Nightmares Of Glass escrita por Kiseki Akira


Capítulo 4
O mundo dos meus pesadelos...


Notas iniciais do capítulo

O Nyah! voltou para a felicidade geral da nação! Vamos sambar -qq
Sério, cara... eu estava morrendo. Na verdade, acho que morri. Mas aí eu ressuscitei só para poder contemplar a volta desse site maravilhoso! Boa leitura, gente!



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Quando Annie abriu os olhos, não foi o teto branco se seu quarto que viu, nem mesmo o céu azul que normalmente via de manhã. Estava deitada de barriga para cima, com os braços e pernas abertos. A primeira coisa que viu foi um céu de um tom puro de lilás; jamais havia visto o céu daquela cor antes. Estrelinhas douradas pareciam pontilhá-lo, mas olhando bem, Annie notou que não eram estrelas. Eram fios, raios dourados.

Imediatamente tentou se levantar, mas logo percebeu que estava com os braços e as pernas abertos por um motivo: eles estavam amarrados, cada um em uma tora de madeira, uma distante da outra. Também havia uma corda em seu pescoço, mais longa, como uma guia de cachorro, presa a uma tora que estava fincada no chão bem acima de sua cabeça.

–Que porra é essa? –Annie perguntou. Sua voz estava rouca.

Forçou os punhos para tentar romper as cordas e sentiu uma dor aguda. Olhou de canto para suas mãos que sangravam. Sentiu um frio na espinha assim que olhou para os dedos da mão direita. Eles não chegaram a ser fatiados, mas a pele estava esfolada, e sangrava tanto que já havia uma poça de líquido vermelho ao redor de sua mão.

Fechou os olhos e respirou fundo. O ar tinha o mesmo cheiro de um cemitério.

Não posso perder a calma, Annie disse a si mesma. Não posso...

AAAAAAAAAAAAAAAH!

Um segundo depois, alguém caiu bem em cima dela.

–Ai, caralho! –Annie gemeu, pois o peso da pessoa arrancou o ar de seus pulmões.

–Meu Deus. Meu Deus. Que lugar é esse? –Uma voz familiar perguntou. Mas era estranho escutar aquele tom nervoso na voz dessa pessoa. Ela saiu de cima de Annie.

–M-Mikasa?!

A asiática estava mais branca que o normal (se é que aquilo era possível). Seus olhos negros estavam arregalados, e os cabelos estavam bagunçados de uma forma que pareciam ter sido sacudidos por um furacão.

–Onde nós estamos, Annie? –Mikasa perguntou. Sua voz falhava.

–Eu não tenho ideia. –A Leonhardt fechou a cara. Aquilo era algum tipo de teste, alguma brincadeira? O que a idiota da Ackerman fazia ali? Afinal, o que a própria Annie fazia ali?

Tentou ver o ambiente ao redor. A terra parecia remexida e era de uma cor cinza bem clara. O céu, como já fora dito, era lilás, e a cor se estendia por onde quer que ela olhasse. Árvores secas, cujos galhos eram retorcidos como dedos quebrados, estavam por todo canto, porém uma ficava bem distante da outra. Annie não tinha certeza da como sabia aquilo, mas o ar daquele lugar cheirava a morte.

–Solte-me. –Mandou ela com o máximo de calma que conseguiu reunir.

–Tá certo... –Mikasa começou a puxar nervosamente as cordas das mãos de Annie. De repente ela parou. –O que houve com seus dedos...?

–Depois falamos sobre isso. Só me solte de uma vez. –Annie já estava se contendo para não ficar agoniada. A sensação de estar presa como um animal, sem capacidade de se mover, simplesmente deixava-a muito nervosa.

Mikasa não teve dificuldades em desatar as cordas. Como Annie continuou deitada no chão, a Ackerman a puxou para ajudá-la a se sentar.

–Onde estamos? –Mikasa perguntou novamente, segurando o ombro de Annie com firmeza. Annie ficou olhando para aquela mão pálida, sem conseguir produzir uma resposta, até que Mikasa a soltou. –Annie?

A loura piscou algumas vezes antes de responder:

–Não sei. –Ela engoliu em seco e olhou em volta. –Mas tenho algumas malditas teorias.

–Que teorias? Tem alguma ideia de como aquele espelho simplesmente me engoliu?

–Eu não sei! Se eu soubesse, com certeza não teria deixado que ele ME engolisse. –Annie mordeu o lábio inferior. Agradeceu por estar vestindo um moletom e escondeu as mãos frias e feridas nos bolsos dele. Abaixou um pouco a cabeça, deixando sua franja cobrir um dos olhos. Sua expressão era de desconfiança.

–Annie, o que você acha que é esse lugar? –Insistiu Mikasa. –Nós precisamos sair daqui!

–Vou fingir que ainda não percebi isso! –Rosnou Annie, já irritada. Ela não queria responder. De alguma forma, temia que se verbalizasse seus pensamentos, eles tornassem reais. Mesmo assim, forçou-se a dizer:

–Desde que ganhei aquele maldito espelho, venho vendo coisas que não gostaria. Fiquei preocupada demais achando que alguma coisa poderia sair dele! Nunca imaginei que pudesse acabar entrando no espelho.

–Espere um instante... –Mikasa ergue uma das sobrancelhas. –Está me dizendo que nós estamos mesmo dentro de uma droga de espelho? E um espelho que você ganhou? Quem foi o desgraçado que te deu isso?

–Eu não a conheço, mas quando a pessoa tem o mesmo sobrenome que você, normalmente você não imaginaria que ela ia te dar um espelho amaldiçoado, sabe?!

–Ah, meu Deus... –Mikasa passa a mão nervosamente em seus fios negros. –Então...

A asiática é interrompida por um som alto. Um som alto de um corvo grasnando.

Correção: um não. Muitos.

Annie imediatamente fica de pé, mesmo que a movimentação repentina a deixasse tonta. Nervosa, ela olha para a árvore seca mais próxima, e em seus galhos vê uma grande quantidade de corvos negros, as penas brilhando, os bicos afiados emitindo uma luz perigosa. Aqueles bicos que pareciam ansiar por fatiar sua carne...

De repente, Annie se vê correndo, puxada por Mikasa. Ela quase tropeça numa pedra, mas a Ackerman a equilibra novamente e as duas voltam a correr. Os grasnados ficam mais altos.

–O que está acontecendo? –Grita Annie por cima do som dos animais, tentando olhar para trás.

–Aqueles malditos pássaros estão nos seguindo! Olhe para frente e tente não tropeçar! –Orienta Mikasa, puxando Annie pelo braço com firmeza.

A loura não estava muito feliz em seguir as ordens da Ackerman, mas agora não era o momento para reclamar. De repente, elas começam a escutar o som de asas batendo ficar mais próximo.

–Ótimo jeito de morrer...! –Rosna Mikasa sarcasticamente.

–Tem alguma coisa ali! –Diz Annie.

Logo surge uma casa de aspecto velho e sombrio, cercada por algo que parecia ser um cemitério. A casa era enorme, tinha as paredes de madeira velha e cobertas por limo. Annie imediatamente engoliu em seco. Sua mente gritava “NÃO VOU ENTRAR AÍ!”, mas Mikasa continuava puxando-a para frente.

Assim que entraram nos limites do cemitério, os corvos repentinamente tornaram-se silenciosos e sumiram.

Mikasa olhou para trás, confusa.

–Que diabos...?

–Vamos embora daqui. –Mandou Annie rispidamente, olhando com desgosto para a casa velha. Não costumava ter medo de casas antigas ou mesmo que aparentassem ser assombradas, mas aquela em especial lhe causava uma sensação horrível. Ela era... familiar. De um jeito ruim.

–Não podemos. –Mikasa cruzou os braços e olhou com frieza para uma árvore mais distante. Havia pontinhos negros nos galhos. –Eles estão ali nos esperando.

Annie assentiu com aversão.

–Por alguma razão eles não entram aqui. –Continua Mikasa. –Então acho que seria mais seguro se ficássemos.

Annie lançou à Ackerman um olhar incrédulo, quase irônico.

–Você realmente acha que algum lugar aqui pode ser classificado como “seguro”? –Ela fez a palavra “seguro” parecer ridícula.

–Certo... –Mikasa bufou.

Ela arrumou melhor em seu pescoço aquele cachecol vermelho que sempre usava. Annie detestava aquele cachecol. Eren Jaeger o havia dado de presente à irmã adotiva, e desde então ela quase nunca deixava de usá-lo. Era só mais um símbolo idiota do quanto Mikasa era dependente do irmão, do quanto ela precisava dele, e não o contrário. A Ackerman parecia não entender isso.

Annie só percebeu que encarava o cachecol com uma cara não muito agradável, quando Mikasa a encarou de volta com uma das sobrancelhas erguidas.

–Algum problema? –Perguntou ela.

–Não.

–Então acho que vamos entrar ali. –Mikasa aponta para a casa velha.

–Ah, claro que vamos. –Responde Annie com ironia. –Por que a primeira coisa a se fazer ao ver uma casa que parece ser assombrada é entrar nela, certo?

–Pode ter alguém lá que possa nos explicar que lugar é esse...

–Ou que possa nos matar.

–Bem, é verdade. –Suspira Mikasa. –Mas você prefere não correr nenhum risco?

–Sim, prefiro. Os pesadelos desse lugar são MEUS, e eu sei que há algo de errado naquela casa.

–Como assim são “seus pesadelos”?

Annie arregalou os olhos. Havia acabado de deixar escapar uma suspeita que ela preferia ter guardado só para si mesma.

–Bem... eu...

–Quer dizer que você tem medo de corvos? E de ficar amarrada? E... se eu entrei aqui... Quer dizer que você tem medo de mim?

Annie encarou a Ackerman com um olhar levemente horrorizado.

–De você? É claro que não! Você deve ter entrado aqui por acidente... Espere um instante. Como foi que você entrou aqui?

–Bem... –De repente Mikasa pareceu menos segura. Ela estranhamente olhou para seus próprios pés. –Eu fui até sua casa, mas você não abria a porta e então escutei um grito. Aí eu liguei para a Ymir (por acidente), pedi para que ela chamasse a polícia e entrei pela janela do seu quarto.

–Vo-você invadiu minha casa?!

–Hã... Sim.

–Por quê?

Antes mesmo que a Ackerman abrisse a boca para responder, elas ouvem um som vindo de dentro da casa. Era uma melodia enjoativa e delicada, aparentemente saída de uma caixinha de música, porém mais alta que o normal.

–O que é isso? –Murmurou Annie, desconfiada.

Quando a loura se deu conta, Mikasa estava indo em direção a casa.

–Ei! –Annie chamou. –Para onde você pensa que vai?!

A Ackerman não lhe respondeu. Seus olhos negros estavam opacos, como olhos mortos. Parecia estar transe, movendo-se como uma marionete. Annie simplesmente não podia acreditar naquilo.

–Vem aqui! –Annie gritou, com raiva. Como esperado, Mikasa não reagiu. Ela tropeçou de leve numa lápide e mal pareceu notar. Em seguida continuou seguindo em direção àquela casa velha.

–Não acredito que vou fazer isso... –A loura resmungou, começando a correr em direção à Ackerman. Não demorou a alcançá-la, pois esta caminhava lentamente, mas quando Annie a agarrou pelo pulso, Mikasa nem mesmo notou. Continuou andando, arrastando a Leonhardt consigo.

–Pare. De. Se. Mover! –Manda Annie pausadamente.

De repente ela teve a ideia de arrancar o cachecol vermelho do pescoço de Mikasa, para ver se a asiática reagia. Ela puxou o tecido macio e o tirou dali. Mikasa não pareceu notar. Nem mesmo piscou.

–Ok. Agora sim eu estou assustada. –Falou Annie, com os olhos azuis arregalados.

Desistindo de impedir Mikasa, Annie começou a segui-la, mas segurando-a pelo pulso para não perdê-la de vista ou algo assim. Ela havia colocado o cachecol vermelho em volta do próprio pescoço, e atravessava o cemitério com Mikasa, em direção a uma casa que com certeza já havia aparecido em um de seus pesadelos antigos.

Annie Leonhardt não queria acreditar que aquilo estava realmente acontecendo.

Mas sim. Estava.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Então... farei os pesadelos dessa "dimensão paralela" (?) baseados em pesadelos que eu mesma tive. Caso vejam coisas desagradáveis (mas nem TÃO desagradáveis assim, acho), saibam que eu já sonhei com tudo isso. Por isso eu adoro pesadelos. Dá pra fazer uso deles depois. ;u;
Espero que tenham gostado! Beijos! *3*



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