É assim que as coisas são, não é? Você não pode esperar um final feliz, ele não existe, é só uma ilusão. Quando você luta por algo, tem que estar ciente de que perdas acontecem e que é preciso superá-las, não pode ficar preso ao passado. Pessoas morrem todos os dias, você tem que olhar para frente e nunca para trás.

Mas ao olhar Samantha morta no chão, uma garota que conheceu a seis dias, que mal havia conhecido mas já a considerava como uma amiga, eu me pergunto, porque é necessário tantas mortes, tanta dor. Talvez felicidade não exista.

– Ela está morta, precisamos sair daqui agora – Ouvi Jace falar – Eles vão chegar.

– Não vou deixa-la aqui – Finnick disse com seus olhos cheios de lágrima.

– Eu falhei – Hermione murmurou

– Nós falhamos – eu a corrijo.

Como tudo pode dar tão errado?

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Fui o último a acordar, todos os outros já haviam levantado, e também já haviam se preparando para capturar Draco Malfoy, eu me vesti e fui até o pequeno restaurante do hotel, onde estavam tomando café. Finnick, Jace e Hermione acertavam os detalhes do plano, enquanto Sadie e Samantha terminavam de tomar café, me sentei ao lado de Sam.

– Preparada? – Perguntei.

– Sempre – Ela respondeu com um sorriso.

– Ótimo vamos repassar o plano – Hermione disse quando percebeu que todos estavam na mesa – Nós ficaremos perto desse esgoto – Hermione apontou uma rua no mapa - Nós os atrairemos para cima do esgoto e Sadie usará o “Há-di” e Percy vai deixar Draco e seus capangas preso na água do esgoto

– Que nojento – Sadie murmurou – Posso te chamar de o garoto do esgoto, Percy?

– Não – eu digo.

– Eu retirarei a varinha deles – Hermione continuou – E Finnick e Jace os prenderam, certo?

– Claro – Finnick falou – O que poderia dar errado? Absolutamente nada.

Hermione revirou os olhos. Eles terminaram de tomar café e começaram a se preparar as armas, Sadie e Hermione tinha suas respectivas varinhas empunhadas, Finnick pegava um tridente, Jace uma espada e Samantha arco e flecha. Sadie deu uma olhada para a rua.

– Parece que a cidade tá mais movimentada, tem pessoas do exército por todo o lugar – Ela disse. Durante todos os dias, tivemos cuidados ao portar armas perto dos soldados, a névoa não existe aqui.

– Será que não existem mais pessoas normais – Finnick disse – Parece que cada dia que passa eu vejo menos cidadãos comuns e mais soldado do exército.

– Acho que estão reforçando a segurança, tem coisas estranhas acontecendo em todo lugar.

Eles desceram e saíram do hotel, indo em direção à rua onde eles escolheram para executar o plano. Eu esperava que tudo desse certo, primeiro porque eles não tinham certeza se Draco Malfoy apareceria, segundo era se ele traria quantas capangas. Me aproximei de Hermione.

– Como você tem tanta certeza que Draco vai aparecer? – Pergunto

– Eu não sei, é uma intuição – Ela responde.

Por um minuto, nós apenas ficamos calados, percebi que ela parecia mais nervosa do que no café.

– Você já lutou contra esse tal de Cronos, certo? – Hermione pergunta.

Eu assinto

– Você sabe por que Cronos iria até Samantha?

– Eu não sei.

– Acho estranho, pelo pouco que eu sei Samantha é mortal e é desse mundo, um que um ser superpoderoso poderia querer com ela?

Reflito sobre a pergunta, Por que Cronos está atrás de Samantha? Ela não é semideusa, não é bruxa, então por quê? Mas ela irmã de Pain, uma voz falou na minha cabeça, teria isso haver alguma coisa relacionada à seu parentesco com o feiticeiro.

– Eu espero que isso dê certo – Finnick havia chegado perto de mim sem eu nem perceber – Não quero que nada a machuque.

– Ei vai dar tudo certo – eu falo para ele.

Finnick pareceu se perder em pensamentos – Percy, você acha que há possibilidade de um dia voltarmos para os nossos mundos?

Eu ainda não havia pensado na possibilidade. Nos últimos seis dias enquanto viajava por parte do Brasil, a única coisa em que eu pensei foi em achar meus amigos, Annabeth, minha mãe, ainda não tinha passado pela minha cabeça, o que ia acontecer depois que eu acha-los, para onde eu iria. Será que há um jeito de desfazer o feitiço de Pain? De voltar para casa?

– Eu não sei Finnick – Respondo.

– Acho que voltar para casa me ajudaria de alguma forma – Finnick disse, seus olhos parados em Samantha – Eu me sinto diferente, como se não fizesse parte de alguma coisa.

A conversa parou, eles haviam chegado à rua onde executariam o plano. Era uma rua não muito larga, havia casas que pareciam ser de classe média por todo o lado, com muros as dividindo, parecia deserta.

– Fiquem em seus postos – Hermione ordenou.

Sadie preparou o feitiço de proteção no meio da rua, colocou quatro estátuas de argila que ela chamava de shabits e os colocou em um quadrado, com os shabits apontando cada um para um ponto cardial, ela murmurou algumas palavras e uma luz dourada brilhou.

– Feito – Ela disse – Hermione e Samantha já podem entrar.

Hermione e Samantha entraram no quadrado dourado. Jace e Finnick se esconderam e eu me escondi atrás de um muro. Esperamos pelo que pareceu uma eternidade, pensei que talvez Draco tenha desistido de achar Samantha, ou que simplesmente não conseguisse acha-la, até que consegui ver cinco figuras se aproximando.

Todos usam vestes negras, o garoto que via no meio deveria ser o tal de Draco Malfoy.

– Não achariam que iriam se entregar tão fácil – Não acreditei que o plano estivesse dando tão certo, Draco e seus capangas se dirigiam para parte da rua com esgoto logo abaixo.

– Olá Draco – Disse Hermione.

– Me entregue a garota Hermione e eu deixarei você sair ilesa – Draco falou olhando para Samantha, ele se aproximava mais um pouquinho do esgoto.

– Me obrigue – Hermione falou com os olhos brilhando com o desafio.

Draco apontou a varinha, e um raio de energia verde saiu da varinha e atingiu o escudo criado por Sadie, o escudo aguentou.

– Um feitiço de proteção, interessante – Falou Draco com uma cara de nojo – Isso com certeza não é trabalho da nossa espécie de bruxo.

Sadie sorriu para o Draco quando percebeu que ele e seus capangas estavam em cima do esgoto.

– Sabe, cara, você está com uma cara de quem não toma banho há dias, que tal um banho? – Sadie disse. Draco ergueu as sobrancelhas – Há-di!

O chão abaixo dos pés de Draco foi destruído, ele caiu no esgoto, a água ao seu redor explodiu e eu comecei a me concentrar e um redomoinho de água envolveu Draco e os seus capangas.

– Accio! – Hermione disse e as varinhas de Draco e seus ajudantes voaram para perto dela.

Fiz o redemoinho crescer e joguei contra o muro, Finnick e Jace saíram de seus esconderijos e amarraram Draco ainda consciente. Hermione, Sadie e Samantha saíram do quadrado dourado foram até Draco que já estava devidamente amarrado.

– Jace me dá aquele frasco com a poção da verdade – Hermione disse e Jace rapidamente pegou um pequeno frasco do bolso, Hermione pegou o frasco e pingou três gotas na boca de Draco.

– Agora você vai nos falar, por que Cronos está atrás de Samantha? – Hermione perguntou?

– Eu não sei, ele não me disse – Draco falou com os olhos vidrados – Ele só me disse para pegá-la.

– O que você sabe sobre Cronos?

– Quase nada – Ele respondeu – Só sei que ele está em algum lugar do México, ele se comunica comigo por Mensagem de Íris, eu nunca vejo o rosto dele.

– Por que você está servindo Cronos?

– Ele tem algo que eu quero. – Draco respondeu

– E o que é?

– A Pedra Filosofal.

Captei um movimento do outro lado da rua, vários lobos que eram do tamanho de leões vinham em nossa direção, seus olhos brilhavam de forma maligna ao meu lado Jace amaldiçoou.

– Crianças da lua, devem estar trabalhando para Cronos.

Os Lobos avançaram, Hermione murmurou alguma coisa e alguns dos lobos foram jogados longe, mas outros avançavam, me preparei para a luta, dois deles vinham em minha direção e então. Levantei um barreira de água e joguei por cima dos lobos restantes

Mas ainda havia muitos chegando e os derrotados já estavam se recuperando, seus olhos brilhavam num tom verde.

– Precisamos dar o fora – Sadie falou.

– Mas e os prisioneiros – Finnick perguntou.

– Esquece eles – Hermione respondeu.

Eles correram em direção ao hotel, agora deveria ter no mínimo 30 lobos ao total, correndo em nossa direção. Olhei para trás e percebi que Draco já havia se soltado.

– Vocês não vão a lugar algum – Draco gritou, seu rosto estava suado e ele tinha uma expressão assassina, ele apontou a varinha para mim – Avada Kedavra!

Eu desviei bem na hora que uma raio verde veio em minha direção, minha cabeça bateu fortemente no asfalto da rua, minha visão embaçou e meus ouvidos zuniam. Ouvi alguém gritando, Draco e os lobos pareciam bater em retirada.

Me virei e vi Samantha caída no chão.

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Hermione nos contou que Avada Kedavra, é a maldição da morte e que é proibida. Mas eu duvidava que alguma coisa agora fosse proibida. Já havia se passado vinte e quatro horas desde a morte de Samantha, Draco e os lobos haviam fugido e não voltaram, por qual razão ninguém sabia.

Finnick e Sadie estavam ajoelhados sobre o túmulo improvisado de Samantha E Jace e Hermione enfeitava a lápide de madeira que Sadie fez com flores.

– Eu queria ter conhecido ela melhor – Hermione disse – Ela parecia ser corajosa.

– Eu já considerava ela como uma amiga – Sadie disse.

A culpa caia em cima de mim, ela morreu e eu não contei para ela. Mas talvez tenha sido melhor assim, ninguém saber sobre o parentesco dela com Pain.

– Eu nunca vou esquecer dela – Finnick disse, ele parecia abalado com a morte dela.

Meu estômago revirou, eu tinha que contar a alguém.

– Ela era irmã de Pain – Falei sem parar para respirar, como se solta uma bomba.

– O quê? – Finnick perguntou.

– Quando eu estava enfrentando Pain, ele me falou de uma irmã que estava nesse mundo. E eu sonhei uma vez, e ela estava nesse sonho, mais nova mas com certeza era ela.

Todos me olhavam perplexos.

– Ah, meu deus! – Sadie gritou.

Primeiro achei que Sadie havia gritado por causa da revelação que acabei de fazer, mas depois percebi que ela olhava chocada para o túmulo de Samantha e imediatamente descobri o Porquê.

Uma mão se contorcia fora do túmulo, a terra tremia como se alguma coisa tentasse se levantar.

– Ajudem-na! – Finnick gritou.

Hermione e Jace começaram a cavar com as mãos, tentando tirar a terra. Finnick puxava a mão, numa tentativa de retirar da terra. Então o rosto de Samantha irrompeu da terra, seus olhos azuis muito inquietos, sua respiração ofegante e seu rosto coberto de terra, ela olhou para cada um de nós.

– O que aconteceu? – Ela falou num sussurro.

Me aproximei mais dela e falei no tom de voz mais calmo que pude, mas eu estava tremendo.

– Samantha, você estava morta à 24 horas.