Eu olhei para o teto branco do meu banheiro enquanto meu corpo relaxava dentro da banheira, a água quente me deixava calma e o vapor subia devagar até o teto, suspirei calmamente, estava um pouco confusa, Gakupo é um androide e está em sua programação me amar, mas como ele pode ter sentimentos tão profundos com apenas uma programação? Isso estava me deixando confusa, e a parte mais estranha de tudo isso é que eu simplesmente não me importo que ele me ame, para ser mais sincera eu simplesmente me sinto por saber que ele me ama, será que estou assim tão carente de afeto humano? Antes eu realmente não me importava, mas agora a ideia de não ter mais alguém a quem me apoiar e confiar é algo incomodo, quase que insuportável.

Sai da banheira e me sequei me troquei, parada em frente ao espelho olhando o meu reflexo, eu não via nada de especial em mim, sou uma garota de aparência bem normal, não sou feia nem mesmo bonita, não consigo ver em realidade algo que possa ter atraído a Gakupo ou até mesmo ao seu criador, suspirei e prendi meu cabelo, nem ao menos tinha notado como ele havia ficado comprido, já estava no meio da minha costa, sai do banheiro, Gakupo estava na cozinha cortando alguns legumes animadamente, por algum motivo ele disse que queria fazer o jantar, e eu simplesmente não consegui dizer não.

Me deitei no sofá e olhei para a cozinha, Gakupo cozinhava animadamente, cortando os legumes com habilidade, sorri, ele parecia feliz fazendo isso, por alguns minutos pensei como devia ser o criador dele, pensei em quem poderia ser, sorri, era difícil imaginar mas de algum modo alguém que cria tão incrível ser como Gakupo, só podia ser uma pessoa incrível e boa.

Sem perceber acabei adormecendo, em meu sonho eu caminhava por um caminho calmo em um campo muito bonito e verde, o vento batia suavemente em meu rosto, encontrei um lugar confortável na grama macia e me deitei, observando o seu azul límpido, fechei os olhos por alguns segundos para apreciar a maravilhosa brisa que batia em meu rosto e corpo, até que senti lábios macios, quentes e cheios de afeto tocarem os meus e ali permaneceram, abri os olhos calmamente e vi Gakupo com os olhos fechados, seu cabelo macio caia levemente em minha testa.

Abri meus olhos e lá estava Gakupo com seus lábios tocando os meus, me surpreendi e coloquei minhas mãos no peito dele afim de me afastar, mas minha força subitamente evaporou, ele se afastou calmamente e abriu seus olhos violetas, me olhou com o rosto levemente corada, o olhando desse ângulo ele parecia um príncipe, corei violentamente.

–Enfim Yuri acordou. –ele disse sorrindo calmamente. –Realmente o beijo funciona!

–O que você está dizendo?! –eu disse extremamente corada enquanto me sentava desajeitada.

–Como diz nesse livro se você beija uma donzela adormecida ela acorda olha! –ele disse sorrindo como uma criança que aprendia algo novo e me mostrou o antigo livro da bela adormecida que eu guardava em meu quarto.

–Não use uma história inocente como desculpa para me beijar assim tão descaradamente! Seu pervertido! –eu disse irritada e corada, dei um soquinho de leve na cabeça dele.

Ele sorriu animadamente e disse:

–Agora que a Yuri está acordada vamos comer!

Suspirei e fomos jantar, ele havia feito muita comida, e para ser sincera eu me senti em um restaurante chique, a comida era tão perfeitamente feita e tinha uma aparência e sabor tão incrível que eu jurava que ela chegava a brilhar, isso me deixou um pouco envergonhada já que eu só sei fazer alguns pratos simples, eu sei que ele é um robô mas isso já é exagero. Suspirei calmamente.

–Yuri a comida não está boa? –Gakupo perguntou preocupado.

–Não a comida está ótima, eu só estava pensando em algumas coisas... –eu disse e suspirei novamente. –Ei Gakupo como o seu criador é?

–Eh? Por que você quer saber Yuri? –ele me disse com um ar um tanto entristecido.

–Hm bem acho que estou um pouco curiosa para saber quem ele é...

–Bem o mestre era bem alto e muito inteligente, ele também era muito bonzinho e me ensinou muitas coisas sobre os sentimentos dos humanos, o mestre gostava muito da Yuri e sempre me contava sobre você, ele sempre me dizia o quanto era incrível e boa, ele até me mostrou uma foto uma vez, o mestre era uma boa pessoa . –Gakupo disse e suspirou.

Parei para tentar imaginar quem poderia ser, mas ninguém me veio a mente, isso era muito confuso, Gakupo parecia triste.

–Gakupo aconteceu alguma coisa? Você não parece muito animado... –eu disse preocupada.

–É que de repente a Yuri perguntou sobre meu mestre, e então eu me senti um pouco triste, porque eu não quero que a Yuri me pergunte sobre outro homem, ainda mais que eu sei que o mestre tem muito carinho pela Yuri e isso me deixa com ciúmes, meu coração dói um pouco... –ele respondeu com um rosto entristecido e me encarou com uma expressão estranha.

Sorri e acariciei a cabeça dele.

–Baka não se preocupe por coisas tão pequenas! –eu disse sorrindo calmamente.

Gakupo corou um pouco e disse meio desajeitado:

–Y-Yuri eu te amo...

Sorri, eu sabia dos sentimentos dele e realmente não me incomodava, ao contrario me fazia feliz eu me sentia aquecida e confortável, os sentimentos que ele nutria por mim me fazia perceber que eu não estava sozinha, acariciei a cabeça dele sorrindo e disse:

–Sim, eu sei...

Gakupo me abraçou com força, os braços dele eram firmes e quentes, ali entre eles eu me senti protegida e confortável, como se um mar de calmaria me envolve-se, sorri calmamente.

–Tudo bem se você não me ama, mas por favor me deixe ficar assim um pouco... –Gakupo disse e me apertou um pouco mais em seus braços. –Por favor não me deixe sozinho...

Sorri e me aconcheguei para mais perto dele, eu não tinha intenções de deixa-lo ir, não agora que eu havia encontrado alguém que me fazia sentir tão bem, ele podia dar trabalho as vezes e as vezes faz algumas coisas vergonhosas, mas no fundo do meu coração eu realmente não me importo contando que ele permaneça do meu lado.