Amor, fala o que está sentindo. -pede Taty agora ao meu lado, me fazendo carinho e quase chorando.

Dor... Dor no peito. -falo baixo.

Deixa eu dar uma olhada. -diz um homem que não conhecia. Vem até a mim e me examina, apalpando meu peito sobre meu coração. Ele fica branco. -Há algo errado. -diz e todos ficam brancos como ele. -Há algo implantado no coração dele. E da pra sentir.

O que? -pergunta meu companheiro horrorizado.

É um chip. -falo com dificuldade. -Ele colocou em mim e já ativou. Provocará dores horríveis por duas horas até explodir e sair o veneno. Então eu morro. Só tenho mais duas horas de vida. -falo ainda sentindo a dor torrencial.

Como assim? -sussurra agora chorando Taty, e minha irmã também já chora.

Vou tira-lo com magia. -ela diz e chega perto de mim. Mas rapidamente seguro suas mãos.

Não. Ele será ativado automaticamente. Não há chances. Provavelmente saia com cirurgia, mas não há nenhum cirurgião shifter. E não há como eu não sentir a dor da cirurgia. Nenhum remédio funciona comigo. Eu não tenho DNA. Tenho GNA. Nada funciona.

Entendi. Vamos fazer a cirurgia. -fala o homem que estava me examinando.

Como? -Taty pergunta.

Vamos para o quarto. Eu farei a cirurgia, tirarei o chip, e não precisarei dar nenhum remédio ou fazer nenhuma magia. -ele diz se levantando a minha frente.

Mas Carlos, ela irá sentir dor. -Taty diz ainda chorando, mas já se levantando e olhando o amigo.

Não vai. Você a fará dormir. -diz Carlos olhando-o. -É o companheiro dela. Mande-a dormir. Uma ordem e seu intimo responderá. É o instinto da companheira.

É verdade. -ele diz arregalando os olhos.

Faça agora. Ela está sentindo muito dor. -Carlos fala olhando-me. E ele estava certo. Volto a gritar.

Taty vem até mim e sussurra no meu ouvido. Passando a mão nos meus cabelos e dando-me beijinhos alternados.

Durma agora. -diz em tom de ordem. Não sabia que isso funcionava, mas quando eu vejo, meus olhos se fecham e já estou no mundo dos sonhos.

----------------Taty-----------------------

Vejo-a dormir e me alivio. Olho Carlos, ainda com lagrimas escorrendo para as bochechas. Minha menina não podia morrer.

Calma Taty. Vou ajuda-la. Ela ficará bem. Agora vamos. Leve-a para o meu quarto. Lá é mais bem equipado.

Ok. Já estou indo. -pego-a no colo e começa a carrega-la. Tão leve. Tão fofa.

Coloque-a aqui. -pede Carlos quando chegamos a sua cama. -É melhor você ficar lá fora.

Nem pensar. Ficarei aqui com ela.

Se enciste... Mas terá que aguentar.

Ele pega tudo que é de necessidade. O que me assusta, pois também há injeções enormes, facas e outras coisas que nem o nome sei.

Pra começar, ele corta a pele dela, na parte do coração. Sai sangue, mas não tanto, pois é uma cirurgia completa por um dos maiores cirurgiões de todos. Demora um tempo, mas ele consegue tirar um tipo de bola de metal.

Pega aquele saco em cima da mesa. -perde e eu pego rapidamente, abro e ele coloca a bolinha. Na mesma hora sai um liquido viscoso e preto. O veneno.

Que horror. -digo sem querer.

Esse veneno é muito incomum. Vou estuda-lo mais tarde. -ele olha novamente para minha companheira e parece paralisar.

O que houve?

Há mais... Só que... Estranho. Acho que esses chips são os poderes que o maluco do avô dela colocou.

Tem como tirar? Ela não pode dominar muito desses poderes.

Sim. Acho melhor tirar. ele concorda.

Todos?

Sim... Acho que isso pode fazê-la morrer mais rápido, segundo minhas pesquisas... Já havia visto algo parecido. Se não me engano, o avô dela tem mais idade que todos nós. Ele fazia pesquisas assim há muito tempo e vazou há séculos. Vocês não eram nascidos quando eu soube disso. Foi um dos motivos para eu fazer medicina, ainda sendo um shifter.

Então tira essa merda toda. falo completamente apavorado por dentro, mas convicto também. Irei sempre protege-la.

Ok. Pega mais sacos daqueles.

É pra já. -pego os sacos e abro. Com uma pinça bem grande ele retira algumas outras bolinhas. Mas não parecem de metal. São bolas de pedras verdes brilhantes.

Interessante. -pensa alto.

Ela está bem? -pergunto confuso.

Está. Mas agora estará sem poderes nenhum. Aos poucos deve voltar. Aos poucos. Ou não... Sinceramente não sei. Pode ser que não volte. Ela irá ficar bem chateada, mas é possível.

Mesmo assim. Eu vou protege-la com a minha vida. Não precisará de poderes. O negocio é ela não morrer...

Verdade. sussurra voltando a atenção a minha linda maguinha.

Ele tira tudo e 'costura' minha companheira. Faz tudo que eu não faço ideia. E sinceramente, fiquei com medo dela não estar bem.

Ele sai do quarto e fico só eu e ela. Daqui a pouco ira acordar e vou dizer tudo que aconteceu. Agora ela está livre. E graças a Deus ela tem poderes suficientes para se curar, mesmo que mais demoradamente que os shifters.

----------------------Michele-----------------

Acordo com dores, mas suportáveis. Observo o quarto onde estou e percebo ser um que não conheço. Parecia mais luxuoso que o quarto do meu companheiro. ESPERA. Eu estou viva? Como assim?

Ola meu amor. -escuto a voz que me arrepia por completo. Aquele frio que estava sentindo, mesmo sem saber, é completamente substituído por um calor muito gostoso.

Ola. falo fraca, sorrindo e olhando-o sair do banheiro com uma toalha na cintura.

Como se sente? -ele senta ao meu lado.

-Com dores. O que aconteceu?

Carlos conseguiu fazer a operação e tirou o chip. Você não morrerá mais e seu avô está morto.

Isso eu lembro, mas... Não acredito que ele conseguiu tirar isso de mim. Quem era? pergunto lembrando do homem que me examinava.

É o Carlos. Ele é um dos betas de Josh. Mas Mik... Tenho algo pra ti contar que acho que não vai gostar.

O que é? -fico com medo. -Minha irmã está bem?

Sim ela está. Estou falando dos outros chips que você tinha. Eles que faziam você ter mais poderes.

O que tem eles? Meu avo me contou.

Bem... Carlos tirou todos.

Como? quase grito, voltando a sentir um pouco mais de dor.

Ele tirou tudo. Agora você só tem os seus poderes normais. Mas como você utilizava muito seus poderes antigos, ele acha que você não conseguirá fazer nenhuma magia e ter nenhum poder por enquanto.

Não acredito. -fico perplexa.

Era isso ou você poderia ter sua vida bastante reduzida. Ou seja, esquece a imortalidade. Mas eu preciso de você e sabe disso. Quero viver com você. Ter família. Não me importo com seus poderes. Não quero que lute mais. Eu te protejo. -ele diz acariciando calmamente meu cabelo.

Obrigada. Também quero sossegar. Não aguento mais lutas. -começo a chorar. Não aguento mais. Sempre quis uma vida simples. Minha irmã também precisa disso. Não aguento mais fugir. MAS... Por outro lado... Também gostava muito dos meus poderes. E meu choro singelo também é por eles. Sei como voltar com meus poderes normais. Há um treinamento pesado, mas eficiente. Talvez futuramente farei. Mais só futuramente, pois quero aproveitar minha nova família.

Calma meu amor. -ele me abraça com carinho e meiguice. -Eu amei a pintura que você fez. Obrigada. Ela está no nosso quarto. Eu sempre soube que você ia voltar. Obvio que tinha que te resgatar. Mik, eu te amo. Muito.

Eu te amo também. Queria te abraçar agora. -dou uma risadinha baixa, mas todo meu corpo doi.

Não precisa. Agora tem que descansar. Vai ficar aqui no quarto do Carlos junto comigo. Mas isso até eu poder te levar sem perigo para o nosso quarto.

Obrigada meu amor.

Nada querida. -ele me da um selinho delicioso, que da um choque em nos dois. É a primeira vez que nos beijamos.

Desculpe por dar tanto problema.

Você não da trabalho. Quero tanto que fique boa logo. Se falasse isso quando estivesse boa iria ganhar umas palmadas. -e ri.

Ah é? -pergunto rindo também, mas como podia.

Sim. Agora durma mais. Sua palmada está anotada no meu bloquinho de castigos.

Também posso ter um desses? pergunto já a ponto de dormir. Minhas pálpebras fechavam-se aos poucos.

Quem sabe um dia gafanhoto... -e ri, me dando um beijo na testa. -Durma mocinha.

E como um passe de magicas, durmo. Ele está ficando bom em dar ordens como companheiro.

-------------------Taty---------------- um ano depois-----------------------

Depois de um ano, ela já esta bem. Brincamos muito com toda a família. Todos a amam, e a Jane também. Mas há algo de errado com as duas. Ultimamente elas tem ficado muito chateadas a toa. Mik se estressa facilmente. E Jane... Porque ela está tão chateada? Às vezes se tranca no quarto e não sai de lá por umas boas semanas. Às vezes fica na floresta por também algumas semanas. E acho que algo tem haver com Diogo. Eles andam se bicando. Mas é obvio que se amam. O problema é que não são companheiros. Se fossem ele já teria tomando-a pra si. Eu conheço meu sobrinho. Ele sempre quis uma companheira. Não iria desperdiçar a sua.

Mas então, hoje na hora do almoço houve uma revelação um tanto esperada por mim, já que estávamos tentando isso esse ano todo. Minha companheira ficou enjoada. Carlos disse na hora, depois de apalpar sua barriga, que eu iria ser pai. Todos comemoraram, mas logo depois Diogo recebe uma ligação e atende na mesa. Parecia ser alguma amiga dele. Talvez uma namoradinha, sei lá. Ele ia sair com ela hoje. Olhei imediatamente para Jane. Ela estava estática. Paralisada e pálida. Parece mesmo que é apaixonada pelo meu sobrinho.

Perdi o apetite. -disse quase em um sussurro e correu pro quarto. O que pode estar acontecendo?

----------------------------9 meses depois------------------------------------

Rafaela nasce. Uma menina linda e a cara da mãe. É provável que tenha poderes, mesmo que os poderes da mãe não tenham voltado. É esperta, pelo que podemos perceber logo de cara. Piscava incessantemente pra mim e para seus tios e primos. Jane ficou encantada e brincou muito com ela. Estávamos todos ao redor da nova moradora da mansão.

Quero muitas pessoinhas igual a essa pra mim. Aaah como amo bebês. -Jane diz espontaneamente em um ato de felicidade que era quase nunca visto. Olho Diogo e vejo-o arregalar os olhos e ficar branco.

Da licença. -diz baixinho e sai do quarto do hospital. Jane quebra completamente seu encanto e fecha a cara, entregando o bebê a mim e saindo do quarto também. Tem caroço nesse angu.

O que pode estar acontecendo com eles? -pergunto para quem ficou.

Não sei. Mas tenho minhas duvidas. Meu filho é um imbecil. -Sofia diz com raiva.

Calma amor. Acho que é muito sedo pra ele. -Vitor fala fazendo carinho em sua esposa.

-O que houve? -pergunto desorientado.

-Verá quando chegar a hora. -Sofia fala e faz uma cara de desgosto. -Isso se chegar à maldita hora.

Vai chegar querida. Vai chegar... -Vitor sorri e beija sua testa.

Sorrio também com essa atitude e beijo a testa da minha esposa.

Parabéns nova mamãe.

Obrigada amor. Eu te amo. ela sorri ainda com lagrimas nos olhos. Estava muito emocionada. E não é pra menos, certo? Eu também estava muito emocionado.

Te amo mais. Minha linda maga.

Seremos felizes para sempre? pergunta com um sorriso de lado.

Seremos felizes se estivermos juntos. E em qualquer circunstancia estarei com você. Ainda podem ter muros e pedras pela frente, já que somos imortais. Mas na verdade, isso é bom. Faz com que saibamos nossas fraquezas e nos amarmos mais. Sempre cada vez mais. Sempre.

Sempre. ela concorda sorrindo e nos beijamos.