Nightmares Of Glass escrita por Kiseki Akira


Capítulo 3
A dança dos corvos.


Notas iniciais do capítulo

Oin. Alguém está lendo isso aqui? Por favor, dê um sinal de vida! Ha ha.
Eu estava pensando seriamente em desistir dessa fanfic (como já fiz com muitas outras ._.), mas decidi não fazer isso. Acho que já chega de ficar deletando fanfics pra mim. Vou continuar :v
Boa leitura!



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Annie e Mikasa haviam combinado de se encontrarem na quinta-feira à noite na casa da primeira para prepararem o trabalho de história.

É claro que Annie não ficara muito animada com a ideia, afinal isso significava que ela teria que arrumar a casa para que a Ackerman não achasse que aquilo era um chiqueiro, mas fora obrigada a concordar que era melhor fazê-lo ali, pois na casa dos pais adotivos de Mikasa estariam Eren e Armin para fazer barulho (e eles eram muito bons nisso).

A semana foi passando lentamente, os dias tediosos e rotineiros. Annie já estava achando que ia enlouquecer se algo de interessante não acontecesse.

E durante todos aqueles dias, a Leonhardt evitara olhar para o espelho com moldura de espinhos. Ela mesma achava seu comportamento um tanto idiota, mas não conseguia evitar.

Desde que era uma criança, morria de medo de ser seguida exatamente da forma como supostamente aconteceu; ter seus passos imitados, seguidos, acompanhados. Em um de seus pesadelos mais antigos, Annie não conseguia ver a coisa que a perseguia, mas de alguma forma sabia que: se parasse de correr, a coisa a machucaria, mas que também que não adiantava correr rápido, pois seu perseguidor a acompanharia e nunca a perderia de vista.

Só de lembrar-se do pesadelo, Annie estremeceu. Era um pesadelo infantil, que tivera quando ainda era uma criança, mas a ideia ainda a amedrontava.

Mesmo assim, na quarta-feira, Annie decidiu que iria acabar com aquela desconfiança estúpida de uma vez por todas. Assim que chegou da escola e tomou seu banho, usando apenas a toalha enrolada no corpo, andou até o espelho para pentear seus cabelos diante dele. Dizia a si mesma o tempo todo: não há nada de errado com esse espelho. E, no entanto...

Ficou se olhando ali por uns dois segundos até que viu mãos surgirem absolutamente do nada por trás dela. Num piscar de olhos, uma das mãos agarrou um de seus seios e a outra começou a acariciar seu pescoço.

Annie começou soltou um grito abafado e correu para longe dali. Disparou para fora do quarto. Sua toalha acabou ficando presa ao trinco da porta e ela chegou nua ao corredor, seus cabelos molhados estavam grudados em seu rosto pálido. Desceu as escadas e, só quando chegou à sala de estar e pegou seu canivete numa das gavetas, percebeu uma coisa que lhe tirou o fôlego.

Ela vira as mãos em seu corpo. Mas não sentira o toque delas.

Annie tinha certeza de que não sentira fisicamente nenhuma mão lhe tocar; caso contrário, seu instinto imediato teria sido quebrar as mãos dessa pessoa (algo que ela faria com facilidade). Mas não sentiu nada. Apenas viu as mãos... pelo espelho. Nem mesmo esbarrou em alguém ao começar a correr.

A garota caiu de joelhos no chão, o coração extremamente acelerado.

O que raios havia acabado de acontecer?

E então Annie, sem roupas, encolheu-se no canto da sala e abraçou seus joelhos. Os cabelos louros cobriam parcialmente seu rosto, e ela não tinha vontade alguma de afastá-los. Sentia-se exposta, deplorável.

Era um dos medos recentes de Annie; ser tocada sem sua permissão. Morria de nojo só de pensar em algo como aquilo, ter um mero pervertido desgraçado lhe tocando deliberadamente. Era repugnante.

Abraçou seu corpo com força.

Não aconteceu de verdade, Annie disse a si mesma. De repente, seus olhos já não expressavam mais medo, e sim raiva.

Raiva do que vira.

Raiva de Rose Leonhardt.

Raiva daquele maldito espelho que lhe mostrara aquela cena.

Annie tinha certeza de havia sido isso: vira apenas um reflexo, como se estivesse vendo um filme pela televisão. A horrível diferença era que, de alguma forma, ela estava dentro do filme. Como isso era possível? Ela obviamente não sabia.

Mas sabia que iria se livrar do espelho.

~*~*~

Na quinta-feira de manhã, Mikasa chegou atrasada à escola novamente. Annie achava aquilo estranho, já que a asiática morava com Eren e Armin, e os dois garotos sempre chegavam no horário certo (por causa de Armin, claro, já que Eren às vezes acabava dormindo até no meio das aulas).

–Annie? –Mina chamou. –Terra chamando Annie Leonhardt. Annie, você está aí?

–Hum... O que foi?

–Você parece péssima. –Disse a Carolina, parecendo preocupada. –Está dormindo bem?

Annie grunhiu baixinho, preferindo que a amiga não tivesse dito aquilo. Ela definitivamente não estava dormindo bem: passava boa parte da madrugada encarando as bordas do espelho, esperando que alguma coisa saísse de dentro do vidro. Nada acontecia, mas Annie não conseguia se acalmar.

–Estou bem. –Disse ela. –Você fez sua lição de química? –Perguntou ansiosa para mudar de assunto.

–Fiz... Por quê?

–Deixe-me copiá-lo... Acabei me esquecendo.

–Ah. Claro. –Disse Mina, perplexa. Annie raramente esquecia-se de fazer seus deveres... Mas nem mesmo era o caso. A Leonhardt havia feito a lição, mas pedira o caderno para esquivar-se das perguntas de Mina. Começou a copiar o dever que já havia feito em silêncio.

Quando as aulas acabaram, Mikasa chamou Annie antes que ela fosse embora.

–O que foi, Ackerman? –Perguntou Annie em tom de voz cansado.

–Só queria confirmar que faremos o trabalho hoje à noite. –Mikasa observou a loura com os olhos semicerrados e disse: –Ah... Você está bem?

–Estou. –Disse Annie rapidamente. Será que estou tão mal assim? A Leonhardt se perguntou.

Mikasa não ficou convencida e pareceu hesitar, mas então disse:

–Certo. Até mais tarde.

–Até.

E então Annie deu meia-volta e partiu, sendo seguida com os olhos por uma Mikasa pensativa.

~*~*~

Às 17h30min, Annie ainda nem tinha começado a arrumar a casa.

Ficava o tempo todo pensando em como se livrar daquele espelho antes que Mikasa chegasse e em como fazer isso sem ter que olhar para ele. Annie não queria apenas escondê-lo; queria se livrar dele de forma definitiva. No entanto, ainda tinha medo de se aproximar do objeto e sair algo de lá, ou então acabar espiando e ver algo não queria, ou...

Já chega, disse Annie a si mesma.

Ela não podia mais ficar com medo daquela coisa. Era só um espelho, e nada dali era real.

Annie andou hesitante até seu quarto. Abriu a porta lentamente e espiou com desconfiança para dentro do cômodo. Estava mesmo vazio. Por precaução, a loura havia colocado seu canivete no bolso do moletom, embora já soubesse que o espelho só transmitia ilusões.

Andou com determinação até o objeto e fechou os olhos com força. Sentiu sua mão tocar uma das flores de ouro da moldura, e a outra tocar um espinho que quase a feriu.

Um... Dois... Três...

Annie puxou o espelho, mas a mão que tocava o espinho acabou escorregando e lhe cortou. Ela soltou o espelho no chão com o susto e abriu os olhos para fitar a mão ferida. Por incrível que pareça, o corte fora profundo e o sangue escarlate começava a escorrer.

Furiosa, Annie encarou o espelho, sem medo do que pudesse lhe aparecer. O pegou do chão, surpresa pelo vidro não ter quebrado e logo um vulto começou a aparecer atrás dela. Mas antes que o vulto pudesse realmente tomar forma, a Leonhardt, sentindo apenas raiva e nada mais, fechou o punho que já sangrava e socou o espelho com a força de alguém que poderia quebrar um queixo.

Mas Annie ficou paralisada em seguida.

O espelho não sofrera dano algum, e mais: ela não conseguia tirar sua mão dali. Seu punho direito havia colado no vidro do espelho.

Desesperada, Annie começou a sacudir o punho, tentando fazer com que o espelho a soltasse. No vidro, ela viu um bando de corvos voando em círculos ao redor de sua mão, numa espécie de dança predatória. Eles pareciam tentar bicá-la.

–Porra! –Berrou Annie, começando a entrar em pânico. –Solta!

De repente, aconteceu algo que realmente a deixou em pânico: ela sentiu os bicos pontudos dos corvos beliscando seu punho. Sentia os bicos afiados cortando sua pele que rapidamente começou a arder, ferida por vários pássaros ao mesmo tempo.

Gritou e bateu o espelho contra a parede, mas ele não sofreu arranhão algum. Bateu repetidas vezes e começou a ver marcas nas paredes feitas pelos espinhos, mas o espelho ainda estava firmemente colado em sua mão. Os corvos perfuravam sua carne. A dor a estava levando ao delírio.

De repente, mãos pálidas saíram do espelho. A temperatura do quarto pareceu cair, o rosto de Annie empalideceu. Sentiu calafrios. Seria somente impressão sua, ou... As sombras do quarto estavam se movendo? Negras, sorrateiramente, as sombras se moviam, assemelhando-se a fumaça.

As mãos pálidas e geladas agarraram o braço de Annie.

As sombras se reuniram ao redor dela.

E depois disso seu campo de visão escureceu.

~*~*~

Lá fora começou a chover forte.

Mikasa Ackerman estava parada na porta da casa de Annie, o coração batendo com força em seu peito. Nem se escondeu da chuva; estava tensa demais para mover um músculo sequer.

Antes de a chuva começar, Mikasa pensou ter escutado um grito do lado de dentro da casa.

Pensou não. Tinha certeza. E fora um grito de puro horror.

E isso aconteceu exatamente alguns instantes antes de tudo, de repente, ficar assustadoramente silencioso. O próprio mundo pareceu prender a respiração, à espera que algo ruim acontecesse. O ar ficara carregando de tensão, e no momento seguinte, a chuva começara.

Mikasa estivera parada ali apenas tempo suficiente para ter escutado aquilo. Mas o que aconteceu lá dentro?

Começou a tocar a campainha. Tocou uma, três, cinco vezes... Depois deu uma bela pancada na porta. Não parecia haver sinal de vida lá dentro. Talvez não tivesse mesmo. Mikasa puxou o celular do bolso e, sem nem olhar direito para o aparelho, tentou ligar para a polícia. Três segundos depois, a voz de Ymir falou:

–Tô ocupada.

–Y-Ymir?! Merda... –Murmurou Mikasa, tentando mexer no celular com a mão trêmula.

–Que foi, hein? Viu um fantasma ou algo assim? –A voz da sardenta murmurou, entediada.

–Estou numa situação ruim agora! Mas, já que liguei pra você, vê se serve pra alguma coisa! –Ai. –Acho que a Annie foi sequestrada ou morreu ou está sendo estuprada ou algo assim! Ligue para a polícia!

–Eita... –Ymir pareceu subitamente interessada. –Que maluco ia querer estuprar a Annie, hein?

–Sua idiota! Tô falando sério! Ah, vá se foder... –Mikasa ia desligar, mas escutou a voz de Ymir antes de fazê-lo:

–ESPERA AÍ, ACKERMAN! –Ela bufou. –Eu vou ligar. Depois vou até aí!

–Valeu Ymir! –Disse Mikasa. –Vou tentar entrar lá.

–Você ficou louca? Fique quietinha aí!

–Tchau. –A Ackerman desligou. Nervosamente, fitou a casa silenciosa de Annie. A chuva gelada ferroava suas costas.

Certo, pensou Mikasa. Hora de bancar a maluca e tentar salvar a nariz de tucano.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Nessa fanfic a Mikasa está mais suicida que o Eren, AHEUHE.
Onde será que a Annie foi parar? TÁM TÁM TÁM!
Espero que tenham gostado, é agora que as coisas vão começar a ficar interessantes, he heh.
Comentem T.T



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