Caçada escrita por Chloe Cleare


Capítulo 1
Notícia


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá e olá! Este é o primeiro capítulo. Luna contará um pouco da história. Então não reparem se está um pouco parado, tenho certeza que ao longo da história, vocês se surpreenderam.



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Precisamos conversar.” - papai disse com a voz monótona e olhos vazios, eu o segui na enorme sala.

Meu nome é Luna Zane, mais conhecida como “aberração albina” Na verdade, era quase isso. Sou uma bruxa, parece uma coisa legal, divertida e que você pensa “uau, ela pode queimar o traseiro das pessoas com fogo!” Não, eu na verdade não sei lidar com minha... Magia.

Tenho olhos tão pretos como diamante negro, tenho cabelos tão claros que chegam a ser brancos, tenho pele tão pálida que se eu me deitar na neve nua, nem irão me notar lá. Como sempre fazem quando estou vestida. As vezes me confundiam com garotas de rua mas eu nunca ligara, gosto do meu modo de vestir. Papai sempre dizia para eu por roupas melhores, dizia que esse nunca foi meu jeito verdadeiro de me vestir, de me expressar. Era verdade, ele dizia que eu tinha que ser a figura real, a pessoa alegre dentro de mim e só por que sou uma bruxa não quer dizer que tenho que esconder-me em trapos. E talvez ele esteja certo.

Uso luvas, para esconder minha poderosa tatuagem macabra de um olho com veias vermelhas e horrorosamente feia. Um olho que me deixava sem ar apenas de olhá-lo, minha mágica tatuagem... Papai dizia que ela é “mágica” e que um dia em minha vida, ela será útil para eu me proteger sozinha.

Meu pai se chama Tony, ele parece comigo em alguns aspectos, seus cabelos são loiros grisalhos, que o deixam completamente charmoso e viril. Ele é um bruxo forte, ágil, esperto... Bom... acho que em seu jeito fechado e o sorriso, parecem um pouco com os meus... Ele mata caçadores com uma facilidade incrível; pelo menos é o que ele sempre diz. Eu nunca matara um caçador, eles sempre me machucam, quebram meus braços e pernas e quando vou atacá-los eles fogem, são espertos pois sabem que eu não tinha capacidade de me mover direito. Não tecnicamente... Eu diria que eu era uma pessoa... Desastrada.

Todos nós somos criaturas mortais, mas uma vez Tony dissera que já ouvira falar sobre três caçadores e um bruxos imortal. Não acredito. Para mim era apenas uma lenda. Não era possível. Eu sempre penso ''Onde estão eles hoje em dia?''

Sinceramente, acho que sou a bruxa mais sem sal que já existiu, sou uma ofensa aos bruxos.

Os bruxos tem uma tatuagem pelo corpo. O olho, como eu já disse. A de papai fica nas costas, é igual a minha. Mas talvez um tanto mais reluzente e sinistra.

Lembro de uma vez que ele me mostrou.

Seus olhos eram desafiadores e ágil sobre os meus inocentes e perturbadores bolas de gude preta.





Tony respira fundo e a mostra para mim, enquanto tira sua blusa deixando seus músculos e principalmente a tatuagem a mostra.

Ele disse que era para eu não chamar aquilo de tatuagem, disse que era uma marca de nascença. Eu achei estranho mas continuei-a chamando de tatuagem.

Ela começou a brilhar em suas costas e então, ele rapidamente veste sua camisa e a luz se cessa.

A lembrança ficou gravada em minha mente e eu nunca consegui esquecê-la. Como a lembrança inexistível de minha mãe.

Minha mãe Margaret me largou nos braços de meu pai quando eu apenas tinha 3 anos de vida, papai disse que ela deixara um bilhete dizendo “você a protegerá de todos.” Eu não lembrara de seu rosto. Não havia fotos suas espalhadas pela casa como um lar normalmente teria. Apesar de que meu pai sempre a quis longe dele. Ele odiava que tocássemos em seu nome. Tony disse que ela levou tudo consigo, não deixara nada. Apenas o tal bilhete misterioso e é claro que tinha algo a ver sobre os malditos caçadores.



Papai quase fora morto por um, lembro perfeitamente do dia. Ele chegou ensopado de sangue, tive que ajudá-lo as pressas. Depois desse dia, ele não chega com nenhum arranhão em seu corpo. Os caçadores estão entrando em extinção. Quando humanos descobrem a existência das bruxas, pensam que somos aberrações e se voltam contra nós. Claro, escolhendo se quer fazer o juramento de morte de não contar a ninguém ou simplesmente, virar um caçador. Caçadores... Fortes, geralmente bonitos, rápidos, força superior, sabem lutar muito bem, e matam todos os bruxos que veem pela frente. Eu nunca os entendi direito, nem meu pai que sabia muito bem das coisas.

_____

''Você irá se mudar'' - papai estava sentado no sofá, não olhava em meus olhos. Sua voz estava calma, como se anunciasse que ia ao banheiro. Eu havia escutado um ''você'' não um ''nós''. Como ele podia estar lidando com isso com toda essa tranquilidade banal e superficial? Ele não me amava?

Não” - falei séria – “como assim me mudar? pra onde?” - as perguntas foram indo, e indo... Eu batia meus pés no chão como uma garota mimada e com olhar furioso.

Sentia meu teto desabar e a respiração acelerar como um rojão.

Você irá morar com sua mãe.” - Ele não olhou para meu rosto, não teve reação, apenas continuou com suas mãos cruzadas enquanto meus olhos estavam arregalados encarando os seus, sem entender nada.

Espere...” - Forcei-me a dizer algo inteligente, algo útil, mas nada saia de meus lábios.

Ela finalmente apareceu, ela procurou por você e disse que você irá morar com ela longe daqui, onde é seguro. E eu concordei, pois aqui está ficando mais arriscado pra você, entenda isso querida.”

Seus olhos se voltaram para mim, ele me olhou com uma expressão séria, com aqueles belos olhos intensos.

Você sempre soube onde ela estava não é? Ela sabe que moramos aqui? Quando foi que vocês se encontraram?” - Eu não estava ligando pelo o fato de estar jogando perguntas para cima dele, dentro de mim havia esperanças de que isso fosse mentira, de que fosse apenas um sonho, mas não era.

Nós quase não falávamos dela, era raro quando tocávamos em seu nome, Tony sempre o evitava, e agora isso. Perguntei-me se Margaret era sem graça como eu, se tinha o mesmo jeito, ou se era tão forte e radiante como eu a imaginava.

Nunca soube.” - ele disse por fim –“nós nos encontramos há dois dias atrás e não, ela não sabia que morávamos aqui.”

Eu bufei apertando minhas mãos contra a bolsa em minha cintura.

Então, como ela lhe encontrou, e porque não me contou antes?”- Ele apertou os lábios um no outro.

Tive medo da sua reação, ela descobriu meu telefone, mesmo que isso parece meio bizarro e quase impossível, ela conseguiu.”

Bruxaria. - Pensei.

Fiquei parada olhando-o, perguntando-me porque em nome dos santos nunca pensei nisso. Ou apenas eu nunca quis, ou talvez Tony nunca quisera que mantivéssemos contato.

Como eu podia ter sido tão burra?

Por que eu não usara a bruxaria a meu favor?

Burra! Burra! Burra!

Tudo bem, mesmo assim não irei! Não quero saber de riscos. Já tenho 16 anos de idade e sei me cuidar sozinha. Além disso, eu tenho você.” - Levantei e fiquei de frente para ele, batendo meu pé no chão novamente como uma criança pedindo a sobremesa antes do almoço. Eu estava sendo mimada? Não. Eu estava sendo rebelde? Não acho. Eu estava sendo realista? Sem dúvidas. Eu estava certa, apenas analisem os fatos: Uma mãe que abandona a filha de 3 anos com o pai e uma simples carta, nada mais. Uma desculpa boba de proteção, sem explicação. Não há motivos para isso, eles podiam viver juntos sem problemas e talvez eu não cresceria e não seria tão problemática com certas coisas, eu teria uma família.

Tony sempre a defendia. Creio que havia algo que ele nunca me contara, algo arrasador. Porém nunca tocávamos no assunto. A ultima vez, ele apenas resmungou e saiu de perto de mim com a cara feia sem mais nem menos.

Você ira Luna” - ele levantou-se com ar decidido – “Estou mandando. Irá segunda, já comprei sua passagem.” Eu abri minha boca para protestar mas, apenas um gemido escapou de minha garganta.

Hoje é quarta! - meu interior gritava. Fechei os olhos, trancando as lágrimas que brotavam sem que eu quisesse. Malditas intrusas. Tentei não ficar nervosa, tentei não parecer uma criança frustrada por não ganhar um doce, ou pior, uma verdadeira mimada. Empurrei meus óculos escuros em meus olhos e deixei mais algumas lágrimas escaparem.

Saio correndo para o colégio batendo a porta, antes de Tony ver que eu já estava soluçando. Eu não queria ir embora. Não queria. Um beco sem saída me aguardava, eu teria que lutar contra ele. Eu precisava de ar. Corri pelas ruas, não querendo esperar o ônibus, ninguém me notava, eu tinha uma vantagem.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!



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