Ao Avesso escrita por Tan Hudgens


Capítulo 7
Capítulo 4 - Parte 1




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Tudo se apagou. Estava escuro novamente. E de repente um ponto de luz apareceu na escuridão e foi aumentando e aumentando, até fazer da escuridão a própria claridade. Uma claridade vazia e límpida. Como uma página de um livro, sem nada escrito, onde se pode escrever uma nova história. A história que quiser. Isso é, se você lembrar-se de quem costumava ser. Mas caso a memória falhe, por que não tornar-se uma nova pessoa?

Quase três meses depois chegara a última semana de verão e o equinócio outonal começaria em breve. A claridade ainda persistia. De repente Vanessa sentiu seu pulmão encher. Abriu os olhos, que brilhavam como antigamente. A luz que via impedia que ela distingui-se cores e formas de onde estava. Aos piscar continuamente algumas vezes, percebeu-se olhando para o teto de algum lugar desconhecido. E aos poucos as formas foram formando-se e as cores distinguindo-se. Sentiu dor, muita dor de cabeça e na perna e notou que sua cabeça estava apoiada em algo extremamente macio. Sentiu calor por um segundo, mas logo se acostumou com a temperatura mantida no quarto. Depois passou a ouvir barulhos distintos e sentir o cheiro de éter. Recuperara seus sentidos. Estava confusa e correu os olhos pelo quarto onde se encontrava, procurando alguma pista que indicasse qualquer coisa sobre algo que não se lembrava muito bem o que era. Ao olhar para seu lado viu uma máquina controlando seus batimentos e concluiu que o barulho que ouvia vinha dali. Correu os olhos mais uma vez e viu uma moça morena encolhida em um sofá com os olhos fechados. Vanessa queria levantar e sair do lugar onde estava presa junto a uma desconhecida, mas na tentativa de apenas sentar-se na cama onde estava, constatou que sua perna estava fraturada ao sentir uma dor imensa no local.

– Aaai, será que alguém abriu meu joelho e roubou-me a patela?! Só posso ter sido abduzida! – A morena percebeu que a moça deitada no sofá reagiu ao ouvir sua voz, estava acordando, conclui. Vanessa cobriu-se com o lençol na tentativa de fazer aquela pessoa, quem quer que ela fosse, pensar que não jazia ninguém ali.

A moça despertou, bocejou e levantou, espreguiçando-se. Aproximou-se da cama que estava a sua frente e o seu semblante era confuso ao notar que a pessoa que deveria estar ali, estava coberta dos pés a cabeça. Então fez o óbvio, puxou o lençol que cobria o rosto de Vanessa.

– Por favor, não me coma! – a menina exclamou fechando os olhos fortemente.

– Oh, meu Deus! Você, você! Você finalmente! Você está acordada! – A moça abraçou Vanessa por impulso. – Que bom! Graças à Deus!

– Certo, moça... Por que está me abraçando? – a morena dizia confusa. A mulher afastou-se de Vanessa e a fitou.

– Espere um segundo, sim? – disse antes de sair do quarto, apressada.

– Ahm, tá legal. – falou depois de a porta bater.

Resolveu tentar levantar, e para não piorar a dor em sua perna, não se apoiaria nela. Sentou-se na cama e colocou os pés no chão. Levantou-se lentamente. Quando finalmente estava de pé, sentiu um vento por trás.

– Que isso, meu Jesus? Colocaram um avental frente única em mim! – a menina olhava para sua “traseira” descoberta. Usava um avental de hospital. – Ó meu Deus, eu fui capturada por um caçador de mulheres e ele vai me fazer uma prostituta! – falava sozinha, mas foi interrompida pela entrada da mesma moça que estava a li antes, acompanhada de um homem vestido de branco.

– O que está fazendo? Não pode se levantar. – o homem aproximou-se de Vanessa e a fez deitar novamente.

– Ei ei ei, quem é o senhor e por que está me prendendo nessa cama? – a menina questionava.

– Acalme-se, sou seu médico. Dr. Danford.

– Ahh! Você é o removedor de patelas! Afaste-se de mim!

– O que há de errado com ela, doutor? – a moça dizia preocupada.

– Dá licença? Eu só não quero ficar deitada! – falou ao tentar levantar-se novamente e ser impedida pelo médico. – Me solta! POLÍCIA! OPRAAH! ME ACUDA! – gritava. Enfermeiras, atraídas pela gritaria, logo entraram no quarto e seguraram Vanessa que se debatia feito um Nemo fora d’água.

– Não! Não quero sossega-leão! – a menina protestava ao receber uma dose de alguma medicação que as enfermeiras haviam trazido.

– O que tem de errado com a minha filha doutor?! – Gina desesperava-se.

– Que filha, dona? Nunca te vi mais gorda! – Vanessa respondia, acalmando-se devido ao efeito do remédio. O médico olhava pensante para a atitude de Vanessa.

– Reconhece essa jovem senhora ao meu lado, Vanessa? – o doutor perguntou, apontando para Gina.

– Quem é Vanessa? – a menina respondeu, em sua voz mais lenta, apagando logo em seguida.


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