A Nova Vida de Anne escrita por Biju


Capítulo 10
Confession of a best friend


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente eu queria pedir mil desculpas por ter sumido. Tive uns problemas pessoais e não pude postar nenhum capítulo, mas hoje vou recompensar vocês pela espera.
Queria agradecer imensamente pelos comentários que recebi durante a minha ausência, é de extrema importância eu saber como vocês se sentem ao ler a fic e no que estão gostando. Para quem shippa Anne & Mauricio, a primeira cena é de Maurinne. Uma cena um tanto quanto provocadora, mas não pensem besteiras mentes poluídas, não é nada do que estão pensando... por enquanto! ~risos.



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Já era noite e eu estava em meu quarto com Mike e Lucy deitados em minha cama, estávamos assistindo 500 dias com ela. O que me fez lembrar a antiga Anne com o Ricky. Apesar de nós nunca termos ficado o filme era bem parecido com as coisas que aconteciam conosco. Eu ainda não sabia como encara-lo depois disso, não queria magoa-lo novamente, não queria dar esperanças a ele. O meu telefone começou a tocar, e na bina estava o nome “Ricardo” escrito, eu não tinha coragem de atender, o medo estava me consumindo. Até que caiu na secretária eletrônica.

– Anne? Aqui é o Ricky. Queria saber se você está bem ou se aconteceu alguma coisa pra você ter sumido esses dias. Lembra que eu falei que seria seu amigo sempre? Esse sempre não acabou. Pode contar comigo. Boa noite!

Eu odiava evitar as pessoas, mas era preciso. Mesmo que ele dissesse ser meu amigo, sei que no fundo não era isso que ele estava precisando. O telefone tocou de novo, mas dessa vez era Maurício. Eu também não atendi e deixei cair na secretária eletrônica.

– Oi Anne aqui é o Maurício, sua mãe me ligou hoje e me contou o que está acontecendo. Você sabe que para o que precisar eu vou estar aqui, não hesite em me pedir ajudar. Boa noite!

Que vagabunda! Por que ela foi ligar para o meu EX-NOIVO para me ajudar a pagar as MINHAS DÍVIDAS? Será que ela tem noção do perigo? Pelo visto não dá pra confiar em ninguém nessa desgraça de vida.

As semanas se passaram e as únicas pessoas que eu ainda estava vendo era minha melhor amiga e meus novos companheiros de trabalho. Já havia feito dois ensaios sozinha e um com Chloe. Chagas Models era uma empresa que “emprestava” seus modelos para outras empresas. Eu estava trabalhando para uma revista chamada New York e acabei sendo capa. Mas não pense “nossa, mal começou a carreira e já está sendo convidada para ser capas de revistas” na verdade isso só aconteceu porque a famosa convidada a ser capa furou de última hora, e quem entrou em cena? Euzinha linda e de peruca loira.

Sobre o teste para a peça seria amanhã no período da tarde, e eu estava ensaiando feito uma louca e se não ficasse com o papel principal teria um surto, pois eu estava totalmente dedicada para ocupar esse cargo na peça. Hoje para a minha sorte teria consulta com Maurício. Seria totalmente estranho, mas eu já havia ensaiado algumas frases prontas para alguma das perguntas que supostamente ele perguntaria a mim.

– Senhorita Miller, o doutor Hudson já pode atende-la – Disse a secretina dele. Sim, secretina pela cara de vadia que dá para o patrão. Não, eu não estava com ciúmes, foi apenas uma observação.

Agora que eu era uma modelo, senti o gostinho de como é passar com o nariz empinado e não dizer uma só palavra, a cara que a secretina fez foi engraçada, então eu faria isso toda vez que fosse ter uma “consulta” com o Maurício.

– Anne, pode entrar – Disse ele com um sorriso.

– Boa tarde – Entrei e me sentei formalmente como se ele fosse apenas meu médico.

– Como você está? Tomou os remédios direito? Teve mais memórias?

– Eu estou bem, sim estou tomando, e sobre as memórias de vez em quando aparecem.

– O que sabe sobre a sua antiga vida?

– Que eu era uma idiota sem coração.

– O que quer dizer com isso? – Ele me fitou confuso, e eu decidi contar a verdade.

– Tive uma memória com um colega de trabalho que me socorreu no dia do meu acidente, eu era uma bruxa com ele! E eu ando evitando-o porquê não sei mais como agir.

– Ele sabe disso?

– Ainda não...

– Então conte, as coisas podem mudar.

– E é disso que eu tenho medo.

– Por quê?

– Não quero magoa-lo outra vez – Pela cara fechada que Maurício fez, acho que ele entendeu o que eu quis dizer.

– Então não diga.

– Bela ajuda, doutor – Sorri ironicamente.

– A psicóloga é a sua amiga Patrícia, e não eu – Disse carrancudo.

– Ta bom – Disse indiferente, mas eu senti raiva. Ele estava com ciúmes e por isso agia feito um babaca comigo? Me poupe.

– Bom, continue tomando seus remédios. Semana que vem você fará um exame de tomografia, é só agendar um horário com a minha secretária.

– Agenda você! – Falei ofendida e ele me olhou confuso – Não vou falar com ela. Marque no horário de sempre em qualquer dia da semana – Me levantei pegando a minha bolsa.

– Está com pressa? – Ele levantou em seguida.

– Se a consulta já acabou eu devo ir embora, não é? – Ele estava parado em minha frente.

– Só se você quiser – Colocou uma mecha do meu cabelo para trás.

Cheguei tão perto dele que pude sentir sua respiração e olhar dentro dos seus olhos verdes, olhei para a sua boca e novamente voltei a encarar seus olhos.

– Então eu vou – Disse num sussurro e sai da sala.

Queria muito ter ficado pra ver a cara de bobão que ele deve ter feito. Eu sei que quero reconquistá-lo, eu sei que ele ainda gosta de mim, eu sei que estava sendo a antiga Anne sem coração, mas eu queria que ele se apaixonasse pela pessoa que eu era agora e não a que eu fui. E eu faria isso do meu jeito.

Sai do hospital e esperei um táxi, mas todos que passavam já tinham passageiros ou simplesmente nem passavam pela faixa. Olhei no relógio de pulso, já se passava às 16h da tarde – Bufei – o que eu mais odeio é esperar. Mais um táxi vazio passou e não parou – Desisto – já estava prestes a voltar para casa andando quando uma Mercedes vermelha parou do meu lado.

– Carona?

Olhei para o lado e não contive o sorriso, era o Ricky. Com óculos escuros e cabelo bagunçado propositalmente com jaqueta de couro. Abri a porta e sentei no banco do passageiro.

– Você veio na hora certa! – Sorri.

– Bom saber – Ele retribuiu o sorriso e fomos para o meu apartamento.

O fiz entrar para poupar as semanas que andei evitando-o, não poderia ficar nesse joguinho para sempre e além do mais, ele não sabia que eu me lembrei dele, então era só continuar agindo como eu já estava.

– Grease?

Ele estava na sala sentado no sofá com o DVD na mão. Passei horas assistindo ao filme, aprendendo coreografias, ensaiando as músicas e coisas do tipo. Como eu já disse, esse papel precisa ser meu!

– Um teste para uma peça – Respondi indiferente.

– Sério? – Ele perguntou surpreso.

– Sim! Porque o espanto?

– Por que eu também vou fazer esse teste. É na Broadway, certo?

– É – Paralisei – Você sabe atuar?

– Anos de estudo na academia de artes em São Diego. Estudei lá quase a minha vida toda, contra a minha vontade é claro. Mas acabei gostando.

– Puxa, que legal!

– Qual música você está ensaiando?

– Summer Nights. E você?

– Também – Nós rimos – Quer tentar com uma segunda voz?

– Tá bom...

Eu estava totalmente sem graça. Cantar na frente dele, dançar, atuar! Era constrangedor a meu ver. Mas ele fez isso parecer tão simples... Me deu várias dicas de referencia ao palco, de como me apresentar na frente dos diretores para que tenham uma boa impressão sobre mim. Ele realmente nasceu pra isso. Sua voz era incrível, podia ficar ouvindo-o cantar por horas sem enjoar. Me ensinou passos dos anos 60 que eu achava complicado de fazer, mas como eu disse, ele fazia tudo parecer mais simples, mais fácil e comum. Já era bem tarde quando ele foi pra casa, nos divertimos tanto que nem vimos às horas passarem. Acredita que a Lucy choramingou quando ele se foi? Acho que alguém está apaixonada. Ricky é uma pessoa fácil de gostar, ele é legal até com quem não merece. É paciente com quem não tem paciência, é bondoso com quem despreza sua bondade.

– Estranho a Tisha não ligar, né Mike? – Me aninhei com meu bebê na cama, e em seguida o telefone tocou – Telepatia! – Atendi – Oi Tisha!

– Você acha tarde para eu passar na sua casa? – Olhei no relógio e já se passavam das 23h.

– Tarde é, mas pra você vir aqui nunca é tarde sua boba. Tá tudo bem?

– Eu te explico quando chegar ai, ok?

– Ok.

Ela parecia triste no telefone. E isso era novidade. Tisha era a pessoa mais alegre e bem humorada que eu conhecia não que eu conhecesse tantas pessoas assim pra comparar, mas você entendeu. Meia hora depois ela chegou e pude perceber que ela havia chorado antes de vir pra cá, não pensei nem duas vezes e abri meus braços a abraçando, ela desabou mais ainda e chorou feito uma criança. Fechei a porta e a levei até meu quarto, o melhor a fazer era deixa-la chorar, as lágrimas lavam a nossa alma e a dela precisava ser limpa.

– Pode chorar... – Eu falava enquanto acariciava seus cabelos.

– Eu fiz uma burrada, Anne – Ela dizia entre os soluços.

– Viver já é uma burrada. Todos nós cometemos erros.

– Mas a minha burrada foi a mais grave de todas – Ela se sentou ficando de frente pra mim e limpando as lágrimas que estavam em seu rosto – Não quero que me julgue só que me escute.

– Tudo bem, pode falar...

– Você se lembra do senhor Williams não é?

– Não.

– Seu ex-chefe.

– Senhor Williams...

Dessa vez nada apagou e acendeu, foi apenas um flashback que veio na minha mente.

– Você é uma mulher adorável... - Se levantou e sentou em uma cadeira ao lado da minha - Bonita, inteligente, bem sucedida... - Tocou nas minhas coxas nuas.

– Já entendi aonde quer chegar senhor Williams - Disse da maneira mais sedutora que existe e me aproximei de seu rosto - Você quer me ver nua em cima da sua mesa ou talvez, sentada no seu colo... - Ele sorria como um cachorrinho e balançava a cabeça positivamente várias vezes - Mas isso JAMAIS irá acontecer - Falei em um tom firme me levantando imediatamente.

– Senhorita Johnson! - Ele me segurou pelo braço - Ou é nua em cima da minha mesa, ou é vestida no meio da rua. - Eu sorri maliciosamente.

– Prefiro a segunda opção.

– Senhor Williams, claro que eu me lembro – Disse com nojo.

– Você se lembra do dia em que ele te demitiu?

– Um pouco... Por quê?

– Se lembra do motivo?

– Claro, mas o que isso tem haver?

– É que – Ela respirou fundo – Foi quase a mesma coisa que aconteceu comigo.

– Aquele nojento estava dando em cima de você?

– Sim... – Disse olhando para as próprias mãos – Mas como eu disse, comigo foi diferente.

– Tisha você não...

– Sim. Eu transava com ele antes mesmo de você sofrer aquele acidente – Ela me encarou – Eu não te contei porque meu emprego dependia daquilo, e depois do que você tinha falado, fiquei com medo de que me julgasse.

– O que aconteceu? - Tisha perguntou.

– Aquele velho ridículo queria transar comigo na sala dele.

– E você aceitou? - Ela gaguejou.

– Se estivesse aceitado teria o cargo "Prostituta do mês do senhor Williams" - revirei os olhos - Claro que não aceitei, isso é coisa de mulher sem caráter!

– Tisha... – Ela começou a chorar novamente e eu a abracei – É claro que você fez uma grande burrada, mas você é minha amiga, era seu dever ter me contado isso.

– Eu tive medo, Anne.

– Eu te entendo. Também tenho medo de falar sobre muitas coisas – Falei mais pra mim do que pra ela – Mas você ainda não me disse o motivo da sua demissão.

– Estávamos em seu escritório e a mulher dele entrou na sala. Ela nunca aparece por lá e justo hoje resolveu aparecer – Seu choro aumentou e eu a abracei forte – Me xingou de tantos palavrões que muitos eu nem sabia que existia. Há essa hora o escritório inteiro já deve saber.

– Ei, se acalma. Eu estou aqui... – Tentei tranquiliza-la.

– Não é só isso...

– O que mais?

– Eu gostava dele. Gostava de verdade. Eu não sei mais o que fazer – Limpei as suas lágrimas e depositei um beijo em sua bochecha.

– Eu sei que essas coisas machucam honey, mas você já deveria saber que ele nunca gostaria de você do mesmo modo que você gosta dele.

– Eu fui uma idiota eu sei, mas amar é assim. Amar é ser idiota.

– Nem me fale... – Suspirei pesadamente – Vem, vamos dormir – puxei um edredom por cima de nós – Amanhã o dia será longo.


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