Olhei fixamente para o que restou da árvore queimada.O que antes era uma campina verde estava cinza.Aquela árvore era uma laranjeira.Sempre comia as laranjas dela.Mais um sempre que ficaria perdido no passado.Mais uma coisa que guerra tomou de mim.2034 não está sendo um bom ano para ninguém.

Meu nome é Zoe Common,tenho 16 anos.O mundo está em guerra.Os países se uniram formando duas super potencias,uma lutando contra a outra.As pessoas quase não tem mais água ou comida.O governo é como uma maquina .Só olha para seu inimigo e sua sobrevivência.Não importa o que está em volta.

Levantei rapidamente pois poderia ocorrer ataques a qualquer momento.Segui a trilha saindo da campina e entrando na floresta.Aquele era um dos poucos lugares que não foram bombardeados.As razões disso?A população tinha medo de adentrar na floresta e se perder durante um bombardeio mas como nunca tinha ninguém na floresta os inimigos nunca jogavam bombas nela.Andei tranquila entre as árvores já conhecidas de tantas caminhadas por ali.Uns dos benefícios de caminhar pela floresta era as frutas que eu encontrava pelo caminho.Eu encontrava o bastante para o jantar e ainda sobrava algumas para vender ou trocar por água ou carne.O mais incrível era que no meio dessa escassez de produtos necessários para nossa sobrevivência diária nos esbanjamos tecnologia.Com as coisas que aprendemos nas vídeo-aulas sobre a historia do nosso país isso é meio contraditório.Mas isso era antigamente.

Sai da floresta e entrei na minha rua,que já estava deserta.As pessoas escondidas nos porões.Minha casa era a numero 6,a terceira do lado direito.Entrei e fui para meu quarto.Minha mãe,meu pai e minha irmãs.Já estavam no porão,protegidos.Botei minha mão no painel ao lado da porta.Ela identificou minhas digitais e abriu a porta.Peguei a roupa que minha ,mãe deixou separada para mim na cama.Uma blusa cinza e um short azul.Corri para o banheiro.Joguei água no rosto,prendi o cabelo para trás e vesti a roupa.Me olhei no espelho antes de descer.Meus olhos ligeiramente puxados,minha boca pequena,meus cabelos ruivos.Corri para a sala ,a porta deslizando atras de mim.Chegando na sala,botei a mão em outro painel.Um abertura surgiu no chão,com uma escada.Acendi a luz e desci pela escada.Cheguei ao fundo e fui recebida por um abraço apertado da minha irmã caçula.

–Jully-eu disse-Você está bem?

–Não acredito que você esteja realmente aqui!-ela disse me apertando mais.

–Mas é claro que estou-eu disse levantando as sobrancelhas-Onde mais eu estaria?

–Filha...-minha mãe me chamou-Venha ver isso.

Sentei entre minha mãe e meu pai.Estava passando o Jornal,uma foto apareceu na tela.Uma menina de cabelos ruivos correndo pela rua,a fumaça atras dela.

–É você!-disse Jully soluçando-Você demorou para chegar...

–Psiu-eu a bracei-Está tudo bem.Eu estou aqui.

–Você demorou mais dessa vez.-disse meu pai olhando nos meus olhos-Você esta realmente bem?

–Sim-eu disse-Eu nem sei o que aconteceu.Não percebi nada.

–Bombardearam a floresta.Parece que viram movimentos e soltaram as bombas-minha mãe disse

–Mas só tinha eu na floresta,não vi mais ninguém..-minha voz foi morrendo.Era eu.Eles tinham me visto.Eles soltaram as bombas por minha causa.

–Mas você está aqui.Está sã e salva-meu pai disse.O jornal continuava a falar sobre o bombardeio.

–Mãe-eu disse-Se destruíram a floresta,como vamos sobreviver,o que vamos comer?

–Eu não sei minha filha-ela trocou um olhar inquieto com meu pai-Eu realmente não sei.

Depois disso vimos o resto do jornal e nos deitamos.Quando todos dormiram eu me sentei na cama.Sem a floresta não teríamos como sobreviver.Minha mãe não trabalhava,o trabalho do meu pai só pagava o aluguel,eu não conseguia um trabalho que rendesse dinheiro o bastante para ajudar em alguma coisa e minhas irmãs eram muito jovens.E a culpa de tudo era minha.Eu estava na floresta.Eles me viram.Eles bombardearam a floresta.Então eu tinha que arranjar um jeito de consertar tudo.Um sorriso passou pelos meus lábios secos.Eu ia consertar tudo.Eu tinha um plano.