Sherlock a deixou com Mary, plantando um rápido beijo em seus lábios e voltou para o campus.

– Você sabe de alguma coisa, Mary?

– Não mais que você, provavelmente. Vim direto para cá quando nos dispensaram, não deixaram que a gente desviasse do caminho e não responderam nossas perguntas.

Molly assentiu e deitou na cama, pensativa. Queria estar com Sherlock, precisava dele. Mary saiu do quarto logo depois, provavelmente indo até John. Ela aguardou até que Sherlock voltasse e a espera demorou o que pareceram horas. Deu graças a Deus quando uma mensagem chegou em seu celular.

“Me encontre na varanda. SH”

Sra. Hudson nunca deixava que os meninos entrassem no quarto das meninas e vice versa. Inocente.

Chegando à varanda, Molly correu para os braços de Sherlock, que a envolveu.

– O que você descobriu?

Ele suspirou antes de começar a contar.

– Não muito. Não consegui ver o corpo de Kate dessa vez, e o local também estava com mais segurança do que quando aconteceu com Anne. São mais as circunstâncias do que os fatos que me mostram que não foi um suicídio. O segundo suicídio esse ano, não faz sentido. E Kate tinha a mesma aparência física de Anne. Pequena, pele clara, cabelos escuros... – Ele para de falar, olhando para Molly, que entende o que passa pela cabeça dele. O pavor fica evidente em seus olhos.

– Estou com medo, Sherlock. – Ela diz, estremecendo. Tinha as mesmas características físicas das garotas.

– Eu sei, mas nada vai acontecer com você. – Sherlock não podia nem ao menos pensar na possibilidade de algo acontecer à Molly.

Ela assente, e se encolhe junto a ele. Que a abraça, sentindo o calor que vem do corpo dela.

– E James?

– Ele parecia pouco chocado para quem encontrou a namorada morta, até mesmo frio. Mas vindo dele, não me surpreende.

– Você acha que ele pode ter alguma coisa a ver com isso tudo?

– Talvez... Mas com qual motivo? Apenas diversão? Por que a mesma característica física? Não... Mesmo que seja ele, tem que ter uma razão por trás de tudo isso.

– Hoje ele falou comigo enquanto eu ia para a prova...

– O que?

Molly conta o que aconteceu enquanto ela ia para a última prova do semestre. O rosto de Sherlock passou de descrença para raiva.

– Moriarty nunca se conformou que eu fosse mais inteligente que ele. E é bem capaz dele querer descontar suas frustrações em você.

– Eu sei me defender.

– Eu sei que você sabe. Não namoraria comigo se não soubesse. – Ele sorri, ergue o rosto dela e a beija.

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As férias foram adiantadas, então no dia seguinte Molly partia para a casa de sua avó. Sherlock queria acompanhá-la, mas Molly achou melhor conversar a Sra. Hooper antes que ele aparecesse em sua casa como namorado de sua neta ao invés de amigo. Sabia que ela não implicaria, e era liberal até demais como avó. Mas achou justo contar antes, já que até agora não havia comentado nada.

Depois de trocar abraços calorosos e comer um delicioso pedaço de bolo feito por sua avó, Molly contou sobre Sherlock. Viu os olhos da senhora brilharem com a notícia, é claro que com sua experiência ela já desconfiava.

– Oh Molly... Estou feliz! Quando aquele rapaz entrou aqui tão ávido por ver você, tive certeza que ele a amava.

Amor? Obrigada por me avisar, vó.

– Quando ele vem passar uns dias aqui?

– Posso chamá-lo??

– Achei que você já tivesse feito isso!

Molly se levanta e agarra a avó.

– Amo você, vó. Obrigada!

Ela corre escada acima para enviar uma mensagem a Sherlock, que respondeu imediatamente dizendo que poderia ir no dia seguinte. Molly suspirou. Só faziam horas que tinham se separado e ela já sentia uma enorme saudade dele. E ainda por cima tinha todo o problema acontecendo na universidade que fazia seu estômago embrulhar.

Sua avó não era muito de ver TV, então Molly contou o ocorrido para ela. Claro que ela se preocupou e chegou a perguntar se Molly gostaria de trocar de faculdade. Mas ela não poderia fazer isso, não agora. Não antes de fazer algo por Anne.

No dia seguinte, Sherlock chegou no fim da tarde parecendo um pouco nervoso. Ele pareceu ainda mais tímido agora do que quando conheceu a Sra. Hooper pela primeira vez. Depois que conversaram por longos momentos e jantaram, eles subiram e Molly pode finalmente perguntar o que estava acontecendo.

– Você não viu os jornais, não é? – Ela balançou a cabeça negando. – Aqui, - ele mostra no celular – a faculdade divulgou alguns e-mails. Teoricamente trocados entre Anne e Kate. Estão falando em suicídio coletivo...

Molly arranca o celular das mãos dele e lê a notícia, ficando cada vez mais indignada. Quando termina, ela senta-se ao lado dele na cama em um misto de raiva e derrota.

– Elas não se conheciam, Sherlock. Eu tenho certeza disso. Por que estão encobrindo tudo? Não entendo... – Leva a mão aos cabelos, seus olhos se enchendo de lágrimas. Sherlock a abraça, fazendo leves carinhos em seus ombros. – E esses erros! Anne nunca errava nada que escrevia, ela odiava erros de gramática...

– Está na cara que isso é uma bela de uma armação mal feita. E agora que você me confirmou que Anne não errava e não conhecia Kate, só posso pensar que eles querem encobrir alguém e... – Ele parece se perder por alguns segundos. – Claro! O cerco está se fechando, Molly. Eles não encobririam um aluno... Quem sobra? Um funcionário, um professor... Ou o reitor...

– Você está pensando...

– Nós precisamos de mais provas, mas tudo leva a crer que é alguém de dentro e alguém importante! Por isso os esforços para encobrir. Nós vamos acabar mexendo com peixe grande, Molly. Isso é preocupante.

De repente a raiva de Molly passou, dando lugar ao cansaço. Tudo o que estava acontecendo era informação demais.

– Sherlock? Seria muito estranho a gente viver em uma bolha por essa noite e discutir esse assunto depois?

– Você não quer...

– Eu quero ficar com você essa noite. Sem me lembrar de mortes e suspeitos. Por favor... Nós conversamos sobre tudo isso amanhã, com calma.

Eles se deitaram e Molly se esforçou para empurrar o assunto para longe, mas não foi preciso muito quando as mãos geladas e curiosas de Sherlock começaram a traçar um caminho por baixo da blusa dela.