Resilience escrita por lilithfx


Capítulo 12
Reencontros!


Notas iniciais do capítulo

"Vou procurar um amor bom para mim - no qual me reconheço e me reencontro, me refaço e me amplio, me exploro, me descubro."
Lia Luft



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Os braços de sua filha rodeavam e acolhiam seu corpo. Tinham mudado de papeis, ela era a filha frágil e Rachel sua mãe protetora. Como era bom sentir essa emoção. Pela primeira vez na vida, recebia um amor puro e verdadeiro.

Não que Gabriele ou Cassie tivessem ofertado amores impuros e falsos. Mas era diferente, seu amor por Rachel não tinha a culpa que carregava nos dois casos. Era o amor de uma mãe, por seu rebento, capaz de todos os sacrifícios e escolhas para fazer o filho feliz.

Shelby achou que nunca teria oportunidade de compartilhar com sua filha essa emoção, estava feliz de estar enganada, sua alma irradiava uma luz brilhante, quente, amorosa.

Tinham ainda muitos caminhos para percorrerem e mágoas para acalentar, mas o primeiro passo foi dado.

Fitar os olhos castanhos de Rach e perceber o amor retribuído na mesma medida fazia os obstáculos tornarem-se mais fáceis de transpor.

Com o tempo, contaria mais da sua história e traria definitivamente a filha para sua vida, com ou sem Cassie. Por enquanto, era necessário agir com prudência, e fugir de confrontos desnecessários.

Recuperando-se, Shelby fala com a voz ainda trêmula, pelas lágrimas recém-derramadas.

__Preciso ir, já estive aqui por tempo demais, mas antes quero sua promessa em duas questões. Estou morando com Beth, aqui em New York e trabalho numa escola para crianças talentosas da Broadway. Quero que vá me visitar, assim que tiver uma folga no musical, ainda precisamos falar muito. A segunda promessa é acreditar que te amo independente do que ouvir de outras pessoas. Pode fazer isso por mim Rachel?

Rachel não pensa duas vezes antes de responder:

__Sim mã, Shelby. Tem dúvida ainda? Sinto-me honrada em ser sua filha. Tem algumas atitudes suas que ainda não entendo, mas tenho certeza que possuem uma explicação e estou louca para escuta-las. Vamos começar de novo e construir uma relação de amigas e quem sabe um dia, você possa deixar eu te chamar de mãe. Amo meus pais, mas sempre senti falta de uma figura feminina, teria sido de grande ajuda, no ensino médio, diz uma Rach reflexiva. Quero estar com a Beth, ver se ela é uma mini Quinn ou uma mini Puck. E quero conhecer você melhor, fazer parte da sua vida. Hoje, o que nos liga é a música, por isso, vamos terminar esse encontro cantando, e tenho a música perfeita para isso.

Somewhere

There's a place for us,

Somewhere a place for us.

Peace and quiet and open air

Wait for us

There's a time for us,

Some day a time for us,

Time together with time spare,

Time to learn, time to care,

Some day!

We'll find a new way of living,

We'll find a way of forgiving

Somewhere . . .

There's a place for us,

A time and place for us.

Hold my hand and we're halfway there.

Hold my hand and I'll take you there

Somehow,

Some day,

Somewhere!

Assim que terminou a canção, Shelby ainda sorria, vendo a felicidade espelhada no rosto da filha. Tinha certeza agora que tudo daria certo. Deu um longo beijo no rosto de Rach e entregou o cartão com seu endereço, reforçando o pedido para jovem morena ir à sua casa.

Saiu do palco apressada, precisa buscar Beth e já estava bem atrasada. Se ela estivesse atenta, teria percebido a loira que a fitava, estática, com a respiração ligeiramente ofegante e os olhos arregalados. Aquele teatro tinha história para contar.

Cassandra

Sai do teatro sem vontade alguma. Queria muito falar com Rach, a lembrança do beijo trocado, me aquecia, eu estava parecendo uma adolescente cheia de hormônios. Aquela baixinha não sabia o poder que tinha e como sabia beijar bem. Nunca esperei que Schwimmer fosse tão quente, era surpreendente.

Ela era gostosa, as pernas longas, a pele macia, a cor de chocolate, lábios carnudos e uma bunda de parar o trânsito, já tinham sido notados em minhas aulas de tango. Mas não sabia que por trás da sua timidez e puritanismo, existia uma mulher quente, vibrante.

Eu não era inexperiente com mulheres, pelo contrário, depois do meu romance fracassado com Shel, cai no mundo e tive mais homens e mulheres que posso contar nos dedos. Por isso, sabia que com Rachel não seria somente físico e isso dava medo, na realidade, era amedrontador.

Eu tinha dado meu coração para Shel numa bandeja de prata e ela esmagou sem piedade. Não sei se estaria disposta a repetir a dose com a pequena judia. Tinham bastantes fatores negativos que poderiam atrapalhar: o fato de ter sido sua professora, e de agora ela ser minha pupila e amiga, além da existência dessa tal de Quinn, que segundo a latina gostosa, era o amor da vida da Rachel. Até que ponto eu estava disposta a passar por cima desses obstáculos, para ter apenas um caso com a Rachel? Ela merecia mais, precisava conversar com ela e saber o que a baixinha sentia, não ia arriscar uma amizade recente para saciar minha luxuria. Mas agora, precisa ir ao encontro de Carmem.

Queria muito entender a urgência da Carmem, ela sabia que estar no teatro com a Rachel era um tempo sagrado e que eu não admitia interrupções. Mas mesmo assim, me fez sair de lá num momento crucial, para buscar documentos que não tenho a menor ideia da serventia, eu estava de mau humor e no modo cadela ativado. Frustração sexual tinha esse poder sobre mim.

Passei uma hora naquele maldito taxi, com um paquistanês que mal sabia falar meu idioma, cujo mau humor igualava assustadoramente o meu.

Ao encontrar Carmem, meu humor não era dos melhores e ficou pior ao perceber que os tais documentos importantes, milagrosamente já estavam no teatro.

Carmem estava estranha, parecia saber de algo. Era impossível ela ter descoberto o beijo que eu e Rachel trocamos, mas, mesmo que houvesse uma pequena possibilidade dela saber, não seria um grande problema. Mas que ninguém, Carmem acompanhou tudo o que passei, estava lá, apoiando e consolando. Ela ficaria feliz por finalmente eu ter resolvido sair de relacionamentos fúteis e da solidão. Com o adicional de ainda gostar da Rach.

Pensando bem, seria um momento perfeito para pedir conselho a minha velha amiga. E aproveitar o tempo que desperdicei indo à NYADA.

Relatei tudo o que aconteceu no teatro, meu beijo com a Rach, como ela correspondeu, o que Santana falou sobre Quinn e os sentimentos que Rachel possuía por ela e principalmente minhas dúvidas sobre o que fazer. Carmem ouvia tudo, tinha um semblante bastante preocupado, a única pergunta que fez, foi se eu estava apaixonada pela Rachel ou era apenas atração física.

Foi complicado responder essa pergunta. Qual mulher não teria desejo naquele corpo maravilhoso e nas pernas poderosas da judia? Eu não estava imune a essa atração, mas sabia que no fundo nossa relação envolveria mais que sexo. Rachel era apaixonante. Se, até a vadia da Santana tinha caído numa paixonite por ela, eu não teria a menor chance de escapar.

Meu medo maior era cair de amor pela diva. Não estava preparada para viver esse sentimento de novo, Shel foi o suficiente, eu não queria repetir a dose e ficar a mercê das emoções, como fiz no passado.

Depois de refletir, minha resposta para Carmem foi, sim, eu estava apaixonada pela Rachel, mas não era amor ainda.

Carmem pediu para eu tomar cuidado com os meus sentimentos e os da sua aluna favorita. E fechou sua fala com uma frase que me fez refletir, sobre dar tempo necessário para ver onde a relação poderia caminhar.

Tomei o caminho de volta para o teatro, com mais dúvidas que soluções, apesar do coração estar leve, ter dividido minhas angustias com Carmem, ajudou bastante. Tudo que precisava agora era conversar com Rachel e saber até onde ela estava disposta a ir.

Esperei o taxi parar, efetuei o pagamento e desci rapidamente, não queria perder mais tempo.

Andava rápido, quase correndo para entrar no teatro, transpus a porta e já estava na plateia, quando imediatamente, meus ouvidos foram invadidos por uma melodia linda. Rachel cantava, mas para minha surpresa, ela não estava só. Demorei menos de um minuto para reconhecer a dona daquela voz.

Essa voz era a causa dos meus sonhos e pesadelos há exatamente 10 anos. Quantas noites desmaiei anestesiada pelas bebidas, para não lembrar seu timbre rouco e melodioso ao fazer amor comigo, ou a lembrança de sua cantoria em meu banheiro.

Aquela era Shelby e nem 10 anos seriam capazes de nublar meu julgamento. Só não consegui entender porque ela estava ali, conversando com a Rach, Pareciam velhas amigas, que não se viam há bastante tempo.

Minhas pernas não obedeciam ao meu comando, tudo que pude fazer foi deixar o corpo cair em uma das cadeiras e me esconder nas sombras. Tantas perguntas flutuavam sobre minha cabeça e mesmo assim, tudo que eu conseguia é perceber como os anos foram benéficos para Shelby. Se antes ela poderia ser considerada uma mulher bonita, com o passar dos anos, seus traços maduros, o ar de seriedade, e a serenidade de quem passou por muito na vida e sobreviveu, fez dela uma belíssima quarentona.

Ali no palco estava o meu passado e um possível futuro. A inocência e juventude da Rachel, contra a maturidade e segurança de Shelby. Não que eu estivesse na posição de escolher, mas aquelas duas morenas tinham o poder de quebrar meu coração e cura-lo.

Vi Shelby entregar algo para Rachel, dar um beijo, abraçar a baixinha e em seguida partir rapidamente, olhando por todos os lados, como se tivesse com medo de encontrar algo ou alguém.

Precisava descobrir o que Shelby queria com a Rach, e porque depois de tanto tempo ela retornava. Perguntaria à baixinha, ela sempre falava a verdade e não seria dessa vez, que mentiria.

Assim que tive certeza que Shel não voltaria, subi o palco e fui falar imediatamente com Rachel.

Pude perceber que ela tinha chorada, mas seu semblante feliz, leve, deixou minha mente e coração ainda mais confusos.

Ao fitar seus olhos, percebi uma emoção nova, diferente de todas, era como se alguns demônios, tivessem sido removidos. Seria Shelby responsável por essa mudança? Precisava saber a curiosidade já não cabia no peito.

__Oi Rachel, desculpa a demora, mas Carmem precisou conversar comigo. Está tudo bem com você? Perguntei, jogando verde.

__Nunca estive melhor em minha vida, fala uma Rachel com um sorriso de 1000 Whatts.

A pequena diva está tão feliz, que não quero estragar esse momento, mas minha curiosidade é maior.

__Posso saber por quê? Finalmente pergunto o que preciso saber.

Rachel solta um suspiro animado e diz:

__Tenho uma lista de razões para estar feliz, estou na Broadway, serei protagonista de um musical, estou cercada de pessoas que amo, fiz uma boa amiga (diz ela olhando em meus olhos) e finalmente, a melhor razão do mundo, eu tenho uma mãe que me ama!

Demoro a processar essa informação, meu cérebro não quer entender o que a baixinha disse. Estou pálida, as palavras faltam, não sou boa atriz.

Rachel fica assustada, me faz sentar. Ela não entende minha reação. Invento uma desculpa boba e ela acredita, está feliz demais para perceber minha mentira.

Minha memória retorna naquele dia crucial, no bebê das fotos e na garotinha de 5 anos, com o cabelo escuro, uma mini Shel. O véu parece rasgar, diante dos meus olhos, tantas semelhanças físicas e emocionais que só agora consigo notar.

Estou emocionada, Rach é parte da mulher que amei muito, mas ela também é a garota que estou apaixonada, preciso de uma bebida com urgência e pensar sobre essa notícia.

__Rach, preciso sair e não tenho como voltar hoje no teatro, prometo que vamos conversar sobre o beijo que trocamos em outra ocasião. Mas não tenha medo ou receio, continuarei sua amiga e tutora, independente do tipo de relacionamento que tivermos. Só quero que confie na minha palavra, não vou te machucar, você entende isso?

A pequena judia balança a cabeça, concordando.

__Sei que posso confiar em você Cassandra, cada dia, você prova sua amizade e lealdade. Conversaremos quando estiver preparada, e também prometo não machucar você conscientemente, basta lembrar que é muito importante em minha vida.

Fico emocionada com as palavras da Rachel, em outro momento, teria tomado seus lábios ali mesmo, mas agora, tudo que precisava era fugir e encher a cara, esse reencontro com meu passado, não estava sendo nada fácil.

Estava viciada em seus abraços, por isso, antes de sair, dei um beijo em sua testa e um abraço apertado naquela garota especial. Em seguida, fugi para o bar mais próximo, eu precisava de todo álcool do mundo, nessa noite.


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Notas finais do capítulo

Oi pessoas, considere esse capítulo como um bônus de quem anda surtada estudando e precisava relaxar escrevendo.
Mais um capítulo e a fic entrará em nova fase, onde teremos uma Rachel diferente.
Devo avisar porém, que atualização só daqui uma semana ou se eu entrar num surto criativo louco (nada impossível).
Obrigada por quem favorita a história e comenta,só falta agora uma recomendação pra eu ficar mais feliz ainda :-)
Boa leitura,divirtam-se e comentem!