The One - Fic Interativa escrita por MareaWho


Capítulo 5
Sobre sacrifícios e promessas vazias


Notas iniciais do capítulo

Hey brother, do you still believe in one another? Hey sister, do you still believe in love I wonder? Oh, if the sky comes falling down, for you...
Ok, parei. Hey, amores! Não demorei muito dessa vez, né?
Espero que gostem do capítulo, me esforcei muito nesse. É cheio de fortes emoções e... Tantananam (barulho de rufar os tambores).
As partes em itálico são flashback, espero que não fique muito confuso.
Beijos e vejo vocês lá embaixo!



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Por dentro, Natalya estava nervosa, irritada e muito assustada. O castelo, que supostamente era o local mais seguro de Illéa, estava sendo atacado por rebeldes. Tudo que ela escutava eram tiros e gritos do lado de fora, mas a Rainha havia garantido que ali estavam seguros.

Por fora, a morena não demonstrava estar sentindo nada daquilo. Estava sentada em um canto ao lado de outra cujo nome era desconhecido para Talya, apenas observando a reação das outras pessoas. Várias pessoas choravam, outras apenas falavam baixa e preocupadamente com aqueles que lhes eram queridos.

Nat não conhecia nenhuma das selecionadas o suficiente para chamar alguma de amiga, mas pelo menos tinha conversado com algumas. Com a garota sentada à sua esquerda, por outro lado, nunca tinha trocado uma palavra.

– Oi – falou baixinho, mas alto o suficiente para que a outra pudesse escutar – Não acho que já tenhamos nos conhecido. Sou Natalya Chevalier.

A outra garota olhou para ela com um misto de surpresa e desdém.

– Eu sei quem você é, embora você certamente não saiba quem eu sou. Natalya Chevalier, modelo famosa, casta dois. Vive uma vida de contos de fadas e nunca deve nem ter olhado para uma pessoa como eu.

A Chevalier olhou para a menina ao seu lado um pouco ofendida. Quem ela pensava que era para falar daquela forma? Elas nem se conheciam, não existia necessidade de ser tão agressiva.

– É claro que não sei quem é você, e vou continuar não sabendo se não me contar.

– Regina Parker, casta oito – disse Gina, ao mesmo tempo envergonhada e orgulhosa ao dizer aquilo.

– E-eu não posso nem imaginar como... – Nat estava chocada e um pouco assustada. A mínima ideia de alguém ser tão pobre assim a deixava petrificada. Não podia imaginar como seria viver sem todo o luxo que conhecia.

– Claro que não – A Parker a cortou antes que pudesse terminar a frase. E ao ver a expressão no rosto da outra, acrescentou – Não precisa me olhar assim, princesa. Não quero a sua pena.

Mesmo com toda a barulheira na sala, um silêncio pesado se instalou entre as duas. Natalya começou a brincar com a barra do vestido rosa chá que usava, para se distrair.

– Não vivo em um mundo de contos de fadas – murmurou.

– Não, é? Me conta, Natalya, que tipo de problemas você tem? O papai se esqueceu de pagar a sua mesada? – Regina se irritava facilmente com aquele tipo de pessoa. Coitada da patricinha que tem tudo o que quer.

– Você nem me conhece! Acha que só porque nasceu em uma casta mais baixa significa que todos que por acaso foram mais privilegiados são piores que você? Não é culpa de ninguém que a sua vida não é perfeita!

Gina abaixou os olhos, pois os olhos de ônix da garota a sua frente lhe intimidavam. Era o olhar de alguém que tinha já tido seu orgulho ferido muitas vezes, olhar que a própria Regina já tinha exibido em seu rosto muitas vezes.

A Parker suspirou, se acalmando. Sabia que estava errada em julgar Natalya antes de conhecê-la, mas não conseguiu evitar. Passar dias cercada daquele tipo de pessoa estava irritando-a.

– Me desculpa, ta? É que tudo isso me deixa muito brava. Tem pessoas passando fome, pessoas que eu conheço, enquanto aqui no palácio desperdiçamos comida.

Nat sabia que a garota estava sendo sincera, então estendeu a mão para ela, em sinal de amizade. Regina hesitou antes apertou a mão da morena, mas o fez mesmo assim.

– Te devo desculpas também – Falou a modelo.

– Por quê?

– Por ter te olhado daquela forma. Eu sei como é todos te olharem com pena, como se você fosse um ser inferior que precisasse de ajuda. É horrível, e eu sinto muito.

Regina sorriu:

– Considere-se perdoada.

–--

Jackson andava rapidamente pelos corredores, investigando se alguém havia ignorado o alarme e estava em um local inseguro. Ele não deveria estar fazendo isso, e sim estar junto com os outros membros da realeza em uma sala protegida, mas não pode evitar e sabia que seu pai estava fazendo o mesmo.

Já estava voltando para o local onde deveria estar, quando avistou uma silhueta de cabelos louros dobrando o corredor.

– Rosalinda! – Ele correu até a garota, que segurava uma folha de papel amassada na mão.

– Jackson! – Ela falou, um pouco alarmada. Estava obviamente nervosa, mas o príncipe entendia o porquê. Quem não ficaria nervoso no meio de um ataque rebelde? – O que está fazendo aqui?

– Eu te pergunto o mesmo, senhorita. Você deveria estar em um lugar seguro.

– Você é o príncipe coroado de Illéa, porque está correndo perigo aqui fora?

Ele sorriu.

– Para resgatar garotas tontas como você que insistem em ignorar o alarme de perigo. Vamos voltar para o salão – Jack saiu andando, esperando que a loira o seguisse.

– Só um minuto.

Ela delicadamente jogou a folha de papel em uma lixeira que estava no fim do corredor, para então seguir atrás do príncipe.

– O que eles querem? – ela perguntou. Parecia assustada e vulnerável, o que fez o príncipe parar e pegar a mão dela, para tranquilizá-la.

– Não se preocupe, Rosa. Vai ficar tudo bem. Ninguém vai se ferir – É claro que pessoas iam se ferir. Provavelmente vários guardas lá fora estavam machucados, mas raramente alguém tinha ferimentos mais sérios. Jackson se sentia mal de mentir para ela, mas dês de cedo ele aprendera que algumas mentiras eram necessárias para que tudo ficasse bem.

Ela sorriu e apertou um pouco a mão dele, como se para confirmar que tinha entendido. Continuaram andando até que chegaram ao salão onde estavam todos.

– Senhorita – ele beijou a mão dela e piscou, e saindo andando em direção à sua mãe e irmãs.

Quem olhasse para Rosalinda naquele momento só veria uma garota com o olhar triste no rosto.

–--

O homem nocauteou um guarda e o levou para um canto escondido do pátio. Enquanto a batalha acontecia do lado do castelo, o oficial Sebastian Haynes ficara encarregado da tarefa mais importante de todas.

Estava ansioso e nervoso, é claro. Mas queria fazer isso. Daria sua vida pela causa, para que seus irmãos comemorassem a vitória no futuro. Era isso que o que considerava aqueles que lutavam ao seu lado: irmãos. Eram todos importantes para ele, não importava qual fosse a posição ocupada na hierarquia dos rebeldes. Para Sebastian, essa era a principal diferença daqueles que agora governavam Illéa para os que tentavam tomar o poder; os reis e rainhas do país sempre haviam acreditado que algumas pessoas eram melhores do que outras.

O oficial olhou para suas próprias mãos calejadas e pensou em suas filhas, com tristeza. Viviane e Jessamine teriam de crescer sem um pai. Lembrou-se de como havia escovado os cabelos macios de Vivi, antes de colocar a pequenina para dormir (“– Boa noite, papai, eu te amo.”) e de como prometera à Jessie de que tudo ficaria tudo bem (“– Eu sei onde você vai amanhã. Como pode fazer isso e nos deixar sozinhas? E se algo acontecer com você?”). A menina mais velha era inteligente e voluntariosa, com seus olhos luminosos como estrelas e seu sorriso brincalhão (ela sorria como a mãe).

Após um minuto de distração, afastou aqueles pensamentos da cabeça. Estava fazendo aquilo por elas, para que pudessem crescer em um mundo mais justo, em um mundo melhor. Elas ficariam bem com a mãe.

Passou a mão por seus cabelos castanhos e respirou fundo, antes de começar a despir o guarda e tirar suas próprias roupas, para depois colocar o uniforme e vestir o guarda em suas roupas antigas. Colocou o pacote no bolso e se dirigiu ao castelo, já certo de seu destino.

Ele se perguntava se a garota havia cumprido sua parte do plano.

–--

Uma garota baixinha estava sentada sozinha em um canto do salão, ouvindo as explosões e imaginando quando aquilo tudo acabaria. Marley estava ali pela chance de uma vida melhor, não para acabar morta por rebeldes.

Uma vozinha dentro de si mesma lhe dizia que teria sido melhor ficar em casa, como seu irmão havia lhe sugerido. Bem, sugerido era um modo de dizer. Douglas havia feito um verdadeiro escândalo quando descobrira que sua irmãzinha ia para a seleção.

“– Você não vai lá se oferecer para um cara que nem conhece e se casar com ele! – Gritou o moreno.

– Não seja bobo, Dougie. Provavelmente eu nem mesmo serei escolhida. – Marley revirou os olhos diante da reação exagerada do seu protetor irmão – Porque não posso ir? Pelo menos ele é um príncipe, você sai com uma qualquer diferente cada semana.

Douglas ficou vermelho.

– É diferente! Eu não vou me casar com elas. E... E... Isso não é a questão! Estamos falando de você aqui, okay?

– Fique calmo, Dougie. Vou estar de volta em casa antes que você sinta minha falta.

– Eu só estou preocupado. E se ele for um babaca? – o mais velho abraçou a irmã – Bem, se você não for escolhida é sinal de que ele é um babaca. Estou com medo, porque eu sei que, se você for, com certeza vai ganhar. Você é maravilhosa, Mari.

– Eu sei que vou ganhar, bobão. Só estava falando aquilo para te acalmar.”

Secou as lágrimas que involuntariamente caíram de seus olhos, pensando no tanto que devia estar parecendo ridícula. A rainha America estava lá, parecendo corajosa e confiante, ao lado de seus filhos.

Pensava numa forma qualquer de se distrair, quando sentiu uma mão gentil em seu ombro. Quando se virou para ver quem era, encontrou o príncipe lhe oferecendo um sorriso tranquilo e amigável.

Marley sorriu de volta, um pouco envergonhada de estar agindo daquela forma. Jackson se sentou no chão ao lado dela.

– O que aconteceu? – perguntou Jackson – Está assustada?

– Um pouco, mas não foi isso. Estava pensando em casa – ela respirou fundo – No meu irmão, mais especificamente.

– Está com saudade?

– Muita, mas para falar a verdade estou pensando no que ele disse quando eu contei que vinha para cá.

O príncipe olhou longamente para ela, antes de perguntar:

– E o que ele disse?

– Que eu não deveria vir.

– Entendo.

– Estou começando a acreditar nele. Não sou feita para ser rainha, sou apenas uma pintora – ela olhou para o local onde America estava sentada – Uma rainha não deveria chorar feito uma garotinha indefesa.

Ele acompanhou o olhar dela, percebendo para onde Marley olhava.

– Se serve de consolo, minha mãe também ficou muito assustada na primeira vez que vivenciou um ataque desses. Ela fica assustada até hoje, apenas não demonstra – Jackson pegou a mão dela e colocou entre as suas – Acho que você daria uma ótima rainha, mas se quando tudo isso terminar você ainda quiser voltar para casa, prometo que vou deixar.

– Obrigada.

Ela voltou a olhar a janela, se perguntando se aquilo realmente iria acabar.

– Ainda está preocupada.

– Pare de ler a minha mente, Sr. Príncipe.

– Vai ficar tudo bem, esquece isso.

– Promete?

Ele hesitou um pouco antes de responder:

– Prometo – e sorriu.

Um guarda adentrou o salão, solicitando falar com a rainha. De repente, outro o seguiu.

Um burburinho começou e várias pessoas começaram a ser retiradas do salão pelos vários guardas que já estavam antes presentes.

– Vossa Alteza, senhorita, é melhor sairmos daqui – Um dos guardas puxou os dois pelo braço antes que algum dos dois pudesse dizer algo, se dirigindo para uma saída.

– Há rumores de que planejam um atentado contra esta sala em específico.

Um guarda de cabelos castanhos no meio do salão enfiou a mão dentro do bolso direito, puxando de lá um objeto preto com formato retangular. Ninguém teve certeza, ninguém viu exatamente o que havia acontecido.

Apenas viram e escutaram por alguns segundos, antes que fossem também atingidos.

–--

Os guardas procuravam por alguém nos escombros. A explosão havia tornado aquele exato ponto do castelo inutilizável enquanto não fosse consertado. Por pura sorte, alguém havia traído os rebeldes e avisado um soldado sobre o plano. A maior parte das pessoas já estava fora da sala quando a explosão aconteceu.

Até agora só havia alguns poucos feridos levemente, e um com ferimentos mais graves. O único morto havia sido o próprio autor da explosão, um rebelde sulista de cabelos castanhos, cujo nome ninguém sabia.

Os guardas procuravam incansavelmente para achar o último desaparecido, rezando para que não estivesse morto.

Um deles gritou, dizendo que havia achado alguma coisa.

Ele cavou um pouco, antes de levantar o corpo frio da garota e colocá-lo levemente no chão, fazendo a massagem cardíaca. Não adiantava, é claro. O guarda já sabia que ela estava morta quando a levantou.

Outro veio rapidamente em sua direção.

– A reconhece? – falou o primeiro, olhando para as feições delicadas da falecida.

O segundo assentiu pesaroso. Claro que reconhecia. Havia visto ela há não muito tempo atrás, quando tentara retirá-la do salão.

– É uma das meninas da seleção. Estava conversando com o príncipe momentos antes de tudo acontecer. Ele vai ficar arrasado.


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Notas finais do capítulo

Pois é. Fiquei um pouco triste de escrever esse final (e também um pouco insegura, já que não sei qual vai ser a reação de vocês).
Espero que tenham gostado, foi o capítulo que mais gostei de escrever (bem mais que o anterior, que eu levei séculos).
Beijos!