Resilience escrita por lilithfx


Capítulo 13
Estratégias!


Notas iniciais do capítulo

"As estratégias não valem nada quando se trata de amor."
Elenita Rodrigues



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Rachel

Uma semana passou voando, e finalmente o grande dia aproximava-se para Rachel. Ela sabia que seu desempenho deveria ser perfeito, mas agora não tinha medo. Ensaios exaustivos a prepararam para esse momento, iria brilhar como estava destinada a ser.

Seus pesadelos sumiram num passe de mágica, depois da conversa com a mãe. Ela estava em paz e isso refletia em como se relacionava com o mundo ao seu redor.

Kurt e Santana foram os que mais estranharam sua mudança. A latina estava muito desconfiada e não perdia nenhuma oportunidade, para lançar seu repertório de zombarias e frases de efeito.

Rachel ria de tudo e levava na esportiva, sabia que a latina só estava preocupada e protetora sobre ela, podia dizer, até um pouco ciumenta.

Lembrava muito bem, que ao chegar do teatro, depois do encontro com sua mãe e das fortes emoções vivenciadas. Deu de cara com uma San angustiada, perguntando como tinha sido seu dia e se estava bem.

Rachel estranhou, mas sabia que a latina tinha seu lado psico e ficou impressionada com a forte intuição. O que a baixinha não sabia, era sobre a conversa entre Cassie e San mais cedo, naquele dia e nem que a latina estava com uma ponta de ciúmes, ao vê-la bem, atribuindo essa emoção ao encontro com Cassandra e não, o reencontro com a mãe.

Portando, ao dizer que nunca esteve tão bem em sua vida, Rachel provocou curiosidade e uma sensação incomoda no estômago de latina. Para Santana, o fato da baixinha ser sua amiga, fazia dela responsável por cuidar e protegê-la, não admitindo que uma loira aguada, copia de Ice Queen, tomasse seu lugar. Com os pensamentos confusos, ela resolveu mudar de assunto, mas com aquele olhar de: farei tudo para descobrir o que aconteceu.

Rachel deu graças a Deus na ocasião, não estava preparada para dividir todas as notícias, precisava de certo tempo, para processar e entender suas emoções, além da permissão das pessoas envolvidas, já que a história não era somente sua. Em seu atual momento, tudo que importava era sentir-se amada. E isso, sua mãe e Cass, por caminhos diferentes, deixaram claro.

Com o tempo, lidaria com a reação dos amigos a volta de sua mãe e uma possível mudança na relação com Cassie. Agora precisava focar nos ensaios e na sua estreia iminente.

Depois do pequeno diálogo com Santana, sua semana seguiu tranquila e intensa. Só incomodava a pequena judia, o fato de Cass, depois do beijo e da confissão, ter ficado estranha, calada, regredido ao tempo em que eram meramente professora e aluna.

Não tinha a menor ideia do por que. Mas, podia entender em parte sua reação. O beijo foi incrível, pensando bem, incrível era um adjetivo pobre. Beijar uma mulher foi quente, sensual, perturbador, não poderia e nem queria negar esses sentimentos.

Sabia que Cassandra não era inexperiente, e tinha levado para sua cama, homens e mulheres. Porém, intuía que todos esses envolvimentos eram meramente físicos, nada ligados ao emocional. E, uma coisa que não cabia numa mesma frase, é: Cassandra e sentimentos. Por isso, a reação de medo, pensou Rachel.

A pequena diva nunca teve preconceitos com sua sexualidade, era filha de pais gays afinal de contas, e agora com a chegada de Shelby em definitivo na sua vida, poderia afirmar que além dos pais gays, tinha uma mãe lésbica.

O principal impedimento de explorar sua sexualidade foi perceber que seu desejo era específico e não geral. Ela não queria qualquer garota na adolescência, ela queria Quinn Fabray!

Mas como querer quem sempre de maltrata? A rainha católica, hétero, que tinha os meninos aos seus pés e era capaz de crueldades e humilhações insuportáveis.

Brigou com esse desejo a adolescência inteira, e o resultado foi não experimentar sua sexualidade plenamente na adolescência. Vivenciando apenas o papel heterossexual, auto imposto.

Beijar Cassandra nesse sentido foi catártico. A baixinha percebeu e aceitava o fato de seu desejo não ser restrito apenas à Quinn. Toda luxuria contida no beijo trocado com Cass foi significativo. Seu coração tinha dona, mas desejo e excitação, independente da sua vontade, são direcionados as mulheres, não tem porque fugir desse fato.

Precisava falar com Cassandra, esclarecer seus sentimentos, ser honesta, ela não queria perder a amiga recém-conquistada. Não estava apaixonada, Cass é uma bela mulher, e o fato de ser parecida com Quinn só complicava e tornava mais tentador um envolvimento. Esperaria a estreia e criaria uma estratégia para conversa com a professora, sem perder sua amizade.

Cassandra

Ela já estava na terceira dose do dia, era ridículo, mas tudo que conseguia fazer, após ver Shelby com Rach e descobrir que eram mãe e filha, é beber.

Depois que saiu do teatro, naquela noite terrível, entrou no primeiro bar que encontrou e bebeu muito. Acordou no dia seguinte, completamente nua, em uma cama que não conhecia, com uma morena gostosa.

Lembrava vagamente do que aconteceu, mas as várias marcas pela sua pele, não deixavam a menor dúvida, a noite foi intensa e selvagem.

Vestiu-se com rapidez, deixando a bela morena adormecida.

Chegando ao seu apartamento, arrancou toda roupa, abrindo o chuveiro ao máximo, mergulhou nele, procurando limpar toda sujeira e dor que estava em sua alma. Não conseguiu, e chorou toda raiva, vergonha e mágoa de um coração em frangalhos.

O mesmo comportamento repetiu-se a semana inteira. Evitava Rachel o máximo que podia, fugia dos seus olhos castanhos e da tentação de ver seus lábios carnudos e voluptuosos.

Sabia que estava ferindo a morena, mas o que iria dizer para pequena diva? Por muito pouco não fui sua madrasta, ou algo do tipo, eu quero você, mas já trepei com sua mãe.

Recusava magoar a baixinha, principalmente próximo a sua grande estreia. Mas isso não impedia o sentimento de culpa que crescia mais a cada dia.

E para esquecer esse sentimento, todas as noites bebia e terminava na cama com a morena gostosa, que descobriu chamar-se Meg.

Meg, uma atriz de Los Angeles de relativo sucesso, estava em NY gravando uma série, após terminar um relacionamento de seis anos. Seus amigos, que sabiam de tudo, não a deixavam sozinha, sempre levando para beber em algum bar da moda, não permitindo a morena curtir fossa num quarto de hotel. E foi por isso, que ela encontraria Cassandra no fim da noite, naquele bar.

Pelo que Meg contou, do nosso primeiro encontro, ela permitiu que eu fosse ao seu quarto de hotel, somente porque nós duas estávamos muito bêbadas. Não tinha intenção de fazer sexo comigo, mas durante a madrugada, sentiu minhas lágrimas molhando seus braços e acordou. Segundo ela, meu choro era dolorido e triste.

Lembrei-me da sua tentativa de consolar, abraçando e fazendo círculos em minhas costas. O abraço foi ficando mais e mais apertado. Meg deixou claro que não era de ferro, estava carente e tinha um espetáculo de mulher na cama. Ao sentir minha respiração acelerar e os primeiros indícios de excitação, não resistiu e atacou minha boca. Fizemos sexo à madrugada inteira.

No outro dia, quando ela acordou e não me viu, achou que nunca mais iria cruzar comigo. E para sua surpresa, nos encontramos novamente no bar. Eu, já estava ligeiramente alcoolizada, e sem muitas perguntas, fomos novamente para seu quarto, transando a noite inteira, sem cobranças e sentimentos desnecessários.

Meg era uma mulher vivida, sentiu minha necessidade de desabafar, mas não forçou a barra. E em meu momento de ruptura, ouviu tudo sem tecer nenhum comentário.

Estava comendo aquela morena gostosa, minha boca em seu sexo, devorando cada milímetro encontrado, sem dar chance de fuga, ela estava à beira do terceiro orgasmo da noite. Fazer sexo com ela era fácil, não envolvia o emocional, só o prazer de dar prazer. Nisso, eu era boa, anos de relações fúteis, onde tudo se resumia a luxuria e o prazer sem medida. Meg estava exausta, não aguentava mais e mesmo assim, minha língua lambia seu sexo com vontade, pronta para dar mais um orgasmo. Ela, reunindo forças, puxou meus cabelos, me tirando do meio de suas pernas e beijando minha boca, por tabela, sentindo seu gozo, em meus lábios. Nesse momento, quebrei. O que eu estava fazendo ali, usando Meg como fuga, para esquecer meus problemas, ela não merecia isso, nem eu.

Pedi um tempo, tomei um banho, esperei Meg fazer o mesmo e depois sentamos e conversamos, contei minha história para Meg, ali nascia uma amizade.

Ela, no auge dos seus 46 anos, deu sábios conselhos. O primeiro era pra eu parar de fugir e de usar sexo e álcool como muletas, precisava crescer e encarar meus problemas. O segundo é não machucar e afastar quem gosta de mim, principalmente Rachel. O terceiro e mais difícil, procurar Shelby e tirar toda história a limpo.

Prometi a Meg que tentaria, aquela mulher era especial, uma espécie de anjo que surgiu num momento difícil, seria grata, eternamente. Pousei meus lábios suavemente nos seus, num beijo repleto de carinho e gratidão, nós duas sabíamos que seria o último.

Sai do hotel e fui para casa, precisa de uma estratégia para o dia da estreia de Rach. Shelby não escaparia, eu resolveria minhas pendências com ela e depois contaria tudo para a pequena judia, ela merecia toda verdade. Se depois, ficasse comigo, eu seria a mulher mais sortuda do mundo.

Shelby

Shelby estava contente. Depois de muito tempo em sua vida, existia uma real possibilidade de felicidade.

O reencontro com a filha foi mágico, não esperava tamanha recepção, Rachel realmente é uma pessoa especial, foi a melhor coisa que fez na vida, só rivalizando com a adoção de Beth.

Se bem que, Beth chegou, por intermédio também da filha. Ninguém sabia o real motivo que levou Shelby a adoção da pequena, era uma história que remetia ao passado.

Lembrava muito bem, que após anos sem saber a localização da família Berry, a saudade era enorme e num gesto ousado, resolveu colocar detetives para localiza-los. Não foi fácil, os pais de Rachel cumpriram o acordo de sumir sem deixar pistas, e quando os detetives localizaram Hiram, Leroy e Rach, em Lima, uma cidadezinha do interior homofóbica e preconceituosa, os relatórios começaram a chegar.

Rachel estava no primeiro ano do ensino médio, sofria bullying, humilhações diárias, pertencia ao grupo de perdedores da escola. Sendo perseguida pelos populares do colégio, que tinham como chefe, a capitã cheerios Quinn Fabray. Shelby não entendia porque Leroy ou Hiram não intervinham na situação. Deixou à filha nas mãos dos dois, eles tinham por obrigação protegê-la.

Com o tempo e vários relatórios dos detetives, descobriu que Rachel protegia os pais de todo ódio que era destilado contra eles. A filha preferia sofrer sozinha que magoar seus pais, ela era extraordinária, teve muito orgulho de ser sua mãe.

Em contra partida, Quinn Fabray representava tudo que odiava na vida, não entendia o porquê de Rach querer ser sua amiga, até que teve oportunidade de conviver com ambas e perceber o que estava óbvio e nenhuma das duas via.

A jovem capitã pertencia a uma família tradicional católica, repressora e orgulhosa da sua posição social, a associação com sua família foi imediata. Sabia quanta pressão era exercida para ser uma filha perfeita e exemplo.

Intuía que para Quinn praticar bullying contra Rachel era mostrar obediência e orgulho de pertencer a uma família “normal”. Já Rach, era bem sua filha e não perderia nunca, a chance de ‘levar a luz, para o lado escuro da força!’, Quinn Fabray não tinha a menor chance de escapar.

Percebeu o amor nascendo entre as duas, às fugas, negações, mágoas que uma provocava na outra. Seus envolvimentos em namoros vazios, sem a centelha da paixão e mesmo assim, não pode interferir.

Quando soube que Quinn estava grávida e foi expulsa de casa, quase pirou, sabia que aquela família agiria dessa forma, eram bem parecidos com meu pai e irmãos. Por isso, resolveu intervir, ao saber que Quinn entregaria a criança para adoção.

Não permitiria que a criança fosse criada por alguém com os mesmo valores do meu pai e da família de Quinn. Faria isso por minha filha, cuidaria de Beth, a filha da mulher que ela amava. Mesmo, magoando Rach no processo, tinha esperança que com o tempo, pudesse explicar essa situação a ela e Quinn.

Cometi erros também e o maior deles, foi ter um caso com Noah. Logo eu, lésbica convicta. Mas a solidão faz sentimentos ficarem confusos e a saudade de quem ama, potencializar o desastre. Foi o que o que aconteceu, 3 anos atrás e não sentia orgulho por isso. Desde então, não se permitia cometer erros tolos, protegeria sua filha, acima dos seus sentimentos.

Precisava descobrir o que estava acontecendo entre Cassandra e Rachel, para tomar uma decisão definitiva. Uma coisa era certa, não lutaria com sua filha pelo amor de uma mulher. Se houvesse a menor possibilidade de Rachel amar Cassandra, ela enterraria qualquer sentimento nutrido pela loira.

Enquanto isso esperava ansiosa a grande estreia de sua filha. Iria ao teatro, já tinha combinado com Carmem e ela daria cobertura para uma fuga, caso estivesse próxima de um encontro com Cassandra. Continuaria mantendo o plano de fugir dos conflitos, apesar de Carmem não concordar com a ideia.

Lembrou-se da última conversa com a amiga, onde recebeu o conselho de falar com Cassie e esclarecer toda a sua história, assim como fez com Rachel, antes que fosse tarde demais.

Prometeu pensar com carinho, respeitava as intuições da amiga, porém tinha medo de magoar a filha e perder uma relação que nem bem tinha começado. Por mais que amasse Cassie e ela fosse à mulher da sua vida, não magoaria a filha novamente.

Deixaria o tempo, o senhor dos destinos, agir e acalmar seu coração, cansado de sofrer. Enquanto isso, precisava de uma estratégia para evitar Cassandra no teatro.


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Notas finais do capítulo

Antes de mais nada, gostaria muito de agradecer as duas recomendações feitas pela MayahPeixoto e ltdnv . Sou como Sininho e preciso de palmas para viver e as palavras de vocês duas sobre minha fanfic,encheram essa autora besta de orgulho :-)
Esse capítulo ficou grande, por isso optei em falar da estreia da Rachel em outro.Devo avisar que já no próximo capítulo, faremos justiça a classificação de +18.
Gabriele e Meg são homenagens a um seriado que adoro, quem adivinha qual é?
No mais, boa leitura, divirta-se e não deixe de comentar :-)