Realidade ou Devaneio? escrita por Ailish, zoronami_fc


Capítulo 6
Quarto dia




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“ Acordei deitado sobre o assoalho do quarto, fiquei assim por algum tempo, enquanto tentava colocar ordem em minha mente, aquele sonho foi tão real, tão verdadeiro que eu não pude deixar de sorrir ao me virar e vê-la sorrindo  mesmo dormindo.”

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Ela abriu os olhos e a primeira coisa que fez foi correr até o capitão, ele precisava saber antes de qualquer coisa, precisava pedir para ele autorizar a mudança de curso, ela precisava de Luffy.

-Luffy! LUFFY!

Ela gritava enquanto andava pelo navio se deparando com Usopp, que a segurou firme pelos braços.

- Ei o que foi Nami? Algum problema?

Ela arfava rapidamente enquanto olhava a sua volta até fixar o olhar em Usopp.

- Preciso da ajuda de Luffy... Preciso que ele me deixe mudar de curso, você o viu?

O atirador olhava confuso para a navegadora, soltando-a levemente.

- Como assim mudar de curso?

- Precisamos voltar para buscar o Zoro!

O moreno deu espaço para que ela passasse, ele a fitou se afastando pelo corredor.

- Nami... O que precisamos fazer para você voltar ao nosso tempo?...

Usopp correu em direção aos demais companheiros que se encontravam na cozinha, Zoro estava lá, escorado numa das tabuas do navio, seus olhos oscilavam entre Usopp e Nami que se afastavam, colocou uma das mãos nas têmporas, e voltou a seguir a navegadora.

- Ei pessoal, preciso da ajuda de vocês!

Sanji que estava fazendo alguns petiscos parou imediatamente olhando para o companheiro, Brook colocou a xícara de chá sobre a mesa e voltou sua atenção a Usopp.

- O que houve?

- Nami... Ela está delirando!

Sanji encostou-se sobre a bancada da cozinha, enquanto tragava seu cigarro, Brook um pouco pasmo se coloca de pé.

- O que está acontecendo com Nami-san?

- Ela quer voltar para buscar Zoro... mais isso é impossível.

- Zoro-san...desde quando as coisas ficaram impossíveis para nós?

O silêncio reinou por alguns segundos, ninguém conseguia falar nada, Usopp sentou-se ao chão entristecido, Brook fitava para os dois companheiros que estavam com os rostos escondidos, o músico se afastou deixando a xícara praticamente cheia de chá, saiu fechando a porta.

 

 ---

 

Luffy estava em silêncio fitando o mar do alto das escadas, para ele o horizonte parecia infinito, inalcançável, mas mesmo assim não havia desistido de seus sonhos, assim como Zoro que havia lutado até o fim pelo dele e os demais,  uma voz desesperada quebra seus pensamentos, ele olha um pouco alarmado para Nami.

- Nami, o que foi?

- Zoro... Zoro,.. precisamos mudar a rota!

Ambos sentaram nas escadas do Sunny, o capitão acudia a amiga que não conseguia se acalmar, ela respirou fundo buscando as palavras certas.

- Luffy me escute...temos que voltar para a ilha, precisamos voltar para trazer Zoro de volta!

O moreno só a observava, ambos ficaram se fitando por alguns momentos, os olhos de Nami aos poucos estavam ficando marejados, o capitão não havia falado nada aumentando sua aflição, sua voz saia amargurada,  parecia que um gume estava cravado em sua garganta.

- Eu sonhei com Zoro.. eu sei que ele está aqui, e está aqui este momento, precisamos voltar... por que ninguém acredita em mim...

Zoro que estava alguns metros dos dois, sentia raiva dele mesmo, não acreditava que nem mesmo Luffy acreditaria em Nami, não podia ser, as coisas nunca foram assim, desde quando havia esse impasse na tripulação? Desde quando um parou de confiar no outro, essas respostas não tinham explicação e nem deveria ter, afinal ali todos eram como uma família, ambos haviam de se cuidar e cuidar dos outros, sempre foi assim e sempre será, mas porque dessa vez não estava funcionando, havia algo de muito errado, a navegadora chorava com as mãos nos olhos tentando esconder a frustração e a dor que estava passando naquele momento.

- Luffy...

O capitão se pôs de pé, olhou para Nami e logo em seguida seus olhos percorreram o navio, por um breve momento Zoro teve a impressão que ele o procurava, Luffy tirou o chapéu e colocou sobre a cabeça de Nami, ela chorava mais alto do que nunca, Luffy falou em um tom confiante.

- Vamos mudar a rota e voltar para a ilha.

Ela segurou as abas do chapéu com força, tudo que ela precisava era alguém para estender a mão, o moreno se agachou perto da garota e disse sorrido.

- Nunca diga que ninguém acredita em você.

Zoro olhava a cena de longe, estava feliz em ver que Luffy se mantinha o mesmo, que o seu enorme coração nunca mudaria independente das circunstâncias, que ele sempre estava disposto a ajudar quem precisasse, afinal esse era o capitão que ele havia mantido uma promessa, e que iria cumprir a todo o custo, o espadachim suspirou aliviado em saber que as coisas estavam dando certo agora, para ele não importava quem iria acreditar em Nami, e sim importava que Luffy acreditasse, ele focou um sorriso animado no rosto da navegadora, sorriu para si mesmo, se afastou aos poucos do casal, mas algo ainda o incomodava, algo que não era para estar ali, mas estava, o que restava era esperar.

---

 

Franky estava na enfermaria junto de Chopper e Robin, o ciborgue trocava os curativos que ainda se mantinham em suas costas desde a última batalha.

- Com esses novos curativos, você estará curado.

- Valeu, Chopper.

A pequena rena sorriu gentilmente para o casal, desceu de sua cadeira e falou com voz melosa.

- Bem, se não se importam eu vou buscar mais alguns livros de medicina, preciso aprender mais...

O medo havia se colocado no cotidiano do pequeno doutor, ele tinha medo, medo de perder seus amigos novamente, medo de não poder exercer sua carreira, medo de perder tudo que havia conquistado, óbvio que ninguém pensava isso, mas era difícil colocar na mente de quem sofre, de quem perdeu algo importante uma vez.

- Tudo bem, doutor-san.

Chopper saiu em silêncio do consultório, Robin o focava até a porta se fechar, voltou o olhar para Franky que ainda estava virado para parede ficando de costas para ela, um pouco receosa perguntou em voz baixa.

- Ciborgue-san, você acredita na vida depois da morte?

Franky puxou os óculos escuros que estava em sua cabeça para os olhos, olhou rapidamente para o teto, até que numa voz abafada ele falou.

- Eu não sei, não posso afirmar... mas acredito que as pessoas que nós amamos e que se foram sempre estarão a nossa volta nos protegendo.

A arqueóloga ficou surpresa com a resposta de seu companheiro, ela notou que os ombros dele tremiam levemente, sutilmente, ela o abraçou pelos ombros depositando o queixo em seu ombro, algumas lágrimas provenientes de Franky molhavam seus braços, ela falou baixinho perto da face do ciborgue.

- Você está certo, que pergunta estúpida de se fazer.

Franky depositou uma das mãos sobre os braços da morena, as lágrimas teimavam em correr por seus olhos, mais baixinho ele falou.

- Você nunca faz uma pergunta estúpida...

Zoro passava distraidamente pelo navio, resolveu atalhar o caminho por dentro do navio, transpassou a enfermaria e surpreendeu-se em flagrar Franky e Robin naquela cena tão intima, um sorriso safado estampou-se em seu rosto.

“ Quem diria,han?”

Ele por fim deu de ombros saindo do consultório, ele parou diante das laranjeiras, não era aquele caminho que ele queria seguir, mas por fim acabou ficando por ali, ele caminhava calmamente pela as árvores, a brisa bailava com leveza as folhas, mais infelizmente ele não podia sentir, ele fitou para o cesto que estava no chão, rapidamente ele se lembrou do pequeno incidente que havia deixado Nami furiosa, ele realmente não havia feito por querer mais aquilo havia a magoado, assim como se alguém derrubasse a sua preciosa katana mesmo por  acidente.

“ Maldição...!”

O espadachim fechou os olhos tentando não se incomodar com os ocorridos anteriores, mas sua mente estava indo contra a sua vontade, alguns flashbacks insistiam em voltar a tona, mas não somente eles, a maioria vinha acompanhado dela, somente dela as vezes, as diversas sensações que ele sentia estando com ela, ele mais uma vez se flagrou pensando nela, ele caiu sentando no chão como uma criança emburrada.

“ Porque diabos eu me pego pensando em você, maldição...já está tudo encaminhado... então porque quero voltar a ficar perto de você...”

 ---

Nami permaneceu sentada nas escadas do navio, enquanto Luffy se dirigia para uma reunião com os demais integrantes, todos estavam na cozinha.

- Quero que todos me escutem com atenção, vamos mudar o curso e voltar para a ilha!

Usopp foi o primeiro a tentar falar alguma coisa, mas foi interrompido pelo capitão que continuava a falar.

- Os que tiverem alguma objeção, podem deixar o navio, pois aqui os sonhos e vontades de cada um devem ser respeitados.

Sanji tirou mais um cigarro de seu bolso o ascendeu, colocou as duas mãos sobre a mesa fazendo um barulho alto.

- Luffy, eu queria me desculpar... hoje Brook disse algo que me fez pensar...

Todos olharam rapidamente para o esqueleto que mantinha o maxilar aberto, ele estava surpreso com o que estava ocorrendo, assim o cozinheiro continuou, mas Usopp tomou a vez:

- Desde quando as coisas se tornaram impossíveis para nós? Eu realmente quero poder acreditar que Zoro voltará para a gente.

O atirador sentia-se envergonhado assim como Sanji, todos olhavam em silêncio, Robin não mudava sua expressão, Franky estava serio sentado num dos cantos da cozinha, Chopper se mostrava impressionado com seus companheiros, Luffy mostrou seus olhos condenadores para os demais.

- E porque não acreditar?  Alguém está impedindo vocês? Descobrimos coisas incríveis em nossas viagens, fomos até o céu, conhecemos de tudo um pouco e isso nunca nos impediu de acreditar, agora quando um nakama morre, não podemos acreditar que ele voltará? Não podemos acreditar nas palavras de Nami? Isso é errado, eu como capitão não aceito essa atitude...

Luffy baixou o chapéu de modo que a aba tapasse seu olhar, algumas lágrimas escapavam iluminando suas bochechas, e assim ele continuou a falar:

- Vamos encontrar Zoro independente do que esteja acontecendo, só quero saber quem irá confiar nessa nova jornada?

O capitão mantinha o olhar fechado, estava esperando algum som e nada veio ao seus ouvidos, quando barulhos de cadeiras sendo arrastadas chamaram a atenção, ele olhou e ficou incrivelmente feliz ao ver seus nakamas de pé confiantes e sorrindo para o próprio.

- É obvio que vamos atrás dele.

Usopp falava um pouco tímido das suas ações anteriores, Sanji voltou para o balcão da pia enquanto cortava alguns legumes.

- Vamos atrás desse marimo, temos que tirar nossas diferenças, ele não é tão covarde pra morrer e me deixar como vitorioso.

Todos estavam mais animados, Chopper mantinha um brilho em seus olhos, olhou para Robin ao qual sorriu.

- Robin, porque Nami não está aqui?

A arqueologa sorriu timidamente para o pequeno e falou afagando seu chapéu.

- Acho que ela está um pouco magoada com a gente, seria bom nos todos pedirmos desculpas, o que acha?

Chopper fez um gesto positivo com a cabeça e correu porta a fora ao encontro da navegadora, e lá estava, solitária apreciando a brisa proveniente do mar , ela olhava para as próprias mãos, lembrando-se do momento em que segurou  Zoro, em que sua mão percorreu pela face quente, mas como ela tinha essas sensações, se tudo fora um sonho, um sonho que ela queria sonhar até o encontrar novamente, queria ter aproveitado para pedir desculpas, mas não havia dado tempo, ela queria, Chopper silenciosamente a segurou pelo ombro, a fazendo soltar um pequeno pulo.

- Nami.

- Chopper, que susto!

A rena sorriu timidamente para a garota, ela o olhava sem entender.

- Queria me desculpar por estar ausente.. eu acredito em você, nós vamos trazê-lo de volta.

Nami sorriu feito uma criança para o pequenino, ela o abraço forte, Chopper havia ficado vermelho como um tomate.

- Muito obrigado por acreditar em mim, por acreditar nas minhas palavras!

- Isso é o que os amigos fazem uns pelos outros.

- Nami!

A navegadora olhou para o convés e notou que os demais estavam prontos para mudar a direção das velas, Franky já estava no leme, todos estavam dispersos pelo navio.

- Nami-swan!! Quantos graus devemos virar?

Ela soltou o doutor e correu pelo convés e começou a auxiliar seus companheiros, todos trabalhavam rapidamente, afinal o tempo era muito preciso, Luffy sentou-se na cabeça do Sunny, ansioso para ver o que iria acontecer, ansioso para poder encontrar com Zoro.

 

---

 O espadachim havia deitado entre as laranjeiras, seu corpo estava cansado, pesado demais, ele não sabia o que era, estava um pouco perturbado, como poderia esta com falta de energia.

“O que diabos está acontecendo? Sinto-me pesado.”

Zoro ergueu uma das mãos diante a face, seus olhos arregalaram-se de tal maneira como se estivesse vendo o seu pior inimigo, sua mão estava ficando transparente, como se um holograma estivesse sendo projetado, ele tentou sentar-se mais um choque invadiu sua ação, soltou um grito proveniente de dor e ficou ali jogado.

“ Estou desaparecendo aos poucos...”


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Notas finais do capítulo

Continua...
Espero que tenham gostado!



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