Potterlock - A Câmara Secreta escrita por Hamiko-san


Capítulo 5
O balaço errante




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As semanas seguintes não foram nada agradáveis para John. Harry fazia questão de exteriorizar seu horror cada vez que ouvia o irmão falar de Sherlock, e vez ou outra ameaçava mandar uma coruja denunciando a amizade deles para os pais. Tal ameaça era caso de brigas homéricas entre os irmãos, que sempre era apartada por Clara. Para piorar, Sarah Saywer desviava o olhar sempre que se encontravam por acaso, como a vez em que estavam na biblioteca. Ele tentando completar seu dever de casa de feitiços e ela na imensa fila que dava para o balcão. Quando John a viu, acenou, mas ela o ignorou e puxou conversa com um amigo.

John suspirou e voltou ao seu trabalho:

— Eu nunca vi a biblioteca tão lotada. — Comentou Henry — Parece até que estamos em época de provas.

— É o Hogwarts, uma história. - Respondeu Sally concentrada nas anotações — Todo mundo tá atrás dos exemplares. A fila de espera já tá em duas semanas.

— É? Por que essa atenção de repente?

— É lá que tá a lenda da Câmara Secreta. Não se fala em outra coisa. — Ela olhou atravessado para John.

— O que foi? O que eu fiz? — Indagou o jovem Watson.

— Está andando com Sherlock. Vai acabar se queimando, mesmo sendo inocente.

— Ele não fez nada! Estávamos juntos o tempo todo!

— Não. Vocês estavam juntos na festa. O que ele fez antes disso? Você sabe?

— Ele deve ter um álibi.

— Ele não tem. E ele pode ser o herdeiro de Slyterin que controla a criatura da Câmara Secreta.

— Ele não é! Ele me disse que a mãe é mestiça e... Ah, vai... Eu vi o pai dele. Não parece ter sangue de gente da Sonserina.

— Você tá brincando, né? – Henry riu incrédulo – A maior parte da linhagem Holmes é da Sonserina. Mycroft seguiu a tradição.

Por essa John não esperava:

— Que?

— Meus pais disseram que o senhor Holmes só foi pra Lufa Lufa porque pediu para o Chapéu Seletor não colocá-lo na Sonserina. – Sally confessou – E se os Holmes forem herdeiros de Slyterin? Eu sei que Sherlock escapou por pouco de ser daquela casa.

— Ele não é o herdeiro! – John defendeu escrevendo qualquer coisa no seu dever de feitiços - E mesmo que fosse, isso não faria dele o único suspeito. Digo, ninguém fala de Mycroft e ele é da Sonserina.

— Mycroft não se diverte com a desgraça dos outros, só não liga para as pessoas. Além disso o Sherlock... — Ela fez uma pausa e respirou fundo — Olha, você sabe que os dois são muito diferentes. A mente de Sherlock é... 

O melhor complemento que poderia se encaixar nessa frase seria "brilhante", mas John achou que a amiga não estava afim de usar esse adjetivo para falar de uma aberração, então usou uma espécie de sinônimo:

— ...Distinta.

Sally inclinou-se para perto dele. Cotovelos em cima da mesa, olhos fixos no amigo:

— Sherlock é um sociopata. É pelo seu bem que tô dizendo isso. Ele pode se tornar um bruxo das trevas e logo nós dois estaremos na mesma pilha de corpos.

John não sabia o que pensar.

— A biblioteca está cheia demais. — Ele falou recolhendo o seu Livro Padrão de Feitiços — Nem consigo me concentrar.

 

~O~

 

As escadas mudavam de direção toda hora, o que dificultava a vida de John. Mas agora ele não se incomodou. Acabou achando a oportunidade de ir para onde realmente queria, e não era a sala onde teria a inútil aula de Defesa Contra as Artes das Trevas.

Estava no mesmíssimo corredor em que ocorrera o ataque à Madame Nora. A cena era exatamente a daquela noite, exceto que não havia nenhum gato duro pendurado ali. Também tinha uma cadeira encostada na parede. Certamente Filch esteve montando guarda. Era melhor aproveitar que ele não estava lá.

— Hm... Vejamos... Tinha água aqui e... Hn?

No caixilho superior da janela, havia várias aranhas correndo e brigando para entrar em uma pequena fenda. Um fio longo e prateado estava pendurado como uma corda, como se todas o tivessem usado na pressa de sair. A cena condizia exatamente com a que Sherlock havia descrito.

Sons de passos denunciaram a chegada de Filch, e John saiu correndo pela direção oposta antes que fosse flagrado. Dobrou o corredor e o viu apinhado de alunos do segundo ano descendo as escadas. Molly andava abraçada aos próprios livros e sendo acompanhada por Lestrade. Ao verem John pararam de acompanhar a turma e o esperaram se juntar a eles.

— E aí, John? — Cumprimentou Greg — Se perdeu do Sherlock?

John sentiu vontade de rebater a ironia, mas nada lhe veio em mente. Era difícil não ter uma língua tão afiada quanto a do corvino. Molly, por sua vez, o olhava apreensiva. Estava corada demais e seus lábios se moviam sem que nenhum som saísse. Até que finalmente ela tomou coragem e perguntou:

— Sabe onde Sherlock está?

— Não. Eu não ando sempre com ele.

— Mas não devia andar sozinho por ali. — Lestrade apontou para o corredor de onde John saiu — Se Filch lhe pegar na cena do crime, ele amaldiçoa você.

Um grupo de alunos da Sonserina passaram ao longe, a caminho da sala de aula de Lockhart. Entre eles estava Jim Moriaty e, ao seu lado, acompanhando-o e tagarelando feito uma tiete, Kitty Riley. John reparou que Molly comprimia os lábios e os livros enquanto os olhos dela acompanhavam o casal.

— Nem acredito que você tava andando com esse cara. - Lestrade pontuou.

— N-não conversamos muito! - A garota ficou vermelha - Mas ele horriv... Oh!

A vermelhidão se acentuou mais quando Sherlock passou apressadamente pelo grupo.

— Hei! Sherlock! — Greg o chamou — Por que a pressa?

— Aula do professor Lockhart, esqueceu?

— E desde quando fica empolgado com as aulas dele?

— São aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas, né?

— ... Só pode estar brincando.

 

~O~

 

Todos os alunos entraram na sala de Defesa Contra as Artes das Trevas e sentaram em suas carteiras. Sherlock se sentou bem na frente. John escolheu a mais escondida que achou.

Depois do desastre com os diabretes, as aulas de Lockhart se limitavam à leitura de trechos dos seus livros para os alunos. As vezes ele dramatizava algumas passagens mais pitorescas e escolhia um dos alunos para representar algum papel. As tietes do professor concordavam para terem a chance de ficar mais perto dele, já os demais o faziam para ganhar pontos. Lestrade já chegou a interpretar um camponês simplório, de quem Lockhart curara de um feitiço de gagueira, e um vampiro que se tornara incapaz de comer outra coisa a não ser alface depois que Lockhart dera um jeito nele.

O que John não esperava era que - naquela aula - Sherlock se oferecesse para fazer o papel de um bruxo das trevas que tentou fugir do julgamento no Ministério da Magia.

— Então eu saltei sobre ele, assim, joguei-o contra a porta, assim, consegui contê-lo com uma das mãos e com a outra apontei a varinha para o pescoço dele. — Agora estava imobilizando o garoto, cuja expressão era a de claro desconforto.

John conteve o riso.

A sineta tocou e Lockhart se recompôs.

— Dever de casa. Compor um poema acerca da minha vitória sobre os bruxos das trevas! Exemplares autografados de O meu eu mágico para o autor do melhor trabalho!

A sala foi se esvaziando e John esperou até Sally e Henry saírem para poder se aproximar de Sherlock. O corvino estava falando alguma coisa com o professor, que exibia seu elegante sorriso e pegava uma pena de pavão.

John foi até eles.

— Aqui, Holmes. — Lockhart entregou o pergaminho para Sherlock — Uma recompensa por sua atuação além dos dez pontos para a Corvinal. Não é nada perto da minha performance em uma peça de Bruxa Morgana, mas já é um começo. Oi, Watson! Também quer um autógrafo?

— N...

— Tudo bem, se esperou até agora só para ter um, por que eu iria recusar? Seria insensibilidade de minha parte. - Assinou um pergaminho e entregou a John - Tome. Guarde porque só darei outro se conseguir o melhor dever de casa.

—  Certo...

Os dois alunos saíram da sala.

— Sherlock, o que aconteceu com você? Nem parece a mesma pessoa.

O corvino não conseguiu disfarçar o sorriso. 

— Digo... — John continuava — Querendo chegar cedo na aula do Lockhart, se oferecendo para interpretar o Migg...

— Milverton. O bruxo corrompido que interpretei.

— Ok. Estou confuso.

Os dois entraram na biblioteca e Sherlock foi diretamente para o balcão, exibindo o autógrafo de Lockhart para Madame Pince.

— Boa tarde, eu vim pegar esse livro aqui.

A bibliotecária pegou o papel e analisou, como se estivesse decidida a descobrir uma falsificação, mas nada achou. Ela girou sobre os calcanhares e desapareceu silenciosamente entre as estantes altas da sessão reservada. John reparou isso, ficando nitidamente inquieto. Quando ela voltou, trazia um livro grande de aparência mofada.

— Poções Muy Potentes. — Disse ela entregando o livro — Aqui está.

— Obrigado. — Sherlock guardou o livro na mochila e saiu, com um agitado John seguindo-o.

— Sherlock, isso é um livro da sessão reservada! — Ele sussurrava — Lockhart deixou você pegar esse livro?

— Ele nem viu o que assinou. Achou que eu pedi um autógrafo.

John levou as mãos à cabeça abismado:

— Não acredito... Você enganou um professor?!

— O professor se enganou. É diferente.

— Não. Não é.

— Não importa. Venha.

Sherlock puxou John pelo pulso e rumou apressadamente para um banheiro específico. O mesmo que eles ouviram Murta-Que-Geme chorar pela primeira vez. Antes que John fizesse objeções acerca de entrar num banheiro feminino, foi enfurnado lá dentro pelo amigo, que fechou rapidamente a porta.

— O que fazem aqui? – Murta flutuava pra fora do seu box para ver quem era – Vieram zombar de mim?

John abriu a boca para responder qualquer coisa, mas Murta não deixou:

— Vocês vieram zombar de mim sim! Murta chorona, né? Murta espinhenta, né?

— Ignore-a. – Disse Sherlock sentando-se no chão e abrindo o Poções muy potentes com cuidado.

— ISSO! IGNOREM A MURTA! – A fantasma grasnava – ELA ESTÁ MORTA MESMO! VAMOS FINGIR QUE ELA NÃO EXISTE!

John olhava várias vezes de Murta pra Sherlock, sem saber o que fazer. Por fim, decidiu escutar o amigo e se sentar perto dele.

As páginas do livro estavam manchadas pela umidade. Era claro, ao primeiro olhar, a razão por que o livro pertencia à ala reservada. Pelo visto algumas poções produziam efeitos medonhos demais, pois havia algumas ilustrações de um homem que parecia ter virado do avesso e uma bruxa com vários pares de braços que saíam da cabeça.

Aquilo parecia ligado às artes das trevas.

John estremeceu. As palavras de Sally agora ecoavam na sua cabeça.

— Sherlock?

— Hn?

— Você acha que poderia ter ido pra Sonserina?

Sherlock o fitou surpreso.

— Sally. — Explicou John — Disse que boa parte da sua família vem de lá.

— Ah. — voltou a atenção para o livro — Ela também disse que tenho uma prima que foi seguidora de Voldemort?

John não conseguiu disfarçar o espanto:

— Então...

— Não. O chapéu seletor me colocou na Corvinal sem pensar duas vezes. – Sherlock prosseguiu, folheando o livro – Mycroft acha que é porque me faltou ambição.

— Certo... E qual poção você quer desse livro?

— Poção polissuco. Permite que a gente consiga se transformar em outra pessoa por algum tempo.

— Uma poção pode fazer isso? – Pensou melhor – Por que criariam uma poção para isso?

— Pra espiar. Exatamente o que eu preciso fazer na Sonserina.

John fechou os olhos quase lamentando ter ouvido a resposta:

— Por favor, não me diga que você vai usá-la para espiar Moriaty.

— Seu poder de observação está ficando bom.

— Se alguém descobrir, você pode ser expulso!

— Eu sei, mas eu preciso descobrir.

— Descobrir o que? Acha que Moriaty é o herdeiro?

— Não exatamente. Mas acho que pode estar por trás disso. Moriaty deixou claro que não gosta de nascidos trouxas, e ele é inteligente o suficiente para descobrir onde fica a Câmara Secreta. Não dá pra descartar essa hipótese.

— Ele é só um segundanista que nem a gente.

— Ele quase matou sua apanhadora.

— Por causa de um jogo que você aceitou participar!

— E ele pode ter começado outro jogo. — Juntou as mãos perto dos lábios, passando os olhos pelas instruções concentrado — Essa é a poção mais complicada que já vi. Hemeróbios, sanguessugas, descutainia, sanguinária... Bem, esses são bem fáceis, estão no armário dos alunos. Só que pó de chifre de bicórnio... Pele de ararambóia picada...

— Não tem no armário do Snape?

Sherlock ergueu as sobrancelhas e levantou o olhar para John, como se estivesse diante do próprio Dumbledore. Aquilo era um mal sinal.

— Espere, Sherly, nem pense em...

— Furtar o estoque particular do Snape? Por que não? Eu sempre quis saber se eu seria um bom ladrão! – Concluiu fechando o livro e ficando de pé imediatamente.

John andou apressado atrás dele:

— Não, Sherlock, você não pode fazer isso!

— Eu tenho a capa da invisibilidade, o feitiço alohomora

— Só falta o bom senso!

Quando saíram, uma ave rubra e majestosa passou voando rasante por cima da cabeça deles e saiu pela janela. John gritou de susto:

— O que? O que é aquilo?

— Não vi direito.

— Pode ser um sinal! Sinal de que se você tentar roubar o estoque do Snape, vai mesmo ser expulso!

— Por que não se preocupa com outra coisa? Sua estreia no time de quadribol. Wood vai encher o saco de vocês se não ganharem, não é?

— Eu odeio você.

 

~O~

 

Chuviscava naquela manhã fria de sábado.

Grifinória versus Sonserina. John estava realmente nervoso com o seu primeiro jogo e desejava imensamente que Sherlock não tivesse cedido à tentação de fazer alguma aposta com Moriaty. Seu estômago embrulhava tanto que ele sequer tocou na comida. Agora sabia exatamente por que Sherlock perdia o apetite quando sua mente trabalhava demais (ou seja, quase sempre).

O time tomava café da manhã junto na grande mesa, e era frequentemente cumprimentado pelos alunos que passavam pelos jogadores. Lestrade sacudiu os ombros de Sally freneticamente:

— Boa sorte, Sally! Pra você também, John! Deixem pra perder só quando jogarem contra a Lufa Lufa!

John nem ouviu direito. Estava se sentindo ligeiramente tonto.

Quando entraram no campo, foram saudados por um vozerio e muitos vivas da torcida vermelha e dourada. Madame Hooch mandou os capitães apertarem as mãos e avisou:

— Quando eu apitar o jogo começa! Três... Dois... Um...

O apito tocou. O jogo começou.

Clara foi para o alto esperar pelo pomo enquanto John se juntava aos outros artilheiros na disputa pela goles, mas não teve tempo de fazer um gol sequer. Mal tocou na bola quando um balaço passou voando em sua direção. Se John não manobrasse e lançasse a bola para o seu artilheiro, sua cabeça teria sido atingida.

Ele tentou voltar ao jogo, mas o mesmo balaço voltou, dessa vez sendo rebatido por Sally:

— Quase, John! – Ela tacou o balaço na direção de Irene Adler, mas o projétil mudou de rumo em pleno ar e tornou a voar direto para John como se fosse um imã.

— Irc! — O garoto mergulhou depressa para não ser atingido e a cena que veio em seguida foi simplesmente ridícula.

Ao invés de ajudar o seu time a fazer gols, John fugia a toda a velocidade do balaço sem que nenhum dos batedores conseguisse rebater o projétil para longe enquanto o jogo prosseguia apenas com dois artilheiros da Grifinória contra três da Sonserina. Isso deu uma desvantagem de 30 pontos contra a Grifinória e apenas um balaço para se ocupar dos demais jogadores.

— Mas o que está acontecendo? — Harry olhava para o irmão pelo binóculo — Alguém tira essa coisa de cima dele!

No céu, Sally tentava em vão rebater o balaço mais uma vez.

— Não pode mais ficar só me protegendo! — John desviava novamente do balaço, sentindo-o raspar-lhe a orelha esquerda — O time precisa de você!

— Mas essa coisa tá maluca!

— Eu dou meu jeito! Vai!

E a garota foi proteger Wood antes que ele deixasse passar mais um gol.

Na arquibancada da Corvinal, Sherlock murmurava preocupadamente um contrafeitiço para magia de azaração, mas, para o seu desespero, o balaço se mostrava imune a isso. Não era obra de Moriaty, ele não era tão poderoso assim. Para completar todos viram o momento em que John desistiu de fugir e resolveu arriscar para pegar a goles para ajudar de vez seu time. Conseguiu fazer um gol, dois, três... Mas em troca ganhou um golpe de balaço tão forte em seu braço direito que a dor percorreu até a espinha. Agora só podia usar a mão esquerda, e precisava segurar a vassoura.

John interceptou a goles do time da Sonserina e imprimiu velocidade na vassoura para conseguir fazer o gol, tentando se equilibrar ao voar sem as mãos. A goles atravessou o arco enquanto a platéia gritava.

De repente, uma ovação encheu o estádio quando as torcidas perceberam que o pomo havia aparecido e agora os apanhadores voavam atrás dele.

John se distraiu por um único momento, e isso foi o suficiente para o balaço errante atingir sua cabeça com uma força anormal. Isso o desequilibrou totalmente. Sua mente rodava enquanto a vassoura ziguezagueava destrambelhadamente até o chão e o balaço continuava perseguindo-o.

A segunda pancada foi pra apagá-lo de vez.

Não se sabe quanto tempo passou.

Quando John acordou na grama lamacenta, a primeira coisa que viu foi um montão de dentes brancos de Lockhart.

— Ah, não... Piedade...

— Afastem-se! – Dizia o professor para os alunos que rodeavam o artilheiro – O braço dele está claramente quebrado! Eu vou dar um jeito nisso.

— Que!? Não! Eu estou bem!

— Tadinho. Ele está delirando.

— Não é melhor simplesmente levá-lo pra enfermaria? - Clara olhava desconfiada para o professor.

— Claro que não! Assim é mais rápido!

Lockhart agitou a varinha e apontou diretamente para o braço de John. No fundo o garoto sabia que isso não acabaria bem. Uma sensação estranha e desagradável surgiu no seu ombro e se espalhou até a ponta dos dedos da mão, como se o braço estivesse desaparecendo aos poucos.

Quando viu o resultado da mágica de Lockhart quase desmaiou de novo.

Não havia mais um braço quebrado lá, mas tão somente um braço sem ossos.

— ARH!

Os alunos que cercavam John sequer conseguiam disfarçar o espanto.

— Oh. – O professou gaguejou – Tudo bem, isso é suuuper normal de acontecer. O importante é que os ossos não estão mais fraturados.

— Fraturados!? — Lestrade abria os braços. — Não tem mais osso nenhum! 

— Detalhes. Podem levar agora o senhor Watson pra enfermaria? Madame Pomfrey poderá... Hum... Dar um jeito nisso.

 

~O~

 

Os alunos da Sonserina preenchiam alegremente um dos corredores das masmorras, todos com cachecóis verde e prata pendurados sobre os ombros. O incidente com o artilheiro da Grifinória deixou o resto do time desestabilizando, fazendo a atenção de Clara ser desviada e dando vantagem para Anderson pegar o pomo.

Moriaty se afastou da turma e entrou num corredor vazio. Parou de andar e tirou o cachecol do pescoço quando de repente foi abordado por Sherlock, que o prensou contra a parede e apontou a varinha contra sua bochecha.

— Uh! Você é do tipo violento, é? Eu nem vi você chegar...

— Você passou dos limites, Moriaty!

— Acha que fui eu que azarei aquele balaço? Até que me deu vontade de brincar com o sangue ruim, mas eu preferi mudar de brincadeira.

"Sherlock!"

Sherlock revirou os olhos e soltou o sonserino quando ouviu a voz de Mycroft. 

Moriaty sorriu torto, ajeitou o casaco e abriu os braços feito um apresentador de TV:

— Acho melhor controlar seu irmão. Ele acha que eu azarei aquele balaç...

— Sim, eu ouvi tudo. — Mycroft cortou — E acabei de saber que tipo de magia azarou aquilo.

Para a surpresa de Sherlock, Moriaty parecia interessado demais nessa informação.

— E que tipo foi?

— Isso não quer dizer que eu queira dividir com você. Agora me deixe dar um jeito no meu irmão. Saia.

Moriaty saiu do local desconfiado, feito uma criança contrariada e curiosa, que queria saber o que os coleguinhas estão escondendo dela.

— Bom blefe. — Sherlock guardou a varinha — Ele realmente ficou com raiva.

— Eu não blefei. O professor Snape tem muito conhecimento sobre artes das trevas e estava analisando o balaço. Não era magia de bruxo.

Os olhos de Sherlock brilharam de curiosidade:

— O monstro da Câmara Secreta...

— Não tire conclusões precipitadas, irmãozinho. Você é mais esperto que isso. Agora pare de agir impulsivamente. Está colocando nosso nome em jogo.

— Eu estou tentando ser discreto. — Falou com sinceridade.

— Não parece.

Dito isso, Mycroft jogou uma ponta do cachecol por cima do ombro e saiu do corredor. 

Continua


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Notas finais do capítulo

Aqui, mais um capítulo!

Obrigada a todos que comentaram e favoritaram essa história. Em especial agradeço à Cherry chan por ter recomendado a fic "Potterlock - A Pedra Filosofal" e pelas mensagens carinhosas que tenho recebido.

Cherry chan, dedico esse capítulo a você, fofa.