No Rugido Do Leão escrita por Céu Costa


Capítulo 16
Capítulo 16 - Fazendo a mala


Notas iniciais do capítulo

Doces lembranças com seu amado...



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Samantha pegou uma bolsa cinza de pano grosso da gaveta de sua cômoda. Revirando as gavetas abaixo, ela colocou sobre a cama um par de sapatos, uma capa cinza, dois vestidos e um chapéu. Talvez ela não precisasse de nada disso. Correu para seu guarda-roupas e jogou lençóis e fronhas, toalhas e cobertores. Mas talvez estas coisas atrapalhassem na viagem.

– Não, não adianta! - ela sentou-se na cama, exausta - Eu nunca fiz uma viagem antes. Não sei o que devo levar!

Samantha olhou para sua cama. Estava tão cheia de coisas, itens que ela não sabia se eram úteis ou fúteis. Nada que pudesse ajudar, ou atrapalhar. Tantas, tantas coisas, que ela se sentia num mar de objetos, que a sufocava.

Em seu braço, um item brilhava com a luz do Sol. Era uma pulseira de prata, com pequenos pingentes de moranguinhos, de mesmo material.

Uma dríade deu para mim, no dia em que fui coroado. - Pedro dizia à ela, docemente - Ela disse que daria sorte, para proteção.

– Ganhando jóias de belas donzelas... - Samantha cruzou os braços, divertida - O que sua mãe diria sobre isso?

– Por quê? Acaso sente ciúmes? - ele respondeu, sorrindo.

– Ciúmes não... - Samantha analizou melhor a pequena caixa aveludada - Mas admito que é uma bela joia.

– Eu gostaria que fosse sua... - ele tirou da caixa, pegando sua mão direita carinhosamente - Para dar sorte.

Pedro colocou a joia em seu pulso. Os delicados morangos brilhavam com a luz da Lua. Joias feitas por dríades são geralmente colares de cristais, tiaras de flores, pulseiras de sementes ou qualquer coisa que lembre a natureza. De fato, joias de metal eram feitas por anões. Esta era uma joia especial, para uma ocasião especial.

– Pedro saberia o que fazer... - ela passou os dedos pelos pingentes - Mas eu não sei... Não sou uma rainha...

– Mas não precisa ser para saber arrumar as coisas para uma viagem. - Caspian estava parado, na porta do quarto.

– Eu não pedi ajuda nenhuma. - Samantha respondeu, amarga.

– Mas precisa. - Caspian se aproximou.

Ele olhou a cama, analisando cada item daquela cama bagunçada. Definitivamente ela nunca foi à uma aventura. Não uma longa, pelo menos.

– Hum... A primeira regra é sempre viajar leve, pois o peso atrapalharia o cavalo. - Caspian começou a instruir.

Caspian pegou a sacola das mãos dela, e colocou dentro um vestido escuro, um par de sapatos e uma capa extra. Mala pronta.

– É só isso???? - Samantha se impressionou.

– Mala leve, cavalo veloz! - Caspian sorriu. - É melhor pegar uma arma. Uma espada, ou arco, qualquer coisa. Você vai precisar mantê-los com você.

Samantha deu um meio sorriso. Era a primeira vez que um rapaz fazia sua mala, ela estava desconfortável. Mesmo sendo seu estimado primo.

– Você me perdoa? - ele disse, sentando-se do lado dela.

– Perdoar...? - ela sussurrou. Palavra estranha, vindo DELE.

– Me perdoa, Sam. - Caspian suspirou, arrependido - Eu jamais deveria ter duvidado de você. Você sempre fez boas escolhas, eu é que não te apoiei. Mas você agiu bem, você salvou uma vida. E eu, só fiquei por aí como um velho rabugento. Como meu tio...como Pedro...Lembra de quando eu e Pedro nos conhecemos? Ele me odiava.

– Não, ele não odiava. - Samantha falou. - Ele só não estava acostumado com a ideia de uma nova pessoa no governo de Nárnia. Ele sabia que você é promissor, e que tem o direito. Só não conseguia aceitar isso.

– E lá vem você denovo! - Caspian sorriu - Sempre com esse jeitinho doce de apaziguar os ânimos. Aposto que foi assim que você o convenceu.

– Bem... - Samantha coçou a cabeça.

Ela se lembra muito bem como o convenceu. Assim que Caspian entrou no Monte de Aslam, depois da discussão acalorada que ele e Pedro tiveram do lado de fora, Samantha entrou logo atrás, furiosa. Ela já não aguentava mais aquela discussão tola.

Samantha pegou uma espada recém-afiada e ficou aguardando todos entrarem. Quando Pedro a viu, ela fechou a cara e caminhou para um corredor escuro.

– Samantha? - Pedro chamou - Pode aparecer? Gostaria de falar com você... Aquele traidor miserável, quis ir atrás de Miraz, e agora os homens estão mortos!

Samantha não suportou ouvir isso. Pedro era tão impulsivo quanto Caspian. Ela saiu da escuridão e imprensou-o contra a parede, com a espada em sua garganta.

– Agora me ouça, filho de um soldado! - ela faiscava pelos olhos - Você pode ser um rei aqui, mas não passa de um garoto, que precisa aprender muitas coisas. Este rapaz não é um inimigo,você não vê? Ele herdou Nárnia, e vai cuidar sim dela! Ou será que você pensou que seria rei para sempre? Quando essa coisa toda acabar, Nárnia só terá à ele! Ele é quem será o rei!

Pedro olhava para ela, assustado. Poderia esperar isto até de Lúcia, mas não de Samantha. Não de sua Sunshine.

– Agora, você não consegue enxergar o que isto tudo é para ele? Pedro, ele está tendo a chance de ver os reis da Era de Ouro, seus ídolos de infância! - Samantha continuou - E você está acabando com isso! Para ele seria uma honra tudo isso, mas você está transformando em um inferno! Pedro, você é o rei que ele mais admirava. O Grande Rei Pedro, O Magnífico. O rei da profecia, que trouxe o equilíbrio para este lugar. Será que você pode ser esse rei outra vez, e parar de agir como um idiota mimado e arrogante?

Ela retirou a espada, e ele a abraçou, ofegante. Não que quisesse, mas ela é quem lhe dava apoio. Sempre foi.

– Agora, volte lá. - ela largou-o - E seja um rei que me orgulhe.

Samantha ria com sua lembranças. Se ela teve coragem para colocar uma espada na garganta do maior rei que Nárnia já teve, ela teria coragem para partir. E nada, absolutamente nada a faria mais feliz.

– Meu querido primo. - ela fez Caspian a olhar - Não precisa ser perdoado, por que não fez nada de errado. Você apenas estava protegendo seu reino. E isso me orgulha. Não consigo pensar em ninguém melhor para fazer essa viagem conosco. Confia que Rip-Chip possa cuidar de tudo, não é?

– Com minha vida! - Caspian imitou o jeito do pequeno rato falar.

– Então ficará tudo bem! - ela sorriu.


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Notas finais do capítulo

Estranho pensar em Caspian fazendo a mala de alguém... Seria muito fofo, ou muito hilário.



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