¿Que nos está pasando? escrita por Duda


Capítulo 22
Você ficou linda.


Notas iniciais do capítulo

Hola, desculpem a demora, tava viajando.
Espero que curtam o capítulo.

Boa leitura, chicas.

(Já tá acabando a história)



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Setembro/2014

– Boa tarde, senhora Saramego – German disse educadamente, assim que Angélica abriu a porta.

– Olá, senhor Castillo. Entre. Angie está lá em cima.

German entrou na casa e virou-se para a senhora.

– Eu... Não vim ver Angeles.

– Então?

– Enrique me disse para vir.

– Mas ele não está, senhor Castillo – German franziu o cenho.

– É melhor eu ir, então. Depois converso com ele.

– Não, fique. Se ele marcou com você, deve estar para chegar. Venha – Angélica segurou o braço dele e guiou-o até a sala – Sente-se. Fique à vontade, senhor Castillo.

– Obrigado – Ele deu um sorriso sem graça.

– Quer algo para tomar?

– Não, obrigado. Não se preocupe comigo – Angélica enrugou a testa.

– German, por favor, vamos parar com formalidade – German arqueou uma sobrancelha – Você teve uma história com a minha filha, nós não precisamos disto. Me chame só de Angélica – Ele assentiu.

– Tudo bem.

– Agora eu preciso pegar umas coisas para Angie. Fique à vontade – German assentiu e Angélica caminhou até a cozinha.

German respirou fundo e olhou ao redor. Começou a caminhar pela sala e deteve os passos em frente a um aparador cheio de fotos. Pegou uma foto de Angeles a qual ela olhava para alguém e sorria espontaneamente. Ficou acariciando o rosto dela com o polegar por alguns minutos, até ser interrompido pela própria Angeles. German olhou para a entrada da sala de estar e ficou paralisado.

– O que está fazendo com a foto, German? – Angeles cortou o silêncio. German caiu em si e colocou o porta-retrato no lugar.

– Eu... – German balançou a cabeça – Nada – Ficou quieto, porque não conseguia se concentrar em outra coisa que não fosse Angeles.

Angeles estava com um belo vestido branco, tomara-que-caia, com alguns enfeites discretos, usava luvas brancas e o cabelo estava preso em um coque. Estava vestida para casar.

– Você podia parar de me encarar estranhamente, não acha? – Angeles disse descontraidamente e sorriu.

Se Angeles sorrindo sempre fora a perdição de German, Angeles vestida de noiva e sorrindo era... Não havia uma explicação. German estava extasiado. Ele entreabriu a boca e tentou dizer algo, mas nada saiu. Angeles ficou séria e desviou o olhar.

– Não fiquei bem de noiva? – Murmurou e encarou German.

– Você ficou... – Ele engoliu em seco – Ficou linda – Respirou fundo e olhou para o chão – Desculpa pela minha reação – Olhou-a – Parece que eu tenho que reaprender a controlar o que eu sinto – Disse seriamente.

– Está tudo bem, German – Angeles disse baixo. German assentiu e desviou o olhar.

– Então, você vai casar? – Ele murmurou.

– Sim – German olhou-a e suspirou.

– Quando?

– Na semana que vem.

Isto soou como um tiro no peito de German. Ele desviou o olhar e passou a mão direita pelo cabelo, depois repousou as mãos no quadril. Seu semblante sério e sua postura demonstravam um certo incômodo. Por fim, German olhou-a.

– Não é muito rápido? – Angeles suspirou pesadamente.

– Não, German – Ela respondeu calmamente e ele apenas assentiu.

– Então... Espero que seja feliz com o homem que ama – German disse seriamente e Angeles pressionou os dentes.

– Obrigada – German assentiu.

– É melhor eu ir agora – Ele tentou sair da sala e Angeles segurou seu braço.

– Não precisa ir embora por minha causa – Murmurou.

– Eu preciso dar uma volta. Peça para o seu tio me ligar quando estiver aqui – Angeles assentiu.

– Tá – Ela soltou o braço dele – Até mais.

– Até.

**

German estava sentado no último banco da igreja. Havia uma garrafa de whisky ao seu lado. Seu terno estava desgrenhado, a gravata alargada e seus olhos vermelhos. Estava acabado. Mas antes que estivesse tudo acabado, ele tinha que tentar mais uma vez.

– Se alguém se opõe a este matrimônio, fale agora ou se cale para sempre.

E então ele levantou. German levantou e caminhou lentamente até o tapete vermelho. Respirava angustiadamente. As pessoas olhavam-no surpresas e indignadas, mas ele não estava se importando. Ia caminhando vagarosamente até o altar.

– German, não faça isso – Angeles pediu para ele, mas ele ignorou-a.

– Antes de tudo, perdão por atrapalhar a sua vida mais uma vez – German disse seriamente, tentando manter-se no controle. O fato é que a situação já havia saído do controle no momento em que ele pôs os pés na igreja. Ele respirou profundamente e desviou olhar – Eu sei que não tenho o direito de pedir nada a você – Olhou-a. Os olhos molhados e vermelhos. Ele parou no pé da escada de três degraus que dava para o altar – Mas eu preciso que escute o que eu tenho a dizer.

– Você terá tempo suficiente para dizer... Depois do casamento, German – Angeles disse duramente e ele negou com a cabeça – Vai embora, por favor.

– Depois do casamento será tarde – Olhava seriamente para Angeles – Você sabe o quanto está sendo difícil, para mim, estar aqui. Sabe que eu sou orgulhoso e que eu não gosto quando as coisas saem do controle – Ele fitou o chão – Mas as coisas saíram do controle... – Olhou-a e suspirou profundamente – No momento em que eu conheci você – German olhou para o chão novamente e balançou a cabeça – Eu sempre fui cuidadoso com relação ao que sentia e sempre fui racional – Olhou para Angeles. Falava devagar – O German que existia antes de você jamais faria o que eu estou fazendo agora – Ele abaixou a cabeça rapidamente – Você chegou à minha vida no momento mais acomodado dela e desestruturou-a completamente – Ele balançou a cabeça – Despertou os piores e os melhores sentimentos em mim – Ele passou a mão esquerda pelo cabelo e fechou os olhos, deixando uma ou duas lágrimas escorrerem – Não tem ideia do quanto eu tentei lutar contra isto.

– Eu tenho ideia – Angeles murmurou e German olhou-a. Ele subiu um degrau.

– Mas foi mais forte que eu – Ele bufou e abaixou a cabeça – Eu me sinto um verme por tê-la machucado tanto – Olhou-a – Você não merecia – Ele sorriu sem mostrar os dentes – Você sempre foi tão boa comigo – Ficou sério – Eu nunca disse isto, mas por muito tempo eu não me senti tão em paz comigo mesmo como eu me senti das vezes em que você estava ao meu lado – Angeles engoliu em seco, mas permaneceu séria. German respirou fundo e perguntou seriamente com uma voz embargada: – É tarde para aceitar o que eu sinto por você?

Angeles sentiu seus olhos queimarem e suas narinas se dilataram, para tentar impedir que lágrimas escorressem.

– Vai embora, German – Ela murmurou fracamente e ele subiu mais um degrau.

– Eu sei que é tarde – German disse seriamente – Eu sei que a culpa por tê-la perdido é minha – Ele balançou a cabeça negativamente – Eu te machuquei ao tentar mantê-la longe de mim, mas eu juro que era porque eu não queria que você sofresse. Eu... Eu tentei acreditar que não sentia nada por você e, por isto, pensei que jamais seria capaz de amá-la da forma como você merece – German engoliu em seco e abaixou a cabeça – Eu ainda sou um verme, mas agora... – Encarou-a – Agora eu sou capaz de aceitar.

– Vai embora, por favor – Angeles sussurrou.

German olhou consternado para o chão e quase se virou para ir embora, mas ele não podia ir sem antes dizer o que precisava dizer. Olhou-a seriamente e seus olhos lacrimejaram novamente.

– Eu te amo, Angeles – Murmurou seriamente – Dói saber que você está se casando com outro homem e não comigo, mas eu sei que isto é culpa minha – Ele subiu mais um degrau, ficando da altura dela – Eu só queria que você soubesse que, ainda que o seu coração não seja mais meu, o meu coração sempre será seu – German engoliu em seco e colocou as duas mãos no rosto de Angeles, deixando-a atônita – Me perdoa por todo o mal que eu te fiz? – Ele encostou a testa na dela e, por fim, encostou os lábios nos dela.

Ouviu-se os buchichos de todos os presentes na igreja. Sem que German pudesse iniciar o beijo, Angeles desferiu-lhe um tapa bem cheio na maçã esquerda do rosto e saiu do altar pela lateral. Diego seguiu-a rapidamente e German foi puxado por Matias e Pablo até a porta da igreja.

**

– Ei – Diego colocou a mão no ombro de Angeles, ao que esta se virou e abraçou-o. Ela chorava desesperadamente – Calma – Ele acariciou suas costas. Ficaram um bom tempo quietos, até Angeles se acalmar. Ela afastou-se e olhou-o.

– Desculpa te fazer passar por isto, Diego – Angeles balançou a cabeça e desviou o olhar – O German acha que ainda me tem nas mãos dele.

– Ele está certo? – Diego perguntou calmamente e Angeles olhou-o com um pouco de indignação. Diego suspirou e enxugou os resquícios de lágrimas com o polegar – Você quer desistir, Angie? – Ele perguntou tranquilamente e ela franziu o cenho – Olha, eu posso entender. É sério. O que nós construímos é legal e bom para os dois, mas não é maior do que o que você sente por ele.

– Não diga besteira, Diego – Angeles bufou – Eu quero me casar com você.

– Mas, Angie...

– Se o German me amasse de verdade, ele não faria o que ele fez agora, não tentaria atrapalhar a minha vida de novo.

– Pode ser, mas acho que você não pode julgar o que ele sente. Parecia bem verdadeiro – Angeles revirou os olhos.

– Estou começando a achar que é você quem não quer mais casar.

– Não é isto, é só que... Eu não quero que você se arrependa.

Angeles colocou as mãos no rosto do rapaz e beijou-o carinhosamente. Em seguida, finalizou o beijo e sorriu.

– Eu vou me casar com você, porque eu quero estar com você – Angeles ficou séria – Vamos esquecer que isto aconteceu, tudo bem? É uma nova fase das nossas vidas que está começando e eu quero que comece bem.

Diego sorriu e depositou um beijo na testa dela.

– Então, vem... Vamos nos casar!

**

– Você ficou louco? – Matias empurrou German contra o carro – O que te deu na cabeça para fazer isto, German?

German respirava descompassadamente.

– Eu não sei – Sussurrou e abaixou a cabeça.

– Você sabe que a perdeu de vez, não é? – Matias perguntou e German olhou-o – Se antes Angie já queria ficar longe de você, agora ela não vai querer vê-lo nem pintado de ouro.

– Matias, – Pablo interveio e Matias olhou-o – deixe-o em paz – German olhou para o chão.

– Matias tem razão – German murmurou e os dois amigos olharam-no – Eu sei que fiz merda – Olhou-os – Para variar, né!? – Ele suspirou e caminhou até o outro lado do carro.

– Desculpa, German – Matias disse sinceramente.

German parou e olhou-o.

– Está tudo bem – Disse fracamente e desviou o olhar – Podem voltar para a igreja – Olhou-os – Não a abandonem.

German entrou no carro e partiu. Chegou em casa, fechou a porta e jogou a chave do carro em cima da cômoda. Andou como um moribundo até o seu quarto e sentou-se na cama. Ficou olhando fixamente para o chão, sem saber o que fazer. Pensava em Angeles naquele vestido branco de noiva, fantasiava que era ele quem entrava com ela em seus braços em sua casa e depois a despia para sua primeira noite como casados. Ele fechou os olhos quando sentiu-os queimarem diante das lágrimas que teimavam em brotar deles. “Poderia ter sido eu”, pensou e balançou a cabeça, “ela me deu tantas chances, ela me amou como ninguém e eu a rejeitei”, respirou profunda e dolorosamente, “você é um imbecil, German”. Iniciou um choro silencioso e deitou-se em posição fetal na cama.

As horas passaram. A noite virou dia. A campainha começou a tocar insistentemente quando já era umas dez horas da manhã. German acordou com os olhos pesados. Sentou-se na cama e gritou um “já vai”. Sentiu sua cabeça latejar e passou a mão direita por ela. Levantou-se e caminhou até o banheiro. Escovou os dentes enquanto encarava sua figura decadente refletida no espelho. Caminhou até a porta e abriu-a.

– Por que vocês tem essa mania irritante de aparecerem juntos quando é para me dar uma bronca? – Perguntou baixo e virou-se, caminhando até a poltrona.

Matias e Pablo entraram no apartamento. Pablo fechou a porta. Os dois encararam German, que sentara na poltrona.

– Não viemos te dar uma bronca – Matias murmurou e sentou-se no sofá.

– Que bom, porque eu não estou afim de escutar uma bronca agora.

– Você está acabado! – Pablo afirmou e encostou-se no sofá, cruzando os braços – Como você está? – German olhou-o.

– Eu não sei te responder – Murmurou.

– Finalmente, você aceitou – Matias interveio e German olhou-o.

– Tarde demais, Matias – Disse fracamente – Ela casou, não casou? – Matias assentiu. German inspirou o ar dolorosamente e olhou vagamente para o chão – Acho que foi o melhor para ela.

– Talvez, German – Matias disse baixo e German assentiu – O que você vai fazer agora?

– A vida segue, Matias – German olhou-o – Eu já passei por coisas piores antes.

– Não se trata disto.

– Eu posso suportar ficar sem ela.

– Será que pode? – German suspirou e olhou para o chão.

– Eu tenho que aprender com os meus erros. Eu errei ao fazê-la sofrer, agora estou sofrendo as consequências disto – Olhou para o amigo – Eu mereço o que estou passando, Matias – German levantou-se e caminhou até o bar no canto da sala – Convenhamos, – começou a preparar um whisky – mesmo que eu sinta o que eu sinto por ela, eu não sou capaz de fazê-la feliz.

– Por que acha isto? – Pablo perguntou.

German terminou de encher o copo com o whisky e apoiou-se no balcão. Olhou distraidamente para um ponto qualquer e suspirou.

– Porque Angeles merece alguém que... Que faça de tudo para vê-la sorrir, que dê o melhor de si para vê-la bem, que esteja disposto a mantê-la segura, que a conforte e a faça feliz. Ela precisa de alguém que seja bom com ela e não a faça sofrer, nunca – German encarou Pablo – Por mais que a ame, eu sou como sou, Pablo. O fato de sentir certas coisas não anula a minha personalidade – Ele bufou – Eu sou orgulhoso, autoritário, frio, calculista, prepotente...

– German, – Matias interveio e levantou-se – você mostrou todas estas características a ela e, mesmo assim, ela continuou te amando. Você já tinha meio caminho andado para fazê-la feliz, era só estar com ela – Matias suspirou – Você não precisaria enchê-la de carinho ou dizer coisas bonitinhas para fazê-la bem, o simples fato de estar com ela, sem tratá-la mal, já deixava Angie feliz.

German bebericou o copo de whisky.

– Você sabe que eu sou uma pessoa difícil de lidar, Matias. Uma hora ela ia se cansar.

– Não há como saber o que teria acontecido se vocês tivessem ficado juntos – German bufou.

– Tem razão – Ele murmurou – E não adianta agora ficar pensando no que teria acontecido – German suspirou profundamente – Eu só quero que ela seja feliz.

– E você? – Pablo perguntou – Por que não tira uns dias de folga? Faz uma viagem, não sei – German negou, tranquilamente, com a cabeça.

– Eu... Eu não quero me afastar do escritório, sem contar que, ao contrário do que vocês pensam, o trabalho me faz bem – German encolheu os ombros – Vou ficar bem.

– Tem tanta certeza disto? – Matias perguntou. German olhou para o chão.

– Não, mas eu preciso acreditar que sim – Encarou Matias – Não tem mais nada que eu possa fazer. A vida tem que seguir.


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Notas finais do capítulo

E aí?