¿Que nos está pasando? escrita por Duda


Capítulo 2
Não seja orgulhosa.


Notas iniciais do capítulo

Oie, voltei.
Desculpem a demora.
Muuuuito obrigada às gurias que comentaram, vocês são fofíssimas.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/496806/chapter/2

Novembro/2011

– A senhorita pode entrar, o senhor Castillo já está esperando-a – A secretária disse com certa frieza.

A moça loira, de olhos verdes e feições quase angelicais, levantou-se do sofá na sala de espera e caminhou em direção a uma porta dupla de vidro, a qual dava para um corredor grande e largo. Haviam três portas, na primeira havia uma pequena placa prateada escrita Pablo Galindo, na segunda havia uma placa parecida com o nome de Matias LaFontaine e, na última, uma pequena placa dourada escrita German Castillo. Ela respirou fundo, deu duas batidas na porta e entrou. Ele estava sentado em sua cadeira e analisava atentamente alguns papéis que estavam sobre a mesa.

– Com licença – Ela murmurou.

– Entre – Ele disse com uma voz firme que fê-la estremecer, porém não retirou os olhos dos papéis.

Ela aproximou-se da mesa, retirou uma folha da pasta que carregava, depositou-a na mesa dele e sentou-se. Ele pegou a folha e observou-a atentamente.

– Angeles Saramego, 24 anos, formada em Direito pela Universidade de Buenos Aires – Ele leu com um certo tom de desdém na voz e olhou-a com uma das sobrancelhas arqueadas – Para quê isto? – Perguntou. Angeles franziu o cenho.

– As pessoas costumam levar um currículo quando vão para uma entrevista de emprego, senhor Castillo – German bufou.

– Você sabe que esse emprego já é seu – Angeles sorriu sem mostrar os dentes – Não fique feliz – German amassou o currículo e jogou-o no lixo, fazendo-a ficar séria. Em seguida, voltou a analisar os papéis em cima da mesa – Eu estou fazendo um favor ao seu pai – Angeles entreabriu a boca.

– Por quê? – German olhou-a.

– Porque ele é um cliente importante para o escritório – Angeles fitou profundamente aqueles olhos castanhos sem vida e sentiu um formigamento estranho. German voltou a observar os papéis – Fique sabendo que eu odeio trabalhar com gente inexperiente e esta situação não me agrada – Angeles arqueou uma das sobrancelhas.

– Olha... Se você não quer me contratar, não contrate – German olhou-a – Eu não preciso de favor, tenho capacidade suficiente de conseguir algo por mim mesma – Angeles levantou-se – Eu digo ao meu pai que você me ofereceu o emprego e eu que não aceitei – German respirou fundo.

– Não seja orgulhosa, Saramego – German disse com uma voz baixa e fria – Você começa segunda, às 8h. Não se atrase.

Um silêncio instalou-se no ambiente e os dois prenderam-se em uma intensa troca de olhares. Não sabiam ao certo o porquê, mas este primeiro encontro causara, nos dois, um sentimento estranho, um misto de ódio e algo mais.

Angeles não conseguiu sustentar o olhar de German e olhou para baixo. Balançou a cabeça e saiu da sala. German soltou o ar assim que Angeles pôs os pés para fora da sala e apoiou os cotovelos na mesa.

**

– E então, Angie, como foi o primeiro contato com German? – Matias LaFontaine perguntou com certo receio.

Angeles saíra do escritório junto com Matias, Pablo (ambos sócios de German no escritório de advocacia) e Jackeline Sáenz, sua melhor amiga e namorada de Pablo. Os quatro reuniram-se em um restaurante para almoçar.

– Eu não sei o que dizer, Matias – Angeles bufou e olhou para o movimento da rua – Eu sei que ele é amigo de vocês, mas... – Ela voltou a olhá-los – eu não gostei dele.

– Por quê? – Pablo perguntou.

– Como se você já não soubesse, né Pablo? – Jackeline respondeu e Pablo encolheu os ombros.

– O German pode ser duro às vezes, Angie – Matias falou seriamente – Mas ele é uma boa pessoa.

– Eu não estou dizendo que ele não é uma boa pessoa – Angeles encolheu os ombros – É só que... Ele é um pouco ríspido, sabe? Ele fez questão de deixar bem claro que só me contratou porque está fazendo um favor ao meu pai, aí eu disse que não ia trabalhar pra ele e ele simplesmente ignorou isto, ele só disse que eu começo segunda. Eu acho que ele pensa que eu ainda vou trabalhar com ele.

– Você não vai? – Jackeline perguntou – Poxa, Angie, eu já estava contando com você para falar mal daquela Esmeralda – Angeles franziu o cenho.

– Quem é ela?

– A recepcionista.

– Ah sim – Angeles suspirou – Mas enfim, desculpa gente, mas eu não vou aguentar trabalhar com um homem assim.

– Angie, por mais terrível que o German possa parecer, ele é um dos melhores advogados do país, você está tendo uma chance que muitos gostariam de ter – Pablo disse calmamente e Angeles desviou o olhar.

– Eu sei.

Não era por orgulho que ela não queria aceitar a proposta de emprego. O problema é que ela ficara extremamente incomodada com o sentimento ambíguo que German causara nela. Angeles sentira algo bom e ruim ao mesmo tempo. Sem contar que aquele par de olhos castanhos fixaram-se em seu subconsciente e estavam gerando nela uma vontade de desvendar todos os segredos que eles poderiam esconder. Isto não era normal. Não poderia ser.

– O Pablo tem razão – Matias afirmou e Angeles olhou-o – Pense bem.

– Eu vou pensar, só que... também não é só isso que me incomoda – Angeles suspirou – Eu adoro o meu pai, mas ele sempre teve uma mania chata de me controlar, se ele conversou com o senhor Castillo sobre eu trabalhar no escritório, é porque ele quer que eu esteja em um lugar onde ele consiga saber mais sobre a minha vida.

– E você acha que ele faria isto através do German!? – Pablo perguntou e Angeles assentiu.

– O German não se prestaria a isto, Angie – Matias afirmou – Ele jamais assumiria a posição de bode expiatório de alguém.

– Nem por dinheiro?

– Nem por dinheiro – Matias respondeu – Quanto a isto, pode ficar tranquila. Vocês quase não terão contato, só terão quando ele precisar ir para alguma audiência, aí não adianta, você tem que ir junto, de resto... vocês quase não se verão, então fique tranquila.

– Vocês falam de um jeito como se ele fosse um monstro – Angeles disse com um meio sorriso no rosto. Matias sorriu.

– Não é isto, é que o German tem um gênio difícil, só isto – Angeles assentiu – Mas se você não se importar com isso e souber lidar com ele, será ótimo para você.

– É, Angie. Não perca essa chance – Ela sorriu sem mostrar os dentes.

– Eu vou pensar melhor e aí na segunda vocês saberão a minha decisão.

**

Angeles estava prestes a bater à porta da sala de German quando ele mesmo o fez. German abriu a porta furiosamente e olhou fixamente para chão, esperando que outra pessoa saísse de sua sala. Sua respiração estava descompassada e percebia-se que ele estava completamente tenso. Um senhor grisalho, um pouco mais baixo que German e de feições bem parecidas às dele, direcionou-se à porta, deu uma última olhada para ele e saiu. German engoliu em seco, lançou um breve olhar à Angeles, que o olhava levemente assustada, e caminhou até um canto da sala, deixando a porta aberta. Angeles entrou com um leve receio, fechou a porta e olhou-o. German estava preparando um copo com whisky.

– E-Está tudo bem? – German suspirou e virou-se para ela.

– Não te interessa – Angeles bufou. German deu a volta em sua mesa, procurou uma pasta grossa e abriu-a – Preencha estes relatórios – Angeles aproximou-se da mesa – Eu preciso dar uma saída – Ela observou atentamente a pasta.

– São muitos, eu não vou conseguir preencher tudo hoje.

– Se vira – Angeles arqueou uma sobrancelha e acompanhou-o com os olhos enquanto German dava a volta em sua mesa e direcionava-se à porta.

– Onde o senhor vai? – German parou, pressionou os dentes e virou-se.

– Aprenda uma coisa, Saramego: você não deve fazer perguntas – Ele foi aproximando-se lentamente dela – Apenas faça o que eu mandei você fazer – Ele parou de frente para ela, ao que Angeles estremeceu – Entendeu?

– S-Sim, mas... E se houverem coisas que eu não sei preencher?

– Você estudou em uma das melhores universidades do país, não é possível que seja tão inútil a ponto de não ter aprendido nada – German respirou fundo – Não vá embora até terminar – Angeles entreabriu a boca para argumentar mas German, rapidamente, virou-se e partiu. Angeles ficou olhando para o nada, depois fechou os olhos e balançou a cabeça.

Angeles passara a tarde inteira preenchendo os malditos relatórios. Estava sentada no chão, encostada em um sofá que havia na sala de German. Segurava uma prancheta com uma folha e manuseava uma caixa com diversos arquivos, a qual ela precisara pegar no almoxarifado para poder preencher os relatórios.

Às 20h, fim de seu expediente, ela já se encontrava esgotada. Ela olhou para a quantidade de relatórios que faltavam e concluiu que não eram muitos, deviam ter, no máximo, uns 10, então, sem pestanejar, permitiu-se fechar os olhos e encostar a cabeça no sofá, para descansar por dez minutos apenas. Dez minutos que acabaram se tornando uma hora.

German voltou para o escritório às 21h, acompanhado por uma moça alta, ruiva, de traços bem bonitos e forma bem marcante. Ambos entraram em sua sala e, assim que ele fechou a porta, começaram a fazer algo que, aparentemente, já haviam começado. German pressionou o corpo da moça contra a porta, apertou levemente sua cintura e passou a beijar e mordiscar seu pescoço. A moça, por sua vez, retirou seu paletó e, em seguida, desabotoou a camisa, deixando-o com o tronco seminu. German começou a beijá-la ferozmente e guiou-a, sem separar-se dela, até a sua mesa. Ele parou, somente, para jogar as coisas de cima da mesa para o chão.

Até então, Angeles dormia tranquilamente, mas, com o barulho, ela acordou assustada e quando se deu conta do que estava acontecendo, arregalou os olhos e ficou completamente sem reação. Ela sentou, olhou fixamente para um ponto qualquer e fingiu duas ou três tossidas. A moça sobressaltou-se e German apenas pressionou os dentes e estreitou os olhos. Em seguida, ele largou a moça e virou-se para olhar para Angeles. Ela reparou, rapidamente, no peitoral e abdome dele e estremeceu. German possuía uma forma bem definida, detinha uma masculinidade impressionante e era extremamente charmoso. Qualquer mulher se apaixonaria por ele se não tivesse uma personalidade insuportável.

German respirou fundo, virou um pouco a cabeça para o lado e falou friamente:

– Vá embora.

Angeles começou a caminhar até a porta e ele olhou-a.

– Você não – Angeles parou.

– Por que eu tenho que ir embora se foi ela que nos atrapalhou? – A moça contestou e German olhou-a com os olhos estreitos.

– Porque eu estou mandando – Murmurou secamente. A moça bufou, arrumou o vestido e o cabelo e partiu. German suspirou profundamente e cruzou os braços – O que você está fazendo aqui ainda? – Perguntou seriamente.

– Eu estava fazendo o que você mandou eu fazer, só que eu acabei pegando no sono.

– Então, você estava dormindo?

– Sim, mas já tinha passado do meu horário.

– Não interessa – German pronunciou alterado e Angeles assustou-se – Se eu mando você fazer algo, não é para dormir. Você não tem responsabilidade, garota?

– Olha quem está falando... – Angeles alterou-se – Você trouxe uma mulher para o seu ambiente de trabalho – German passou a respirar fundo. Ele aproximou-se lentamente de Angeles e estreitou os olhos.

– O que eu faço ou deixo de fazer não é da sua conta – German murmurou friamente – Se você está aqui, é por causa do seu pai, porque eu jamais contrataria uma garota mimada e medíocre igual a você por livre e espontânea vontade – Angeles franziu o cenho.

– O senhor nem me conhece direito – Ela disse baixo, encarou-o profundamente por um bom tempo e, em seguida, desviou o olhar – Está tarde e eu preciso ir embora – Angeles respirou fundo e virou-se. German, rapidamente, segurou seu braço e fê-la olhá-lo.

– Você já terminou o que eu mandei fazer? – Angeles negou com a cabeça – Então você vai ficar até terminar – Angeles balançou a cabeça, pegou os papéis que ainda faltavam e colocou-os sobre a mesa. Sentou-se e continuou preenchendo os relatórios.

German fechou os botões da camisa, contornou sua mesa e sentou-se. Pegou alguns relatórios e começou a preenchê-los também.

– Eu acabei – Angeles disse após um tempo. German ignorou-a. Ela levantou-se, pegou a bolsa e olhou-o – Estou indo – Ele ignorou-a mais uma vez. Ela bufou e partiu.

German parou de preencher o relatório, olhou para a porta que acabara de se fechar e respirou fundo.

Ele sentira, desde a primeira vez que a vira, que havia a possibilidade dela vir a sentir algo por ele. Só que há muito tempo decidira nunca mais amar alguém e a pessoa que se apaixonasse por ele, certamente, sofreria. Ele sabia que teria de se empenhar para impedir qualquer sentimento que ligasse ele à Angeles... Mas como impedir?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? ;D