POV Harry

Samantha andava de um lado para o outro fazendo barulhos com a boca e passando a mão pelo cabelo, em um determinado momento ela havia pedido para invocar uma barra de chocolate por mágica, apesar de eu ainda estar me adaptando com a antiga varinha de Gina, eu consegui invocar um com sucesso, o que foi um erro, já que Samantha pediu mais 39 barras de chocolate e comeu todos eles compulsivamente.

Finnick roía as unhas sem prestar muita atenção nas coisas, Katniss estava com uma flecha nas mãos e passava o dedo distraidamente pela ponta e Leo, bom, Leo colocava a mãos em chamas e depois apagava, em determinado ele acabou colocando fogo na camisa de Finnick que já não estava exatamente inteira, por sorte, Finnick conseguiu controlar a situação.

As postas se abriram, Courtney, a nova namorada de Leo, entrou – Os médicos da Erudição conseguiram estabilizar a situação dele, Jonathan vai ficar e repouso, ele perdeu muito sangue, mas vai ficar bem.

Samantha suspirou aliviada – Obrigada Madison... quer dizer, Courtney.

Courtney assentiu e saiu da sala. Nós estávamos em uma sala do colégio que havíamos feito de sede, Finnick havia chamado até lá para avisar das mensagens de “A”, e então aqui estávamos, apenas mais nervosos do que alguns minutos atrás. Bom, pelo menos com Jonathan estava bem, era um problema a menos, dentro dos vários que nós tínhamos.

– E então onde foi que tudo começou? – Leo perguntou distraidamente.

Finnick balançou a cabeça – Não faço a mínima ideia, o que “A” quis dizer com isso? Onde foi que tudo começou.

– Onde foi que vocês receberam a primeira mensagem de “A” – Katniss falou – Pode ser disso que “A” esteja falando, do lugar onde vocês receberam a primeira mensagem de “A”.

Finnick balançou a cabeça outra vez – Não, não pode ser, nós recebemos nossa primeira mensagem no Brasil, não tem como a gente chegar lá – Então Finnick pegou um celular e olhou distraidamente – “Espero vocês em Chicago”.

Olhei para Samantha, estranhamente ela havia parado de andar assim que Finnick falou, mas precisamente quando ele recitou a primeira mensagem de “A”, ela ficou olhando para ele distraidamente, eu quase pude ver o cérebro dela trabalhando, ela estava descobrindo algo. Então ela pegou, um celular do bolso e leu algo.

– É uma distração – Samantha conclui – “A” está nos distraindo, afinal, qual o interesse de “A” no Domo? Nenhum, “A” nunca precisou de um Domo para nos torturar, ele ou ela quer nos distrair de algo.

Leo franziu as sobrancelhas – Nos distrair de quê?

Samantha estalou os dedos – Finnick você se lembra daquela mensagem que Percy recebeu? Quando nós ainda estávamos no Brasil?

Finnick pareceu ficar confuso durante alguns segundos, então sua expressão mudou rapidamente, ele pareceu entender o que Samantha queria dizer, a partir daí, eu, Katniss e Leo assistimos uma conversa silenciosa se passar entre Finnick e Samantha, daquela que só duas pessoas que já fizeram muito isso iam entender, então a garota se virou para nós.

– Olha vocês vão precisar ir atrás do ovo sem nós, eu e Finnick... – Samantha falou troando um olhar com Finn - ...Vamos atrás de Percy, ele pode estar com alguns problemas, acho que “A” não escondeu o ovo exatamente no lugar onde tudo começou e sim no centro da cidade.

Leo franziu as sobrancelhas – E por que você acha isso?

Samantha trocou outro olhar com Finnick, isso era um pouco irritante – Por que foi lá que encontraram o corpo de Max Lightwood, o primeiro morto que encontraram aqui desde que chegamos – Ela pegou uma pequena adaga que estava em cima de uma carteira, Finnick pegou um tridente que estava no canto da sala e seguiram até a porta e antes de sair Samantha se virou para nós – Boa sorte para vocês, acho que tudo acaba hoje.

E então eles saíram, assim quase como se estivessem saindo para um encontro, um arrepio correu em mim, as últimas palavras de Sam ecoaram na minha cabeça e eu sabia que esse tudo significava que o jogo de “A” acabaria hoje. Suspirei e me sentei um uma cadeia próxima, nem Katniss, nem Leo pareciam a vontade de falar algo, uma lembrança começou a coçar na minha mente, havia alguém no dia em que a casa foi explodida e acabou causando a morte de Gina, mas eu não conseguia lembrar quem.

Fechei os olhos e tudo o que aconteceu comigo em Chicago passou pela minha mente, as ameaças de “A”, ou quando meu filho Alvo foi marcado na cabeça, a cicatriz ainda persiste na testa dele, eu tentei tirar com mágica, mas nem isso adiantava, aquilo iria ficar ali para sempre. E também a morte da Gina, por que “A” fez tudo o que fez, por que eu sempre tive a sensação de que “A” só fez essas coisas não para me atingir, mas sim a outras pessoas.

Katniss tinha razão, o alvo de “A” era Percy, Samantha e Finnick, todos os que se aproximaram deles tiveram alguma dose de sofrimento, algo me dizia que “A” queria fazê-los perceber que tudo o aqueles tocavam se tornava tóxico. Então, uma ideia se passou na minha mente.

– Gente, o que Percy realmente perdeu? – Perguntei e vi os rostos de Katniss e Leo tomarem uma expressão confusa – Digo, todos nós perdemos alguma coisa, minha namorada morreu, Tris quase foi morta, Leo teve sua namorada e amiga mortas e Samantha perdeu a mãe, mas e Percy? O que ele sofreu?

Leo levantou uma sobrancelha – Ele acabou de terminar um relacionamento graças à “A”.

– Sim, mas mesmo assim Percy não teve nenhuma grande perda, não como nós tivemos – Falei e a expressão de Leo pareceu se tornar mal-humorada, ele não estava gostando do que eu estou falando – Olha eu não estou falando que Percy é “A”, mas...

Katniss arfou – E se “A” quer algo de Percy?

Katniss completou o meu pensamento, depois mais um silencio se passou entre nós, me lembrei de algumas semanas atrás, quando descobrimos quem era o segundo “A”, que provavelmente era só mais capanga do “A” real, eu e meus amigos estávamos tendo esse mesmo tipo de conversa e olha como terminou, Jace e Clary estavam mortos e “A” ainda estava por aí.

Me levantei da cadeira – Vamos é melhor nós irmos atrás desse ovo e resolver pelo menos um de nossos problemas.

Alguns minutos depois, nós já havíamos saído do colégio e andávamos em direção ao centro da cidade, no exato local onde o corpo de Max Lightwood foi encontrado, não ficava muito distante do lugar onde nós estávamos então seria uma caminhada rápida.

As ruas de Chicago estavam estranhamente silenciosos e ainda mais arrepiantes que o normal, parecia haver pessoas nos vigiando das janelas dos edifícios vazios e uma vez ou outra, eu pensei ter visto vultos do lado de dentro do prédio e em outro momento eu podia jurar ter visto uma garota de cabelos pretos dentro de um prédio quase todo destruído, mas quando eu olhei de novo não havia ninguém lá.

O silêncio parecia querer nos dizer que algo ruim estava acontecendo, algo que eu realmente deveria temer. Olhei para meus amigos, Leo roía as unhas e de vez em quando um dos seus dedos pegava fogo, isso acontecia quando ele ficava nervoso e Katniss estava estranhamente calma, mas as mãos delas tremiam o que queria dizer que ela estava tão nervosa quanto a Leo.

– Afinal – Leo falou, percebi que era para tentar disfarçar o nervosismo que etsava estampado na cara dele – O que fizeram a esse garoto, o Max?

Suspirei – Não sei muito bem da história, só poucas pessoas sabem, apenas eu e Tris e eu só descobri por que foi Tris quem me contou sobre essa história Deu mais um longo suspiro – Percy, Finnick e Sam foram os responsáveis pela morte de Max Lightwood.

Mais alguns momentos de silêncio, a história que a Tris me contou inundava minha cabeça com imagens. Finnick ficando louco e obsessivo pelo tal mapa, depois Percy e Samantha pedindo ajuda a um curandeiro que lhes falou que o sangue de alguém puro salvaria Finn e destruiria o mapa, mas o feitiço deu errado e foi Max quem se tornou obsessivo e tentou matar Percy Jackson. Mas então Finn teria recuperado a consciência e tentado salvar Percy, mas ele acabou matando o pobre Max.

– Como aconteceu? – Katniss perguntou.

Balançei a cabeça – Não é uma boa hora para essa história, nós já estamos quase chegando na rua que Max foi encontrado morto.

De repente, uma dor atingiu minha cabeça e eu caí no chão, um zumbido encheu meus ouvidos e minha visão embaçou totalmente, levei minhas mãos a cabeça sentindo que ela iria explodir, eu não conseguia saber o que estava acontecendo ao meu redor por que todos os meus sentidos estavam entorpecidos demais.

Então eu voltei à noite em minha casa na Abnegação, no dia em que pegou fogo. Eu estava de novo lá, deitado na grama do lado de fora totalmente atordoado pela explosão que havia acabado de acontecer, foi então que o vi, só que dessa vez o rosto dele estava nítido para mim, então de alguma forma eu sabia quem ele era. Eu sabia quem era “A”.

A memória foi tão rápida quanto veio, minha dor de cabeça passou, o zumbido no meu ouvido cessou e minha visão voltou ao normal, mas eu me sentia muito atordoado e a única pergunta que vinha a minha mente era: Por quê? O que eu tinha feito para ele? Não fazia sentido, simplesmente.

Arfei – Gente, eu acho que...

Leo exclamou – Gente, olhem eu acho que nós achamos – Ele apontava para o meio da rua, perto de um cruzamento entre duas ruas havia um objeto brilhando no chão, tinha o formato de ovo.

– Eu vou lá – Katniss falou e começou a se mover.

Eu ia falar para ela parar, mas por algum motivo minha voz não quis funcionar, eu não conseguia juntar palavras para falar, eu não conseguia gritar, mas um pressentimento horrível tomou conta de mim. E sabe de uma coisa? Eu odeio estar certo.

Katniss se aproximou devagar do ovo, ela o pegou quase como se ele fosse radioativo e depois se virou para nós e o exibiu, foi aí que tudo deu errado, o asfalto ao redor dela se rachou fazendo um estrondo maior do que eu imaginava e então o chão sob ela cedeu, a última coisa que eu vi foi Katniss caindo num buraco e daí eu consegui gritar.

Então eu ouvi um barulho de ossos quebrando e tudo ficou em silêncio.

*******************************************************************************************

POV Percy

“Chegou a hora da sua escolha, me encontre no terraço do prédio da Erudição. Isso termina hoje, otário. –A”

Cada parte do meu corpo funcionava no automático, por que eu sentia que se eu tivesse controle do meu corpo eu não aguentaria. As palavras da mensagem de “A” cortavam a minha mente como uma faca e cada vez que eu lembrava delas era como se uma parte de mim morresse por que eu sabia exatamente o que ela significavam. “A” mataria Nico ou Annabeth hoje e eu provavelmente não poderia fazer nada.

Tentei livrar minha cabeça dos pensamentos negativos que viam se assentar sobre mim a todo minuto, tentei me livrar de todos os sentimentos que me inundavam, o medo, a tristeza e principalmente o ódio, só de pensar na letra “A”, uma raiva que eu não conhecia se apoderava de mim. No final “A” é um covarde, por nunca ter tido coragem de me enfrentar, apenas fazia esses joguinhos bestas.

De alguma forma, eu também me sentia ansioso para saber quem é “A”, saber que está por trás daquela mascara da qual eu estive sonhando nos últimos dias, por que essa pessoa estava atrás de mim, como convenceu Calipso a se tornar parte do seu time e principalmente por que causou a morte de tanta gente.

Eu finalmente havia chegado ao hall do edifico da Erudição, eu parei por um momento e foi aí que eu percebi o quanto eu estava cansado, meu pernas doíam da corrida que eu havia feito e eu suava como um condenado. Depois que eu recebi a mensagem de “A” eu não conseguia pensar em nada, mas pensando bem agora eu devia ter falado para alguém, para um dos meus amigos. O mais engraçado é que “A” não se deu ao trabalho de colocar “vá sozinho”, de alguma forma, ele ou ela sabia que eu viria sozinho.

Eu então comecei a me dirigir em direção as escadas e comecei a subir. Meu corpo agiu no automático de novo, eu não estava realmente prestando atenção no que eu fazia. Enquanto eu ia até o terraço, uma lembrança tomou conta de mim, uma recente, da minha viagem até Nova York.

Um pouco depois da nossa saída da cidade de Manaus, no Brasil e antes do incidente com Max e o mapa, nós estávamos em uma pequena cidade do interior de um país da américa central que eu não conseguia lembrar o nome, eu, Finnick e Sam estávamos sentados na frente de um pequeno hotel olhando para o movimento da rua que nem asfaltada era.

– Se vocês tivessem uma vida normal, o que gostariam de fazer? – Samantha perguntou de repente.

Olhei para ela durante alguns segundo antes de responder para ela – Não sei, às vezes eu não me imagino fazendo outra coisa que não seja matar monstros.

– Mas você gostaria de fazer o quê se não fosse isso? – Ela insistiu e eu sabia que ela queria que eu respondesse a pergunta, Samantha poderia ser um pouco insistente quando queria.

Dei um grande suspiro – Acho que eu gostaria de terminar o colegial, fazer uma faculdade, me casar, ter alguns filhos, viver uma vida normal, era isso o que você queria ouvir?

Ela riu – Não exatamente. E você Finnick?

– Eu? – Ele deu um sorrisinho maldoso e puxou Sam para seu colo – Ficar com você pode ser?

E então ele deu um beijo na testa dela e abraçou ela de uma forma protetora, às vezes durante ocasiões assim um pensamento maldoso surgia na minha cabeça, algo mais ou menos do tipo: “Não fique muito feliz Finn, eu também já peguei ela”, mas eu tirava rapidamente esse pensamento da minha cabeça e me sentia culpado, quando foi que eu havia virado mal assim?

– E você Sam? – Perguntei sorrindo para ela – Onde gostaria de estar?

Ela tomou uma expressão contemplativa – Acho que com vocês, minha vida não foi exatamente feliz sabe, meu irmão é um louco psicopata, meu papai e tentou matar meu irmão e minha mãe, eu nem sei onde é que ela está, as vezes, eu acho que eu prefiro estar com vocês.

Por algum motivo que eu não entendi muito bem, eu gostei de ter ouvido aquela resposta, uma sensação estranha correu sobre meu corpo, mas eu não entendia bem o por que, mas parecia algo parecido com conforto, eu gostava da ideia de ter Finnick e Samantha por perto. Essa era uma lembrança distante, mas então eu entendi o por que ela era importante, por que naquele momento a sensação de conforto não foi a única coisa que eu senti. Eu também tive a sensação de que alguém me vigiava e não estava nada feliz com aquele momento.

Eu finamente havia chegado ao ultimo andar, procurei as escadas que davam direto ao terraço e depois de alguns minutos eu finalmente achei, do lado de uma sala que eu acreditava ser o lugar que controlava a energia no prédio, eu subi as escadas dessa vez muito consciente de tudo o que acontecia ao meu redor, a ansiedade tomava conta do meu corpo.

Lá no terraço estava mais claro do que eu imaginava que estaria, o vento era forte e frio e enviava arrepios por todo o meu corpo, olhei e percebi que estava tudo arrumado demais, quando você pensa em um terraço você não pensa em um lugar exatamente bem arrumado e o mais estranho, a iluminação do lugar vinha de repletas velas.

Foi então que os vi, Nico e Annabeth estavam ajoelhados no chão, bem no meio do terraço, seus pés e mãos estavam amarrados e suas bocas amordaçadas, Annabeth estava com os olhos vermelhos e chorava muito e Nico parecia perplexo não esboçava nenhuma emoção e também havia “A”, usando suas calças, tênis e moletom totalmente preto, usava também um luva e o capuz continuava jogado sobre a cabeça. Ele ou ela, eu não conseguia saber direito, usava uma mascar preta com um “A” no rosto.

Quando “A” me viu, retirou uma faca do bolso e acariciou o cabelos de Annabeth com a faca, meu coração começou a bater mais forte, eu queria pular no pescoço desse tal de “A”, mas eu não podia, eu não sabia que tipo de habilidades de luta essa pessoa podia ter, qualquer movimento em falso e “A” poderia cortar a garganta de Nico ou Annabeth.

– Olá Percy Jackson – “A” falou em uma voz robótica que eu logo percebi que estava modificada de algum jeito – Que bom que veio me ver.

Um ódio percorreu por todo o meu corpo – Solte eles seu covarde, isso é entre eu e você.

“A” riu ou pelo menos eu achava que era um riso – Você pelo menos sabe o por que de eu estar fazendo tudo isso hein? Você não sabe de nada, Jackson.

– Você nunca contou, como quer que eu saiba que você é? – Falei sarcástico – E eu não me importo com você, só solte eles, se é a mim que você quer, então me mate, não à eles.

“A” passou a faca pelo rosto de Nico – Sabe uma coisa que eu aprendi? Que o melhor jeito de acabar com alguém, é acabar com tudo ao seu redor, matar seus amigos ou atingir eles – “A” apontou para trás – Inclusive foi num prédio desses que eu empurrei Piper McLean, eu também quase matei Tris Prior, matei Gina Weasley, um padrão de mortes não acha?

Um arrepio passou por mim – Só garotas.

– Dizem que as mulheres são a base que sustenta um homem – “A” falou com uma nota de sarcasmo na voz – E você sabe o que é um homem sem base? Ele não é nada.

– Eu vou acabar com você seu desgraçado – Falei com toda a raiva naquelas palavras.

“A” gargalhou – Já chega cabeça-de-alga, é hora de terminar com isso logo.

Tudo aconteceu muito rápido, antes mesmo de eu perceber o que estava acontecendo eu já havia corrido na direção de “A” que pareceu ser mais rápido, ele pegou a faca que levou até a direção do peito de Annabeth, tudo pareceu correr em câmera lenta, eu vi cada momento da faca se aproximando de Annabeth, eu já não sentia nada, eu só queria salvar ela.

Então eu me joguei sobre Annabeth tão rápido e forte que eu esperava que nenhum osso dela estivesse quebrado, mas foi quando eu e ela caímos no chão que eu percebi o meu erro, eu havia escolhido. Eu me virei a tempo de ver “A” enfiar uma faca no meio do peito de Nico e ele cair no chão, eu gritei tanto que minha garganta queimou, “A” se virou para mim.

– Acho que você escolheu Percy.