendo desligada, e sim preocupada. É por causa de amanhã?

– Também. – Respondeu, com a voz baixa, sem dar mais explicações.

– Está com medo de o Cadu arrumar alguma confusão, ou algo assim?

– Também.

– Clara..

– Está tudo bem, sério. – Sorriu mais uma vez. – Quero te pedir uma coisa. – Falou, enquanto pegava a mão da namorada e a segurava entre as suas.

– Até duas, se você quiser. – Procurou anima-la um pouco, o que funcionou. Fez Clara rir.

– Dorme comigo lá em casa hoje. – Pediu, deixando Marina surpresa.

Desde que começaram a namorar, o máximo que Marina fazia no apartamento da amada eram algumas visitas. A fotógrafa sentia que ainda possuía muito de Cadu naquele apartamento e evitou, até então, passar as noites lá. Sempre que Clara pedia, conseguia convencer a amada a mudar de ideia e dormir em sua casa, já que os convites eram feitos quando Ivan estava com o pai.

– Sabe o que é? – Continuou, um pouco sem graça, percebendo que Marina apenas a observava. – O Ivan vai dormir hoje com o Cadu, mas ele vai leva-lo para o meu apartamento amanhã de manhã. Eu disse que deixaria ele com minha irmã, mas queria que você ficasse com ele enquanto vou a audiência. Claro, se não tiver problema pra você.

Marina só pode sorrir para aquele pedido.

– Claro que eu fico com o Ivan amanhã. E claro que eu durmo com você hoje. – Respondeu, colando os lábios nos da amada, num beijo carinhoso.

– Obrigada. – Agradeceu, acariciando os cabelos da fotógrafa.

– Não precisa agradecer, faço qualquer coisa por você e pelo Ivan. – Mantinha um sorriso no rosto, procurando passar conforto e segurança para a amada. – Acabou a folga, vamos voltar ao trabalho?

O ensaio ocorreu por mais um tempo e Marina dispensou as modelos e suas assistentes. Vanessa e Flavinha saíram anoite, aproveitando a folga que a fotógrafa havia dado do dia seguinte. Giselle aproveitaria a noite na companhia de Murilo.

Marina, que havia reparado que Clara ainda estava muito preocupada com algo, decidiu distrair a namorada. Foram ao cinema e depois a um restaurante a beira-mar, aproveitando a agradável noite que fazia. Sem muita preocupação com o horário e por estarem numa praia calma, a fotógrafa sugeriu que ficassem ali observando as estrelas.

Sentaram-se na areia branca e Clara deitou a cabeça no ombro da amada, que a abraçou pelo ombro, enquanto brincava com seu cabelo.

– Obrigada por hoje, por esse dia maravilhoso. E obrigada por estar tentando me distrair. – Clara se pronunciou, depois de um longo silêncio.

– Estou preocupada com você, Clara. Tem algo te incomodando.

Levantou a visão para a amada, sem se desvencilhar do abraço.

– Estou com uma sensação estranha sobre amanhã.

– Que tipo de sensação? – Perguntou, incomodada.

– Não sei dizer se é bom ou ruim, mas algo vai acontecer amanhã. Estou com medo, Marina. – A aflição e o medo estavam presentes em sua voz e Marina se assustou.

– Está me assustando, Clara...

– Não! Me escuta, não é sobre o divórcio. – Afastou um pouco da amada, apenas o suficiente para segurar o rosto dela com as mãos e encarar aqueles olhos que sempre lhe encantava. – Não tenho dúvida sobre o divórcio. O que eu acho é que vai acontecer algo depois, não sei dizer. Pode não ser nada. Mas, por favor, não vamos mais falar disso. A noite está tão gostosa, aqui, com você.

Clara não esperou que ela lhe dissesse algo e a puxou para um beijo lento e apaixonado. Permaneceram ali mais um tempo e foram para o apartamento de Clara. Marina foi tomar banho no banheiro social enquanto Clara recebia uma ligação do filho. Quando a fotógrafa saiu do banheiro, usando apenas uma camiseta branca leve e um short preto, pegou o final da conversa entre os dois.

– Mande um beijo para ele. – Falou a fotógrafa.

– Querido, a Marina está te mandando um beijão!

Mãe, quero falar com ela!

– Mas Ivan, e o seu pai? Ele não vai gostar disso..

Ele já esta dormindo. Eu te amo, mãe, mas agora quero falar com a Marina!

– Que menino mais agitado, gente. – Riu, se despediu do filho e passou o celular para Marina. – Ele quer falar com você.

– Jura? – Os olhos dela ficaram radiantes com a desenvoltura de Ivan em querer falar com ela e logo pegou o celular com a amada. – Oi, meu pequeno príncipe! Como você está?

– Oi, Marina! Eu to bem e você? Tá cuidando direito da minha mãe?

– Claro que estou. – Respondeu rindo. – E você, está se cuidando direitinho?

– Ah, você sabe como é, né? Vida de criança é difícil.. Não pode comer besteiras fora de hora, escovar os dentes sempre.. – Falava, mostrando maturidade, que Marina achou graça por conta da idade dele.

– Oh, se sei.. – Riu. - Mas escuta, está tarde. Você já deveria estar dormindo, hein mocinho?

– Eu sei, mas eu queria dar boa noite pra você e pra minha mãe. Então, boa noite, Marina! – Baixou a voz para falar a frase seguinte. – Não se preocupe que meu pai não sabe que eu vou ficar com você, amanhã. Ta bom?

– Obrigada, Ivan. – Se derreteu com a declaração dele e sentiu sua empatia pelo menino aumentar ainda mais. - Você é o meu salvador. Prometo que teremos um dia divertido, amanhã! Boa noite, príncipe. Um beijo imenso pra você.

Pra você também! Tchau!

Quando Ivan desligou, Marina levou o celular ao coração e o apertou contra seu corpo. A felicidade que sentiu em ver a vontade que Ivan tinha em falar com ela era indescritível. Quando conversou com ele, pareciam cumplices, melhores amigos e aquela sensação era maravilhosa. Levantou o olhar e encontrou os olhos de Clara. Percebeu que ela sentia a mesma coisa.

– Estou tão feliz que o Ivan esteja aceitando você, mesmo sem saber oficialmente da nossa relação. – Clara aproximou-se dela e a abraçou forte.

– Ele foi um amor no telefone. Perguntou se eu estava cuidando bem de você.

– Assim que tudo isso acabar, do divórcio, vou sentar e conversar com ele. Assim como quero sentar com minha família e contar sobre você.

Marina se afastou o suficiente apenas para segurar a mão de Clara e a beijar com carinho.

– Vai dar tudo certo.

~.~

Clara não pregou os olhos a noite. A sensação de um pressentimento estranho ainda a assombrava e isso a impediu que tivesse uma boa noite de sono ao lado da fotógrafa. Levantou um pouco a cabeça para observar a amada, que permanecia quieta dormindo profundamente, totalmente alheia á morena que velava seu sono. Marina abraçava Clara pelo ombro de forma obsessiva e aquilo fez a dona de casa sorrir.

Desvencilhou-se da namorada, sem acordá-la, e foi para o banheiro se arrumar. Já estava devidamente vestida, porém Marina ainda dormia. Decidiu não chama-la, para que não corresse o risco de um encontro entre ela e Cadu, que já deveria estar chegando ali para deixar Ivan. A campainha tocou e Clara foi receber o filho, que estava sozinho.

– Ele me levou até o elevador, só. Disse que não queria subir, mesmo eu insistindo pra ele vir. – Explicou Ivan, enquanto tomava café com a mãe.

– Foi divertido ter ficado ontem com seu pai? – Perguntou a dona de casa.

– Foi! Ele me ensinou a fazer macarrão. Mãe, cadê a Marina?

– Estou aqui! – Saldou Marina, entrando na cozinha. Usava uma camiseta folgada na cor branca, um short azul e os cabelos estavam molhados. Foi em direção a Ivan, que a abraçou de imediato. – Bom dia, pequeno. – Falou, beijando o topo da cabeça dele e sentando ao lado do menino para tomar café, direcionando um sorriso para Clara. – Bom dia, Clarinha.

– Bom dia.. – Sorriu timidamente. – Bom, meus amores, preciso ir. Quando voltar, vamos sair para almoçar juntos, certo?

– Mãe, eu queria ir lá nesse lugar, aonde você e o papai vão, pra dar apoio.

– Ivan, lá não é lugar para criança – Repreende Clara.

– Mas eu não posso ir nem no final? A Marina pode me levar!

– Pior ainda, né. Você sabe que seu pai não iria gostar disso.

– Se você quiser, Clara, eu posso levá-lo quando o divórcio estiver perto do fim e fico esperando com ele no carro.

Clara parou para analisar a proposta. Algo lhe dizia para não aceitar.

– Não sei, gente..

– Eu vou me comportar, mãe. A gente vai no finalzinho, só pra dar apoio.

– Tudo bem, tudo bem! – Concluiu, para a alegria do menino. – Agora, vá lá escovar os dentes enquanto eu converso uma coisa com a Marina. Depois venha aqui me dar um abraço, pois eu já estou saindo.

– Ta bem! – Falou, indo em direção ao banheiro.

Clara observou se o filho estava mesmo no banheiro e aproximou às pressas de Marina, a abraçando com força. Respirou profundamente, sentindo seu corpo ser inundado pelo perfume dela.

– Clarinha... – Chamou, deslizando as mãos para cima e para baixo nas costas da amada, como uma forma de ajuda-la a relaxar. – O que foi?

– Quero sentir um pouco de você antes de sair....

– Ainda o pressentimento estranho?

– Sim...

– Vai ficar tudo bem. – Sussurrou, a beijando na curva do pescoço.

Marina levantou o rosto da amada com carinho e a beijou com sofreguidão. Sentiu a dona de casa a abraçar pelo pescoço com força durante a troca de carinho.

– Vou estar te esperando... – A fotógrafa disse e Clara sentiu os olhos ficarem úmidos.

– Nos vemos mais tarde, então. Não irei demorar.

~.~

Cadu concluiu que aquele era o fim definitivo. É como aquela frase que diz que “Quando um não quer dois não brigam”. Estava na audiência, com seu advogado. Uma mesa comprida o separava da mulher que fora sua esposa por 10 anos. Jamais imaginou que o dia de seu divórcio chegaria. Sequer pensava que um dia iriam se separar. Sentiu algo em sem bolso vibrar e viu o número de sua antiga casa piscar no visor do celular. Estranhou, pois achou que Ivan estaria na casa de Helena. Decidiu não pensar naquilo, por hora. Apoiou os cotovelos na mesa e passou a observar Clara, que assinava os papéis primeiro, enquanto recebia orientações e explicações de seu advogado. A mudança que ocorrera nela era absurda. Ia desde as roupas, que ela passou a se cuidar e se arrumar melhor, até a própria personalidade. Antes ela era simples e um tanto quanto infantil. Agora, possuía uma personalidade forte. Como alguém que não tem receio em tomar suas próprias decisões e nem medo de se arriscar. Em seguida os papéis foram passados para Cadu, que lia e recebia, também, orientações de seu advogado. O processo foi rápido, devido à aceitação de ambas as partes. No final da audiência o chef ia saindo, mas viu Clara se aproximar.

– Cadu. – Saldou.

– Oi, Clara.

– Você já está indo embora?

– Bom, sim. Por quê?

– Ivan está vindo para cá. Disse que queria vir nos dar apoio. – Falou e aquilo fez Cadu sorrir.

– Vamos esperá-lo aqui, então.

Ficaram conversando por alguns minutos até avistar o menino de cabelos muito loiros se aproximar. Ivan correu até o pai e lhe abraçou na cintura.

– Oi, filho! – Abraçou forte o filho, enquanto lhe dava um beijo na bochecha.

– Como você está, pai?

– Estou bem. – Sorriu para o menino. – Mas me diz, como chegou aqui?

– A Marina me trouxe! – Falou e logo tampou a boca, percebendo que não deveria ter falado.

– A Marina? – Afastou do menino e virou para Clara. – Você me disse que ele ficaria com a Helena!

– Não contei a verdade exatamente por causa disso! Sabia que você iria estourar desse jeito, parece criança!

– Pai, para de brigar com a mamãe. A Marina é legal!

– Ela é uma péssima companhia, isso sim! Não estou acreditando nisso, Clara, sinceramente!

Marina havia ficado no carro. Ficaria esperando os três conversarem e depois levaria Clara e Ivan para casa, sem que Cadu soubesse. Mas observou a pequena discussão que acontecia de longe e achou que deveria interferir. Era hora de dizer para Cadu que não queria mais brigar. Saiu do carro e se aproximou.

– Cadu. – Falou, chamando a atenção do chef.

– Você é uma desgraçada mesmo! Além de ter roubado minha mulher agora quer roubar meu filho! – Gritou, sem se importar que estavam na rua.

– Eu não quero roubar nada, Cadu! Ivan não vai ser menos seu filho por gostar de mim!

– Escuta aqui: Fica longe do meu filho! – Aproximou-se dela como uma forma de intimidar.

– Ou o quê? Vai me ameaçar? Cadu, não aguento mais brigar com você! Vamos encerrar isso!

– Nunca! – Cadu parecia fora de si e pareceu não se importar com a presença do filho ali, que assistia a discussão assustado. – Nunca serei seu amigo, nunca vou aceitar essa sua relação com a Clara e nunca vou aceitar meu filho gostar de você! – Avançou nela e a segurou pelos dois braços, que assustou Ivan mais ainda e fez Clara se desesperar.

– Cadu, para com isso! – Marina se debatia e tentava se soltar.

– Pai, solta a Marina! – Ivan correu para o pai e tentava afastá-lo da fotógrafa.

– Filho, não se mete nisso!

– Cadu, solta a Marina! – Clara gritou, desesperada com o rumo que poderia tomar daquilo.

– PAREM!

O grito de Ivan fez os três adultos olharem para ele. O menino chorava e aquilo foi de partir o coração. Cadu se arrependeu no mesmo instante de ter começado toda aquela discussão.

– Eu não aguento mais vocês brigando! – Falava exaltado.

Como prevendo algo, Marina rapidamente se soltou de Cadu, que estava desconcertado com o desabafo do filho. Pensou em se aproximar do pequeno, mas ele, muito assustado e agoniado com aquela situação, saiu correndo em direção à avenida. Cadu e Clara gelaram.

O que aconteceu a seguir foi rápido demais. O semáforo havia acabado de ficar vermelho, mas um carro ultrapassou e foi em direção a Ivan. No segundo seguinte, Ivan estava caído na calçada do outro lado, sem nenhum machucado. A preocupação, então, caiu em Marina, que recebeu o impacto da batida e havia sido arremessada muitos metros á frente. Ela saiu correndo atrás do menino quando o viu avançar em direção à avenida e o empurrou quando viu o carro se aproximar, recebendo toda a força da batida. Ivan levantou e olhou assustado para onde Marina estava. Ela estava caída de bruços, com muitos machucados no corpo e com muito sangue saindo da cabeça. Era uma verdadeira cena de terror. Clara não acreditava no que via. Notou que o filho estava bem, mas sentiu o coração falhar uma batida ao ver Marina estirada no chão.

As pernas de Clara se mexeram sozinhas e ela não se importou com mais nada naquele momento. Correu até Marina o mais rápido que podia enquanto sentia lágrimas quentes escorrerem por seu rosto.

– Marina! – Gritou, de puro desespero.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Por favor, comentem! Amo saber o que estão achando ♥